31.8.12

Chega de desaparecimentos

Por Ferreira Fernandes
HÁ TRÊS dias, escrevi sobre isso, noticiou-se que "desapareceram 134 mil filhos em Portugal" (nas declarações de imposto). Ontem, António Borges disse que "a bancarrota desapareceu"... 
Acho que é errado que o país cuja notícia com mais eco internacional nos últimos dez anos foi sobre a Maddy, insista em notícias de desaparecimentos. É certo que acabar com 134 mil fraudes ao fisco e com a corrida às nossas contas nos bancos é boa notícia. Errado é empregar uma palavra que sugere um milagre. "Desaparecer" é ter uma moeda na mão, fazer uns sinais cabalísticos e, tlim!, já não ter. Ou, para quem não frequenta circos entender, ouvir António Borges (é só uma coincidência, insistir nele) com uma proposta para a RTP e, tlim!, afinal já não ser proposta. 
Do que menos precisamos é de varinhas mágicas. Precisamos de melhoria, tendência positiva, avanços. Era bom - pelo menos, até à prova provada de que vamos em frente - que abolíssemos saltos, ruturas e desaparecimentos. Apagar o passado, mesmo mau, é errado porque não aprendemos com ele. E, na verdade, não apagámos coisa nenhuma, servimo-nos dele para propaganda presente. Por exemplo, a notícia dos "134 mil filhos desaparecidos", se pode valer alguma poupança ao fisco, valerá muito mais se for prosseguida com notícias sobre como as fraudes eram feitas, por quem e o que se está fazendo (os gerúndios são ótimos, são anti-rutura, anti-desaparecimentos) para mudar. 
«DN» de 31 Ago 12

Etiquetas: ,

30.8.12

«Portfólio»

Para ver o conjunto completo, clicar [aqui].

Etiquetas:

In God We Trust (em Deus confiamos)

Por Ferreira Fernandes
A EQUIPA republicana, Mitt Romney e Paul Ryan, foi formalizada ontem, e a recondução da democrata, Barack Obama e Joe Biden, será feita na próxima semana. São dois tickets (como se chama a cada lista com o par de candidatos) que trazem factos inéditos numa questão, a religiosa, que os americanos não costumam desligar da política. Ambos candidatos a "vice" são católicos (Biden e Ryan), um candidato a presidente é mórmon (Romney) e só um (Obama) entre os quatro, sendo evangélico, pertence ao ramo religioso dos protestantes. 
Todos esses três factos, haver nos dois tickets dois católicos, um mórmon e um único protestante, são novidade. É mais uma confirmação de que a América, em tantas coisas conservadora, se move. 
Longe vai 1928, quando o primeiro católico nomeado por um dos dois grandes partidos, o democrata Al Smith, foi derrotado por uma campanha a que bastou sugerir que ele recebia bilhetinhos do Papa a dar as diretivas... 
Mas, evidentemente, a mais interessante das ilações a tirar da estatística religiosa das próximas presidenciais americanas concentra-se em Obama. Temos então nele a exclusividade de representar o mais poderoso grupo religioso dos Estados Unidos, os protestantes - desde a fundação do país só o católico John Kennedy, 1960, quebrou a norma do presidente ser protestante. Fica a ironia do único representante protestante estar sob a suspeita pelos protestantes mais extremistas de ser muçulmano. 
«DN» de 30 Ago 12

Etiquetas: ,

O que eles fizeram pelas Ciências da Terra (28)

Por A. M. Galopim de Carvalho
AO ALIMENTAREM-SE de frutos, raízes e animais que, de início, colectavam e, mais tarde, cultivavam ou apascentavam, os nossos antepassados pré-históricos interagiram de muito perto com a biodiversidade dos ambientes que foram ocupando. Interagiram igualmente com a geodiversidade entendida como o conjunto de todas as ocorrências de natureza geológica, com destaque para rochas, minerais e fósseis, cavernas e grutas, montanhas e vulcões, bem como dos ambientes naturais (mares, lagos e pântanos, rios, geleiras e dunas) e processos que lhe dão origem.(...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

A privatização da RTP e o pluralismo democrático

Por C. Barroco Esperança
SEI que os preconceitos podem toldar o entendimento e perverter os julgamentos e que só indivíduos superiores conseguem fugir-lhes, mantendo a isenção. Não é o meu caso. Confesso que tenho preconceitos contra as juventudes partidárias onde os “jotas” aprendem o pior da política sem conseguirem absorver o melhor. Torna-se excelentes coladores de cartazes e divulgadores de slogans sem necessidade de pensar, estruturar ideias e formar a personalidade. (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

29.8.12

Novíssimas Oportunidades?

Que entidade é esta que oferece 3 anos de escolaridade num só, e outros 3 sem exames finais?
Não, não parece ser piada ao Dr. Relvas. É uma escola com porta aberta e - é essa a questão - dá formação em... quê?
(A resposta será dada aqui, em breve, com afixação da imagem completa).
.
 Resposta (já dada por um leitor):

Afinal, somos só aldrabões

Por Ferreira Fernandes
SOUBE-SE, ontem, da catástrofe, pior que o Terramoto de Lisboa (10 mil mortos): em dois anos, desapareceram 134 mil filhos em Portugal! Dados como cidadãos em 2009, desapareceram 104 mil, em 2010, e 30 mil, em 2011. Assim, sem dizer água vai, nem foto "Desaparecido" nos vidros dos supermercados... Uma tragédia enorme e misteriosa. Teremos abatido uma geração, como Herodes? 134 mil é muita gente, é Viseu a desaparecer três vezes. 
A confirmar-se, em matéria de desaparecimentos o triângulo das Bermudas seria uma brincadeira comparado com o buraco negro do Fisco, onde os infelizes foram vistos pela última vez. Fisco? Eu disse Fisco? Sim, os 134 mil estavam nas declarações de impostos dos pais, em 2009, e, depois, desapareceram, quando passou a ser obrigatório o número de identificação fiscal dos filhos nas declarações do IRS. Então, querem ver que...? Sim, há que considerar a hipótese dos 134 mil serem filhos fantasmas, inventados, concebidos só para sacar benefícios, de 190 a 380 euros, e, quando passou a haver controlo, foram abatidos. Metaforicamente abatidos, apagados nas declarações. Não houve holocausto, só aldrabice de papelada. 
Uff, fico tranquilo! Embora, como hoje em dia são sempre os alemães a julgar, não sei se, sendo só aldrabões, não ficamos ainda mais mal vistos.
«DN» de 29 Ago 12

Etiquetas: ,

Apontamentos de Lisboa

Av. Almirante Reis
Rua Edison
Av. Guerra Junqueiro
Alvalade
A foto de cima mostra um dos tristes ex libris de Lisboa. As seguintes mostram como ele, felizmente, está em vias de acabar.

