28.6.15

DO PEQUENO SOL ABORTADO À ACREÇÃO DE PLANETESIMAIS

Por A. M. Galopim de Carvalho
DEIXANDO de lado as explicações dos filósofos da Antiguidade e dos escolásticos medievais, a primeira tentativa de explicação da origem da Terra remonta ao século XVII, com o filósofo e matemático francês, René Descartes (1596-1650), Renatus Cartesius, de seu nome latino, um heliocentrista convicto. No seu livro Principes de la philosophie, publicado em 1643, considera a Terra como um pequeno Sol abortado, que arrefeceu e solidificou externamente, tendo, no entanto, conservado o fogo central. Segundo ele, o centro do planeta, que acreditava ser matéria solar ainda ígnea, era constituído por uma camada sólida, muito densa. Por sua vez, esta camada estava envolvida por uma camada interior, maciça, na qual se encontravam todos os metais, e uma camada exterior, menos maciça, terrosa, com pedras, areias, barros e lodos. (...)
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Luz - Ponte D. Luis, na Ribeira do Porto, a terminar nas brumas de Gaia

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A fotografia foi feita de manhã. As brumas e os nevoeiros do Porto e de Gaia são famosos e muito fotogénicos. No primeiro plano, dois dos muitos barcos de recreio que agora são numerosos e que trouxeram uma vida nova, seja a esta Ribeira, seja ao rio Douro, vale acima. (2014)

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27.6.15

Grécia – quo vadis?

Por Antunes Ferreira

O folhetim do chamado caso grego ainda continua e parece que não terá um happy end rápido. Aliás, nem happy nem end. As duas partes em conflito persistiam na defesa das suas propostas; como se sabe, dum lado o Sirysa (o super esquerdista partido da Grécia no poder, que é o mau da fita) – do outro os bens, ou seja os credores: a Comissão Europeia representando a (des)União Europeia, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o BCE, o Banco Central Europeu. São os membros da malfadada troika, supostamente representando os país da união monetária menos um: a citada Grécia.

A Zona Euro persiste numa mistura explosiva: na expectativa e em pânico. E a Führer Angela suposta autora da segunda edição, revista e ampliada, do “Mein Kampf”, que é realmente a patroa dos bons, vê-se em palpos de aranha para tentar acalmar os “mais bons” e os “menos bons” uma divisão que pode vir a ser o princípio da falência e o subsequente epitáfio da Europa (des)Unida. Pelo andar da carruagem, Portugal faz parte dos “mais”, de acordo com os discursos dos supostos PR e PM.

A procissão hesita entre sair do adro e nem sequer a ele ter chegado. Os portadores dos andores, porém e como sempre, os Zés Povinhos dos países, o que quer dizer que são os povos das diversas nacionalidades que amocham, pagam os seus impostos e aguentam até haver uma decisão final. Os grafitis nas paredes “Os ricos que paguem a crise” foram substituídos por “Os pobres que paguem a crise”. A Europa está à beira do abismo e pode haver um louco que dê a ordem: um passo em frente, marche! Europa – quo vadis? Grécia também quo vadis?

Tente-se fazer o ponto da situação, pelo menos aquela que na quinta-feira era possível e que, se calhar, quando este texto sair a público, já não é, quiçá continue a ser. Recorra-se, uma vez mais à comunicação social que terá encontrado uma válvula de escarpe para a pré(?) campanha eleitoral…E para a agredida Ucrânia que hoje só é motivo de umas quantas linhas, apesar de continuar a ser agredida e invadida pelas tropas de Moscovo.

“Os ministros das Finanças da Zona Euro reúnem-se este sábado pela quinta vez no espaço de dez dias, num novo esforço para tentar chegar a um acordo que permita à Grécia evitar a entrada em incumprimento. Depois de novo impasse nas negociações, a Grécia só tem alguns dias para obter financiamento, já que tem de devolver a 30 de Junho 1,6 mil milhões de euros ao FMI.” Diz a Lusa. Por outro lado “A agência Reuters já confirmou esta informação e adianta que depois de o Eurogrupo realizado na quinta-feira, 25 de Junho, não ter permitido chegar a um acordo sobre o plano de reformas que Atenas terá de implementar para poder receber a última tranche de 7,2 mil milhões de euros, prevista no programa de assistência helénico ainda em curso e que também termina no dia 30 de Junho, os ministros das Finanças farão um novo esforço para desbloquear a situação já no próximo sábado”.



