Privatizar
Por João Paulo Guerra
OS DADOS do Anuário do Sector Empresarial do Estado, da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, ontem citados abundantemente nos jornais, são arrasadores e fornecem, nesta fase do campeonato, temíveis armas de arremesso para os defensores das privatizações de tudo e mais algumas coisas.
As 77 empresas de capitais públicos têm prejuízos acumulados de milhares de milhões, a satisfação dos compromissos em dívida absorveria as receitas de décadas, muitas das empresas estão mesmo falidas, o absentismo no sector público é seis vezes superior ao privado e por aí fora. Enfim, a situação é de tal modo catastrófica que nem se entende como haja privados decididos a investir nos ramos operados pelas empresas públicas. Mas há.
A primeira questão é que não serão estas empresas falidas, ou simplesmente endividadas, com encargos monstruosos, desde "recursos humanos" a custos de gestão - administrações bicéfalas, salários e prémios milionários, gastos sumptuários - que o Estado vai levar à praça: serão empresas viabilizadas, saneadas, sem dívidas e com muito menos encargos, designadamente com pessoal. E como se fará esse milagre para que, depois, os privados invistam? À conta dos dinheiros públicos como, por exemplo, já aconteceu com o BPN, que o Estado vendeu em saldo, depois de injectar milhares de milhões para tapar buracos. Ou seja: os mesmos agentes do poder político que geriram o sector público como uma quinta privada recebida em herança de uma tia rica, submetem depois as empresas a uma dieta de emagrecimento para que despertem o apetite dos investidores. E os que pagaram a tripa-forra, pagam também a dieta. Para que, no fim do processo, alguém possa finalmente engordar com tanto emagrecimento.
OS DADOS do Anuário do Sector Empresarial do Estado, da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, ontem citados abundantemente nos jornais, são arrasadores e fornecem, nesta fase do campeonato, temíveis armas de arremesso para os defensores das privatizações de tudo e mais algumas coisas.
As 77 empresas de capitais públicos têm prejuízos acumulados de milhares de milhões, a satisfação dos compromissos em dívida absorveria as receitas de décadas, muitas das empresas estão mesmo falidas, o absentismo no sector público é seis vezes superior ao privado e por aí fora. Enfim, a situação é de tal modo catastrófica que nem se entende como haja privados decididos a investir nos ramos operados pelas empresas públicas. Mas há.
A primeira questão é que não serão estas empresas falidas, ou simplesmente endividadas, com encargos monstruosos, desde "recursos humanos" a custos de gestão - administrações bicéfalas, salários e prémios milionários, gastos sumptuários - que o Estado vai levar à praça: serão empresas viabilizadas, saneadas, sem dívidas e com muito menos encargos, designadamente com pessoal. E como se fará esse milagre para que, depois, os privados invistam? À conta dos dinheiros públicos como, por exemplo, já aconteceu com o BPN, que o Estado vendeu em saldo, depois de injectar milhares de milhões para tapar buracos. Ou seja: os mesmos agentes do poder político que geriram o sector público como uma quinta privada recebida em herança de uma tia rica, submetem depois as empresas a uma dieta de emagrecimento para que despertem o apetite dos investidores. E os que pagaram a tripa-forra, pagam também a dieta. Para que, no fim do processo, alguém possa finalmente engordar com tanto emagrecimento.
«DE» de 30 Set 11
Etiquetas: autor convidado, JPG
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