O ventríloquo

Por Baptista-Bastos
O PAÍS que pensa assistiu, entre o perplexo e o estarrecido, às declarações do sr. António Borges a Judite Sousa, na TVI. Perplexo porque viu um assessor substituir o Governo numa entrevista importante. Estarrecido pela frieza gélida com que o senhorito falou no extermínio do serviço público de informação, em troca de coisa alguma. A certa altura da extraordinária conversa, o sr. Borges, impávido e sereno, disse que a questão dos despedimentos previsíveis diria respeito ao novo "operador" logo que a RTP e a RDP fossem desmanteladas. O Governo lavava dali as mãos. Só um tolo admitiria que o preopinante falava com voz própria. Ele mais não era do que o eco, à sorrelfa, de Miguel Relvas, dissimulado nos bastidores pelas públicas razões conhecidas.
Há algo de desprezível na conduta moral de quem se serve de um outro para dizer o que, no momento, não está interessado em afirmar; e de repugnante, naquele que se substitui com a cara, a voz e a ideia. Ambos se equivalem e ambos são a imagem restituída da baderna a que chegámos.
A esta farsa não estará alheio o primeiro-ministro. Não passa pela cabeça de ninguém que o enredo foi montado sem o seu conhecimento. De qualquer das formas, ele terá de esclarecer o assunto. O sr. Borges, ao falar, como falou, assertivo e veemente, da privatização da RTP e da RDP, do que vai mudar e do que vai ser concessionado; dos funcionários que a entidade "compradora" entenderá, ou não, estarem a mais; da extinção absoluta do serviço público e da sua eventual entrega a interesses estrangeiros - disse-o com conhecimento de causa e no registo comum a um governante.
Este desvio do discurso cultural e político transforma-se num apelo ao desmantelamento dos percursos habituais das nossas heranças. Além da gravidade da proposta, e da natureza agressiva do seu conteúdo, que tende a subalternizar a própria democracia, parece-me insultuoso que seja um estranho ao Governo a dar notícia dos factos. E a pôr em causa, com displicente indiferença, a vida de quase duas mil pessoas.
As atitudes deste Executivo têm dissolvido o pouco que nos restava de orgulho nacional. Nenhuma neutralidade pode arbitrar estas pequenas infâmias. E são-no porque o desdém demonstrado pelos governantes parece querer criar as suas próprias razões.
A mística do neoliberalismo, perante um mundo sem pátria e de pensamento único, tem como objectivo o domínio pela obediência, pela submissão e pelo medo. O papel do sr. António Borges é o de um factotum desprovido de toda a singularidade. Em causa estão a grande crise de valores de que enferma a nossa época e a supremacia da finança sobre a diversidade civilizacional. Alegremente, caminhamos para o desconhecido, sabendo-se, de antemão, pelo que resulta da experiência, a configuração da catástrofe.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo acordo ortográfico.
-
«DN» de 29 Ago 12

Etiquetas:

28.8.12

Passatempo com prémios

DEPOIS de um longo interregno, regressam os passatempos com prémio - desta vez há 5 livros (dois de Fernando Évora - como 1.º e 2.º prémios - e mais três).
O desafio é o seguinte:
Aceder ao post publicado [aqui], comentar o tema (no «Sorumbático») até às 20h de 3 de Setembro (2ª-feira), e tentar ficar entre os primeiros premiados pelo júri habitual.
Cada concorrente poderá comentar o referido post ou os comentários já lá afixados; e poderá concorrer quantas vezes quiser, sendo a sua participação considerada, em conjunto, como uma única.
.
NOTA: A decisão do júri será aqui anunciada em "actualização".
.
 Actualização (4 Set 12 - 10h25m)
O júri decidiu atribuir a seguinte classificação: Florêncio, Manuel Bonifácio, Carlos Loureiro e José Batista.
Assim, pede-se aos quatro que, nas próximas 24h, enviem as suas moradas para medina.ribeiro@gmail.com escrevendo, em assunto, «Passsatempo».
Florêncio e Manuel Bonifácio receberão exemplares do livro de Fernando Évora. Carlos Loureiro deverá indicar qual dos outros 3 livros prefere.
Também de entre os outros 3 livros, José Batista deverá indicar 2, por ordem decrescente de interesse.

Apontamentos de Lisboa

Placa central da Av. Sacadura Cabral, 27 Ago 12
Se alguém está à espera que Lisboa seja uma cidade limpa, ordenada e com alguma auto-estima, o melhor é "esperar sentado". Felizmente, há quem ofereça os sofás...

