Copular é preciso
Por Antunes Ferreira
CHICO BUARQUE da Holanda cantou «navegar é preciso»; hoje temos de entoar tão moduladamente quanto nos for possível «copular é preciso». Escolhi terminologia moderada, e penso que civilizada, pois poderia ter usado o vernáculo. Mas, e não se tratando de qualquer auto-censura puritana, muito menos de desrespeito aos leitores deste blogue, há verbos e há… verbos.
Permito-me abrir aqui uma parentética. PC (leia-se Passos Coelho) saiu da cimeira europeia que parece ter tentado resolver a crise da UE, quase eufórico. Portugal tinha sido elogiado, bem como a Irlanda, pelas medidas já adoptadas para resolver os seus problemas financeiros. Isto é, reduzir o défice, consolidar as contas públicas e coisas assim.
Mas, nas conclusões da reunião histórica e salva-vidas, ainda que o Instituto de Socorros a Náufragos não tenha estado presente, o Conselho também expressou que os dois países devem prosseguir os seus esforços, devendo porém estar prontos a tomar quaisquer medidas adicionais necessárias para atingir essas metas.
Ou seja, os cidadãos – e, no caso particular, nós, os Portugueses - devem estar prontos para continuar a ser copulados e ainda com maior intensidade e mais frequentemente. Ou seja, estar receptivos a cumprir o ditado que diz que quanto mais me bates, mais gosto de ti. No caso, cumprir os ditames da troika, e mais especificamente da Senhora Merkel, do Senhor Durão Barroso, dos Senhores Vítor Gaspar, Álvaro Pereira e uns quantos mais. Fecho o parênteses.
Volte-se à afirmação inicial. De acordo com gente sábia das Nações Unidas, o decréscimo populacional em Portugal, um dos países com mais baixa taxa de fertilidade em todo o mundo, vai afectar a produtividade e o crescimento económico. Por isso, e ainda que não o tenham declarado aberta e taxativamente, os Portugueses e, obviamente, as Portugueses têm de fornicar mais.
A taxa de natalidade deste torrão natal é tão baixa que a tendência da população é… encolher. Donde, as consequências são muito preocupantes. Avança o envelhecimento nacional e recua o crescimento económico. Mais sublinharam os especialistas em Nova Iorque que Portugal vai ter nos próximos quatro anos a segunda mais baixa taxa de fecundidade do Mundo, com apenas 1,3 filhos por mulher, apenas ultrapassado pela Bósnia-Herzegovina (1,1).
Antevê-se, por conseguinte, uma verdadeira catástrofe «espermatezóidica» e um terrível tsunami ovular. E ou fazemos mais filhos, ou nos dedicamos à pesca à beira Tejo. Ou aproveitamos todos os momentos e desprezamos qualquer controlo de natalidade – abaixo o preservativo e quem o apoiar, sobretudo quem o utilizar – ou, consequentemente, renegamos o aumento do horário de trabalho que, segundo o Governo, fará renascer, qual Fénix, a economia (?) lusitana.
É, pois, um dilema que o primeiro-ministro e afins bem poderão qualificar de colossal. Alguém, por certo mal intencionado, face a este horizonte mais do que sombrio, levantou já a hipótese de que, para incentivar o esforço colectivo, se mudem umas estrofes da Portuguesa. Por exemplo, em vez do consabido «contra os canhões, marchar, marchar!», deverá cantar-se a plenos pulmões «contra a abstinência, copular, copular!» Um tanto reaccionário, mas bem intencionado.
Sendo assim, queiramos ou não, se não passarmos a fazer mais amor, estamos feitos. Ou melhor, estamos copulados.
CHICO BUARQUE da Holanda cantou «navegar é preciso»; hoje temos de entoar tão moduladamente quanto nos for possível «copular é preciso». Escolhi terminologia moderada, e penso que civilizada, pois poderia ter usado o vernáculo. Mas, e não se tratando de qualquer auto-censura puritana, muito menos de desrespeito aos leitores deste blogue, há verbos e há… verbos.
Permito-me abrir aqui uma parentética. PC (leia-se Passos Coelho) saiu da cimeira europeia que parece ter tentado resolver a crise da UE, quase eufórico. Portugal tinha sido elogiado, bem como a Irlanda, pelas medidas já adoptadas para resolver os seus problemas financeiros. Isto é, reduzir o défice, consolidar as contas públicas e coisas assim.
