3.3.11

Acordo Ortográfico

Por A. M. Galopim de Carvalho

ESTÁ A CIRCULAR na net uma reflexão em torno do acordo ortográfico, da qual retirei a tabela que transcrevo.
Vejamos, a título de exemplo, algumas palavras escritas em português de bom senso e em mais quatro línguas europeias que se prezam. E vejamos as respectivas raízes latinas e o novo português importado do Brasil que nos querem impor.

Clicar na imagem, para a ampliar
Na maior parte dos casos, as consoantes, nem sempre mudas, destas palavras mantiveram-se, tal como aqui ainda se escreve.
Se a sua origem está, e bem, na Velha Europa, porque é que temos de nos submeter ao modo de escrever dos nossos irmãos do outro lado do Oceano?
Esta submissão é um atentado à cultura portuguesa, incompreensivelmente, perpetrado por intelectuais portugueses e, infelizmente, homologado por quem teve poder para tal.
Quanto a mim, à semelhança de muitos dos meus concidadãos, estou-me nas tintas para o acordo e vou continuar a escrever no português de Portugal.

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13 Comments:

Blogger Dark said...

O caso do inapto em português e do inato em brasiloguês em que a palavra inato também existe em português é ainda mais crítico !!!
Uma língua não evolui por decreto !
As sumidades a favor do acordo esquecem-se disto.
Imaginem a obra de Eça ou de Pessoa escrita à luz do referido acordo !!!!!

3 de março de 2011 às 11:47  
Blogger GMaciel said...

E viva a lucidez!!!

Subscrevo.

3 de março de 2011 às 12:25  
Blogger Unknown said...

Sei que muitos acham isto um fait divers, mas eu não sou dessa opinião, penso que tem na verdade muita importância. Levaram os escudos, que se lixem, levem também os pastéis de nata, os fadistas, os galos de Barcelos, o corridinho, os ministros todos, a senhora de Fátima, o bacalhau à lagareiro e a tal região autónoma, não me fazem falta, deixem ficar a Língua Portuguesa.

A uns intelectos de bestuntos superlativos pareceu-lhes que as duas ortografias, portuguesa e brasileira, ocasionavam uma confusão insuportável, trapalhada dos diabos, urgente unificar, disseram, e, já que estavam com a mão na massa, ajustaram a nossa à dos brasileiros, causavam-lhes engulhos aquele p do Egipto, aquele h da humidade, aquele c do director, fora com eles.

Dos correctores de ortografia da Lernout & Hauspie, constam 19 variedades ortográficas de Inglês, 15 de Francês e 6 de Alemão, e não se afadigam os respectivos cidadãos em acordos parolos, presumivelmente por terem assuntos mais importantes em que ocupar o seu tempo e energias, declarando eu, para informação geral, que até ao fim dos meus dias continuarei a escrever como hoje, ou seja, nunca aplicarei as regras do chamado Acordo Ortográfico, ponto final.

3 de março de 2011 às 14:17  
Blogger JPG said...

O que é pena, para não usar o termo "lamentável", se calhar excessivo, é que tanta gente diga « vou continuar a escrever no português de Portugal» ou a variante «nunca aplicarei as regras do chamado Acordo Ortográfico, ponto final», quando essa mesma gente vai ter - quer queira, quer não - de "levar com" o AO90: nos livros, nas legendas de filmes, nas traduções, nos "diretos" da "redação" da TV, nos letreiros, dísticos, bulas, anúncios, relatos, "atas", ofícios, impressos, requerimentos, despachos... A lista seria infindável.

Dizer que não se vai usar o aborto ortográfico, pior do que não servir para nada, serve na perfeição para isto que está a acontecer: o dito aborto está em vigor e tornar-se-á obrigatório a curto prazo.

A ILC pela revogação da entrada em vigor do AO90 pode ser subscrita até ao próximo dia 25 de Abril.

http://ilcao.cedilha.net

3 de março de 2011 às 14:39  
Blogger Unknown said...

Sr. JPG

O que é pena, para não usar o termo "lamentável", se calhar excessivo, é que haja gente que se ponha a "mandar bocas" do género "Dizer que não se vai utilizar [...] serve na perfeição para isto que está a acontecer..."

Para além de não se perceber em que medida dizer que não se usa o acordo implica que ele entre em vigor e seja obrigatório, acresce a questão: quem lhe disse a si que eu não subscrevi a ILC pela revogação do AO90?

E se o senhor fosse dar sentenças para o café da sua rua?

3 de março de 2011 às 17:47  
Blogger 500 said...

Não se zanguem, caramba.
Por mim, também não tenciono escrever de acordo com o AO, mas reconheço que vou "apanhar" com ele em tudo que é sítio, a começar pelo Diário da República, jornal que recomendo, pois é muito instrutivo.
A propósito: já encontraram a paternidade para egípcio?

3 de março de 2011 às 18:08  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

500,

Pois... A RTP1 escreve "Egito" e "egípcio".

3 de março de 2011 às 21:08  
Blogger GMaciel said...

CMR, com um bocadinho de sorte teremos os tugas a dizer estado-unidenses em vez de norte-americanos e canadenses em vez de canadianos.

É que há quem defenda com unhas e dentes este AO e chame a quem é contrário - como já me chamaram - de velhos do Restelo.

Haja pachorra para tanto ignorante!!!

3 de março de 2011 às 22:17  
Blogger Xico Burro said...