Poucochinho 'is beautiful'

Por Ferreira Fernandes
É OFICIAL, caminhamos para a pobreza. Ontem, o presidente da Unilever, Jan Zijderveld, declarou ao Financial Times (versão alemã, para ser ainda mais credível) que a "pobreza vai voltar à Europa." 
Zijderveld anunciou o que nos vai calhar: "Na Indonésia vendemos amostras individuais de champô por dois ou três cêntimos e ainda ganhamos dinheiro"... 
O futuro próximo é esse, ir à loja comprar raspas de sabonete Lux, três pingos de Azeite Gallo e uma colherzinha de Maizena, isto para ficar por exemplos de marcas da Unilever. 
Na Grande Depressão, fins de anos 20, as donas de casa alemãs iam ao mercado com cabazes de marcos, eram tempos de inflação galopante. A nossa crise é de outro tipo, mais maneirinha: iremos ao mercado com um dedal, para trazer as compras. 
E porque confio no profeta Zijderveld? Já o disse, é da Unilever, empresa com uma filosofia dialética: os opostos chocando-se fazem avançar. A Unilever nasceu na crise, em 1929, da fusão da holandesa Margarine Unie, empresa de margarinas (que causava nódoas), e da inglesa Lever, de sabonetes (que lavava nódoas) - foi um sucesso, é hoje a terceira potência mundial na venda de bens de consumo. 
O segredo da Unilever foi apostar sempre nos contrários: por exemplo, em abril de 2000, quando comprou os gelados Ben & Jerry's, compensou-os com a compra da Slim Fast, empresa de produtos de emagrecimento. Hoje, compensa o tamanhão da nossa crise com pacotes mais pequenos. 
«DN» de 28 Ago 12

Etiquetas: ,

27.8.12

«O Legado de Bourne»

Alguém viu e quer comentar?

Apontamentos de Lisboa

Uma nota de humor urbano na Av. Padre Manuel da Nóbrega

Decerto fizeram contas...

QUANDO, recentemente, o Pingo Doce anunciou que ia deixar de aceitar 'pagamentos com cartões' para valores inferiores a 20€ (prevendo poupar, com isso, uns quantos milhões em comissões), decerto teve em conta as reacções dos clientes.
Ontem e anteontem, no estabelecimento ao pé de minha casa, julgo que já tive uma amostra do que o (e nos) espera: muita gente não se apercebeu de que a "ameaça" era apenas para entrar em vigor em Setembro... e muniu-se de 'dinheiro vivo'. Em consequência, não só várias caixas ATM das redondezas ficaram sem dinheiro ("Fora de serviço" era o eufemismo utilizado), como se geraram bichas como nunca vi nesse supermercado.
.
Mas tudo bem, cada um lá sabe de si. Por mim, só posso dizer que ontem 'cheguei, vi e saí' - e fui fazer as compras ao Modelo do Lourel, que me ficava em caminho e ganhou um cliente.

Apontamentos analfabéticos

Várzea de Sintra

A melhor frase de Armstrong é falsa

Por Ferreira Fernandes
EM JANEIRO de 1996, Bertrand Poirot-Delpech escreveu uma história deliciosa na sua coluna semanal no jornal francês Le Monde. Poirot-Delpech era membro da Academia Francesa e coordenava o suplemento literário do jornal - lembro isso porque a história era atrevida. Contava o prestigiado jornalista que, depois de ter pisado o solo lunar e ter dito o famoso "um pequeno passo para um homem...", Neil Armstrong lançara: "Boa sorte, Mister Gorsky!", frase misteriosa. Para quem era e o que queria dizer a mensagem? Até que, 26 anos depois da sua histórica viagem, o astronauta explicou-se numa conferência de Imprensa - já o podia fazer, disse, porque Mr. Gorsky tinha morrido. Garoto, na sua cidadezinha natal em Ohio, Neil brincava e a bola caiu no quintal dos vizinhos, os Gorsky. Ao ir apanhá-la, Neil ouviu a vizinha avisar o marido: "Sexo oral? Nem penses, só quando o miúdo dos Armstrong for à Lua..." 
História fantástica, veio em vários jornais de todo o mundo (a primeira versão li-a na crónica de Poirot-Delpech) e a frase maliciosa até entrou em canções (hoje é um filme, também). Mas história falsa: gravações da NASA, onde não consta, desmentiram-na. 
O sucesso que o boato teve, a meados dos anos 90, deveu-se à Internet, ainda jovem mas já muito dinâmica. Devemos, pois, a Neil Arsmstrong não só o primeiro passo na Lua mas o aviso de que nem tudo que vem na Internet é verdade. E devemos-lhe também uma bela história.
«DN» de 27 Ago 12

Etiquetas: ,

26.8.12

Rotunda do Ramalhão (Sintra)
Depois de abolidos alguns "C" e "P", será que chegou a vez dos "N"?

Das Rochas Sedimentares (71)

Por A. M. Galopim de Carvalho
O ELEMENTO betume, que entra na composição dos termos cerabetume e naftabetume, tem vindo a cair em desuso entre os estudiosos deste domínio das Ciências da Terra. Bitumen era o nome dado pelos romanos a um combustível natural, viscoso, de cor castanha a negra, o mesmo a que os gregos chamavam asphaltós. (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

Luz - Serralves, Porto 2006

Fotografias de António Barreto- APPh

Clicar na imagem, para a ampliar
 Este museu foi desenhado por Siza Vieira. O seu casamento com a Casa de Serralves e respectivo jardim parece feliz e harmonioso. Siza fez aqui mais uma vez o que ele sabe fazer de melhor: ir buscar a luz onde ela está, donde ela vem, e levá-la cuidadosamente aos sítios onde ele a quer. Parece que o faz com as mãos. Parece que consegue que a luz faça caminhos curvos, dobre esquinas, suba escadas... (2006)

Etiquetas:

Frase cúmplice de tantas mortes

Por Ferreira Fernandes
MORTES causadas por cães perigosos, repetidas e repetidas. 
Ainda há dias, nem duas semanas, titulei, aqui: "Então, até à próxima menina..." Ou até outra pessoa com azar cruzar as bestas. 
Anteontem, em Matosinhos, a morta era mãe do dono do cão assassino. E, por essa relação, dei-me conta de que faltou qualquer coisa. Sempre que há uma morte destas, as caixas de comentários dos jornais enchem-se da frase "não há cães perigosos, há é donos que blá-blá-blá..." Desta vez também não falhou, lá apareceu, ontem, centenas de vezes. Mas não houve um só comentário assim: "Não há filhos perigosos, há é mães que não os souberam educar." 
Seria de esperar, numa situação de um evidente filho perigoso - que tem num apartamento um cão cruzado de pittbull e leão-da-rodésia -, que houvesse comentários que tentassem desculpar essa perigosidade com a falta de adestramento em pequeno. Mas não, ninguém escreveu: "Não há filhos perigosos, há é mães que não os souberam educar." 
Sei o porquê de tantos comentários tirando a culpa dos cães perigosos e nenhum do filho perigoso. É que cães perigosos são negócio e filhos perigosos, não (na Internet ninguém propõe, com foto fofa, "meigos filhos perigosos, 300 euros"). 
Cães perigosos são negócio e, daí, a campanha contumaz da famigerada frase, cúmplice de tantas mortes. Há cães perigosos, sim, sem mas nem meio mas, perigosos como granadas. E a eliminar do nosso quotidiano civilizado, como as granadas. 
«DN» de 26 Ago 12

Etiquetas: ,

25.8.12

Apontamentos analfabéticos

No placard de cima, constata-se que a RFM se arroga o direito de tratar os seus ouvintes por "tu". Até aí, tudo bem - é lá entre eles. Mas, no de baixo, já há algo que merece reparo. O que é?

