6.5.09

A propósito da crónica anterior - Passatempo com prémio

O 'SORUMBÁTICO' premiará, com um livro de João Ubaldo Ribeiro, o melhor comentário que, até às 20h do próximo sábado, seja aqui feito a propósito do assunto abordado na crónica de Baptista-Bastos (hoje afixada) e na de João Paulo Guerra (publicada em 1999).
Actualização-1: além do prémio previsto («Livro de Histórias»), poderá vir a ser atribuído um outro: «O Reino Proibido» (de J. J. Slauerhoff) ou «Recordação Indecente» (de Agustina Isquierdo).
Actualização-2 (9 Mai 09/20h40m): O júri decidiu atribuir o Livro de Histórias a João Pedro. Os outros serão para Musicólogo e Florêncio. Foi ainda possível obter dois livros-surpresa para Joana Luz e Carlos Antunes. Têm agora 48h para contactarem sorumbatico@iol.pt indicando moradas para envio.

Etiquetas: , , , ,

14 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Aqui vai uma "dica" para provocar a discussão:

À 1ª vista, dir-se-á que «O Jumbo é uma empresa privada, pelo que tem todo o direito de vender ou não vender os livros que entende».

Mas agora vejamos de outro ângulo:

Os espaços que as grandes superfícies destinam para a venda de livros são, no fundo, livrarias.
Assim, o presente veto seria o mesmo que a FNAC (ou a Bertrand, etc) não querer vender a «Dona Flor e os seus dois maridos», de Jorge Amado, por ser uma obra altamente imoral.

6 de maio de 2009 às 14:57  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Neste momento, está disponível um exemplar (mas já antigo) da divertida obra «Livro de Histórias» (Ed. O Jornal), com prefácio de Jorge Amado.

Se este assunto suscitar o interesse dos leitores do 'Sorumbático', tentar-se-á arranjar um exemplar do livro vetado pelo Jumbo.

6 de maio de 2009 às 20:30  
Blogger MTeresa said...

Ao ler a crónica de Baptista-Bastos, uma dúvida surgiu: como é que eu ainda não tinha ouvido nada acerca deste caso?! Não leio diariamente jornais em suporte de papel.... mas espreito as versões on-line, vejo telejornais, ouço rádio, falo com quem me rodeia.... mas ainda não tinha ouvido/lido nada sobre a censura ao livro de João Ubaldo Ribeiro nos hipermercados Jumbo. Andarei a dormir ou quem devia protestar anda muito caladinho? Considerando-me uma pessoa informada, resta-me então a segunda hipótese, o que ainda me trás outra questão: porque é que andam tão caladinhos? A editora que editou o livro, a SPA..... estranho, no mínimo!

Num país que vive (supostamente) em liberdade há 35 anos a existência de Índex público ou privado, a meu ver é muito grave. O acesso à cultura deve ser livre! Cabe a cada um escolher o que gosta de ver/ler/ouvir ou de rotular uma determinada obra (escrita, sonora, gráfica, etc) como “imprópria para o seu consumo” porque não se insere dentro do que é do seu agrado. Quem são os senhores do Jumbo (ou de outra superfície) para me recusar o acesso a um bem que eu quero e que pagarei por ele? Como já não é a primeira situação, se calhar qualquer dia tenho de aceder à lista dos livros proibidos e fazer com os livros aquilo que um amigo dos meus pais fazia durante a ditadura com os discos do Zeca Afonso: ouvia-os na cave e escondia-os dentro de um baú velho.

Afinal onde é que está a nossa Liberdade?!

7 de maio de 2009 às 13:45  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Eu li a notícia no penúltimo Expresso.

Na altura, estive para fazer um passatempo sobre isso, mas meteram-se outras coisas. A crónica de B.B. e a de JPG vêm bem a propósito.

7 de maio de 2009 às 13:52  
Blogger João Silva said...

A atitude que devemos ter relativamente a isto é simplesmente desaprovar mas não censurar as opções do Jumbo.

Vamos supor que eu, na minha livraria, recusava-me a vender um livro, pois este elogiava a pedofilia, não dava lucro ou porque simplesmente não me apetecia.

Não deveria ser censurado da mesma forma que não se censuram opiniões contrárias às comuns.

Censurar o Jumbo seria um erro muitíssimo pior do que o que este cometeu.

No entanto, podemos e devemos mostrar-nos desagradados com esta opção do Jumbo, pois (acho eu) devemos discordar dela. Mas devemo-la tolerá-la.

É este o verdadeiro significado da tolerância: tolerar que os outros exerçam a sua liberdade, mesmo fazendo coisas que achamos tolas.

7 de maio de 2009 às 21:14  
Blogger João Silva said...

