30.5.10

«Dito & Feito»

Por José António Lima

O INACREDITÁVEL caso de furto de dois gravadores a jornalistas da revista Sábado pelo deputado socialista Ricardo Rodrigues arrasta-se há mais de três semanas como se nada de grave se tivesse passado. E sejamos claros: em qualquer outra democracia europeia (à excepção, talvez, da peculiar Itália berlusconiana), o famigerado Ricardo Rodrigues não só não teria já qualquer cargo de responsabilidade parlamentar, seja a de vice-presidente de uma bancada ou outro, como teria mesmo, e inapelavelmente, perdido a sua condição de deputado.

Ricardo Rodrigues cometeu um furto em plena Assembleia da República, no desempenho da sua actividade política, atentou de forma flagrante e primária contra o valor constitucional da liberdade de imprensa, abusou com intolerável arrogância do exercício dos seus restritos poderes, ultrapassou os limites da prepotência antidemocrática. Não chega?! (...)

Texto integral [aqui]

Etiquetas: ,

3 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

É claro que os que aplaudiram o patusco Ricardo Rodrigues são tão bons como ele, e capazes dos mesmos actos.
Gostava, pois, de saber quem foram - porque uma coisa é "calar" (por solidariedade 'de matilha'), mas outra, muito diferente, é 'aplaudir' - como essa gentinha fez.

No «DN» de hoje, Alberto Gonçalves (com quem muitas vezes não concordo) comenta assim (e a meu ver acertadamente) os actos dessa tropa-fandanga cujo ordenado pagamos:

=========


A impunidade parlamentar

Desde tempos imemoriais que corre por aí a ideia de que a justiça portuguesa só condenaria certas criaturas se estas fossem apanhadas em flagrante e, a título de brinde, confessassem o crime por iniciativa própria e simpatia. Era boato. O caso do deputado Ricardo Rodrigues e dos gravadores da revista Sábado mostra que nem assim.

Recapitulemos. O entretanto célebre sr. Rodrigues foi filmado a meter literalmente ao bolso os ditos gravadores e a fugir com eles. Não satisfeito, afirmou orgulhosamente à imprensa que, de facto, "tomara posse" dos aparelhos. De então para cá, tudo o que lhe aconteceu resume-se às palmas dos seus colegas da bancada socialista e a única sentença que ouviu saiu da extraordinária boca do líder da bancada Francisco Assis: "Ninguém o pode julgar."

Poder, teoricamente, até há quem possa. Mas, apesar da queixa da Sábado, a mera audição do sr. Rodrigues no DIAP depende pelos vistos do levantamento da imunidade parlamentar. E no Parlamento, aliás o local do roubo, o julgamento político nem chegou a existir, por recusa de PS, PCP e Bloco. Quase um mês depois, os gravadores continuam desaparecidos, pelo menos dos legítimos proprietários, e o sr. Rodrigues continua à solta em São Bento, onde apenas o CDS tentou arrancar-lhe, em vão, um pedido de desculpas.

Como o sr. Rodrigues, o episódio é pequenino. Já a lição que ambos encerram não é. Infelizmente, não adianta aprendê-la: o nojo adequado a uma classe política que tolera ou até abençoa a prepotência e o puro roubo enquadra-se, parece, na categoria do "populismo", um delito que se não dá cadeia também não dá direito a aplausos entusiasmados dos representantes da nação. Pobre nação.

30 de maio de 2010 às 12:31  
Blogger Ribas said...

Imagino como se deve sentir o ex-deputado Manuel Pinho, pensando nos seus “cornitos”

30 de maio de 2010 às 15:06  
Blogger José Batista said...

Eu cá não me admirava nada se o indivíduo acabasse condecorado, ou no mínimo compensado com outras funções melhor remuneradas.
E não há dúvida que o homem parece ter furtivas qualidades...

30 de maio de 2010 às 22:07  

Enviar um comentário

<< Home