O "Analfabetismo Funcional" - Debate com prémio
SÓ TERMINA às 20h de amanhã, terça-feira, o passatempo com prémio da série «quanto indica a balança?» a propósito do analfabetismo funcional - ver [aqui] -, mas os comentários entretanto feitos levaram-me a propor um post exclusivamente dedicado a esse flagelo.
Pede-se, pois, aos leitores interessados em debater aqui o problema que, antes de mais, leiam esses comentários, mas não deixem, também, de observar as imagens que estiveram na origem do passatempo - ver [aqui].
Pede-se, pois, aos leitores interessados em debater aqui o problema que, antes de mais, leiam esses comentários, mas não deixem, também, de observar as imagens que estiveram na origem do passatempo - ver [aqui].
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Os melhores comentários feitos neste post até às 20h do próximo dia 27 serão premiados com exemplares do livro cuja capa aqui se vê. Nada impede que os leitores que já afixaram comentários noutros posts os voltem a colocar aqui. Quem não tenha conta Google-GMail pode enviar as suas contribuições para sorumbatico@iol.pt
20 Comments:
Para relançar a discussão:
As pessoas que sofrem da limitação a que se dá o nome de «analfabetismo funcional» não são, necessariamente, analfabetos no sentido tradicional de quem "não sabe ler nem escrever"; são, isso sim, pessoas incapazes de executarem tarefas simples, como consultar um horário de comboios, preencher um cheque, enviar uma encomenda registada, compreender o significado de um desenho, etc.
Quando essas limitações só afectam o dia-a-dia dessas pessoas, o problema só diz respeito a elas. Mas quando afecta a sua actividade profissional, o caso pode ser muito sério.
Seguem-se alguns exemplos verídicos:
1 - O livro cuja capa aqui se vê foi publicado em 1997, inspirado em pessoas com quem convivi e trabalhei. Eram pessoas incapazes de abrir uma página Web, receber ou enviar um e-mail e até ligar um computador (que recusavam usar).
Anos depois, já em pleno século XXI, muitas delas continuam assim!
Tratando-se de pessoas com responsabilidades em empresas, os danos que essa iliteracia provoca são grandes.
2 - Há menos de 1 mês, fiz algumas análises (ao sangue e à urina) em Lisboa, e depois fui para Lagos, fiado num papel que me deram, e segundo o qual eu poderia consultar depois os resultados na Internet.
Como a página não abria, contactei o laboratório e pedi que mos enviassem por mail. A funcionária acabou por confessar que não sabia, e que nunca tinha enviado nenhum; e nem sabia o que era "@". Foi preciso procurar quem fizesse por ela.
3 - Um médico meu conhecido passou, recentemente e com intervalo de meses, 2 receitas com erros grosseiros por não se entender com o computador. Os erros só foram detectados nas farmácias onde foram aviadas.
4 - Como aqui se tem documentado, alguns jornais (com destaque para o «SOL online») publicam textos com erros (de sintaxe e de ortografia) de palmatória. Costumo escrever para lá, mas não respondem nem corrigem.
5 - Acabei de ler «A Ilha do Tesouro», numa edição do Público onde, além das gralhas, há frases do género «haviam coisas»
Etc. etc.
Em todos os casos há uma desadequação entre o que se espera da pessoa e o que ela é, na realidade, capaz de fazer. E há prejuízos para terceiros.
O caso da tampa cuja foto aqui hoje afixo é um caso-limite.
Não consigo encontrar explicações aceitáveis para o facto de ela estar assim (tanto mais que a maior parte das outras, ali perto, estão bem).
Podemos, com muito boa vontade, aceitar a ideia de que a culpa é dos outros (ou da sociedade capitalista...), mas o certo é que a pessoa que faz estas coisas não pode continuar a fazê-las, porque é paga para fazer bem, e aquilo - chiça!! - não é nenhum "puzzle".
Ou aprende, ou é substituída.
De caminho, claro, o fiscal e o chefe também podem ir alombar sacos de batatas.
Mais umas dicas:
Quando estão em causa profissionais, o «analfabeto funcional» não é o que se engana de vez em quando (ou que é desastrado). É o indivíduo que não está minimamente preparado para exercer as funções pelas quais é pago.
Vou dar mais 2 exemplos reais:
1 - Em tempos, contratei um indivíduo, que dizia ser jardineiro, para me podar uma longa fiada de arbustos.
Quando lá cheguei, já ele tinha feito o trabalho: estavam todos cortados rente ao chão, com serra eléctrica.