Depois das declarações que na segunda-feira indiciavam que a proposta apresentada nessa manhã pelas autoridades helénicas permitiria atingir um acordo final ainda esta semana, as negociações ao nível técnico não confirmaram as expectativas. Apesar das cedências feitas de ambos os lados da negociação, o Eurogrupo (…) não chegou mais uma vez a um acordo. Fräu Merkel “referiu-se ao recuo da Grécia como factor impeditivo da concretização de um acordo abrangente de reformas, colocando nas mãos dos ministros das Finanças a responsabilidade de encontrar um caminho que satisfaça todas as partes”.

Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis estão cada vez mais entre a espada e a parede. Poderão ser vitimas de um diktat do Eurogrupo, melhor dizendo da sua boss Angela. Voltamos a 1939/45? Será a chanceler alemã capaz de fazer pela via das finanças o que Adolf Hitler não conseguiu alcançar manu militari? Mas, por outro lado, a saída da Grécia também poderá apontar para a desagregação da Europa (des)Unida? A dicotomia é apavorante para os dois lados: a derrota do Sirysa ou a …derrota da Europa.

Depois de o primeiro-ministro grego ter anunciado um referendo aos gregos, estes foram para a rua, não para protestar, mas para levantar dinheiro nas caixas multibanco. No entretanto, o ministro grego da Defesa Panos Kammenos, do partido Gregos Independentes (Anel), admitiu hoje de manhã que o Governo pode recuar no referendo se os parceiros da zona euro aceitarem a proposta de acordo apresentada por Atenas.

Em Lisboa Cavaco (por via da caríssima esposa), Passos & Portas e Maria Albuquerque rezam à Virgem de Fátima para que poise numa nova azinheira, resolvendo assim o impasse, mesmo que seja necessário fazer rebolar o Sol. Será que um milagre resolverá a crise europeia? Dificilmente isso acontecerá. A Senhora tem mais coisas para se ocupar e preocupar do que de mais uma crise do Velho Continente, que são peanuts para a corte celestial (se ela existe…)

Por mais incrível que pareça, de Bruxelas surgiu a notícia de que a Grécia não se pode queixar de falta de flexibilidade da troika, porque para os outros países sujeitos a programas não foram feitas tantas cedências. Esta tem sido a posição de Portugal nos últimos dias de negociações com a troika e foi a ideia defendida por Coelho no final do conselho europeu terminado ontem. Realmente quer o venerando Chefe de Estado quer o (des)Governo vêm sendo mais papistas do que o Papa. Oxalá não lhe estale a castanha na boca.



Em Moscovo, o filho da Putina esfrega as mãos de contente. Poderá apoiar a Grécia do Sirysa? Com quê? Com o rublo desvalorizado? Mas, mesmo assim, a “receita da” troika, a austeridade, está a fazer esquecer a invasão da Crimeia e agora da Ucrânia pelas tropas de Moscovo. Para Beijing, a tradicional e esfíngica paciência ainda está em banho-maria. O bem de uns é sempre o mal de outros. Ou seja, como diz o povo, “pimenta no cu dos outros é refresco para muitos”

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25.6.15

As religiões e o proselitismo

Por C. Barroco Esperança
Nada tenho contra os crentes e tudo contra as crenças, sobretudo quando os fiéis querem impor aos outros a sua fé e, muito especialmente, se recorrem à violência.

