12.2.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
POR MAIOR ou menor que seja o unanimismo circunstancial na Comissão Nacional do próximo domingo, o PS vai sair dessa reunião politicamente mais fragmentado.
Com data marcada tanto para as eleições directas do secretário-geral como para o Congresso de encenada unidade que se seguirá um mês depois. Mas com um líder, António José Seguro, mais enfraquecido por ter cedido parte das suas competências e da sua autoridade ao aceitar a insólita imposição de uma espécie de programa comum por parte daqueles que o querem tirar do lugar. E com um há muito anunciado candidato à liderança, António Costa, menos respeitado por mais uma vez ter recuado na véspera do confronto, para desilusão dos seus apoiantes e fúria dos seus aliados.
António Costa tentou justificar, numa longa entrevista, o seu surpreendente pára-arranca-pára com vista à liderança. E deixou um diagnóstico: «O PS não está bem, tem um problema interno, tem hoje um problema de afirmação na sociedade portuguesa». Hoje? Costa esquece que há, pelo menos, um ano e meio, quando Sócrates conduziu o país à bancarrota e o partido ao descrédito político, ficou patente o gravíssimo problema de afirmação do PS junto dos portugueses: traduzido num humilhante resultado eleitoral abaixo dos 30%.
Costa assegura ainda que, ele e Seguro, não andam «a discutir lugares», mas sim «um documento que nos permitirá expressar uma convergência sobre a estratégia do partido». É uma forma algo farisaica de disfarçar a luta pelo poder. No fundo, tudo parece resumir-se a uma reabilitação do consulado de Sócrates promovida por Costa. Que chamou, entre outros, o socratista-mor Pedro Silva Pereira para a redacção de tal documento. E a verdade é que António Costa, acusando Seguro de não se definir em relação ao legado do anterior líder, nunca fez ele próprio um balanço sério e crítico dos erros e irresponsabilidades do socratismo. Até hoje.
António José Seguro, por seu lado, garante na sua ingenuidade que «não há condições nem exigências» colocadas por Costa. Mesmo sabendo que passará a exercer uma liderança tutelada em permanência pela sombra do pretendente. Uma liderança supervisionada, a cada omissão táctica ou erro estratégico, nos corredores do Largo do Município.
«SOL» de 8 Fev 13

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