Quando apareceu a pedir a paga e eu estranhei, disse-me que "era mesmo assim, depois rebentavam".
Pois bem... A maior parte deles... até hoje!
2 - Há dias, vimos Cavaco Silva a visitar uma povoação e uma empresa algures.
Todas as criancinhas agitavam bandeirinhas portuguesas... em que o vermelho estava do lado da haste. E não era só uma ou noutra, eram mesmo todas que tinham sido feitas ao contrário.
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Em ambos os casos, houve pessoas a ganhar dinheiro exercendo uma actividade para a qual não estavam minimamente preparadas.
Depois, há as que são capazes de reconhecer os erros (e corrigirem-se) e há os outros...
Perdem-se até empresas quando quem está em posições de chefia sofre de analfabetismo funcional.
Primeiro, porque ao não serem capazes de fazer as tarefas mais simples de que encarregam os subordinados, os chefes não têm a mínima noção da capacidade ou profissionalismo dos mesmos. Na hora de cortar despesas, não são capazes de avaliar quem é, de facto, produtivo nem distingui-lo(s) do(s) que é(são) apenas subservientes.
Depois, porque ao serem incapazes de algo tão simples como enviar um e-mail - e caso tenham mesmo que o enviar - vão "pedir insistentemente" a um funcionário que o faça por eles. O resultado? O funcionário, ao executar a tarefa em alguns minutos, fica na mira: porque provou que o "chefe" não a sabe fazer e porque para isso teve que parar com o seu trabalho com o consequente atraso nas tarefas.
Eu acredito que, apesar de se ver diariamente muitas situações de analfabetismo funcional - principalmente em situações que exijam utilização das "novas tecnologias" - o que é visível no dia-a-dia talvez não seja só isso.
Talvez estejamos finalmente a apercebermo-nos de uma bola de neve de desmotivação - quem, nos dias de hoje, sabe executar competentemente o seu trabalho muitas vezes "não está para isso", porque quem tenta fazer bem não só não tem qualquer reconhecimento como se arrisca ainda a ser acusado de "se armar em bom"; muitas pessoas que intervêm na sociedade através da palavra, sejam professores, jornalistas, cronistas, escritores, etc., não dominam a língua porque no seu período formativo cruzaram caminho com profissionais igualmente desmotivados que não lhes corrigiram os erros naturais de quem está a aprender.
Ora se os miúdos, ao olhar para as notícias de rodapé de um telejornal se dão conta de um erro que não é uma mera gralha (e mesmo que seja, exibe falta de cuidado) concluem, por muito falível que seja o raciocínio, que não vale a pena aprender a escrever bem. De uma forma ou de outra, mesmo quem não o sabe conseguiu trabalho, porque não haverão eles de o conseguir também?
Assim, multiplique-se isto pelas várias situações em que erros grosseiros passam por algum sítio onde deveria existir um crivo e não está lá nada: jornais, páginas web institucionais, livros...
Convençam-se... os que fazem questão de fazer decentemente e escrever correctamente já são vistos como Velhos do Restelo e, pelo andar da carruagem, estão em vias de extinção. A passo muito rápido.
Sim, na EFACEC-Engenharia, empresa que me inspirou o livro cuja capa aqui se vê (e mais outros, publicados até 2001...), a maioria dos directores mandava as secretárias receber e enviar os e-mails e mandava os subordinados fazer as pesquisas na Web e imprimir as respostas.
No 1.º caso, elas imprimiam-nos, e traziam-nos a despacho. O grande-chefe lia, anotava em baixo a resposta, e dava à senhora para ela enviar.
Muitos, nem sequer tinham computador na secretária e- pior! - gabavam-se disso!!
Isso só se alterou quando a administração mudou e obrigou essa gente a aprender a usar essas "modernices".
Ainda hoje é frequente escrever a alguém e receber a seguinte resposta:
«Sou a secretária do Sr. Dr. Fulano. Ele recebeu a sua mensagem, e pede para lhe transmitir que...»
Depois de ter lido tudo o que foi escrito no anterior post sobre este mesmo assunto - sou muito bem amestrada :) - e do que já aqui li, só tenho a repetir o que o XR já salientou. É frustrante, muito frustrante mesmo, para quem dá o seu melhor e está disponível para aprender sempre mais.
Eu não diria que somos tratados como velhos do Restelo, o que sinto é que somos olhados (e apontados) como otários, chagas, melgas, sei lá que mais.
Uma sociedade que permite a projecção de pessoas incapazes, que desculpa até ao absurdo as falhas dessas mesmas pessoas e ainda admite a sua arrogância, não pode ser uma sociedade em desenvolvimento ou no caminho da modernização, como nos querem - à força - vender, é uma sociedade falhada.
