7.6.11

A importância da fonética

Por Helena Matos

EU ESTOU para a fonética como o Jacinto de “A Cidade e as Serras” para as favas: sempre abominei a fonética (já o Jacinto queirosiano abominava favas). Contudo acabo estas eleições a dar a mão à palmatória: a fonética explica algumas coisas. Por exemplo, a palavra esquerda é agora pronunciada de uma forma estranha. Louçã leva essa particular dicção a uma espécie de paroxismo. Pronuncia ‘esqueeerda’ prolongando cada vez mais a sílaba tónica. A ‘esqueeerda’ de Louçã pode ainda ser ‘esqueeerda maior’ e, claro, temos o ‘povo de esqueeerda’.
O PCP vai apregoando uma “esquerda patriótica’ acentuando muito o ‘ó’ de patriótica.
Já o PS levou estes anos transformando a esquerda numa palavra justaposta: era a ‘esquerda solidária’, a ‘esquerda moderna’, a ‘esquerda progressiva’ com o segundo termo a ser mais acentuado que o primeiro.

Creio que nos próximos tempos vamos ter esquerdas para todos os gostos e para todos os ouvidos. Mas no que ao PS respeita convém estar muito atento a estas subtilezas da fonética.
in Blasfémias

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1 Comments:

Blogger brites said...

Deixe-me... trabalhar!
E, já agora, atrevo-me a sugerir-lhe que faça o mesmo.

7 de junho de 2011 às 09:40  

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