Todo o jovem é príncipe, exceto...

Por Ferreira Fernandes
NOS ANOS 50, em França, Minou Drouet, menina de 8 anos, teve os seus poemas publicados pela prestigiada editora Julliard. Nascia uma criança prodígio - e uma polémica literária (era ela ou não quem escrevia os poemas?) que foi rematada por uma frase de Jean Cocteau: "Todas as crianças são génios, exceto Drouet." 
Com a catadupa de pequenos escândalos do filho mais novo do príncipe Carlos, logo transferidos para capas de jornais, pode dizer-se que todos os jovens são príncipes, exceto Harry. Tal como a última peça de roupa lhe caiu no 'strip billiard' (uma espécie de 'strip poker' mas mais gráfica, usando tacos e buracos), caiu um dos argumentos mais válidos da monarquia: esta serviria para preparar desde cedo os futuros ou potenciais chefes de Estado (Harry é o terceiro na linha de sucessão). Pelos vistos, não - e não julgo aqui bacanais em Las Vegas. O que eu digo é que os jovens comuns - incluindo os futuros Presidentes, mas de quem ainda se desconhece o futuro -, os plebeus, pois, podem ter o rei na barriga e fazer as tolices próprias da adolescência e da juventude sem ficarem expostos por elas. 
Não se cobram as bebedeiras do jovem David Cameron (só para comparar com um poderoso inglês que não nasceu com o poder garantido) mas o príncipe Harry, pobre alteza, não pode fazer baixezas sem ficar traumatizado. Como se não lhe bastasse ter sabido, criancinha, que era menos do que o irmão. Já houve quem ficasse gago por isso. 
«DN» de 25 Ago 12

Etiquetas: ,

24.8.12

Há qualquer coisa aqui que parece não estar bem - ou que, no mínimo, merece um comentário (que não tem nada a ver com o 69...). Do que se trata?

Plastificando os relvados

Por Ferreira Fernandes  
AOS FINS de semana, o Financial Times (FT) sai do seu mundo de stocks e obrigações, e torna a tradicional cor do jornal, o salmão, mais viva. Na última edição, o que o FT me revelou sobre o atual campeão inglês Manchester City ainda não sei se me maravilhou ou aterrorizou. Como jornal que vive das suas colunas com muitos números, o FT deu destaque à intenção do City de tratar o futebol como já o basquete e o basebol fazem: com estatísticas. 
Uma organização de dados, a Opta, já fornecia aos clubes ingleses, jogo por jogo, passe por passe, tudo, cada semana. A novidade do City foi comprar à Opta esses dados para os tornar... públicos. 
Quem quiser saber quantas vezes o Nani centra para uma cabeça de colega, vai ao website do clube. Porquê essa generosidade? Porque no basebol, diz o FT, foram os clubes que aprenderam com os estatísticos amadores e não o contrário. Com o bodo, o Manchester City quer descobrir não bons defesas mas bons coca-bichinhos de números que saibam, com estatísticas, onde estão bons defesas. Esse saber numérico permite descobrir atletas cinzentos mas com estatísticas brilhantes. 
Convertido em laboratório, o City estudou-se e, por exemplo, na última época tornou-se o rei dos cantos... 
Maravilhei-me com tudo. O terror veio disto: e que fazer com o Sobrenatural de Almeida? Essa invenção do cronista Nelson Rodrigues não cabe em números e, no entanto, permite aquele espanto que torna o futebol único.
«DN» de 24 Ago 12

Etiquetas: ,

23.8.12

A velhinha que salvou o pintor

Por Ferreira Fernandeserreira Fernandes
EM SARAGOÇA, havia a Farmácia Ríos, centenária e com belos móveis, cerâmicas e frescos. Em 1987, a farmácia fechou, foi vendida e a família doou o mobiliário e as cerâmicas para um futuro museu. Mas os frescos, agarrados às paredes, desapareceram na voragem do negócio. Não sei se hoje é hamburgueria ou banco, mas deve ser comércio que não saberia explicar o porquê de retortas desenhadas nos tetos. Eram obras de Elías García Martínez (1858-1934), professor na Escola de Belas Artes de Saragoça, pintor de arte efémera (fazia obras religiosas para os desfiles da Semana Santa), mas que merecia, como todos os artistas dedicados, ter deixado memória. As notas breves da sua biografia na Wikipedia não são ilustradas por nenhuma das suas pinturas - esquecido, era o que estava o homem. Por exemplo, um seu fresco, um Cristo, numa capela de Borja, na província de Saragoça, não atraía os turistas, desalentados pelos cinco quilómetros até ao cimo de um monte. 
Esta semana, porém, esse Cristo tornou-se a pintura mais famosa do mundo... Cecília, uma velhinha de 80 anos, fiel da capela de Borja, pesarosa pelos estragos do tempo no Ecce Homo, decidiu dar-lhe uma demão. Como na cena célebre de um filme de Mr. Bean, Cecília borrou a pintura... Ou talvez não. 
Olha-se para o novo Cristo e causa compaixão: e não é esse o sentido fundo do Ecce Homo? Depois, uma coisa é certa: começou a corrida às obras de Elías García Martínez, o ex-esquecido.
«DN» de 23 Ago 12