Aqui ficam mais 3 exemplos verídicos de analfabetismo funcional:
1 - Perto de Lisboa, há uma pequena loja que vende farturas.
Na parede, podia ver-se, no tempo dos 'escudos', a seguinte tabela de preços, que a vendedora consultava, depois de fazer o embrulho:
1 fartura ... 100$00
2 farturas ... 200$00
3 farturas ... 300$00
4 farturas ... 400$00
(e por aí fora, até 10 farturas)
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2 - Recentemente, numa loja de venda de livros (no Metro de Lisboa) quis pagar uma despesa de €16 com uma nota de €20.
A menina pegou na máquina de calcular para fazer a conta ao troco!
Ainda ela não tinha acabado, quando eu lhe dei uma moeda de €1 e lhe pedi que me desse uma nota de €5, que ela tinha ali à mão.
Foi a confusão total!!
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3 - Uma senhora entrou numa loja e pediu uma "medida" de "um decilitro", para usar na cozinha. A empregada (uma jovem de uns 20 anitos) não percebeu o que ela queria. Afinal, o objecto até existia. O problema é que a jovem - segundo disse - não sabia o que era um 'decilitro'.
Conclusão:
No caso da loja das farturas, o caso não seria grave, pois se calhar era a dona que estava a atender. Já no 2.º e no 3.º casos não será assim...
O analfabetismo funcional pode ter a ver com uma dificuldade de aprendizagem. Pode ter a ver com o pobre sistema de educação em vigor já há uns anos e cujos resultados se vêem em muitas situações nesta altura. Os que tiveram dificuldade talvez não tivessem tido o apoio de que necessitavam, talvez tivessem escorregado pelas frestas do sistema educativo sem ninguém ter dado por isso ou talvez tivessem sido considerados “preguiçosos”, “desmotivados”, e talvez o seu comportamento (na tentativa de ocultar as suas dificuldades) tivesse conduzido a este tipo de consideração por parte dos intervenientes na educação. Muitos “talvez”. E até a causa possa ser a combinação de todos estes “talvezes”. (aposto que isto é um neologismo!).
O uso das calculadoras, dos computadores e todas as maquinetas de apoio têm um valor incalculável em termos de facilitar a nossa vida, de nos abrir horizontes há dezenas de anos impensáveis ao cidadão comum. Mas lá tem também as suas inconveniências porque o cérebro não é exercitado (no caso da calculadora, p.e.) E que fazer? Não aceitar os potenciais funcionários que não tenham determinadas competências para exercer os cargos? Aceitá-los e facultar-lhes cursos de treino, de recuperação? E as verbas? Não será também da incumbência dos empregadores. Os cidadãos comuns têm mesmo que estar alerta e ser eles próprios a fazer algo acerca desta situação. A globalização veio para ficar. A competitividade é cada vez mais sentida. Os residentes estrangeiros, de certos países, assambarcam os poucos empregos que o mercado oferece porque estão preparados para eles, porque os seus países de origem valorizaram o sistem educativo. Estes indivíduos terão a vontade de se desenvolver até à sua capacidade máxima... talvez! E é preciso saber para poder mandar. : )
Enviado por mail pelo leitor Carlos Arinto:
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O que se passa com as pessoas que demonstram incapacidade para fazer bem feito, mesmo aquilo que é simples e, em principio,tarefas que apenas requereriam um pouco de atenção será, na minha opinião, uma tendência ou estado natural da forma de ser português que passa pela atitude "qualquer coisa".
Um não te rales, uma desresponsabilização, um alheamento da realidade, um deixa andar.
Salvaguardando os casos que menciona, que são casos clinicos, todos os outros poderiam ser facilmente resolvidos com um pouco de atenção ou uma pequena aprendizagem
Mas, essas pessoas não estão interessadas.
Elas vivem desse trabalho, alguém lhes paga e está tudo bem.
Elas não querem saber, não é para isso que são pagas.
Elas representam uma atitude muito comum, hoje na nossa sociedade, da cultura "call center". Lê-se o formulário, as instruções e os parãmetros copiados, enquanto se está a pensar noutra coisa, de forma automática e mecãnica.
O cantoneiro até pode ter reparado que colocou a peça ( a tampa) ao contrário, mas..."é pá depois vira-se isso, já está, já está, vamos embora."
Já o jardineiro que poda rente é mesmo incompetência. Mas para ser jardineiro não basta gostar de flores. O senhor em causa terá outra profissão, ou nenhuma, que é muito comum em Portugal, embora sejam pessoas que se apresentam como especialistas e/ou profissionais.