O ateísmo também merece igual censura se for sectário e violento. As guerras santas são devastadoras e a Europa tem longa tradição nesse desvario. Por mais que a componente económica influencie os conflitos, é o ódio religioso que aparece como o mais violento detonador de guerras.
Que raio de deuses inventaram os homens que precisam de religiões como agências de promoção e instrumento de coação?
A laicidade é a vacina que interessa a crentes de todas as religiões não dominantes, no espaço em que se inserem, bem como a todos os não crentes, e não pode ser descurada.
É tão perverso um Estado ateu como um confessional. O Estado deve ser neutro e evitar intrometer-se na vida das associações cuja liberdade lhe cabe respeitar e defender. Só o código penal deve limitar a demência do proselitismo e a violência dos prosélitos.
Não posso deixar de recordar Voltaire no leito da morte, a quem, como era hábito, para terem o troféu «converteu-se na hora da morte», pretendiam que «negasse o Diabo», ao que respondeu com fina ironia: «Não é o momento apropriado para criar inimigos».
Mais sarcástico, Christopher Hitchens, influente escritor e jornalista britânico, autor do livro «Deus não é grande», quando soube que, na sequência do cancro que o consumia, se faziam apostas na NET sobre se se converteria antes de morrer, declarou: «se me converter é porque acho preferível que morra um crente do que um ateu».

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24.6.15

EDUCAÇÃO, O "REGRESSO" DO QUE NUNCA SAIU DE LÁ


Por Guilherme Valente

"Sou um homem com sorte. Quando cometo algum erro, há sempre alguém que mo aponta", Confúcio
«É de pequenino que se torce o destino», Carlos Fiolhais

O Secretário-Geral do PS admite acabar com os exames nacionais para os alunos mais novos. Embora o programa eleitoral não seja claro sobre isso – haja alguma esperança, portanto -, afirmou na TSF que «não é uma boa solução a antecipação de exames para idades tão precoces» e que as retenções «têm um custo enorme». «Tal como um raio x não cura um doente, também um exame não faz a aprendizagem dos alunos», disse.
António Costa não tem razão. Os exames fazem aprender. E fazem ensinar, que é, aliás, o que aqueles que mandaram na educação durante 40 anos não querem que aconteça na escola. Como bem viu uma grande figura do PS, Sottomayor Cardia.
E a metáfora que AC usou não faz sentido, porque os raios X salvam mesmo muitas vidas, são decisivos para a descoberta da doença, cada vez mais determinantes para a cura, portanto.
Quanto ao "custo enorme dos exames", não é custo nenhum. É um investimento. Custo enorme é o que o País anda a pagar desde há anos por não ter havido exames a sério. Muito particularmente logo no final do primeiro ciclo. Abandono escolar subsequente, alunos que se arrastam sem completar o Secundário, percentagem dramática dos que não entram e desistem no Superior. Apesar do facilitismo que também aí tem crescido. Ou seja, ignorância, iletrismo, alheamento cívico, desqualificação profissional. Que AC, seguramente, não quer que continuem a verificar-se.
O exame no final do primeiro ciclo não é nada precoce. É pedagógica e cognitivamente essencial. Um sinal a dizer aos miúdos ao que vêm. AC também o realizou e parece não lhe ter feito mal. E sem tomar calmantes, porque teve os pais que teve.
Os exames são um treino de empenho e responsabilidade. Que entre nós até deve ser realizado com maior frequência. Um desafio motivador, aceite pelas crianças com naturalidade e gosto. Desde que os "cientistas" da educação, o ministério, a escola e os paisinhos não lhes cultivem a preguiça, a irresponsabilidade e a insegurança.
Os avanços mais recentes das ciências cognitivas mostram que uma exigência suficientemente forte no início do percurso escolar é benéfica para a criança. A aquisição precoce de certos automatismos, no português como na matemática, permite libertar o cérebro para outras aprendizagens, sublinha um reputado especialista de ciências cognitivas, Stanislas Dehaene. E é antes dos dois primeiros anos do Básico que podem e devem ser adquiridos.
São idades em que se manifesta um grande gosto e uma surpreendente facilidade em aprender.
Pois se até o nosso border collie pede que lhe ensinemos coisas e manifesta satisfação quando aprende...
AC deve, pois, ouvir os investigadores das ciências cognitivas. Não deve seguir a indigente ignorância e a pura insensatez que lhe servem os "cientistas" da educação.
Mas ainda este ministro não foi para casa - triste por não ter aproveitado tão bem como devia a oportunidade que lhe caiu do céu - e já parece vislumbrar-se a anulação das medidas que na direcção certa conseguiu concretizar. Nalguns casos tímidas e tardias, dói-me ter de o reconhecer, mas, mesmo assim, persistentes, e no caso dos exames logo com resultados à vista.
Parece, pois, configurar-se o regresso do pedagogismo, com um poder de novo sem freio. Em detrimento da prioridade do saber e da transmissão, que Nuno Crato teve o mérito de ser o primeiro governante a querer assumidamente praticar. Regresso das ideias velhas que durante mais de trinta anos promoveram a ignorância e a indisciplina, inviabilizando a escola, infantilizando os alunos e desvalorizando os professores, anulando a sua tarefa inestimável.
Regresso? Os ministros vão passando, mas os oráculos obscurantistas da "educação" continuam a ser os mesmos, o seu domínio manteve-se. Um jugo que o País irá pagar sempre mais caro. 
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Expresso de 20 Jun 15

