6.3.12

Álvaro e André, gémeos separados

Por Ferreira Fernandes

ONTEM, ao fim da tarde, Portugal sobressaltou-se: o Álvaro foi encontrar--se com o Abramovich dele e temeu-se que tivesse o destino do André despedido. Mas não. Treinador sem balneário é mais grave do que ministro sem pasta: Álvaro continua na Economia. Infelizmente, porém, mais treinador de bancada do que outra coisa. Porque aquilo do sem pasta, e sem QREN, é como dizer que se manda em Stamford Bridge tendo o Lampard, o Terry e o Ashley Cole (que todos juntos valem o Gaspar) a darem-lhe a volta na Gomes Teixeira. Mas, soube-se ontem, tiveram destinos diferentes, o Álvaro e o André.
No entanto, começaram gémeos, só cinco dias separaram o anúncio das suas contratações: Álvaro, a 17 de junho de 2011, André, a 22. Ambos sem conseguirem ser special one (Mourinho e Gaspar não deixaram), mas especiais. Um, vindo diretamente da Universidade de Vancouver, outro do jardim-escola. Um sublinhando ser professor no estrangeiro, outro sendo aluno de um estrangeirado.
"Sou o Álvaro", apresentou-se um, mostrando anglofilia nos costumes. O outro, mostrando dicção e sintaxe anglófonos.
Contas feitas, secaram aí as cartas dos dois. Mas continuaram com um percurso similar, embora com variantes: um com uma equipa grande e sem verbas, o outro com milionários mas sem equipa. Nove meses depois, chegaram ao mesmo ponto: resultados medíocres. Só ontem os seus destinos divergiram: André sem emprego e rico, Álvaro com emprego e sem dinheiro.
«DN» de 6 Mar 12

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