Na área da construção, das reparações, das obras e das manutenções Portugal é um viveiro de "tècnicos" que nada percebem do assunto, mas que a experiência e o desenrascanso, falsamente credibilizam.
É uma atitude, uma postura, uma "coisa qualquer". A área dos serviços está cheia deles: cartas mal feitas, informações mal comunicadas, recusa em fazer melhor.O que fazem serve-lhes e os clientes acabam por aceitar pois, também eles, têm mais que fazer e adiante...
Analfabetismo funcional. Sem dúvida. Mas desmotivação e desinteresse acima de tudo.
E no caso da falta de informação dos jovens e no uso das calculadoras para fazer uma mera conta de somar ou subtrair, basta ver como são dadas as aulas,o grau de dificuldade dos testes e a fluência de reproduzir a aprendizagen dos alunos para perceber que a grande maioria deles serão incapazes e incompetentes durante toda a vida.
Para quê esforçarmo-nos.
Qualquer coisa, ou uma coisa assim, mais ou menos, chega.
CARLOS ARINTO
Eu tive graves problemas com um determinado técnico auxiliar (numa obra importante, pela qual eu era responsável) porque ele deixava que os operários fizessem as coisas mal - mesmo as mais simples - e não se preocupava, sequer, em os corrigir ou ensinar.
Um dia, depois de "levar na cabeça", desabafou:
«Ó chefe, isto aqui não há tempo para pensar! O pessoal faz de qualquer maneira. Depois, se estiver mal... corrige-se, que é para isso que a gente cá está!»
Bem... Mas esse ainda falava em "corrigir" (embora só depois do mal feito, desnecessariamente). No caso das tampas trocadas, ninguém corrige.
Ou seja: os chefes e os fiscais dos empreiteiros (pessoas - essas sim - com um mínimo de escolaridade) não têm um pingo de brio profissional.
Ou será que essas obras nem sequer têm fiscais? Também é bem possível...
CMR, os fiscais, hoje em dia, não saem sequer dos seus gabinetes, limitam-se a assinar a papelada que lhes põem à frente findo o trabalho. Assinam e pronto, está fiscalizado!
No caso que atrás descrevo, o que se passava era, simplificadamente, o seguinte:
Os operários tinham que colocar determinadas peças em determinados locais. Esses locais estavam bem referenciados, com grandes letras, e eles tinham papéis simples que indicavam onde colocar cada peça.
De vez em quando, deixavam de olhar para os papeis e atiravam aquilo "à balda". Uma vezes acertavam, outras não... O pior é que o tal chefezinho era conivente, pois não escondia a teoria de que «o importante é fazer, e depois corrige-se o que estiver mal».
Como é evidente, os erros sucessivos criavam uma péssima impressão junto do Cliente (a EDP). E nem sequer se ganhava tempo, pois o trabalho acabava por ter de ser feito duas vezes!
Associado ao custo do trabalho, evidentemente - o que só não afligia os que ali estavam a trabalhar à hora (e eram muitos).
Eu tenho a felicidade de ter o engraçado livro prémio, ganho num outro concurso do Sorumbático ;-)
Não querendo um segundo exemplar, deixo aqui a minha opinião acerca deste verdadeiro problema.
O analfabetismo funcional tem pelo que li dos restantes comentários, vários níveis. Não é igual não saber fazer o troco de dezasseis euros para uma nota de vinte (ainda que com a dificuldade acrescida do euro para arredondar) do que escrever mal o nome de uns medicamentos, cujos nomes são por vezes complicados.
No caso das tampas, não me parece que se enquadre no mesmo problema, mas antes no mais descarado deixa andar, isto é para pisar e tapar o buraco, não é? Então…
Agora, compreendo que muitas pessoas, algumas com certa idade, tivessem sido apanhadas de surpresa por este autêntico bomm do progresso tecnológico. Se ainda fosse uma de cada vez, mas as tecnologias caiem em catadupa. O melhor é impor o meu ritmo, não vão estes malandros habituar-se mal. E é assim que muito boa gente vai integrando as novas tecnologias; devagar e com muita calminha.
Nestes casos ainda são as pessoas a controlar o ritmo das tecnologias, nos outros é o contrário que sucede. Bom ou mau… é quanto a mim, uma fase inevitável.
Imagine-se se todos andassem na crista da revolução tecnológica. Não haveria lugar para “Crónicas da Inforfobia”. Possivelmente nem haveria lugar para mais uma série de coisas que se criaram para dar apoio aos inforfóbicos e que são elas próprias Benjamins da modernidade.
