5.6.09

Aljubarrota

Por Joaquim Letria

A FIGURA de D. Nuno Álvares Pereira, condestável de Portugal e santo recém-canonizado, uma das maiores figuras de Portugal, levou-me por estes dias a São Jorge, onde se pode observar o exterior da austera capela, infelizmente cerrada, e apreciar um bom espectáculo de Multimédia e um muito bom filme de Margarida Cardoso, através dos quais se “vê” e compreende a batalha de Aljubarrota, cujos locais podem também ser visitados.

Testemunhei o entusiasmo de jovens que têm a sorte de andarem em escolas com professores que ali os levam, de modo a aproveitarem as muitas potencialidades do Centro de Interpretação de Aljubarrota, da respectiva Fundação.

Infelizmente, os jovens são muito poucos, em relação a quantos ali deveriam ir.

Nem com a canonização o Santo Condestável deixou de ser um português desaproveitado, quase ignorado pelos demais que sem ele não teriam esta Pátria nem o seu exemplo único.

«24 Horas» de 5 de Junho de 2009

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5 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Eu sou um "apanhadinho" pela Idade Média, nomeadamente pela época narrada por Fernão Lopes, cujas crónicas nunca me farto de ler e reler.

Também passei tempos infinitos no Campo da Batalha de Aljubarrota, com o Oliveira Martins na mão.

Infelizmente, as últimas 'conversas' acerca de Nun' Álvares têm sido, quase só, à volta da canonização.

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Já agora:
Tirando a conquista de Ceuta (em que ele quase nada fez, além de estar presente), toda a sua vida militar foi contra os castelhanos, também católicos, que derrotou "com a ajuda de Deus".

Assim sendo, como é que os espanhóis podem encarar a sua canonização, que é algo universal?

5 de junho de 2009 às 21:01  
Blogger R. da Cunha said...

Nas nossas escolas ainda se ensina História, mormente a portuguesa?
O CMR levanta uma questão pertinente, qual seja a de os espanhóis não deverem ter visto com bons olhos a canonização! Mas, em boa verdade, não foi por ele ter batido os castelhanos que foi canonizado.

6 de junho de 2009 às 00:43  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Já agora, uma curiosidade:

A crise de 1383-85 teve a ver com a sucessão de D. Fernando, cuja filha, D. Beatriz, casou com D. João de Castela (que, assim, ficou com direito ao trono português).

Ora, essa foi a época da grande cisão da Igreja, havendo dois papas (um em Roma e outro em Avinhão).
Castelhanos e portugueses chegaram a estar em lados opostos, tratando-se mutuamente por hereges. Daí, que a "ajuda de Deus" a uma das partes fizesse todo o sentido.

No entanto, os reis andavam sempre a mudar, em termos de "obediência papal", ao sabor das conveniências.
Na época que vai desde 1383 até à paz final, não sei como evoluiu esse aspecto do problema, de ambos os lados da fronteira.

6 de junho de 2009 às 10:06  
Blogger Fernando Ribeiro said...

Bom, eu tenho uma vaguíssima ideia de ter ouvido dizer (há quantos anos!) a um excelente professor de História que tive no Liceu Alexandre Herculano (um alentejano chamado Castanho Fortes) que os reis de Portugal apoiaram o papa de Roma. Mas isto pode ser só impressão minha. Faz algum sentido, visto que o papa de Avinhão deveria, certamente, ter o apoio da França, que era inimiga de Inglaterra. Sendo esta aliada de Portugal, tem lógica que o rei português apoiasse o outro papa, o de Roma.

Eu estive em S. Jorge há pouco menos de um ano e lembro-me de ter reparado que, pousado no beiral de uma janela frontal da capela, estava um cântaro de barro. Eu não olhei para dentro do cântaro, para ver se tinha água ou não. Talvez até tivesse. Mas pelo menos o cântaro estava lá, a honrar a secular tradição, segundo a qual deveria haver naquele local um cântaro de água para matar a sede a quem passasse. É verdade que agora já não passa lá ninguém (a EN1 há muitos anos que foi desviada dali), mas a tradição mantém-se.

7 de junho de 2009 às 02:52  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A bilha de água foi lá mandada colocar por Nun' Álvares em memória da sede que passou durante a Batalha. A capela onde está foi erigida por ele no sítio onde as suas tropas combateram ("onde teve a sua bandeira").

Era na véspera da "Senhora de Agosto", e muitos haviam feito promessa de não comer nem beber durante esse dia.

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O problema do cisma afectou mais o conflito Portugal/Castela no tempo de D. Fernando.
A sua origem aparece explicada no Cap. CVII da «Crónica de D. Fernando», com grande desagrado do cronista, Fernão Lopes, pelo sucedido.

7 de junho de 2009 às 11:09  

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