Etiquetas: ,

Porta Nova (11) - Quando uma cigana fez o papel das cegonhas

Por A. M. Galopim de Carvalho
EU TINHA sete anos, idade suficiente para andar na Escola, mas a minha mãe entendia que eu era muito pequenino para me sujeitar ao desabrigo gélido e húmido de São Mamede e às reguadas dos professores que, no dizer do meu irmão Mário, que já lá andava, eram uns desalmados especialistas em zurzir crianças. Assim, entre o aprender o bê-á-bá, pela Cartilha Maternal, do João de Deus, e decorar a tabuada, ao lado dela, enquanto costurava, e o conviver com os meus amigos artesãos de muitas profissões na Porta Nova e o brincar aos caixeiros na mercearia do Anselmo, os meus dias corriam felizes. Sendo o mais novo de uma família de cinco filhos, com as suas dificuldades, numa casa que não era grande, ainda dormia no quarto dos pais.
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

Alberto João Jardim – Um fascista grotesco

Por C. Barroco Esperança
BAPTISTA-Bastos, de quem copio o próprio título, escreveu a respeito do sofrível cidadão, medíocre português e execrável sátrapa da Madeira, o seguinte:
«Alberto João Jardim não é inimputável, não é um jumento que zurra desabrido, não é um matóide inculpável, um oligofrénico, uma asneira em forma de humanóide, um erro hilariante da natureza.
Alberto João Jardim é um infame sem remissão, e o poder absoluto de que dispõe faz com que proceda como um canalha, a merecer adequado correctivo». (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

22.8.12

Enfim, uma história simples

Por Ferreira Fernandes
ANTIGAMENTE as histórias eram simples, a filha do faraó ia lavar-se ao rio e recolhia um bebé que vogava num cestinho de vime. A princesa dava-lhe o nome de Moisés, o "salvo das águas", e a vida ia por aí fora, simples: Moisés falava com Deus, sabia abrir as águas do mar e assim. 
Agora, as coisas tornaram-se demasiado complexas. Guerras tecnológicas, crises inexplicáveis, líderes perdidos... Já não estamos preparados para um rapazito de dois anos e meio a perder-se na horta. Aliás, quase não há mais hortas. Mas, em havendo, as coisas voltam a ser simples. 
Leidson estava com a mãe (cara talhada como Nefertiti, não sei como ninguém viu um sinal nisso) que trabalhava numa horta (São João da Talha é nas margens do Tejo, outro rio, outro sinal). Os sinais apontavam todos para uma história simples: o travesso apanhou a mãe distraída e desapareceu. Aí, reagimos todos com a complicação moderna: rapto, buscas com cães, Unidade de Contra-Terrorismo... 
Passaram duas noites e, afogados nos nossos densos mistérios, não soubemos encontrar o Leidson. Ora ele estava, onde mais podia estar?, debaixo de um feijoeiro, na horta. Depois de tanto tempo, os jornais voltaram ao que é uma boa, honesta e simples história. 
Uma leitora, simples, do DN online, teve uma epifania: "Já ganhei o dia", escreveu quando soube. Outro, irremediavelmente complicado, escreveu: "Leidson é nome?" É, etimologicamente quer dizer "encontrado debaixo de um feijoeiro". 
«DN» de22 Ago 12
Coisas do "inglês técnico"...

Os nossos velhos

Por Baptista-Bastos
QUEREM ausentá-los mas eles não se ausentam. A sociedade coloca-os nos jardins, por inúteis, mas não o são; e recordam-se e fazem correr os rosários das memórias, e martirizam-se com as dores no corpo e as dores na alma, estas as piores de todas elas; são deixados, mesmo que, aparentemente, os não deixem; por vezes desorientam-se e perdem-se nas ruas. Os nossos velhos foram tipógrafos, estradeiros, carpinteiros, construíram prédios e barragens, navios e pontes; as suas mãos tornearam a madeira e furaram as montanhas e montaram os carris e fizeram as vindimas e afagaram-nos e tiveram-nos ao colo, protegem-nos, vigiam-nos, nossos pais, nossos avós. Os nossos velhos.
O polimento secular da bestialidade fizera das relações humanas um traço de civilização. Os celtas atiravam os velhos dos penhascos, porque incómodos, e já não eram precisos. Os laços sociais que se foram estabelecendo não impediram as guerras e as atrocidades inomináveis. A educação e a harmonia de costumes não são dados adquiridos, e o poder de uns sobre outros é um elemento da luta de classes. Os homens são bons, quando novos, apenas porque produzem. Velhos, deitam-nos para o lixo.
A regressão dos sentimentos e das atitudes, impulsionada pelos novos modelos sociais que nos impõem, desemboca em múltiplas incertezas. O desprezo pelos velhos é uma das variantes dessa regressão, que não nos propõe outros valores. E indica que temos de enfrentar um desafio moral delicado, com que seremos, inevitavelmente, confrontados. O conceito de família, tal como o conhecemos, tem sido aniquilado pelas novas leis de valor. Mas estas leis não significam que sejam as melhores. Pelo contrário.
As doutrinas do "mercado" estão a pulverizar o modelo europeu de sociedade, até agora o mais harmonioso porque o mais humanizado. Será preciso redefinir as bases do contrato social?
Deitar os velhos fora, abandoná-los em caricaturas de "lares" ou nos gelados corredores dos hospitais parece característica do tipo de sociedade em formação. Aprender a conhecer é aprender a fazer e a viver em conjunto. Remover os velhos do nosso carinho e dos nossos afectos, é removermo-nos a nós próprios da condição humana. Querem ausentá-los, mas eles não se ausentam. Estão ali, muito mais atentos do que se possa presumir. Eles são a memória de todos, a nossa pessoal memória, e a nossa certeza do que fomos para entendermos o que seremos.
Extorquem tudo aos velhos, agora, até, por aumento das tarifas nos transportes, a possibilidade de viajar em Lisboa. Não se queixam, mas não afrouxam. Ei-los. Estão aqui e ali. Vou a O'Neill e reproduzo-o: "Velhos, ó meus queridos velhos, / saltem-me para os joelhos: / vamos brincar?"
«DN» de 22 Ago 12

Etiquetas:

21.8.12

Vantagens da concorrência

ESTAS fotos foram tiradas no passado dia 12, na A2, pelo que os valores indicados já não são actuais. No entanto, o essencial da mensagem que os placards nos transmitem mantém-se: «Se está preocupado com o aumento dos preços dos combustíveis, faça a sua parte: defenda-se; compare os preços, e escolha o que mais convier à sua bolsa».