Mas, nas conclusões da reunião histórica e salva-vidas, ainda que o Instituto de Socorros a Náufragos não tenha estado presente, o Conselho também expressou que os dois países devem prosseguir os seus esforços, devendo porém estar prontos a tomar quaisquer medidas adicionais necessárias para atingir essas metas.
Ou seja, os cidadãos – e, no caso particular, nós, os Portugueses - devem estar prontos para continuar a ser copulados e ainda com maior intensidade e mais frequentemente. Ou seja, estar receptivos a cumprir o ditado que diz que quanto mais me bates, mais gosto de ti. No caso, cumprir os ditames da troika, e mais especificamente da Senhora Merkel, do Senhor Durão Barroso, dos Senhores Vítor Gaspar, Álvaro Pereira e uns quantos mais. Fecho o parênteses.
Volte-se à afirmação inicial. De acordo com gente sábia das Nações Unidas, o decréscimo populacional em Portugal, um dos países com mais baixa taxa de fertilidade em todo o mundo, vai afectar a produtividade e o crescimento económico. Por isso, e ainda que não o tenham declarado aberta e taxativamente, os Portugueses e, obviamente, as Portugueses têm de fornicar mais.
A taxa de natalidade deste torrão natal é tão baixa que a tendência da população é… encolher. Donde, as consequências são muito preocupantes. Avança o envelhecimento nacional e recua o crescimento económico. Mais sublinharam os especialistas em Nova Iorque que Portugal vai ter nos próximos quatro anos a segunda mais baixa taxa de fecundidade do Mundo, com apenas 1,3 filhos por mulher, apenas ultrapassado pela Bósnia-Herzegovina (1,1).
Antevê-se, por conseguinte, uma verdadeira catástrofe «espermatezóidica» e um terrível tsunami ovular. E ou fazemos mais filhos, ou nos dedicamos à pesca à beira Tejo. Ou aproveitamos todos os momentos e desprezamos qualquer controlo de natalidade – abaixo o preservativo e quem o apoiar, sobretudo quem o utilizar – ou, consequentemente, renegamos o aumento do horário de trabalho que, segundo o Governo, fará renascer, qual Fénix, a economia (?) lusitana.
É, pois, um dilema que o primeiro-ministro e afins bem poderão qualificar de colossal. Alguém, por certo mal intencionado, face a este horizonte mais do que sombrio, levantou já a hipótese de que, para incentivar o esforço colectivo, se mudem umas estrofes da Portuguesa. Por exemplo, em vez do consabido «contra os canhões, marchar, marchar!», deverá cantar-se a plenos pulmões «contra a abstinência, copular, copular!» Um tanto reaccionário, mas bem intencionado.
Sendo assim, queiramos ou não, se não passarmos a fazer mais amor, estamos feitos. Ou melhor, estamos copulados.
Etiquetas: AF
15 Comments:
Está mal. Isto nem parece seu. Com estes assuntos não se brinca. Fazer filhos, nos tempos que vão vivendo? E como criá-los depois? E os cortes nos abonos de família. E nos outros subsídios? Desculpe meu Amigo, mas discordo consigo.
AF amigo
"Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor
Porque lhes dais tanta dor,
Porque padecem assim?"
O poeta tinha razão. Que nós, culpados, copulados, endividados, soframos com tudo isto, enfim!
Já há demasiadas crianças a sofrer. Para quê, mais?
Maria
Tua inspiração é maravilhosa. Adoro ler-te querido amigo.
Um grande bj
Pois caro Henrique, se é esse o problema crucial de Portugal, aqui no Brasil a solução foi encontrada muito antes do problema existir. Basta que o governoo portugues o copie.
É só criar uma Bolsa "qualquer coisa" baseada no número de filhos. Aqui temos o Salário Maternidade, o Salário Família, o Bolsa Família, e tantos outros "incentivos". Mas para que se tenha direito a eles, é preciso que o sujeito não se esforce muito na profissão de modo que não ultrapasse o status da miserabilidade, e lhe sobre tempo e energia para for...mar uma família mais numerosa.
E, se porventura o rebento se desviar dos caminhos cristãos do bom comportamento, há ainda o "Salário Reclusão" que é bem mais compensador do que é pago aos trouxas que ficam livres e insistem em ralar de sol a sol.
