Afirma Pereira, Reafirma Lacão
Por João Paulo Guerra
AFIRMA Pereira, Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, que o Governo não tem planos para apresentar qualquer proposta de alteração do número de deputados. Reafirma Lacão, Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares, a proposta lançada em entrevista ao Diário Económico no sentido de reduzir o número de deputados de 230 para 180. Mas a reafirmação de Lacão contém um passo dado em frente: é que o ministro, embora desautorizado pelo seu Governo, como também pelo grupo parlamentar do seu partido, acrescentou à proposta uma outra com vista a discutir o conteúdo da propositura original com o PSD. E é caso para perguntar se o Governo de Portugal constitui mesmo um governo, com uma política, um programa, uma coesão, uma direcção, uma hierarquia, ou se é uma tertúlia em que cada um propõe o que lhe vem à cabeça.
Também se poderá alguém interrogar sobre se este espectáculo ao qual o país tem vindo a assistir, com um ministro a fazer propostas para um lado, outro a desautorizá-lo para outro, e o chefe do Governo a dizer que sim mas que também, é uma encenação do realismo socialista revisto à luz do socialismo moderno, ou se o socialismo se converteu ao surrealismo. E se, abandonando a lógica e a moral, o espectáculo não é o que parece. Ou seja: será que esta briga é encenada? E, em caso afirmativo, quem é o encenador?
A verdade é que também custa a crer que, num governo, um ministro avance sozinho com uma proposta tão polémica sem que tenha as costas quentes. Tanto mais que a matéria da proposta avançada não é uma questão de cacaracá, mas uma alteração na arquitectura do regime: a de transformar o hemiciclo do Parlamento num frente a frente entre dois partidos únicos.
«DE» de 9 Fev 11AFIRMA Pereira, Pedro Silva Pereira, ministro da Presidência, que o Governo não tem planos para apresentar qualquer proposta de alteração do número de deputados. Reafirma Lacão, Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares, a proposta lançada em entrevista ao Diário Económico no sentido de reduzir o número de deputados de 230 para 180. Mas a reafirmação de Lacão contém um passo dado em frente: é que o ministro, embora desautorizado pelo seu Governo, como também pelo grupo parlamentar do seu partido, acrescentou à proposta uma outra com vista a discutir o conteúdo da propositura original com o PSD. E é caso para perguntar se o Governo de Portugal constitui mesmo um governo, com uma política, um programa, uma coesão, uma direcção, uma hierarquia, ou se é uma tertúlia em que cada um propõe o que lhe vem à cabeça.
Também se poderá alguém interrogar sobre se este espectáculo ao qual o país tem vindo a assistir, com um ministro a fazer propostas para um lado, outro a desautorizá-lo para outro, e o chefe do Governo a dizer que sim mas que também, é uma encenação do realismo socialista revisto à luz do socialismo moderno, ou se o socialismo se converteu ao surrealismo. E se, abandonando a lógica e a moral, o espectáculo não é o que parece. Ou seja: será que esta briga é encenada? E, em caso afirmativo, quem é o encenador?
A verdade é que também custa a crer que, num governo, um ministro avance sozinho com uma proposta tão polémica sem que tenha as costas quentes. Tanto mais que a matéria da proposta avançada não é uma questão de cacaracá, mas uma alteração na arquitectura do regime: a de transformar o hemiciclo do Parlamento num frente a frente entre dois partidos únicos.
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1 Comments:
Há tertúlias bem melhores; e que dizer das surrealistas.
DM
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