‘Non sense’
Por João Paulo Guerra
«DE» de 16 de Setembro de 2009
Os políticos, para serem levados a sério, até se prestam à brincadeira. Gente que habitualmente não tem graça alguma, que não tolera uma crítica, que se ouve uma piada puxa logo da intimidação ou da represália, para ganhar mais um palco de exposição mediática e mais alguns votos até é capaz de fingir que admite que se riam dela e até que se ri de si própria. Mas é possível observar que o sorriso é um esgar amarelo e de plástico.
OS LÍDERES PARTIDÁRIOS devem achar tanta graça às piadas políticas dos Gato Fedorento como a Rainha de Inglaterra aos ‘sketches’ dos Monty Phyton. Mas democracia e eleições obrigam embora, quanto à Rainha de Inglaterra, nem sequer se coloque a questão eleitoral. Por um lado, a democracia obriga a simular transigência, aceitação das críticas, tolerância e desportivismo. Por outro, a caça ao voto das eleições obriga a procurar a companhia dos vencedores. Nas presentes eleições legislativas os partidos de topo concorrem a ver quem perde menos. E nesse afã de colectar votos dá muito jeito a companhia dos vencedores. E a questão é esta, nua e crua: se os Gato Fedorento concorressem às eleições infligiriam provavelmente aos sisudos partidos situacionistas uma derrota humilhante. Daí que a classe política, não os podendo mandar vencer, calar, censurar, proibir, junta-se a eles.
Com uma situação de empate técnico nas sondagens, não se pode desperdiçar uma única hipótese de angariar votos, seja ela a dramatização da gripe ou a exploração da comédia política. E assim, o líder do PS e primeiro-ministro confessou-se um admirador do ‘non sense’. Só lhe faltou reconhecer que é um dos principais responsáveis pelo facto do ‘non sense’ fazer cada vez mais todo o sentido em Portugal.
Com uma situação de empate técnico nas sondagens, não se pode desperdiçar uma única hipótese de angariar votos, seja ela a dramatização da gripe ou a exploração da comédia política. E assim, o líder do PS e primeiro-ministro confessou-se um admirador do ‘non sense’. Só lhe faltou reconhecer que é um dos principais responsáveis pelo facto do ‘non sense’ fazer cada vez mais todo o sentido em Portugal.
«DE» de 16 de Setembro de 2009
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1 Comments:
Só ontem vi os programas, que tinha gravado, uma desilusão, nem os políticos têm piada, nem os Gatos saíram da monotonia. Uma cópia fiel, a papel químico, do Daily Show não é a minha ideia de originalidade. Até os trejeitos dos cómicos americanos copiaram, fogo!
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