4.3.09

Para ler José Mauro de Vasconcelos

NO SEGUIMENTO dos passatempos que aqui se fizeram a propósito de E. Veríssimo, Eça, Camilo, Aquilino, R. Brandão, J. R. Miguéis, F. Namora e A. Redol, aqui fica este:
«Se tivesse de recomendar um livro de José Mauro de Vasconcelos a alguém que nunca tivesse lido nada dele, qual escolheria - e porquê?».
O prémio inicialmente previsto (para a melhor resposta dada até às 20h de 7 Mar 09) era um exemplar de «Rosinha, Minha Canoa». No entanto, prevendo que o/a vencedor/a já o tenha, há as seguintes alternativas: «Deus lhe pague» (de Joracy Camargo) e «D. Casmurro» (de Machado de Assis).
NOTA: Quem não tiver conta Google/G-Mail poderá enviar o seu comentário para sorumbatico@iol.pt, até às 19h30m, tendo em conta que a sua identificação será também afixada.
Actualização (8 Mar 09/10h05m): o resultado está afixado no comentário das 10h04m.

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19 Comments:

Blogger Leonel Vicente said...

O Meu Pé de Laranja Lima - Uma inesquecível história de ternura, uma comovente elegia à amizade.

4 de março de 2009 às 12:34  
Blogger ROSA BRAVA said...

Ui...Adorei " Rosinha, minha canoa..".
Mas recomendo a todos sem excepção " O Meu Pé de Laranja Lima", porque se trata de uma história comovente, que nos relata as brincadeiras dos "pobres". Eu ainda sou desse tempo; não havia playstation,nem bonecas que falam sozinhas, nem telemóveis, etc.,etc.Zézé, um miudo de extremas carências tanto afectivas como económicas remete-se ao seu Mundo - e torna seu confidente, o pequeno pé de laranja-lima. Não vos conto mais, mas adianto-vos que é uma história linda.

4 de março de 2009 às 13:42  
Blogger Carlos Antunes said...

O melhor neste caso é começar pelo início, "Banana Brava".
O primeiro romance do autor é um relato vivido em primeira mão de um Brasil profundo.
Ele não depura a realidade - prova disso é a linguagem bruta dos protagonistas - mas encontra nela os valores intemporais que são precisos transmitir a todas as gerações.
Por isso é que o livro é simultaneamente tão rico para a faixa juvenil como para a faixa adulta, pois os valores humanos não são indissociáveis da tragédia, pois o romance de valores não deixa de ter a profundidade da vida (que retrata a fundo, exactamente).
Um retrato do Brasil com ressonâncias universais, tão belo quanto duro.
Para qualquer primeiro leitor, seja qual for a sua origem ou a sua busca neste autor, a escolha exacta!

4 de março de 2009 às 15:00  
Blogger Maria Manuel Magalhães said...

Não poderia deixar de recomendar o mais conhecido dos seus livros “O meu pé de Laranja Lima”. Esta história comovente de um menino que, não tendo atenção e carinho por parte de ninguém, se refugia no pé de Laranja Lima que acaba por ser o seu grande confessor e a quem conta todos os seus anseios. Com este ‘amigo’ o pequeno Zézé protege-se do mundo real ao mesmo fantasia a vida que não tem. Um menino pobre, que faz asneiras atrás de asneiras como forma de chamar a atenção a uns pais que pouco ou nada querem saber dele. Uma história de vida que deveria ser levada um pouco mais a sério nos dias de hoje. Embora haja muitas crianças que não têm problemas económicos como os dos Zézé estas são muitas vezes abandonadas pelos pais que se entregam à televisão ou a outras distracções e que deixam os seus filhos sozinhos com computadores ou jogos, sem que haja qualquer tipo de diálogo, ternura, aproximação…

4 de março de 2009 às 19:59  
Blogger Unknown said...