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21.6.15

Luz - Cais das Colunas, Terreiro do Paço, à beira Tejo, Lisboa

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Talvez não seja evidente, mas a parte que se vê da margem do rio, em primeiro plano, é mesmo o princípio do Cais das Colunas. Este foi restaurado, recomposto e arranjado como parte das grandes e atrasadas obras da Praça do Comércio, da Ribeira das Naus, do Cais do Sodré e vizinhanças. Tudo demorou tempo a mais. Nada verdadeiramente acabou ainda, podem ver-se por ali restos de obras, ajustes ulteriores, desvios provisórios e outros dispositivos da nossa imaginação poderosa para designar coisas mal acabadas! Mas é verdade que, no conjunto, está ali uma nova área interessante para o passeio, a estética, o turismo, o património e a urbanização. Ainda faltam muitas árvores, talvez cresçam! Este Cais das Colunas, com os seus mitos e encantos, é dos pontos que atrai mais gente aos gritinhos a fazer “selfies” e outras parvoíces. Mas também há quem vá para ali simplesmente ler! Ao fundo e à direita da fotografia, restos da velha Estação do Terreiro do Paço onde partem barcos de recreio e cruzeiro no Tejo, assim como as linhas de passageiros para o Montijo. O velho edifício está agora podre. Em vez de ser aproveitado, foi abandonado, para dar lugar a um novo mesmo ao lado. Ficámos com os dois. O que aqui se vê, com ancoradouro e plataforma de embarque, é o velho. (2014)

MINERAIS E CRISTAIS, MINERALOGIA E CRISTALOGRAFIA


Por A. M. Galopim de Carvalho
Os minerais estão no nosso quotidiano. Nas pedras das calçadas, na areia com que se faz o vidro, nas matérias-primas de todos os metais que nos asseguram a sociedade industrial, nas jóias de quem as pode usar e no sal de que nós, portugueses, abusamos.

Todos falamos de minerais com base num conhecimento vulgar, empírico, ligado à experiência do dia-a-dia. Minas, minérios e mineiros fazem parte do vocabulário popular por razões óbvias ligadas a um vasto e velho sector primário da economia. Não há sítio onde não se fale de minas, nem que seja de minas de água. Mina, nome que recebemos através do francês mine, significa escavação na terra e parece radicar na cultura céltica, vivida por um povo ao qual se deve a metalurgia do ferro. (...)
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18.6.15