Caro Ribas,
Não sou eu quem vai atribuir o(s) prémio(s), mas se algum for para si, arranjar-se-á um prémio alternativo
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Outra nota:
Uma pessoa pode ser "analfabeta funcional" para umas actividades e não o ser para outras.
Um primo meu não tem (nem quer) MB porque é incapaz de teclar no terminal ATM!
E, no entanto, teve funções muito importantes em várias empresas (privadas e públicas), e exerceu-as muito bem...
Ou seja: ele seria um "analfabeto funcional" se o colocassem num lugar de porteiro (com um teclado à frente), mas seria (p. ex.) um óptimo escritor, locutor de TV ou carregador de pianos...
No caso das placas em causa, os funcionários que as colocam ao contrário poderiam, p. ex., ser bons jogadores de futebol ou magníficos jardineiros.
Penso que uma das piores formas de manifestar o analfabetismo funcional é aquela célebre frase que ouvimos muitas vezes: “Não sei, não quero saber e tenho horror a quem sabe!”
Isto por si, em forma de graça, releva no entanto a ignorância e, pior ainda, a falta de curiosidade para aprender.
Quanto aos famosos painéis da calçada portuguesa que deram origem a este debate...
Apesar de o sistema capitalista ser cada vez mais "escravizante" para a força de trabalho, acho que o facto de colocar as "pedras" erradamente não se encaixa exactamente nisso, pois até à vista dos chimpanzés deve ofender. Nem se trata de de uma questão de produtividade porque leva o mesmo tempo a colocar bem ou mal!
Também não deverá ser só uma questão de brio. Mas de estética e harmonia, mesmo para o mais “insensível” dos operários, tal e qual como pôr um quadro torto direito, na parede da nossa casa.
Luís Bonito,
Como eu costumo dizer, estas coisas (refiro-me, ainda, às placas) só sucedem porque se junta a incompetência de quem faz com a incúria de quem deixa fazer.
E digo isso porque se trata de intervenções feitas por PROFISSIONAIS ao serviço de EMPRESAS, em equipamentos públicos (passeios e ruas) que os cidadãos confiaram ao cuidado das AUTARQUIAS - a quem pagam.
Isso quer dizer que, acima do funcionário pouco ou nada qualificado (o servente) há um CHEFE DE EQUIPA e/ou um FISCAL da empresa (empreiteiro); e, acima deste(s), há um FISCAL da autarquia.
É assim que as coisas funcionam em todo o lado, e os trabalhos só são pagos quando há um AUTO de recepção, assinado por ambas as partes, por vezes com as necessárias ressalvas.
Se assim não fazem, esses indivíduos não podem, pura e simplesmente, ocupar essas funções (remuneradas por nós, recorde-se):
Ou fazem o trabalho de acordo com o que lhes pagam, ou vão cavar batatas.
Há aqui algo que eu não percebo, já que muitas vezes as tampas não se desviam muito do seu local de origem, ou seja: levanta tampa, desvia tampa, pousa tampa, faz o que tem a fazer, levanta tampa, desvia tampa, recoloca tampa no seu local de origem.
É necessário fazer das ditas algo semelhante a um ponteiro de relógio?!
MG,
Sim, e no caso da foto, dá até mais trabalho fazer mal do que fazer bem...
E no caso das tampas circulares, então, não encontro explicação.
A coisa é de tal modo idiota, que já houve quem disse que podia ser um código qualquer...
PROVOCAÇÃO EXTRA-CONCURSO:
Parece-me que este concurso seria mais engraçado se cada um dos teóricos (em que me incluo) pegasse numa "caneta de dois bicos" e participasse numa competição de recolocação de tampas. O júri do concurso seria composto por uma equipa de operários habitualmente encarregues de tais tarefas.
O CMR, por sua vez, poderia tentar acertar no peso de cada tampa, mas sem as colocar na balança da farinha lá de casa, senão nunca mais comeria pão-de-ló.
(Por favor, não levem a mal esta brincadeira, porque não passa disso e só pretende oferecer um sorriso para o fim-de-semana).
Sorriso que soube bem!
Bom fim de semana!
A minha ideia, ao avançar com este 2.º debate, era deixar um pouco para trás a questão concreta das tampas (abordada no 1.º), generalizando a discussão para o problema do "analfabetismo funcional" - que existe em todas as profissões, podendo ter graves consequências (como o referido caso do médico).
Vejo que o júri teve isso em conta na sua classificação. Ainda bem.
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