17.4.10

O culpado das cinzas

Por Antunes Ferreira

CADA VEZ MAIS tenho para mim que o culpado dos enormes transtornos nos transportes aéreos não é o vulcão Eyjafjallajokull, na Islândia; é o primeiro-ministro José Sócrates. Tem de ser. O homem já é acusado de tanta coisa que, mais uma, menos uma, não lhe deve causar grande mossa. E como não se pode prever durante quanto tempo mais a erupção se manterá e as chuvas de cinza dela resultantes também prosseguirão, creio que, com a maior celeridade deverá ser nomeada uma comissão de inquérito para o efeito. De preferência no Parlamento. (...)

Texto integral [aqui]

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8 Comments:

Blogger Bartolomeu said...

Bom... que o homem já é provadamente culpado pela ocorrência de alguns terramotos com epicentro localizado em S. Bento, mas cujos efeitos se fizeram sentir com a máxima força, um pouco por todo o território nacional e ilhas adjacentes, isso, já... agora... o vulcão?!
ahhhhh... espera...
é bem capaz sim senhor... é mesmo possível que tenha sido ele... tudo só para ter o privilégio de ir receber a Angela ao aeroporto e... dar-lhe um xôxo nas bochechas... sim, porque aquilo é uma amizade de longa data, como afirmou ontem para as câmaras e os micro-gaitas, o senhor... como é mesmo o nome dele?
Ahhhh sim... Pinto de Xouza...
não sei porquê, lembra-me sempre a carta de D. Tancredo (o lavrador)...

Porque julgamos digna de registo
a nossa exposição, senhor Ministro,
erguemos até vós, humildemente,
uma toada uníssona e plangente
em que evitámos o menor deslize
e em que damos razão da nossa crise.

Senhor: Em vão, esta província inteira,
desmoita, lavra, atalha a sementeira,
suando até à fralda da camisa.
Falta a matéria orgânica precisa
na terra, que é delgada e sempre fraca!
- A matéria, em questão, chama-se caca.

Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.

Se os membros desse ilustre ministério
querem tomar o nosso caso a sério,
se é nobre o sentimento que os anima,
mandem cagar-nos toda a gente em cima
dos maninhos torrões de cada herdade.
E mijem-nos, também, por caridade!

O senhor Oliveira Salazar
quando tiver vontade de cagar
venha até nós solícito, calado,
busque um terreno que estiver lavrado,
deite as calças abaixo com sossego,
ajeite o cú bem apontado ao rego,
e… como Presidente do Conselho,
queira espremer-se até ficar vermelho!

A Nação confiou-lhe os seus destinos?…
Então, comprima, aperte os intestinos;
se lhe escapar um traque, não se importe,
… quem sabe se o cheirá-lo nos dá sorte?
Quantos porão as suas esperanças
n’um traque do Ministro das Finanças?…
E quem vier aflito, sem recursos,
Já não distingue os traques dos discursos.

Não precisa falar! Tenha a certeza
que a nossa maior fonte de riqueza,
desde as grandes herdades às courelas,
provém da merda que juntarmos n’elas.

Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.

Adubos de potassa?… Cal?… Azote?…
Tragam-nos merda pura, do bispote!
E todos os penicos portugueses
durante, pelo menos uns seis meses,
sobre o montado, sobre a terra campa,
continuamente nos despejem trampa!

Terras alentejanas, terras nuas;
desespero de arados e charruas,
quem as compra ou arrenda ou quem as herda
sente a paixão nostálgica da merda…

Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.

Ah!… Merda grossa e fina! Merda boa
das inúteis retretes de Lisboa!…
Como é triste saber que todos vós
Andais cagando sem pensar em nós!

Se querem fomentar a agricultura
mandem vir muita gente com soltura.
Nós daremos o trigo em larga escala,
pois até nos faz conta a merda rala.

Venham todas as merdas à vontade,
não faremos questão da qualidade.
Formas normais ou formas esquisitas!
E, desde o cagalhão às caganitas,
desde a pequena poia à grande bosta,
de tudo o que vier, a gente gosta.

Precisamos de merda, senhor Soisa!…
E nunca precisámos de outra coisa.

17 de abril de 2010 às 10:21  
Blogger Sepúlveda said...

Já aqui escrevi várias vezes quanto pode parecer que certos escândalos são descobertos de propósito (quem sabe se fabricados e encenados) para José de Sousa se poder colocar na posição de vítima de conspirações, cabalas, campanhas negras.
Tudo para inundar a CS de novas novelas que nos façam esquecer das mentiras, enganos e decisões impopulares.

"É sabido que os media não gostaram dele e logo desde que ganhou as primeiras eleições com maioria absoluta."

Eu diria isso, sim, de Santana Lopes. É verdade que não perdia uma oportunidade de falar e de acabar por dizer asneira. Mas se a CS mostrou não gostar de alguém, esse alguém foi Santana Lopes.
De Sócrates, talvez também não tenha gostado mas este nunca foi tão agredido como o antecessor.

17 de abril de 2010 às 12:10  
Blogger Unknown said...

Meu Caro Heterónimo

O Amigo ainda não é o Álvaro de Campos, mas, por este andar, bem tenta lá chegar. É difícil de encontrá-lo, Senhor Sepúlveda, e gostaria de lhe enviar um imeile para lhe agradecer a constância dos seus cumentários, com o. E trocar mais umas opiniões.