Recomendaria a obra "Meu Pé de Laranja Lima", pois é uma obra em que o autor serve-se da sua experiência pessoal e é onde aproveita para retratar o drama que sofreu na sua infância e com as bruscas mudanças na vida. É uma obra onde revela o romance vivido na sua juventude, onde retrata a imagem de um jovem com muitas dificuldades, mas com grande interesse pela vida. Na sua vida, encontra um pequeno pé de laranja lima, que com o tempo, o jovem vai convivendo e desabafando, reparando que esta arvore fala e é capaz de conversar consigo, oferecendo todo o carinho que o pequeno Zezé merecia. É uma historia que faz-nos pensar um pouco à cerca de nós e das nossas atitudes perante determinadas situações.

Recomendo vivamente :)

4 de março de 2009 às 20:53  
Blogger frosado said...

Gostei muito do comovente "Rosinha minha canoa", mas ofereceria "O meu pé de laranja lima" porque o li todo numa noite, sem conseguir largá-lo e porque me levou da lágrima à gargalhada, e, também, porque,revela muito do mundo das crianças e duma certa maneira de ser Português

5 de março de 2009 às 07:16  
Blogger Unknown said...

Sem dúvida "O Meu Pé de Laranja Lima", uma viagem até à criança vulnerável e carente que reside dentro de cada um de nós, independentemente da idade, credo, religião ou nacionalidade. Um belo conto sobre a natureza humana e a sua intrínseca fragilidade, escrito sem pretensões de grandiosidade, desprovido de artifícios mas dotado de uma sensibilidade e realismo desarmantes e comoventes.

5 de março de 2009 às 10:25  
Blogger MTeresa said...

Apesar de "O meu pé de laranja lima" ser das obras mais conhecidas de José Mauro de Vasconcelos, eu recomendaria, para iniciar a leitura da obra deste autor, "Rosinha, minha canoa"!
Numa época em que se dá mais valor ao lado material da vida, em que se quer parecer ser o que não se é e em que se tenta mostrar ter o que não se tem, este livro fala-nos de valores fundamentais e que estão em "vias de extinção" (em minha opinião, esta crise é ainda mais aguda nos grandes meios urbanos): humildade, simplicidade e respeito!
Embarcar na canoa Rosinha com o Zé Orocó e navegar pelas águas do rio Araguaia é termos a possibilidade de sermos conduzidos por um homem simples, que dá valor aos pequenos “nadas” oferecidos a cada instante pela Natureza e que à medida que avança no rio nos faz reflectir no que realmente é importante na nossa vida!!
Para mim este livro é um hino à simplicidade, ao ser genuíno e ao respeito pelo que está à nossa volta! Dá muito que pensar!! É um livro a ler, sem dúvida!!

5 de março de 2009 às 23:45  
Blogger Unknown said...

José Mauro de Vasconcelos foi um escritor extraordinário. Um dia disse que “... a literatura é a arte mais difícil, porque a palavra tem que dar ao todo as cores e as nuanças da pintura, o som e a harmonia da música, o movimento. Escrever é a maneira que encontrei para transmitir minhas vivências, o bem e o mal, e um sentimento que anda muito esquecido: a ternura. E a vida sem ternura não vale nada.”

Estas palavras demonstram toda a sensibilidade de um escritor, que é, infelizmente, tão pouco divulgado no nosso país.
A minha escolha é, neste caso, bastante difícil, dada a qualidade do espólio em questão. No entanto decido aconselhar a obra “Rosinha, Minha Canoa”.
Esta obra conta-nos a história de um indígena, Zé Orocó e da amizade que o une a Rosinha, a sua canoa. É um homem simples e incompreendido pela sua sociedade que o acusa de louco e o interna num hospício. Sendo assim, somos conduzidos para um mundo onde a emoção e a sensibilidade surgem como formas de amor e respeito à natureza, levando-nos ao encontro das coisas singelas e verdadeiras da vida.

Deixo-vos um pequeno excerto da obra, para que, quem não leu, possa desde já apreciar:

“(...) - Viu, minha filha? Não é assim tão difícil nascer.
- Mas dói um pouco...
- Se não doesse, a vida não teria preço. Agora trate de caminhar. Você precisa sair, andar, perfumar a distância que existe até ao outro lado. E você não tem prática, vai levar todo o resto desta noite...(...)
A chuva reclinou-se para um lado e antes de dormir de todo ainda falou com ternura:
- Você vai achar a vida linda...sempre depois que chove...
Bocejou mais forte e parece que nem escutou todo o agradecimento do seu coração vegetal:
- Obrigado, Dona Chuva...”

