Recobro
Por João Paulo Guerra
A MAIS recente descoberta dos amigos, em simultâneo, da onça e do Serviço Nacional de Saúde, é que mandando mais cedo para casa os doentes hospitalizados podem poupar-se ao Estado 800 milhões de euros ao ano.
Será só questão de abolir convalescenças, restabelecimentos, pós-operatórios e até mesmo recobros, subordinando os actos médicos à contabilidade de mercearia. Só não se percebe por que razão estes panegiristas da saúde orçamental não vão directos ao assunto, fazem contas e declaram, em definitivo, quantos milhões se poupariam não tratando os doentes. Pura e simplesmente, não os tratando. Ou, ainda de forma mais irrevogável, não calculam quantos milhões poupará o Orçamento extinguindo o SNS, banindo o direito à saúde, vendendo hospitais, maternidades e dispensários e colocando médicos e enfermeiros a render no privado.
Para os calculistas dos gastos do SNS, o direito à saúde é subalterno e condicional. E o velho ‘slogan' publicitário que durante décadas tentou convencer os portugueses que "a saúde está primeiro" era simplesmente uma campanha de dissolução dos costumes, inspirada por marginais adeptos do Estado Social, que não levava em consideração a magna e sacrossanta contabilidade pública. Pois que acima da saúde está o défice, a percentagem do PIB e as sentenças condenatórias, sem apelo, desses modelos de democracia económica e de transparência democrática que são as agências de ‘rating'.
O que é extraordinário é que alguns destes fundamentalistas querem inscrever o limite do défice na Constituição. Mas, para quê? Será que tendo consagração constitucional, como tem, o carácter "tendencialmente gratuito" do Serviço Nacional de Saúde não deixa de ser desrespeitado todos os dias, por pensamentos, palavras e obras?
A MAIS recente descoberta dos amigos, em simultâneo, da onça e do Serviço Nacional de Saúde, é que mandando mais cedo para casa os doentes hospitalizados podem poupar-se ao Estado 800 milhões de euros ao ano.
Será só questão de abolir convalescenças, restabelecimentos, pós-operatórios e até mesmo recobros, subordinando os actos médicos à contabilidade de mercearia. Só não se percebe por que razão estes panegiristas da saúde orçamental não vão directos ao assunto, fazem contas e declaram, em definitivo, quantos milhões se poupariam não tratando os doentes. Pura e simplesmente, não os tratando. Ou, ainda de forma mais irrevogável, não calculam quantos milhões poupará o Orçamento extinguindo o SNS, banindo o direito à saúde, vendendo hospitais, maternidades e dispensários e colocando médicos e enfermeiros a render no privado.
Para os calculistas dos gastos do SNS, o direito à saúde é subalterno e condicional. E o velho ‘slogan' publicitário que durante décadas tentou convencer os portugueses que "a saúde está primeiro" era simplesmente uma campanha de dissolução dos costumes, inspirada por marginais adeptos do Estado Social, que não levava em consideração a magna e sacrossanta contabilidade pública. Pois que acima da saúde está o défice, a percentagem do PIB e as sentenças condenatórias, sem apelo, desses modelos de democracia económica e de transparência democrática que são as agências de ‘rating'.
O que é extraordinário é que alguns destes fundamentalistas querem inscrever o limite do défice na Constituição. Mas, para quê? Será que tendo consagração constitucional, como tem, o carácter "tendencialmente gratuito" do Serviço Nacional de Saúde não deixa de ser desrespeitado todos os dias, por pensamentos, palavras e obras?
«DE» de 6 Out 11
Etiquetas: autor convidado, JPG
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home