O PR, a TAP e o ex-economista

Por C. Barroco Esperança 
 O Prof. Aníbal Cavaco Silva, ex-economista, há muito dedicado a negócios particulares e à política, abdicou da profissão académica a favor da profissão de fé neste Governo de que se tornou porta-voz.
 Alguns escolhem os amigos, outros são escolhidos. Cavaco Silva foi escolhido e ficou refém. Nunca se lhe ouviu uma censura à promiscuidade entre a política e os negócios, ao tráfico dos banqueiros, onde colaboradores próximos perderam a honra e ganharam milhões, à decadência ética do regime ou ao empobrecimento dos portugueses. 
Tornou-se o notário privativo do Governo e o eco das suas tropelias. Não admira que as próximas eleições constituam também o seu julgamento pelos portugueses. Não pode, aliás, ser excluído da luta partidária, que foi o seu campo de batalha dos últimos seis anos, no derrube do anterior Governo e na manutenção do atual até ao fim do prazo, impedindo um Orçamento de Estado ao Governo que sair das eleições de outubro.
 Um homem sem passado democrático, conseguiu 21 anos de político de topo em 41 de democracia. É obra!
 Com a privatização da TAP – diz a comunicação social –, sentiu-se aliviado. Não se trata da resolução de um problema digestivo a quem a obstipação atormenta, trata-se da execução da agenda ideológica do Governo de que se tornou dependente. Em termos de digestão são os portugueses, sem alívio, a sofrer de azia e a pagar as consequências.
«A maioria do capital da TAP é português, temos de aplaudir» – (Cavaco Silva 14-06-2015). Será que acredita na nacionalidade do capital e na bondade da nacionalização? Foi como economista ou como assessor do Governo que considerou a privatização da TAP “um bom negócio para Portugal”, a bordo do avião que o levou a Sófia, numa das últimas viagens, designada como visita de Estado?
 A TAP foi comprada pelo empresário norte-americano David Neeleman, dono de uma companhia aérea no Brasil e aparentemente por Humberto Pedrosa que em Portugal é o maior acionista da empresa rodoviária Barraqueiro. Alguém acredita que o empresário norte-americano se candidatava à pechincha sem garantias de decisão? 
A TAP deixa de ser portuguesa e passa a brasileira, com o mesmo gestor, ao serviço do Brasil e da agenda política deste Governo; os aviões são vendidos e passam a alugados e o empresário português, cuja nacionalidade serve para contornar normas comunitárias, vai poder transportar os passageiros, dentro do aeroporto, nos autocarros Barraqueiro. 
 Ponte Europa / Sorumbático

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14.6.15

Luz - O rio Douro, na Régua.

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O rio corre da esquerda para a direita da fotografia. Ao fundo, aquele monte, na minha juventude, estava quase desabitado. Em baixo, ficavam Godim, os Quatro Caminhos e o Salgueiral. A estrada continuava para a Rede, Mesão Frio, Amarante e o Porto. Lá em cima, ficavam Fontelas, Loureiro e uma mão cheia de lugares. Hoje, já se pode ver a urbanização a subir pela montanha fora. A beleza da paisagem não é a primeira realidade a ser preservada! Na imagem, percebe-se como o rio dá uma curva enorme para a esquerda, em direcção a Resende, Caldas de Aregos, Entre-os-Rios, Castelo de Paiva e até ao Porto. Esta curva e esta paisagem foram festejadas por Ramalho Ortigão, num seu escrito incluído nas “Farpas”. Dormiu lá em cima, numa quinta de gente amiga. De manhã, ao acordar, deparou-se com esta mesma paisagem (vista ao contrário) e ficou extasiado! Talvez hoje, com as construções, o casario, as torres e os prédios, não tivesse o mesmo espanto. Mas o vale do Douro e a curva do rio ainda lá estão para nos fazer reter a respiração! (2014)

A ÁGUA NA TERRA, NO SISTEMA SOLAR E NO UNIVERSO

Por A. M. Galopim de Carvalho

Pela distância a que se encontra o Sol, a superfície do nosso planeta caracteriza-se por um intervalo de temperaturas que permite a presença de água nos seus três estados físicos - sólido, líquido e gasoso -, sendo o estado líquido o de mais vasta representação e que maior influência teve e tem nos processos geológicos e biológicos.
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13.6.15

