29.5.10

A minha mãe fez anos

Por Alice Vieira

A MINHA MÃE fez anos ontem. Vieram bolinhos de amêndoa e rebuçados de ovo da Confeitaria Nacional, o meu pai foi a Belém comprar pastéis, tirou-se a loiça de Vista Alegre do aparador e, na véspera, a Rosa gastou uma embalagem inteira de Pomada Amor a arear as pratas, para tudo ficar reluzente.

Veio pouca gente, para ela não se cansar: as vizinhas de baixo, e a Dra. Adelaide Cabete, que é médica da minha mãe.

A Dra. Adelaide, como diz a minha avó, que não morre de amores por ela, “enche uma casa”. E quando está muito bem disposta, até canta modas alentejanas, dos seus tempos de juventude em Elvas. (...)

Texto integral [aqui]

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1 Comments:

Blogger Bartolomeu said...

Teve muita sorte a avó de Alice Vieira, porque no seu tempo não tinham "inventado" ainda o Acordo de Bolonha. Se tivessem lá ía a Rosa arear as pratas para um call center ou para uma caixa de supermercado do sô Belmiro ou do sô Jerónimo, com o seu belo canudinho de Dótóra nas mãos.
Um médico meu amigo comentou comigo ha algum tempo, ao passar por nós um fulano que o cumprimentou «este tipo andou na escola comigo, não quis estudar, só queria jogar à bola, agora lixa-se, trabalha na bomba de gasolina, quando lá vou abastecer digo-lhe sempre: vês? não quiseste estudar, agora estás aqui a ganhar uma miséria»
Respondi-lhe: tiveste muita sorte em o gajo ter sido cábula, caso contrário, tinhas de ser tu a pegar na mangueira e cagares as mãos com o cheiro a gasolina, ou então andavas a pé!
E viva a República, aquela senhora de barrete marselhês na cachola e os peitos meio desnudados, que nos iguala em direitos e... obrigações... e tal!

29 de maio de 2010 às 16:25  

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