Uma óptima leitura…
Sê-lo-á certamente!

6 de março de 2009 às 09:06  
Blogger Maria Manuela said...

Recomendaria “O meu pé de laranja lima”
Trata-se de um livro que nos mostra o quanto às vezes somos tão mesquinhos por coisas sem valor e nos esquecemos do que realmente é importante na nossa vida.
Um livro que se revela muito marcante pela profundidade da sua história, comovente pela simplicidade com que essa mesma história é transmitida, e triste pelo sentimento de dor que é retratado na obra.
José Mauro de Vasconcelos narra a história de um menino chamado Zézé, pobre, inteligente, sensível, muito carente pelo facto de não encontrar na sua família qualquer tipo de apoio ou carinho. Pelo contrário, sempre que há problema… a culpa é do Zezé.
Minguinho, nome que o menino atribuiu ao seu pé de laranja lima, acabou por se tornar o seu confidente e amigo.

6 de março de 2009 às 11:42  
Blogger Carla said...

Não nasci enquanto José Mauro Vasconcelos foi vivo, mas este foi-se libertando da lei da morte graças às suas obras e felizmente ainda vive em mim. Ao ler o seu (Meu) Pé de Laranja Lima, recordo a minha infância. Para mim, este livro é um hino à criança que houve e há em nós, quando queremos ser crescidos, quando procuramos um companheiro e amigo de aventuras, quando somos uns anjinhos endiabrados pela curiosidade de descobrir o mundo. É esta a principal razão de aconselhar este livro de José M. Vasconcelos a quem nada leu, porque crianças somos todos e quando nos vemos nos olhos de uma criança, vemos o valor da amizade, o valor que Zézé deu ao português Valandarez. E ao ler o valor da amizade em simples folhas de papel, José Mauro Vasconcelos dá-nos uma lição de vida.

7 de março de 2009 às 02:24  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Carla, uma pequena nota: o nome do português é Valadares (e não Valandarez).

7 de março de 2009 às 11:27  
Blogger Luís Bonifácio said...

Se fosse Adulto recomendaria "Vazante".

Se fosse jovem (10-12anos) recomendaria "O meu pé de Laranja-Lima"

7 de março de 2009 às 12:15  
Blogger Pedro said...

Neste caso não há melhor que voltar ao ano de 1942.Banana Brava
um romance, rude, claro, luminoso de ver­dade natural, de grandeza humana e fabulosa que ainda hoje existe casos identicos. É a voz que conta a viagem estranha ao Mundo onde ainda vivem os Cavaleiros da Távola Redonda que ainda existem em Portugal, com um programa sinistro de guerra, morte, abnegação e silêncio. Mundo limitado pelos grandes rios, pelas barreiras altas, pela floresta misteriosa, povoada de sonoridades apavorantes, inexplicadas e envolventes.
Este livro, sem intenção e convenção, ficou sempre novo. Real e absolutamente novo em sua serenidade melancólica de tragédia humana.Recomendo vivamente.

7 de março de 2009 às 16:51  
Blogger Carla said...

De facto... peço desculpas pela troca de nomes. Não sei porquê, mas ainda ouço a minha avó a dizer Valandarez...

7 de março de 2009 às 18:21  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Enviado por e-mail por "Verdugo"(verdugo@portugalmail.pt)
___________

A minha eleição vai para "O meu pé de laranja lima".

É um livro distinto, comovente e tristonho. Marcante pela ironia da sua narração, comovente pela franqueza transmitida e com que é escrito e amargo pela dor e pelas perdas retratadas. Um livro que eu gostei de ler e que pela sua simplicidade e frontalidade me transmitiu a sua mensagem e paixão imiscuída de uma forma subtil e penetrante. Com uma mistura de turbulentas emoções e pequenas conquistas e triunfos, vividas pelas personagens, que vêm ao rubro de forma fácil e eloquente em cada palavra, eu senti-me como se também eu participasse na trama. Neste livro o mais importante não é as grandes conquistas ou qualquer outro acto considerado por nós, na nossa cegueira e egocentrismo, digno e merecedor de importância, mas sim, as pequenas coisas, que na essência acabam por ser as mais bonitas e importantes; os pequenos trunfos; a dor e a conquista, do mundo e da vida real, que acabam por ter uma fantasia mais doce e bela e um misticismo mais profundo, do que os grandes contos ou histórias, apenas pelo que são.

