29.10.09

Saramago e os nossos elbonianos - Passatempo com prémio

Dilbert de visita à terra dos elbonianos
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NA «QUADRATURA DO CÍRCULO» da semana passada abordou-se a polémica gerada pelo mais recente livro de Saramago. Lobo Xavier deu o tom, bem ao estilo português:
«Não o li, não o tenciono ler, mas acho que (...)».
Em seguida, disse alguns lugares-comuns (que, como todos os lugares-comuns, estavam correctíssimos), e juntou algumas palavras sobre o conteúdo do livro (que, como não o leu, não poderiam ser muito acertadas...). Pacheco Pereira e Francisco Assis (manifestamente nas mesmas condições) foram mais cautelosos e ficaram-se pelos lugares-comuns: «o que Saramago diz não é nada de novo, a Bíblia não é para ser levada à letra, a liberdade de expressão é sagrada, etc & tal».
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Ora, em toda esta polémica, parece-me que há uma certa confusão: por um lado, o livro propriamente dito. Por outro, as declarações que o autor fez, em intervenções e entrevistas. Mas o certo é que em breve já ninguém se lembrará destas (repare-se como a discussão tem vindo a morrer), enquanto, ao invés, aquele ficará - independentemente da sua qualidade.

Tendo isso em conta, o desafio que hoje aqui se coloca é o seguinte: dado que não faltam espaços (até neste blogue) para discutir as declarações de Saramago, que tal dedicar este post, exclusivamente, ao livro propriamente dito?

Assim, neste passatempo (de duração maior do que o habitual, pois só terminará às 20h de 5 Nov 09), só serão tidos em conta (para efeitos de prémio) os comentários feitos por quem já tenha lido a obra (ou, pelo menos, parte dela). As capas dos livros-prémio podem ser vistas [aqui]. NOTA: Quem não tenha conta Google/G-Mail poderá enviar os seus comentários para sorumbatico@iol.pt até às 16h de 5 Nov 09.
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Actualização 1- (5 Nov 09 / 20h39m): o prémio é atribuído a Manolo Heredia, que tem agora 24h para escrever para premiosdepassatempos@iol.pt, indicando qual dos livros prefere e morada para envio.
Actualização 2- (8 Nov 09/ 10h40m): decorridas mais de 60h sobre a sua atribuição, o prémio continua a não ser reclamado por quem o ganhou, pelo que vai ser sorteado entre os leitores - ver [aqui].

2 Comments:

Blogger Manolo Heredia said...

Cain é um livro interessante mas está longe de ser o que mais gostei de ler, dos de Saramago. No fim da primeira leitura (e última, espero bem), fiquei com a sensação de que estamos perante uma colagem de quadros do antigo testamento em que e único fio condutor é a presença do autor do livro dentro desses quadros, assumindo o personagem Cain, como se fosse o homem comum criado após o pecado fratricida. Isto é, o homem comum revisitando os principais feitos bíblicos: Destruição de Sodoma, a ira de Moisés contra o bezerro de ouro, e outras cenas bíblicas que envolvem grande violência contra humanos (com muitos inocentes), e ainda cenas hoje consideradas imorais como o assassinato de um filho por motivos religiosos, ou a prática de actos sexuais incestuosos (caso de Lot e suas filhas).
De resto o livro está estruturado de acordo com as regras habituais de referência a sexo, suspance e violência, em percentagens adequadas para fazerem dele um livro-distracção, sem ambições intelectuais.
Uma nota especial para o banho de esperma que Cain proporcionou às escravas lhe davam banho. Parece uma referência quase explícita (publicidade subliminar) aos modernos filmes pornográficos.

29 de outubro de 2009 às 14:58  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Nos últimos dias, já depois de ter lido o livro, estive com várias pessoas católicas, nomeadamente 3 senhoras de 52, 62 e 84 anos.

São todas praticantes, mas dos temas abordados no «Caim» sabem apenas (e mal e porcamente) o pouco que, na infância, aprenderam na catequese: o Adão, a Eva, o Noé... e pouco mais.

Ainda tentei falar um pouco sobre "essas coisas" mas notei-lhes, mais do que uma grande ignorância, um certo desinteresse.

Quando agora se diz que a grande vantagem desta polémica-Saramago é levar as pessoas a lerem a Bíblia (pelo menos o Velho Testamento), concordo plenamente. Só a história do José do Egipto inspirou a Thomas Mann uma tetralogia maravilhosa!

29 de outubro de 2009 às 15:37  

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