4.6.11

«Dito & Feito»

Por José António Lima

COMO HÁ MUITO se sabia e era politicamente inevitável, as sondagens apontam já, em tardia mas oportuna unanimidade, uma vitória clara do PSD e o afundamento eleitoral do PS no próximo domingo.
Definido o essencial, ficam apenas por esclarecer algumas incógnitas secundárias. Irá Sócrates replicar a queda eleitoral de Zapatero e ficar abaixo dos 30%, um limiar onde os socialistas não caem há 20 anos, desde as legislativas de 1991? Conseguirá Passos igualar os 40% de Barroso em 2002? Chegará Portas ao patamar dos 14%, como prometeu neste final de campanha?

DE qualquer forma, está já definido o vencedor, o PSD, a maioria de Governo, PSD-CDS, e o programa de governação para os próximos três anos: o memorando da troika dos nossos credores.
Foi, por isso, mais do que pertinente o juízo crítico deixado há dias pelo ex-Presidente Jorge Sampaio de que, nesta campanha eleitoral, faltou aos líderes partidários «falarem no que vem a seguir às eleições, ou seja, nas medidas previstas no acordo de ajuda externa e nos compromissos que implicam».
Não deixa de ser sintomático – e preocupante para o futuro próximo – que os três partidos que se propõem governar Portugal tenham evitado abordar o rigoroso caderno de encargos que irá pautar e delimitar a governação do país até 2014. O calculismo eleitoral levou à dissimulação política da dura realidade que se avizinha: cortes nos benefícios sociais, agravamento do preço dos transportes, gás e electricidade, redução dos salários reais, mais aumentos de impostos, encarecimento das taxas de saúde e de habitação, extinção de serviços e empregos na administração central, local e regional, congelamento de pensões e reformas.

A ELEIÇÃO do próximo 5 de Junho abre um novo ciclo político. Que trará grandes dificuldades e crescente conflitualidade social.
Mas a noite de domingo terá, pelo menos, uma boa notícia: o afastamento de José Sócrates da liderança do Governo e, a breve prazo, do PS. É o fim de um ciclo de controleirismo político, de clientelismo partidário, de intolerância democrática, de ocultações e mentiras. Valha-nos isso, já é alguma coisa para celebrar.
«SOL» de 3 Jun 11

Etiquetas: ,

6 Comments:

Blogger Xico said...

É o fim de um ciclo desses. Haja a decência de os senhores que se seguem não marcarem o início de um novo ciclo semelhante. Ou então temos de tomar outras medidas

4 de junho de 2011 às 19:09  
Blogger wilberforce said...

Carlos Medina Ribeiro é, ou foi, militante do PCP.
Vê-lo afixar um post onde se critica o controleirismo político, o clientelismo partidário, a intolerância democrática, as ocultações e mentiras, dá vontade de rir, ou de chorar.
Parafraseando o José António Lima, "valha-nos isso, já é alguma coisa para celebrar".

5 de junho de 2011 às 01:00  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro/a Wilberforce,

Como se permite vir aqui "denunciar" as minhas opções político-partidárias, vejo que me conhece de algum lado.

Agradecia-lhe, pois, que se identificasse devidamente (*), para eu lhe poder responder - em termos que, naturalmente, dependerão da confiança que haja entre nós.

-
(*) Pode escrever-me para medina.ribeiro@gmail.com

5 de junho de 2011 às 10:56  
Blogger wilberforce said...

Caríssimo Medina Ribeiro
Pela reação (não é aquela a quem gostariam de partir os dentes),estou a ver que acertei no alvo.
Denunciar é um termo muito feio que me lembra as purgas estalinistas.
Confere.
Mas se quer andar à "porrada" pode ser aqui na caixa, já estou habituado aos insultos dos camaradas.

5 de junho de 2011 às 11:26  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Wilberforce,

Ingenuamente, ainda cliquei no seu nome, para aceder ao seu 'perfil' e tentar ver com quem é que eu estava a "falar".

No entanto, e como era previsível, trata-se de alguém que se esconde atrás da burka do 'nickname' e que não pretende abdicar dessa condição.
Ora, como eu não respondo a pessoas com o seu 'perfil', esta é última vez que perco tempo consigo.

5 de junho de 2011 às 12:28  
Blogger wilberforce said...

Caríssimo Medina Ribeiro
Realmente só uma enorme dose de ingenuidade, e não só, pode justificar certas opções partidárias.
Confere.
Agora que tentem fazer dos outros ingénuos é que não.
Quanto a burkas, a si é que o obriguei a tirá-la na praça pública.
Não gostou de ficar despido.

5 de junho de 2011 às 12:47  

Enviar um comentário

<< Home