31.10.11

As mamas das ucranianas

Por Ferreira Fernandes

TIRANDO as sociedades sem válvula de escape para o vapor - como vimos em alguns países árabes -, as manifestações não servem para derrubar governos. O mais longe a que chegam é amplificar uma ideia, e, aí, o tamanho conta pouco.
Um dia, o então líder radical italiano Marco Pannella fez uma greve de fome. Ele, que era pela desobediência civil, na esteira de um Luther King, por que escolhera uma forma violenta de manifestação individual (mais, só imolar-se pelo fogo)? No dia seguinte, Pannella recebeu os jornalistas a comer uma perna de galinha. Explicou-se: "Respeito demasiado a vida humana para fazer uma greve de fome sem comer."
As ucranianas do grupo Femen seguem esse respeito por nós próprios e essa eficiência em passar a mensagem. Elas atacam o governo por fechar os olhos aos bordéis e temem o pior quando os turistas vierem ao Europeu de Futebol, em 2012. Então, elas dão o corpo ao manifesto: vão para a rua de mamas ao léu.
As fotos têm corrido mundo e nunca se viram polícias tão felizes a correr atrás de manifestantes. Mas, além da propaganda eficiente, há também a justeza com que defendem a sua causa. Ser contra bordéis é identificado com moralismo, o que a exposição dos corpos das mulheres do Femen desmente: elas não são contra o sexo, mas contra a violência empregada pelo submundo no tráfico das mulheres.
Da perna de galinha de Pannella às mamas das ucranianas, um ponto comum: manifestar-se com a cabeça.
«DN» de 31 Out 11

Nota (CMR): a foto é uma das que vêm publicadas no «DN» de hoje

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2 Comments:

Blogger Bartolomeu said...

Aqui está uma "manif" a que deveria ser obrigatório aderir.
A que horas sairá o avião para a Ucrânia?

31 de outubro de 2011 às 09:13  
Blogger Táxi Pluvioso said...

Se elas derem umas borlas, já que querem fechar os bordéis, tudo bem, se não, o tempo e a lei da gravidade tira-lhes a vontade de manifestação.

Não sei se a conclusão é essa: "manifestar-se com a cabeça", obviamente, não é com esse órgão que elas se manifestam, mas com aquele, feito por Deus para as crianças, mas que os homens surripiaram.

31 de outubro de 2011 às 09:22  

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