Portanto, e já que através do seu registo de bloguer (ainda que dele não conste o nome do seu blogue)não consigo chegar à fala... consigo, se quiser (e puder) mandar-me o seu endereço electrónico, desde já lho agradeço.

Porem, aqui ficam algumas linhas que os seus excelentes textos me motivam.

1) Citar a Carta Magna da Agricultura Portuguesa (?) não é para qualquer um heterónimo. Que eu saiba, nem o Alberto Caeiro, nem o Ricardo Reis (mesmo com a ajuda do Saramago) muito menos o Bernardo Soares tiveram a coragem e a ousadia de o fazer. Porém - e nisso tenho de o louvar - o meu Amigo fê-lo. É de Homem. Transcrevê-la é Obra.

Quanto ao restante dos seus dois textos, discordo. Naturalmente. Sobretudo no que concerne ao saudoso Dr. Pedro Santana Lopes que, creio, continua a andar por aí.

Atacado sim, mas tanto não. O Sr. eng. Pinto de Sousa já está proposto para o Guiness pelos insultos, insinuações, acusações, e outros que tais com que tem sido mimoseado. O Dr. Santana Lopes nunca o conseguirá alcançar. E nem é preciso recordar que, a outro nível, ele bem o tentou nas últimas legislativas. Debalde.

No que resta fez o Sr. Heteronimosepulveda o obséquio de me demonstar - uma vez mais - que não gosta do que escrevo. Muito bem, aceito e agradeço-lhe: a frontalidade nunca me fez mal, bem antes pelo contrário, nem a ningém.

In fine: pelo-me por polemizar. Como certamente já pôde constatar. Continue, Amigo Heterónimo, que eu também continuarei.

17 de abril de 2010 às 13:24  
Blogger Sepúlveda said...

Este comentário foi removido pelo autor.

17 de abril de 2010 às 17:33  
Blogger Sepúlveda said...

Lembro que Santana Lopes só esteve no lugar durante 4 meses. Eu deveria ter sido mais rigoroso e ter referido que com ele tinha sido mais a agressão concentrada e não tanto a acumulada. Se bem que já não sendo JS "absolutista", a CS tem tido mais à vontade para lhe dar "mimos".
Certamente terá razão quanto aos insultos e processos. Mas penso que PSL terá sido mais acusado (não em tribunal) de muita coisa do que JS.

Não sei onde foi buscar a ideia de eu não gostar do que escreve e parece-me ainda que me confundiu com Bartolomeu, que comentou o seu artigo antes de mim.

17 de abril de 2010 às 17:41  
Blogger Unknown said...

Caríssimo Heterónimo

A idade não perdoa. Dou a mão à palmatória: confundi, sim senhor. Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Felizmente que o Amigo (cuja identidade julgo saber) ne corrigiu. Muito obrigado.

No restante, fica o Sr. Sepúlveda com as suas opiniões, obviamente, enquanto eu fico com as minhas. Não costumo voltar atrás, quando as pessoas não mo merecem. Não é o caso, portanto voltei.

Por isso confirmo o que penso e antes disse: creio firmemente que não gosta do que escrevo, ou, talvez melhor, das ideias que defendo. Mas que seria do Mundose todos gostássemos apenas do roxo???

17 de abril de 2010 às 18:56  
Blogger Unknown said...

Caríssimo Bartolomeu

Como já disse ao Senhor Heterónimo/Sepúlveda, os anos pesam. E, na sequência, surgem as confusões. Foi o que aconteceu. Peço-lhe desculpa. É esta a principal razão porque volto aqui. O seu a seu dono.

Quando eu era miúdo - palavra que já fui e ainda me lembro - havia um slogan radiofónico que aqui refiro. Creio que é o local indicado, dado que o nosso Sorumbático bate quase quotidiamente e bem nas agressões feitas ao trânsito.

Diza então o locutor: «Nada de confusões; ruas prós automóveis, passeios prós peões». Está desactualizadíssimo o texto. Hoje em dia deveria ser «nada de confusões; passeios prós automóveis e ruas para os peões».

Torno, agora, às sua palavras. Para alem de o felicitar uma vez mais sobre a carta agrícola, acho que a Senhora Merkel não é para aqui chamada. Nem com cinzas... E tambem penso que piores do que alguns terremotos e mesmo de tsunamis são os terra aos mitos. Ou seja, bater no homem depois de o terem enterrado...

17 de abril de 2010 às 19:13  
Blogger Bartolomeu said...

não ha nada que precise ser desculpado, Amigo Henrique.
confusões acontecem e, eu sei muito bem o que acontece, quando o raciocínio é mais veloz que a escrita.
quanto à senhora alemã, não passou de uma alegoria.
quanto ao fabricante de terramotos... esse, precisa mesmo de umas cachaporradas, não pela governação que as suas capacidades lhe permitem fazer, mas pelos desgovernos, pela incapacidade de perceber que não se despreza um povo com uma boa percentagem de idosos, pessoas de uma geração que começou a trabalhar no duro a partir de tenra idade. gente que deu a alma e o corpo pela prosperança deste país e se vê agora, relegado para o canto dos esquecidos, dos inexistentes.

17 de abril de 2010 às 20:48  

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