8.6.09

O negócio das almas

Por Joaquim Letria

ONTEM, DIA DE ELEIÇÕES europeias, os demónios andaram à solta e os anjos também, uns e outros manipulando a favor do céu ou do inferno. As almas fugiram espavoridas, cheias de quem as engana com o negócio do bem e do mal.

As eleições para o Parlamento Europeu têm cada vez mais importância, porque ali mais e mais se decidem coisas importantes da nossa vida, sendo, portanto, de toda a conveniência, que lá tenhamos alguém merecedor da nossa confiança.

Mas de tão distantes se colocarem e de tão mal nos tratarem, anjos e demónios conseguem conquistar a olímpica indiferença de uns e o frio desdém de outros que ali não distinguem, para o bem e para o mal, a presença do pecado. E sem pecado não há prazer, seja para os que dele usufruem, seja para aqueles que o combatem.

Sabemos que daqui a uns anos voltam a pedir-nos a nossa generosa clemência, mas também sabemos que, hoje mesmo, os que ontem perderam e ganharam já esqueceram as nossas almas nas encomendas com que mercadejam neste triste negócio das almas.

«24 Horas» de 8 de Junho de 2009

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