18.4.12

"Segurem-me, se não..."

Por Manuel António Pina

TRÊS MESES depois de ter assinado o chamado Acordo de Concertação Social (o tal que o presidente da República diz que "alguns podem invejar"), e quase um ano depois de o Governo PSD/CDS estar em funções, o secretário-geral da UGT descobriu que o Governo não cumpre.

O secretário-geral não terá sabido das promessas com que PSD e CDS alcançaram o Governo nem terá dado conta do modo como tais promessas - do não aumento do IVA nem dos impostos "sobre o rendimento das pessoas" à garantia de que "ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam" - têm sido cumpridas; e muito menos se terá apercebido dos "lapsos" sobre a duração do confisco (que nunca aconteceria) dos subsídios de férias e Natal. Como S. Tomé, quis ver para crer.

E como viu que o Governo, afinal, se "esqueceu" de cumprir tudo o que, no Acordo, poderia eventualmente resultar em benefício dos trabalhadores, seja em matéria de contratação colectiva seja de políticas de incentivo ao crescimento e ao emprego, o secretário-geral ameaçou rasgar o precioso e invejado papel: "Deixo um aviso claro ao Governo e aos empregadores: ou respeitam na íntegra o acordo tripartido ou a UGT denuncia o acordo".

"Ultimato!", clamaram os jornais. Podem, porém, "Governo e empregadores" dormir descansados: a UGT não fará tão horrível coisa "no curto prazo" nem sequer dará qualquer prazo ao Governo para cumprir. Foi só um acesso de sindicalismo, amanhã passa.
«JN» de 18 Abr 12

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1 Comments:

Blogger Xico said...

Ninguém percebeu foi como interpretar o que foi dito: "ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam" que lhes sejam impostos sacrifícios, ou seja, aqueles q são capazes de suportar mais sacrifícios serão poupados.

18 de abril de 2012 às 23:54  

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