Srs internautas:

O que aqui se diz, ou quase tudo, tem razão de ser, nomeadamente os estados de alma que estas alterações à grafia que penosa e lentamente fomos interiorizando, nos provocam. Para além de penoso constitui uma perda o afastamento da etimologia porque, além de mais, nos afasta das grafias das outras línguas. Mas, mas atenção! Eu trabalhei com pessoas que já tinham passado por duas alterações à ortografia e diziam o mesmo que nós dizemos agora. Já se deram ao trabalho de ler um texto do princípio do século XX ou mesmo dos anos quarenta? A escrita, até a sintaxe, de Bocage, que foi ontem, não é inteligível para a quase totalidade dos portugueses. Talvez não devamos ser tão peremptórios, afinal, a ortografia oficial é em grande medida uma convenção e é em grande medida modelada por decreto contrariamente ao que se diz!.

3 de março de 2011 às 22:21  
Blogger Unknown said...

Sr. Choldra, permita-me que o trate assim, creio ser esse o seu nome,

O que nos incomoda nesta idiotice deste acordo ortográfico não é o facto de a grafia de algumas palavras ter sido alterada.

A minha avó escrevia nas suas cartas, muitos beijos aos teus paes, e toda a gente desse tempo ia à pharmacia. Encontravam-se thesouros e punha-se assucar no café.

As línguas evoluem e transformam-se, tornando-se por vezes quase irreconhecíveis, tal como o senhor muito bem observa. Todos encaramos esse facto com naturalidade.

No entanto, ao contrário do que diz, os decretos destinam-se a oficializar as alterações que o tempo e o uso vão provocando na linguagem escrita, e não, como é o caso deste AO90, o contrário, ou seja, criar uma série de drásticas alterações à grafia corrente, com o único objectivo de a tornar igual ao que os brasileiros utilizam.

Goste-se ou não se goste, a Língua é Portuguesa e não Brasileira, e se os habitantes do Brasil ou de outro qualquer país que utilize a nossa língua não gostarem da maneira como nós a escrevemos têm bom remédio…

Aliás, este caminho de subserviência não nos vai levar a lado algum, no momento em que escrevemos já os Brasileiros alteraram mais uma série de palavras. Mais dia, menos dia teremos de atamancar mais um AO.

3 de março de 2011 às 23:11  
Blogger GMaciel said...

Caro A. Choldra, as alteraçoes à língua Portuguesa sempre tiveram os seus defensores e detractores. O maior dos seus detractores, em todos os aspectos, foi Fernando Pessoa, que nos deixou um autêntico tratado sobre a língua e as suas origens (etimologia) e as razões porque não se mudava o que estava bem. Defendia ele, e bem, que a origem de uma língua constituía a sua identidade porque enraizava a sua História.

A língua portuguesa não é rica por acaso, é-o pelas suas origens no latim, grego e árabe. O que aqui se discute é uma bizarria linguística que nenhuma das sumidades que fizeram este acordo consegue explicar.

Que a língua evolua é normal, geralmente acontece através dos neologismos - nas duas últimas décadas e graças à informática, neologismos foi o que mais houve - mas adulterá-la em nome duma uniformização que nem sequer se verifica, é estúpido (para ser sucinta).

4 de março de 2011 às 12:08  
Blogger Sepúlveda said...

O Aborto Oficial de 90 está a ser praticado em Democracia, pelo que o modo de aprovação não poderia alguma vez ser semelhante às anteriores alterações ortográficas oficiais.

O que dizer da palavra detetar? Significará tirar as tetas a alguém? Ou será a nova versão de detectar?

Ou o que que leva alguém a ler receção como recepção (do hotel, e.g.) e não como recessão (da economia, e.g.), já que esta até existe com sílabas parecidas mas que se lê de forma diferente.

Ainda por cima, em muitos casos da "nova grafia", isto não é mais do que escrita criativa, já que duas grafias diferentes são aceites como correctas. O melhor é passarmos a aceitar todas as diferentes grafias (incluindo as não previstas) como correctas e deixa de haver erros. Os putos vão adorar. Vai ser tudo mais fácil, o que parece ser a motivação de tudo actualmente: se for fácil ninguém se chateia e somos todos felizes. Excepto se nos lembrarmos que quem está habituado a facilidade não funciona bem com adversidades. E só vê isto como fácil, quem já teve a experiência do difícil. Tudo é relativamente difícil para crianças a serem ensinadas pela primeira vez. Se houver várias opções até poderá dificultar a aprendizagem das regras aplicáveis.

Por outro lado, havíamos de ter uma comissão que adaptasse neologismos ao português, à semelhança do que fazem os franceses. Ao que parece, até a palavra informática foi inventada por essa comissão a partir da expressão inglesa "information technology". Até o próprio inglês depois abraçou o termo informática.
Assim, acabava-se com termos como "carjacking" e "bullying" (e outros), inevitáveis apenas para os ignorantes da própria língua e abraçados com uma boa dose de saloiada de quem vê o inglês como "a" língua (neste momento) que dá estilo e dinamismo.

4 de março de 2011 às 13:15  
Blogger Luís Ferreira said...

Quem estiver interessado em assinar a ILCAO, pode fazê-lo agora de uma forma mais simples:



O impresso da ILC pode também ser enviado por correio electrónico,
depois de preenchido e assinado, digitaliza-se e basta enviar como anexo para esta morada mailto:ilcao_assinaturas@cedilha.net
Mais fácil do que isto não há!



http://ilcao.cedilha.net/docs/ilcassinaturaindividual.pdf
http://www.recenseamento.mai.gov.pt/Default.aspx

Por favor, o impresso deve ser BEM preenchido para não perder a sua validade legal.

22 de abril de 2011 às 21:17  

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