29.5.10

Não se importam que se importe?


EM TEMPOS, estava um membro do Parlamento inglês - no intervalo de alguma sessão - a tomar o seu chá, quando reparou que a colher que usava para mexer o açúcar era Made in 'não-sei-onde'. Assim que os trabalhos recomeçaram, pediu a palavra e, indignado, perguntou se a indústria nacional já não era capaz de fabricar coisas tão simples.

Claro que nessa altura ainda não havia a invasão de produtos chineses, mas (talvez por causa do título do livro...) foi essa cena da vida inglesa que me veio à lembrança quando reparei no que aqui se documenta (e que é extensivo a muitos outros livros que encontrei à venda por €2 euros - e novos, ainda embrulhados no celofane de origem).

8 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Claro que a editora portuguesa manda fazer estes livros em Espanha porque saem mais baratos.
E a questão está precisamente aí.

Quando se fala da concorrência chinesa, é habitual argumentar-se (e com razão) que eles ganham pouco, trabalham muito, não têm férias nem segurança social, etc.

Mas não é o que sucede com os espanhóis.

Será porque são mais produtivos?
Porque têm o IVA mais baixo?
Porque o Governo apoia as exportações?

Porventura, será um pouco de tudo isso.

29 de maio de 2010 às 14:29  
Blogger (c) P.A.S. Pedro Almeida Sande said...

E que tal mais escala?
É por isso que o IVA tem de ser em Portugal mais baixo, assim como a electricidade, a água, os combustíveis, as coimas... e os 700.000 funcionários públicos e as dezenas de milhar de consultores, gestores de empresas municipais, assessores, etc...
sem isso, nada hecho!

29 de maio de 2010 às 14:39  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Mais um exemplo:

Tenho aqui comigo exemplares de «O Inferno», de Dante, em duas edições:

Uma da «Europa-América», e outro da mesma editora referida no 'post' (desta vez a gráfica é outra, a UNIGRAF).

O preço da primeira é €16,75, como se pode ver [aqui], juntamente com a indicação de "esgotado".

O outro (encadernado e selado) custou-me €2...

29 de maio de 2010 às 14:44  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Claro que a escala conta - e de que maneira!

Mas deve haver mais qualquer coisa para justificar diferenças tão grandes.

29 de maio de 2010 às 14:48  
Blogger Bartolomeu said...

Esses fulanos, naturais de 'Não-Sei-Onde' são terríveis, invadem os mercados com produtos baratíssimos, que nos causam vertingem, quando tentamos perceber de que forma o conseguem.
Os exemplos mais próximos são como refere Medina Ribeiro, o de nuestros hermanitos e o Asiático, que tanta azia tem provocado aos nossos pequenos e tradicionais comerciantes.
O conjunto de motivos que apresenta, são muito provávelmente os responsáveis por esta invasão.
Contudo, a meu ver, um par de outros concorre para o mesmo resultado: a inércia e o parolísmo.
Apesar de muita gente insistir que a salvação da nossa economia, passa por uma protecção, apoio e uma regulamentação efectiva do nosso mercado interno, insistem os nossos governamentadores nas famigerada abertura de mercado e livre concorrência. Porque estamos na europa e porque é saudável e rebéubéu, pardais ao ninho. Não vêm que a nossa agricultura e os nossos agricultores estão na miséria, que o interior do país está deserto, que as indústrias acabaram, e os nossos mares estão a ser explorados por frotas de pesca estrangeiras.
Este celofane com que a Ue nos embrulhou, Medina Ribeiro, está a asfixiar-nos, a derrotar-nos e a contribuir para que, num curto espaço de tempo, percamos a nacionalidade.
A ver vamos...

29 de maio de 2010 às 15:58  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pois... Mas repare-se que os livros de que falo não foram impressos na Índia ou na China, mas em Espanha (e em 2 gráficas diferentes, o que quer dizer que o editor português ainda pôde escolher).

E repare-se também, pelos títulos, que são obras com pouca tiragem (tão pouca, que até a EA deixou esgotar).

Possivelmente, são impressos a custo marginal, e já não há direitos de autor nem revisão a pagar. Mas isso tanto é válido para lá como para cá.

29 de maio de 2010 às 16:18  
Blogger Unknown said...

Mas atenção!

É que ler essas obras impressas a baixo custo normalmente representa não o prazer da leitura mas a tortura do leitor.

Pelas traduções piores que más e pelas revisões inexistentes!

Confesso que já coloquei alguns para reciclagem de papel, de tão maus que estavam!

30 de maio de 2010 às 00:00  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Amália,

Sim, pode suceder, e já apanhei alguns "desses". Mas neste caso do Júlio Dinis não há tradução a fazer...

Quanto a gralhas, tenho livros da D. Quixote («Estado de Pânico», p. ex.) e da Bertrand («O Mistério de Tutankamon», p. ex.) que são incríveis.

E os das Publicações Europa-América (especialmente os livros de bolso acho que só são ultrapassados pela ULMEIRO que - há que reconhecê-lo... - é imbatível.

===

Um exemplo inverso é a colecção da VISÃO (Novis): os livros são vendidos a €1,50 (novos) e são muito cuidados.

30 de maio de 2010 às 09:56  

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