Plastificando os relvados
Por Ferreira Fernandes
AOS FINS de semana, o Financial Times (FT) sai do seu mundo de stocks e obrigações, e torna a tradicional cor do jornal, o salmão, mais viva. Na última edição, o que o FT me revelou sobre o atual campeão inglês Manchester City ainda não sei se me maravilhou ou aterrorizou. Como jornal que vive das suas colunas com muitos números, o FT deu destaque à intenção do City de tratar o futebol como já o basquete e o basebol fazem: com estatísticas.
Uma organização de dados, a Opta, já fornecia aos clubes ingleses, jogo por jogo, passe por passe, tudo, cada semana. A novidade do City foi comprar à Opta esses dados para os tornar... públicos.
Quem quiser saber quantas vezes o Nani centra para uma cabeça de colega, vai ao website do clube. Porquê essa generosidade? Porque no basebol, diz o FT, foram os clubes que aprenderam com os estatísticos amadores e não o contrário. Com o bodo, o Manchester City quer descobrir não bons defesas mas bons coca-bichinhos de números que saibam, com estatísticas, onde estão bons defesas. Esse saber numérico permite descobrir atletas cinzentos mas com estatísticas brilhantes.
Convertido em laboratório, o City estudou-se e, por exemplo, na última época tornou-se o rei dos cantos...
Maravilhei-me com tudo. O terror veio disto: e que fazer com o Sobrenatural de Almeida? Essa invenção do cronista Nelson Rodrigues não cabe em números e, no entanto, permite aquele espanto que torna o futebol único.
«DN» de 24 Ago 12Etiquetas: autor convidado, F.F
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