Viu só? Os Tugas precisam aprender com os Brasucas.
O Sorumbático está muito bem servido de colaboradores.
O PC (leia-se Passos Coelho) e o Álvaro andam em contra-mão. Em lugar de aumentarem o horário de trabalho em meia hora diária, deviam diminui-lo umas 2/3 horas. O pessoal ía para casa mais cedo (não dá para passar pela taberna) e como as tvs só passam coisas que nem ao menino Jesus interessa, a luz está cara e etc., o melhor é nem jantar, ir logo para o berço e catrapumba. Por outro lado, deviam ser proibidas as camisinhas e as pílulas, e os comprimidos azuis para os machos deviam ser distribuídos de borla. Era um novo 'baby boom' à portuguesa. É capaz de haver aqui um problema, qual seja o de abono de família ter, se calhar, deixar de ser atribuído, por falta de verba. E, também, não haver escolas para tanto puto. Mas quem é que precisa de aprender a ler? Vai tudo para a lavoura conforme programas que a senhora Cristas hã-de mandar publicar e para as minas que o Álvaro vai pôr a funcionar por todo o país. Lamento, mas não posso dar o meu contributo para este peditório, mas quem estiver nas condições não pode fugir ás suas responsabilidades patrióticas. Disse...
Carlos Proena
Tem todo o direito de discordar, aliás a liberdade e a democracia têm por base a diversidade de opiniões e de expressão de cada uma delas. É so.
Volto aqui.
Não sei por que carga de água me ocorreu um pícaro momento ocorrido há anos na Assembleia da República, em que a Natália Correia leu um poema seu dedicado a um colega de bancada, de seu nome Morgado, o do truca-truca.
Maria
A questão é que faltam crianças no nosso País. Também faltam cabeças, mas isso são outros quinhentos mil réis. Nós, os Portugueses estamos a envelhecer muito. A Europa também está velha? Nem toda, como se sabe. Mas, nós, estamos.
Outra alínea do problema é o que podemos propiciar às crianças, face ao estado... a que isto chegou. E com a preocupação constante do que será o futuro delas.
Porém, não há volta a dar: a natalidade lusa é má; é péssima.
Gisa
És uma querida, gosto mesmo muito de ti - e a Raquel sabe... E estou certo que o teu maridão também sabe...
Obrigado
Um queijinho = beijinho...
Clóvis
Pois, pois, é a vingança dos Brasucas, como dizes, face à chegada de um tal Cabral a Porto Seguro. Vocês fazem infantes, com abonos ou sem, nós abstemo-nos. Talvez por decreto...
Quanto ao nosso Sorumbático, muito obrigado pela parte que me toca. Mas os parabéns devem ser dados ao Carlos Medina Ribeiro. Ele que diga de sua, dele, justiça.
Quinhentos
Deixas-me sem fala, tal os argumentos que utilizas. Mas, é o que se pode arranjar.
No entanto (as adversativas são terríveis), acrescento que não é só a ministra Cristas que deve ser chamada para aqui.
O (ainda) inquilino de Belém também o deve ser. É como o feijão frade.
Como primeiro-ministro pagou aos agricultores e aos pescadores para arrancar as vinhas, as oliveiras e afundar os barcos, tudo em nome de Bruxelas e com a massa que ela nos pagou para esse efeito.
Como PR apela à produção nacional nesses dois campos e à necessária e correspondente produtividade. Em que ficamos? Ficamos mal, como estamos.
Para terminar: também já dei para esse peditório, porém hoje passo. Os anos não perdoam. Mas, viva quem pratica as responsabilidades patrióticas!
Quinhentos
Era o João Morgado e a saudosa Natália com as suas quadras pôs as bancadas de São Bento a rir. Coisa que cada vez é mais rara...
A Portuguesa original não era "contra os canhões, marchar, marchar!", mas sim "contra os bretões, marchar, marchar!", alterou-se por razões óbvias, outras alterações serão admitidas por outras razões óbvias. Copular-nos é preciso e rápido!
Pst, Táxi
Mais do que já estamos é difícil. Mas, com esta gente. Não sei o que será pior: os passos da crise ou a crise do Passos? venha o diabo e escolha.
Carlos Medina Ribeiro
Desculpa-me o lembrete, mas creio de o Clóvis Quasímodo pode ter uma respostazinha tua sobre o nosso Sorumbático e os seus colaboradores.
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