5.6.09

Relembrando Pinheiro de Azevedo, na hora do voto

Importam-se que eu vote? (*)

FAZ AGORA
[2005] quatro anos que votei para as autárquicas.

Ora, quando eu julgava que tinha ajudado a escolher as pessoas mais indicadas para tratarem de coisas como o trânsito caótico ou os excrementos de cão na cidade onde resido, eis que Guterres me informa que não foi nada disso! Sem o meu conhecimento (e menos ainda com o meu acordo), alguém decidiu que eu, afinal, tinha votado para correr com o governo dele... e o homem sumiu!

Felizmente, tempos depois, para as eleições europeias, os principais partidos tiveram a gentileza de, atempadamente, nos esclarecerem que, afinal, não iríamos votar para elas:

O PS proclamou que a votação seria um «cartão amarelo» ao governo; o PCP também, só mudando a cor para vermelho; e, por fim, o próprio Durão Barroso (concordando com essa leitura quando devia ser o primeiro a contestá-la!), disse que «tinha entendido o sinal do povo», pelo que, logo que pôde, fez as malas e... «Ala!, que se faz tarde!».

E é por tudo isso que, para as eleições autárquicas de Outubro, já estou pelos cabelos só de ouvir a mesma conversa: a rapaziada dos partidos propõe-se pegar no meu (eventual...) voto, desviá-lo, e brandi-lo como se ele fosse dado para apoiar ou rejeitar o governo de Sócrates - um pouco como se eu doasse dinheiro para as vítimas do Katrina e ele fosse direitinho para as campanhas do senhor Major ou de Avelino Ferreira Torres!
*
(*) - Esta crónica, publicada no Expresso em 7 Out 05, continua válida, no essencial - agora para as eleições europeias, onde os candidatos falam de tudo menos da Europa, e não se coíbem de dizer que elas serão uma 1ª volta das legislativas!
Assim sendo, no domingo lá estarei - mas para mais um grandessíssimo VOTO EM BRANCO, e levando debaixo da língua a expressão que em boa hora imortalizou o Almirante Pinheiro de Azevedo.

6 Comments:

Blogger Sepúlveda said...

E será que o pessoal que faz a contagem dos votos, ao ver um em branco, não lhe mete sorrateiramente uma cruzinha no seu partido?

É incrível que, apesar do espectáculo rasca que têm dado, PS e PSD continuem a ter uma fatia tão grande dos votos. Só entendo isto como sendo desinteresse dos eleitores em sequer saberem do quotidiano político no nosso país.

5 de junho de 2009 às 14:49  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A questão que coloca tem razão de ser, especialmente em assembleias de voto muito pequenas.

Mas julgo que isso não sucederá naquela onde eu voto, em que estão todos os partidos representados (ou quase)

5 de junho de 2009 às 15:01  
Blogger R. da Cunha said...

Alguém propunha algures, há dias, que os votos brancos e nulos deveriam ser contados para apuramento dos resultados para a AR. Só que, os lugares "eleitos" ficariam vazios, pelo que a dita AR, em lugar de ter 230 deputados, teria, digamos 199. Como iria ser nas votações obrigatórias de 2/3, por exemplo? Era capaz de ser uma boa medida. No mínimo, creio, a abstenção diminuiria.

5 de junho de 2009 às 18:51  
Blogger R. da Cunha said...

Volto aqui.
Não creio que o voto em branco se arrisque a ter uma cruzinha à sorrelfa. As mesas, mesmo em pequenas localidades, têm a representação de vários partidos.

5 de junho de 2009 às 18:53  
Blogger ana pinto said...

pois! esse história de por a cruzinha nos boletins em branco já não é a primeira x que a ouço!
e há outra questão! o que significa realmente o voto em branco?? como se manifestaria isso em termos de consequencias se por exemplo a maioria dos votos fosse branco! Acredito, que se um resultado eleitoral assim significasse uma mudança de candidatos e novas eleições o numero da abstenção diminuiria em detrimento do voto em branco...

5 de junho de 2009 às 23:43  
Blogger R. da Cunha said...

Se, por absurdo, todos os votos fossem brancos ou nulos, a eleição teria que ser repetida e os partidos teriam que retirar as suas conclusões: novas propostas e novos candidatos. E, então, talvez os eleitores se dessem ao trabalho de ir votar e validamente.

6 de junho de 2009 às 00:49  

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