José Mauro de Vasconcelos conta-nos a história de um garoto chamado Zézé, com seis anos, pobre, bastante inteligente, sensível e necessitado. Não encontrando na família e nas pessoas a meiguice e o aconchego de que necessita, Zézé entrega o seu amor às pequenas coisas, mas em especial a Xuxuruca ou Minguinho, o seu pé de Laranja Lima, que se torna o seu grande ouvinte, amigo e companheiro de brincadeiras. Com Minguinho, Zézé protege-se do mundo real com uma parede feita de brincadeiras, canções e da doce ilusão da pureza.

Com vista a despertar as pessoas que o rodeiam para a sua presença, ele sai para a rua fazendo disparates e espetando partidas, o que tem como consequência as enormes e tradicionais "zurras" de que infelizmente é alvo. Zézé vive uma vida infeliz e pobre, onde consegue encontrar a sua luz e felicidade através do seu enorme coração e capacidade para amar e desculpar. Mas este Mundo está prestes a mudar. Zézé acaba por descobrir a ternura e afecto de que tanto necessita com o seu amigo "Portuga", que torna a sua existência agradável e feliz. No entanto... a história de Zezé é recheada de sarcasmo... Quando finalmente o seu pai volta a ter um emprego capaz de lhe dar uma vida cómoda e duradoura, perde também os seus dois grandes centros de ternura e êxito. Zézé descobre o que é a perda e o pesar, perdendo assim também a sua ingenuidade e capacidade de se abstrair do Mundo através de brincadeiras e histórias. "Por que contam coisas às criancinhas?".

7 de março de 2009 às 18:39  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Curiosidade:

Na realidade, Zezé só tem 5 anos, mas ele e a família dizem que tem 6.

E por dois motivos:
Como aprendeu a ler antes do tempo (e sozinho), entra para a escola 1 ano antes. Sendo muito traquinas (chega a levar 3 tareias por dia, e só não leva mais porque o médico não deixa!), enquanto está na escola não "chateia"...

7 de março de 2009 às 18:43  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Este passatempo pretende incentivar comentários 100% originais da autoria dos leitores do Sorumbático.
Não parece ser o caso do texto de Pedro, demasiado semelhante ao da apresentação de «Banana Brava» feita por Luís da Câmara Cascudo, que se pode ler [AQUI], e de que seguidamente se transcreve um extracto:

«... Banana Brava, (...) romance rude, claro, luminoso de verdade natural, de grandeza humana e fabulosa. É a voz que conta a viagem estranha ao Mundo onde ainda vivem os Cavaleiros da Távola Redonda, com um programa sinistro de guerra, morte, abnegação e silêncio. Mundo limitado pelos grandes rios, pelas barreiras altas, pela floresta misteriosa, povoada de sonoridades apavorantes, inexplicadas e envolventes. Esse livro, sem intenção e convenção, ficou sempre novo. Real e absolutamente novo em sua serenidade melancólica de tragédia humana».

8 de março de 2009 às 09:23  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Pela grande quantidade de comentários bons, a classificação deu muito trabalho ao júri!! que, depois de muito matutar, atribuiu a seguinte classificação:

Carla..6 pontos
Verdugo..5 pontos
Rosa Brava, Maria Manuel e Susana .. 1 ponto cada
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Quanto aos prémios:

Os/as vencedores/as têm 48h para escreverem para sorumbatico@iol.pt indicando qual o livro que preferem e morada para envio. Além dos indicados no post, poderão escolher de entre os da lista que se pode ver [AQUI] .

Carla receberá o que quiser, e os/as outros/as concorrentes deverão indicar 3 ou 4 títulos, por ordem decrescente de preferência.
O envio será feito a partir de quarta-feira, dia 11.

Obrigado a todos/as!

8 de março de 2009 às 10:04  

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