11.6.05

E nós a vê-los, em Carcavelos...

tempos, em Palmela, morreu gente numa das inúmeras «corridas de picanço» que ali costma(va)m ocorrer.

Esclarecimento dado pelas autoridades: «Não sabemos quando essas corridas acontecem...».

Agora foi o escândalo do «arrastão» de Carcavelos, e novamente o espantoso «não sabíamos...»

A propósito disso, escreve Pacheco Pereira, e muito bem:

DAS DUAS, UMA

Ou a polícia está completamente cega quanto ao que se passa em certos bairros de Lisboa e não tem um informador sequer que a previna de algo que mobilizou quinhentas pessoas, ou seja que milhares souberam com antecedência; ou toda esta história está mal contada e não são quinhentos, nem foi combinado, e alguma coisa aconteceu na praia que não aparece nos jornais. Há uma terceira hipótese que me parece tão absurda que a recuso: a polícia sabia e não fez nada.

O ministro tem muitas explicações a dar e depressa.

Mas o Sr.Ministro já apareceu.
Tal como fez um senhor despassarado que anda por lá a vender bolos (e que disse à SIC que não aconteceu nada de especial), António Costa já veio «desdramatizar» - com aquele ar de dono-da-verdade-irritadiço que lhe vai tão bem com a voz grossa.

Em termos práticos:
A Polícia lá arranjou 14 homens para enfrentar os 500 gandulos (certa imprensa fala em 2000!), conseguiu prender 4 deles e mandar para o hospital duas pacatas vítimas da confusão... agredidas pelos próprios agentes!

Com o ar entendido e façanhudo que deve ter copiado do Sr. Ministro (e com a ingenuidade do tal vendedor de bolos) um polícia explicou, para as câmaras da TV, que é natural ser assim...

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O gozo é que a PSP e a GNR exigiram ter compet~encias de investigação!

Actualmente, a única polícia em que se pode confiar inteiramente (pelo menos em temos de motivação, eficácia e prestígio) é - e de longe! - a PJ.

Honra lhe seja feita.

E.R.R.

11 de junho de 2005 às 22:28  
Anonymous Anónimo said...

Aquelas centenas de garotos africanos (entre os 12 e os 20 anos) fizeram mais pelas ideias racistas e xenófobas do que 1000 discursos dos Le Pen cá do burgo.
Podem limpar as mãos à parede, putos idiotas!

11 de junho de 2005 às 22:39  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Caro Pólux,

A fotografia é, de facto, espantosa!
Mas parece ser do Alberto Costa e não do António Costa.

De qualquer forma, o "despassarado" a quem me refiro é um vendedor de bolos de Carcavelos que apareceu na reportagem a dizer que não notou nada de especial.

12 de junho de 2005 às 09:18  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

«DN» de hoje:


Acção dos 'gangs' cresce 460% em 7 anos

A criminalidade de grupo (vulgo gangs) aumentou cerca de 460 por cento em sete anos (entre 1997 e 2004), embora a taxa de crescimento tenha abrandado a partir de 2002. O fenómeno está bem identificado pelas autoridades nos últimos relatórios de segurança interna, não faltando avisos a augurar situações como a que se registou, na sexta- -feira, na praia de Carcavelos. Mesmo assim, o número de crimes cometidos pelos gangs evoluiu seis por cento entre 2003 e 2004 .

"A evolução geral desde 1997 demonstra uma tendência claramente positiva - à media de 32,5 por cento ao ano até 2002 -, assumindo maior impacto nos grandes centros urbanos, onde factores socioeconómicos potenciam a emergência gradual de um espírito grupal predominantemente vocacionado para acções delituosas em determinadas franjas da comunidade", lê-se, nomeadamente, no relatório de 2002 do Ministério da Administração Interna (MAI).

Documentos posteriores dão conta de que o fenómeno não pára de aumentar - até à quintuplicação do número de actos criminosos em sete anos -, notando-se apenas uma desaceleração do ritmo da taxa de crescimento. No relatório de 2003 está escrito que, relativamente a 2002, a delinquência grupal evoluiu 7,1 por cento, enquanto a de 2004, relativamente a 2003, regista um aumento de quase seis por cento. Entre 1999 e 2000 a evolução do crescimento atingiu os 58 por cento, e os 36,5 por cento entre 2000 e 2001.

Ao analisar-se geograficamente o fenómeno, em áreas de jurisdição da PSP, verifica-se que incide em Lisboa (61%), Porto (26%) e Setúbal (5%). O conjunto dos três distritos representa 78,7 por cento do total.

Embora se trate de um tipo de delinquência tipicamente urbana, verifica-se o aumento do chamado crime spree, em que os mesmos autores cometem uma série de incidentes, do mesmo tipo e num curto espaço de tempo, em diferentes zonas geográficas, usando, em geral, viaturas furtadas. Este fenómeno está a evoluir desde o ano 2000, sendo alvos preferenciais os postos de revenda de combustível, lojas de equipamento informático e de telecomunicações e as grandes superfícies. Em 34 por cento das ocorrências, cujo alvo foi pessoas, os gangs usaram armas de fogo do tipo pistola/revólver, seguindo-se os sprays (27%) e armas brancas (25%).

À criminalidade grupal está associada a criminalidade juvenil (jovens entre 12 e 16 anos). Nos últimos anos, os meios urbanos foram férteis na criação dos chamados gangs de menores. "Desde os pequenos delitos, aos assaltos em bando a automóveis, pessoas e estabelecimentos, assiste-se actualmente a uma delinquência juvenil caracterizada por um forte 'espírito grupal', onde a liderança e a organização interna assumem pontos comuns, típicos de associações criminosas, viradas para a especialização de determinados crimes, com recurso crescente à utilização de armas", lê-se num dos relatórios do MAI. "Uma das características destes gangs é precisamente a gratuidade, ou seja, as suas acções exercem-se não com vista a um objectivo, mas sim para exteriorizar um acto agressivo que não se consegue manter", sublinha-se, observando-se em seguida "É comum verificar nos jovens delinquentes uma certa necessidade de 'valor e de poder', servindo o crime como forma de colmatar essa necessidade."

Segundo o mesmo relatório, trata-se de jovens vítimas de relativo abandono afectivo e familiar, sendo o furto, por regra, pratica- do como um acto de carência afectiva. O abandono escolar e a inactividade, muitas vezes seguindo o exemplo dos progenitores, são apontados também como causas, às quais se acrescentam razões económicas, desmotivação e revolta.

Os vários documentos do MAI demonstram que o fenómeno está devidamente estudado. Só faltam as soluções para o combater.

12 de junho de 2005 às 09:29  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A CAPITAL:

«Reforço do policiamento e instalação de câmaras de vigilância fixas e móveis foram as medidas anunciadas ontem pelo ministro da Administração Interna, António Costa, em virtude dos assaltos ocorridos sexta-feira na praia de Carcavelos»
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É o que tenho referido muitas vezes:

"Gerir é PREVER os problemas, não é só RESOLVÊ-LOS"

É que "RESOLVER" problemas, qualquer aprendiz (de político ou de gestor) sabe fazer.

12 de junho de 2005 às 09:37  

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