Cavaco e o 10 de Junho

Por Antunes Ferreira
O discurso do suposto Presidente da República, nas comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, agradou à coligação no poder e recebeu críticas dos partidos da oposição. De tão repetitiva, a intervenção de Aníbal Cavaco Silva já se pode qualificar de calina, obtusa, partidária e vingativa. Tudo “qualidades” que o Chefe do Estado se esforçou por demonstrar em Lamego.
Mais laranja do que os laranjas, ou seja, mais papista do que o Papa, Cavaco encostou-se ao (des)Governo que nos calhou em (má) sorte. O alinhamento foi perfeito. Se ainda pudesse haver dúvidas sobre as intenções e as inclinações (e poucas havia já), as palavras  por ele proferidas confirmaram o que já se sabia: as hostilidades com a oposição, com esta oposição, entraram em velocidade mais do que de cruzeiro. Benza-o Deus, a Senhora de Fátima e quiçá o “santo” Padre Cruz. Resumindo: a Trindade Santíssima do (ainda) inquilino de Belém.
De resto, para ele e para os seus correligionários, o 10 de Junho regrediu uns bons anos – isto é aos do antes do 25 de Abril. A mesma solenidade hirta, os mesmos fatos negros, as mesmas gravatas de cerimónia, tudo se conjugou para, na cidade do distrito de Viseu, situada no que foi a tradicional Província de Trás os Montes e Alto Douro, se reviver as cerimónias do Terreiro do Paço. Só faltaram as crianças que ali se deslocavam para receber a título póstumo as medalhas conquistadas na guerra colonial pelos seus falecidos pais.
O que, convenhamos, é pior do que mau – é péssimo. Os militares que participaram na encenação (pois que mais lhe havemos de chamar?) foram similares à Brigada do Reumático em que Marcelo Caetano acreditou - quando lhe foi prestar preito de vassalagem – que era a legítima represente das forças Armadas. Depois, foi o que se viu: o movimento dos capitães que resultaria no MFA, o Movimento das Forças Armadas, que o apeou do cavalo do poder.
Agora, os oficiais que já tinham tentado entregar  as respectivas condecorações no palácio presidencial, o que lhes foi recusado, entenderam não participar no que pôde (e pode) considerar uma fantochada triste e enfadonha. Uma outra vez ficou feito o aviso: Sua Excelência o Presidente da República, aliás reeleito, que tome cuidado: Cuidado porque há coisas que acontecem e que depois delas não se pode chorar nem apelar ao povo português. É como o leite derramado. O point of no return.
Porém o verdadeiro presidente do PSD continuou a participar na pré campanha eleitoral do seu partido, impávido e sereno no preciso momento em que todos os membros que vivem pela rua de São Caetano à Lapa se mobilizavam para voltar a levar ao poder a coligação dos sociais democratas(?) e dos centristas. É obra. E desfaçatez.
Entre as muitas críticas que recebeu e muito justificadamente dos partidos da esquerda parlamentar, o PCP, o BE, os Verdes, há que ressaltar a posição da maior força oposicionista: o Partido Socialista: transcrevo o que disse a comunicação social verdadeira:
Os portugueses esperavam que Cavaco Silva tivesse sido o seu porta-voz e menos o eco do Governo", afirmou António Costa, em declarações aos jornalistas à entrada para a recepção da cerimónia que assinalou o 10 de Junho no Luxemburgo. Para o secretário-geral do PS, "o Presidente da República, pela cobertura que tem dado a este Governo, tem contribuído para o desânimo e para a descrença", pelo que, argumentou, a alternativa do PS "vai contribuir para virar a página".
"O senhor Presidente da República pode estar tranquilo porque, conforme nos vamos aproximando das eleições, o desânimo e pessimismo vão dando lugar à confiança que os portugueses têm de que há uma alternativa que lhes vai permitir virar a página da austeridade, relançar a economia e criar emprego", afirmou.
António Costa disse ainda estar "certo" de que vai "herdar uma situação muito difícil, uma dívida muito pesada, tal como aconteceu em [Câmara Municipal] Lisboa". A este propósito, defendeu que, tal como aconteceu na autarquia, saberá "resolver a situação das finanças públicas sem sacrificar os direitos dos portugueses e a economia".
Apesar das críticas a Cavaco Silva, o secretário-geral do PS considerou positiva a homenagem póstuma ao antigo ministro da Ciência Mariano Gago (a quem em vida não a teria tido e nãoteve) e ainda afirmou que o Presidente da República "fez uma análise justa ao esforço do professor Teixeira dos Santos da gestão que fez das finanças públicas num momento tão crítico da economia mundial".

Os dados estão lançados; aliás já estavam. Em Outubro, nas urnas, Cavaco terá a resposta devida – se os portugueses não continuarem a ter a memória curta que usam ter habitualmente.

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