20.10.11

«Dito & Feito»

Por José António Lima

ALBERTO João Jardim alicerçou a sua prolongada hegemonia regional na Madeira num modelo de acção política que reúne o que de pior há na esquerda com o que de pior há na direita.

À esquerda foi buscar a vocação controleira sobre a comunicação social, ao estilo Chávez das ilhas atlânticas, condicionando e perseguindo órgãos de imprensa, da rádio e até da televisão pública. O extraordinário caso do Jornal da Madeira, subsidiado e submetido aos milhões que lá coloca Jardim, está ao nível da imprensa do continente subjugada e ao serviço do PCP nos tempos do PREC. E é um símbolo da impotência dos Governos do país para impor a Jardim regras elementares de vida colectiva em democracia.

À direita foi Jardim assimilar a propensão para distribuir poder, influência e negócios por um núcleo restrito de apaniguados – como forma de manter, obediente e devedora, uma clique de indefectíveis apoiantes. De Jaime Ramos aos Sousa são várias as fortunas que nasceram e cresceram nos corredores do PSD madeirense ao longo das últimas décadas.

À esquerda foi, ainda, Jardim absorver os modelos de governação baseados no peso do aparelho de Estado e no seu despesismo sem limites. Estado que tem, na Madeira, um peso asfixiante na vida económica e social – dele dependendo milhares de empregos, de clubes e colectividades, de negócios que prosperam ou são bloqueados. O Estado cresceu como um autêntico Big Brother da sociedade madeirense. Exigindo, para se alimentar a si próprio e às muitas obras que fazem ganhar eleições, um endividamento galopante e irresponsável que atinge os 7 mil milhões de euros. E que ultrapassa em muito, em termos relativos, a loucura despesista de Sócrates que deixou Portugal afogado na crise da dívida .

A OBRA feita, à mistura com uns laivos populistas de direita ou de esquerda, é a receita básica da manutenção do poder, para lá das transgressões éticas e dos atropelos democráticos. É o que se tem visto com Jardim, com Isaltino ou com Valentim. Mas é uma receita que não dura sempre. E que, no caso de Jardim, irá ser paga duramente com enormes sacrifícios dos madeirenses ao longo da próxima década. Já sem ele, seguramente.
«SOL» de 14 Out 11

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1 Comments:

Blogger José Batista said...

Devia, porém, ser com ele (Alberto J. Jardim)...
... a PAGAR!

Mas isso era se o meu país fosse um país decente.

Quer dizer: se os portugueses exigissem que o seu país fosse um país decente.

O que exigiria também que os portugueses, genericamente, se comportassem decentemente.

20 de outubro de 2011 às 22:20  

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