Dito & Feito

Por José António Lima
SERÁ verdade, como indiciam algumas notícias, que Francisco Louçã se prepara para abandonar, com apenas 55 anos, a liderança do Bloco de Esquerda? E, a ser verdade, quem será o Carvalhas de Louçã, o seu designado sucessor?
As perguntas, podendo parecer provocatórias, fazem todo o sentido. Os pequenos partidos da extrema-esquerda, do PSR à UDP, que estão na génese do Bloco, sempre foram derivações do PCP. Menos conservadores nos costumes do que os velhos comunistas, de mentalidade mais aberta à mudança e aos fenómenos da modernidade (daí as causas fracturantes como bandeiras políticas), mas com um espírito de grupo, quase de seita, mais acentuado e radical do que o PCP. Também a idiossincrasia dos seus líderes e a sua tradicional longevidade nos cargos apresentam evidentes afinidades entre Álvaro Cunhal e Francisco Louçã.
Cunhal esteve oficialmente 31 anos como secretário-geral do PCP, de 1961 a 1992. Louçã é dirigente máximo da esquerda radical há 34 anos, no PSR de 1978 a 1999 e no BE nos últimos 13 anos. Pode dizer-se que Cunhal já era o líder de facto do PCP desde os anos 40, mas também Louçã já dirigia a LCI, antecessora do PSR, desde 1973.
A grande diferença é que Cunhal só abriu mão da liderança aos 78 anos, no bom estilo dos dirigentes soviéticos e da tradição dos partidos marxistas. Deixando como sucessor uma figura apagada e sem carisma político como era Carlos Carvalhas. Ora Louçã tem apenas 55 anos. E não se vê no BE uma figura com uma dimensão política aproximada para lhe suceder. João Semedo é uma espécie de Carvalhas, simpático mas apagado, além de ser cinco anos mais velho, contrariando a renovação partidária geracional. E a hipótese de uma liderança bicéfala ou tricéfala no Bloco é obviamente suicida.
Por outro lado, o que irá ocupar Louçã, que sempre fez das lideranças políticas a principal motivação da sua vida, nos próximos 20 ou 30 anos? Reforma-se? Ou estará a pensar, como Durão Barroso, num cargo internacional de liderança? Encabeçando, por exemplo, com o seu camarada Alexis Tsypras, uma frente popular sul-europeia anti-troika e anti-Merkel?
"Sol"

Etiquetas: ,

O Futuro dos Nossos Netos

Por Maria Filomena Mónica
EM 2001, publiquei um artigo intitulado «Os nossos filhos virão a ser mais ricos do que nós?», onde respondia afirmativamente à pergunta. Nascidos em 1963 e 1964, os meus tinham entrado para a instrução primária ao som do Imagine de John Lennon, viajado pela Europa no InterRail e conseguido um emprego após a conclusão dos estudos. Além disso, iriam herdar a casa que, no final de sucessivos adiamentos, tinha comprado com um empréstimo bancário. Mas o meu raciocínio continha uma falácia, comum aos herdeiros do Iluminismo: a de que o Progresso seguiria em linha recta até à glória final.
Seja como for, é dos netos que hoje pretendo falar. Sei, e eles sabem, que os espera uma vida dura, incerta e arriscada. A abundância do após-guerra sofreu uma tal martelada que a Rita, a Joana e o Miguel não podem encarar o futuro com a alegria com que o fiz ao celebrar os meus 18 anos. Como se não bastassem as elevadas taxas de desemprego juvenil, irão ter de pagar as pensões de um número crescente de velhos.
Há dias, foi divulgada uma estatística, que informava ter o número de jovens interessados em ir estudar para o estrangeiro aumentado, quando comparado com o ano passado, em 140%. Não precisava de ler isto para me inteirar do que se passa: bastou-me falar com a neta primogénita para me aperceber que elas e as suas amigas querem deixar Portugal o mais rapidamente possível. Para todos, filhos de ricos ou de pobres, o futuro é negro.
Os adultos com mais de cinquenta anos devem reflectir sobre a sua responsabilidade relativamente às gerações que não só terão de pagar a dívida pública que contraímos, como terão de competir, num mundo globalizado, com jovens oriundos de países onde o sistema público de educação é melhor do que o nosso.
Ia a meio deste artigo quando recordei que, em 1929, John Maynard Keynes tinha escrito um ensaio intitulado Economic Possibilities for our Grandchildren. Em pleno crash, o conhecido economista afirmara que, em 2.029, ou seja, num tempo muito próximo do nosso, o mundo seria infinitamente melhor. Previa que os cidadãos do século XXI apenas trabalhariam 3 horas por dia, o necessário para satisfazer as suas necessidades básicas, podendo ocupar os tempos livres a pintar, a ler e tocar música. Os seus netos teriam a possibilidade de se comportar como os lírios do campo, os quais, segundo a Bíblia, não trabalhavam nem fiavam, mas cresciam. Já Marx, em A Ideologia Alemã, sonhara com um esquema parecido. Ambos estavam, como sabemos, enganados.
Os meus netos têm diante de si não a perspectiva do ócio aristocrático, mas o pesadelo do desemprego. O erro de Keynes tem origem no facto de ter pensado que o mundo era sinónimo da Europa e, talvez mais importante, de ter acreditado que a Humanidade aspirava a levar o estilo de vida da clique elitista a que pertencia, o chamado Bloomsbury Group. Tomara eu que o mundo que espera os meus netos fosse o que Keynes delineou. Desgraçadamente, não é esse o caso.
«Expresso» de 18 Ago 12

Etiquetas:

A fórmula Marcelo, essa de que se fala

Por Ferreira Fernandes
NO DOMINGO, na TVI, surpreendendo quem pensava que ele ia falar dos cortes nos subsídios, o professor Marcelo deu a tática ao FC Porto. Disse: "Onde se vai buscar pontos para ganhar o campeonato? Há duas fórmulas. A fórmula Benfica e a fórmula FCP corrigida. A fórmula Benfica é essa de que se fala, foi o que o Benfica fez para ganhar o campeonato no ano passado, quando foi buscar 50% de pontos a todos os clubes. Isto é a fórmula Benfica. O que é que tem a seu favor? Já passou na Federação. Se a Federação já aprovou um campeonato ao Benfica, agora é só dar o dobro de pontos ao Porto. Bom. Depois, há a fórmula FCP corrigida: em vez dos outros clubes perderem os dois jogos, é só perderem nas Antas e depois o resto é para ser repartido por todos. E, portanto, o Pinto da Costa tem de optar ou por aderir à tese Benfica - o que não deixa de ser irónico, porque os portistas disseram as últimas do Luís Filipe Vieira - ou à tese do FCP corrigida. A segunda é mais justa e por uma razão: o Porto não ganha um campeonato há anos..." Aí, Judite de Sousa interrompeu: "Há aqui algo que me está a fazer confusão. Não tenho ideia de que ganhou o Benfica." Marcelo: "Então, não?!" Judite: "Quando?" Marcelo: "No... no... ano passado. Não se lembra?" Judite: "Nos dois últimos anos quem ganhou foi o Porto." Marcelo: "Foi?!!!"... - Isto aconteceu (mais ou menos) no domingo passado. No próximo, o professor vai falar da vitória da Alemanha na II Guerra Mundial.
DN de 21 Ago 12

Etiquetas: ,

20.8.12

Notícias da frente (lado varandim)

Por Ferreira Fernandes
JULIAN Assange veio à portada aberta, ergueu o queixo como um cabo de guerra, olhou à volta, levantou o pé do microfone e falou durante dez minutos. A portada dava para um varandim que estava à altura de homem do passeio da rua. Assange nunca ultrapassou as ombreiras, nem com as mãos, que estavam como o discurso, mornas. Os polícias londrinos, cujos bonés nivelavam com os sapatos de Assange, nunca tentaram dar um saltinho e agarrar-lhe as bainhas das calças. Quer dizer, nem Assange ousou abrir mais uma discussão diplomática (o varandim é território britânico ou equatoriano?), nem a polícia ousou o saltinho. 
A guerra Reino Unido-Equador mais parece alguns momentos da guerra de há quase cem anos, em dias calmos e sem tiros, quando das trincheiras só partiam insultos para o campo oposto: "Boche! O que é que a tua mulher estará a fazer neste momento?" Mas não será uma guerra longa, acaba no começo do próximo ano, o Presidente Rafael Correa tem eleições e depois delas o australiano deixa de interessar. Mas vamos ter várias aparições de Julian Assange. 
Os sírios têm os bombardeamentos, nós temos as aparições de Assange. 
Diz-se que os povos felizes não têm história. Os sírios são manifestamente um povo infeliz, acontece-lhes, cai-lhes, muita coisa em cima. Nós também somos infelizes, escusava era, além disso, de sermos ridículos com o que nos cai em cima.
DN de 20 Ago 12

Etiquetas: ,

Pergunta de algibeira (curiosidade aritmética)

Considere-se um número qualquer; 
inverta-se a ordem dos seus algarismos, obtendo um novo número;
subtraia-se o menor do maior;
verifique-se que o "noves-fora" do resultado é zero.

Exemplo:
  9876540-0456789=9419751 
Desafiam-se os leitores a dar uma explicação (o mais simples possível) para o facto de isso ser verdade, seja qual for o número de partida.

19.8.12

A vingança de Francisco Louçã

Por Ferreira Fernandes
AINDA em março o New York Times, para falar delas em título, tinha de fazer sons onomatopaicos: "Russian Riot Grrrrrls Jailed" ("Presas as russas Rrrrraparigas da Revolta"). Vão dizer-me: mas como pode haver pudor em dizer o nome da banda russa, Pussy Riot, quando atrizes respeitáveis interpretam "The Vagina Monologues"?! Acontece, porém, que em inglês "pussy" está para "vagina" - sendo a mesma coisa - como na culinária a sandes de courato está para o tornedó. Por isso, há meia dúzia de meses, os jornais anglófonos escondiam com mil cuidados as Pussy Riot. Mas elas acabaram de saltar para os títulos. Ontem, o NYT já não as negava e o londrino Times tinha uma manchete de fazer corar a rainha Vitória: "Pussy Riot uproar" (O Rebuliço das Pussy Riot). 
Não queiram saber a novidade que isto é para um debate político quase centenário... A seguir à Revolução de Outubro de 1917, os russos estavam divididos entre as teses de Estaline e as de Trotski. Os estalinistas, satisfeitos com o que tinham, a revolução num só país, apesar de a velha Rússia ser atrasada e de camponeses; os trotskistas, convencidos de que o socialismo só podia vingar se fosse exportado para os países industrializados e modernos. Na luta de poder em Moscovo, ganhou Estaline. Ora, o que agora vemos é que três raparigas punk conseguiram o que Trotski falhou. As Pussy Riot, à falta de impor a "riot" (revolta) à Rússia, impuseram a "pussy" aos ingleses e americanos.
DN de 19 Ago 12

Etiquetas: ,

Rua de Nova Iorque, 1978

Fotografias de António Barreto- APPh
Clicar na imagem, para a ampliar
.
Nova Iorque é assim... (1978)

Etiquetas:

Das Rochas Sedimentares (70)

Por A. M. Galopim de Carvalho 
A EXPLORAÇÃO intensiva de carvão, de “mãos dadas” com a do ferro, está intimamente ligada à Revolução Industrial do século XIX. Iniciada na Europa, com a Inglaterra, a Alemanha e a França na dianteira, rapidamente passou ao continente norte-americano e, mais lentamente, ao resto do mundo. Portugal entrou nesta corrida na medida das suas modestas reservas e capacidade tecnológica. Esta perspectiva de ligar o progresso à colossal energia armazenada no carvão fóssil incrementou não só a exploração como a procura, sucedendo-se as descobertas de importantes bacias carboníferas. (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