No comentário acima disse: "devemo-la tolerá-la"
Claro que isto está mal! "devemo-la tolerar" seria a opção correcta.

7 de maio de 2009 às 21:16  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A questão não é saber se a loja PODE banir este livro ou outro.
Claro que PODE; tanto PODE, que PÔDE.

O que está em causa é o absurdo deste caso concreto, pelo que retomo a questão sob a forma de uma analogia:

Tendo em conta que o escritor em causa não é um 'borra-botas' qualquer (mas sim um dos mais conceituados escritores da língua portuguesa), o que pensaríamos se a FNAC banisse livros de Jorge Amado, Erico Veríssimo, Machado de Assis, Mauro de Vasconcelos, etc?

Isto, só para ficarmos por escritores brasileiros, pois «O Crime do Padre Amaro» ou «O Primo Basílio» não são menos 'escabrosos' do que a obra em causa!

Se isso acontecesse, claro que poderiamos dizer, à mesma, que «ninguém tem nada com isso».
Mas seria correcto fazê-lo, com um encolher-de-ombros?

7 de maio de 2009 às 22:19  
Blogger Florêncio Cardoso said...

O Jumbo é uma loja privada. Da mesma forma que está no pleno direito de rejeitar batatas ou cebolas de uma determinada proveniência, também pode fazer o mesmo com os livros e ninguém tem nada com isso, mesmo quando escritos por um escritor consagrado e laureado com um Prémio Camões.

Ora o que é assustador é o facto de isso ser verdade!

Ficamos todos a saber (os que ainda não sabiam) que, naquelas lojas, a literatura é seleccionada segundo os mesmos critérios das bananas ou da couve-flor; e provavelmente pelos mesmos funcionários...

7 de maio de 2009 às 22:45  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Então, e para animar, aqui vai uma outra opinião - que, em parte, contraria o que eu escrevi:

A comparação com a FNAC não pode ser feita (e nem sequer é imaginável) pois, sendo essa uma empresa essencialmente dedicada à comercialização de bens culturais, uma atitude semelhante (embora técnica e legalmente possível) implicaria o seu descrédito completo; e até seria notícia a nível internacional, na medida em que a FNAC não existe só por cá. O seu gestor de livros seria imediatamente demitido.

Já quanto às 'livrarias' das grandes-superfícies, isso não é assim. Aliás, começam por não ser 'livrarias', pois não há nelas ninguém que nos dê explicações sobre as obras, autores, edições, etc.

Ou seja: os livros estão ali como podiam estar pêras, sapatilhas, ou óleo de girassol, sendo geridos, a montante, por pessoas que só por acaso é que têm algo a ver com a cultura. Neste caso, e pelo que se vê, são do género das que, com o mesmo critério da "pornografia", apreenderam numa feira aquele livro que tinha, na capa, o quadro de Courbet.

Acho que, em vez de "revolta", devíamos sentir "pena". Mas pode ser que o anunciado aumento da escolaridade obrigatória para 12 anos dê uma ajudinha...

8 de maio de 2009 às 10:06  
Blogger Carlos Antunes said...

Este livro é banido, mas é possível folhear sem pudor nem interrupção as Maxmen, FHM e ademais revistas masculinas deste país no interior destas superfícies.
E se bem me recordo dos meus 14 anos, os rapazes preferem as imagens directas a longos parágrafos!

8 de maio de 2009 às 13:09  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora:

Hoje mesmo, na livraria Barata, me disseram que o livro está a ter imensa procura desde ontem. «Evidentemente», dá vontade de acrescentar.

8 de maio de 2009 às 13:49  
Blogger Musicologo said...

É uma sociedade de direito, dentro de certos limites, cada um bane o que quer e promove o que quer. Se o Jumbo não quer vender os Budas Ditosos não vende. O livro continua a estar disponível em milhentos outros lados. Quem compra e o quer comprar pode sempre comprá-lo. A questão fulcral aqui continua a ser a da coerência: o Jumbo também bane o Opus Pistorum do Miller e outras obras pornográficas? Qual é exactamente o critério aplicado? Se existe um critério e ele é uniformemente aplicado a todas as obras, então nada a dizer. Se o critério não existe ou é incoerente, então no mínimo poderemos falar de falta de bom senso e discriminação.

8 de maio de 2009 às 14:35  
Blogger MTeresa said...

No meu comentário, onde se lê "ainda me trás outra questão", leia-se por favor "ainda me traz outra questão". Peço desculpa pelo erro... só agora dei por ele.

8 de maio de 2009 às 15:19  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O passatempo terminou.

Ver actualização-2

9 de maio de 2009 às 21:22  

Enviar um comentário

<< Home