18.8.12

Mbuysa Makhubu

Por Ferreira Fernandes  
OLÁ, Mbuysa Makhubu, onde quer que estejas. A tua foto pertence à minha vida. Eu era jovem, tu, adolescente e os nossos países apanhados pelos ventos da história. Vestias uma jardineira de pobre, trazias um garoto ensanguentado nos braços e ao vosso lado corria uma menina em pânico. Minutos antes não os conhecias. Ela era Antoinette, irmãzita do ferido, e este, Hector Pieterson, 12 anos, abandonava-se em ti como Cristo nos braços da mãe, anunciando a sua morte. E tu eras, mais do que o combate que eu pensava então, eras a pietà, a generosidade. 
16 de junho de 1976, arredores de Joanesburgo, o Massacre do Soweto, 23 mortos. O mundo era então a preto e branco. Mas, mais tarde, no teu bairro, vi um mármore com as palavras da tua mãe: "Mbuysa pegou no Hector não por heroísmo, mas como um ato de irmão." Depois de seres ícone, desapareceste, nunca mais ninguém soube de ti, nem a tua mãe. Hoje, eu queria saber. 
Depois da foto, o teu país mudou muito e mudou tão pouco. Anteontem, a polícia sul-africana atirou e matou 34 homens. Antigamente eram tão fáceis as coisas, eram a preto e branco. E hoje? Hoje, gostaria de te encontrar para to dizer, tudo muda muito e muda tão pouco, mas restas tu. 
Um dos jovens dirigentes do ANC nos dias do Soweto, Cyril Ramaphosa, é agora um dos administradores das minas que os polícias defendiam. E tu és aquele que dá a mão, ergue o ferido e depois desaparece. Tu, desaparecido, és aquele que fica.
«DN» de 18 Ago 12

Etiquetas: ,

17.8.12

Assange e a guerra do preservativo

Por Ferreira Fernandes
EM AGOSTO de 2010, Julian Assange, famoso e em vias de o ser mais, foi a um debate, na Suécia. Encontra "Miss A", que o convida a ir lá para casa. Têm sexo. Dias depois, noutro debate sueco, Assange encontra "Miss W", vão para casa dela e têm sexo. 
Os debates na Suécia já parecem um manual de instruções do Ikea, sempre com convites para montar algo. E até faltou uma peça: "Miss A" e "Miss W", tendo-se encontrado dias depois, conversaram sobre Assange e deram-se conta de que ele não usou, como prometido, o preservativo. Apresentaram queixa e estamos agora à beira de uma guerra. 
Já houve guerras por causas insignificantes, mas nunca por uma tão fina e transparente. Assange foi para o Reino Unido, a Suécia pediu extradição, Londres concedeu, Assange fugiu para a Embaixada do Equador, Quito deu-lhe asilo político e temos armado o conflito. O Equador quer levar Julian Assange e a Grã-Bretanha não deixa. 
Depois de terem guerreado os argentinos por causa de lã (nas Malvinas só há ovelhas), os britânicos arriscam-se a combater outros sul-americanos por causa de látex. Entretanto, Julian Assange está nas suas sete quintas. Se bem se lembram, ele tornou-se famoso por desvendar telegramas diplomáticos. E, agora, está dentro de uma embaixada... O embaixador equatoriano tem interesse em fechar bem as gavetas. Ele que pergunte às suecas. 
Assange pode só entrar quando é chamado, mas depois de lá estar não é de confiar.
 «DN» de 17 Ago 12

Etiquetas: ,

16.8.12

Não entendo

Por Helena Matos 
O desaparecimento de documentos é em Portugal e não sei se noutras paragens uma prática ou uma acusação recebida com uma tolerância verdadeiramente surpreendente.

Etiquetas: ,

Reinventar a retrete

Por Ferreira Fernandes
O ASSUNTO é delicado. Tanto, que os franceses lhe chamam "WC", pretenso termo em inglês (de water-closet) que nenhum país anglófono usa, e os ingleses dizem "toilet", vindo do francês "toilette"... - enfim, ambos se escondem quando perguntam onde fica aquilo que, no fim do corredor, à esquerda, os livra de aflições. 
Vou falar de "casas de banho" (estão a ver?, também usamos eufemismos). Diz o Chicago Tribune que Bill Gates está interessado na, falemos claro, retrete. Na passada terça-feira, Gates anunciou que vai investir 6,5 milhões de dólares no seu projeto "O Desafio de Reinventar a Retrete". 
No mundo há 2,6 mil milhões de pessoas sem retrete e as nossas ficam-lhes demasiado caras em água e tratamento de esgotos. 
Em 1596, John Harrington, um poeta inglês, inventou o autoclismo. O poeta chamou ao tratado que descrevia a sua invenção "Novo Discurso sobre um Assunto Preso: Chamado a Metamorfose de Ajax" (repito, nunca foi fácil falar disto). Depois, em 1775, outro inglês, Alexander Cummings, um relojoeiro (o assunto sempre interessou gente de profissões delicadas), inventou o sifão. 
Ora, até agora, não houve mais nenhum contributo notável à sanita. Por isso o desafio de Bill Gates é extraordinário. Em francês antigo retrete chamava-se "cabinet d'aisance" - de "gabinete", como por exemplo dos ministros, e de "comodidade" que todos devem ter. Retomar e distribuir essa ideia para a humanidade inteira é de um homem nobre. 
«DN» de 16 Ago 12

Etiquetas: ,

O que eles fizeram pelas Ciências da Terra (27)

Jean-Baptiste Louis Romé de l'Isle (1736-1790)
Por A. M. Galopim de Carvalho
ANTIGO oficial de marinha francês, celebrizou-se como mineralogista e fundador da cristalografia, disciplina que, ao tempo, era exclusivamente morfológica ou geométrica, baseada, sobretudo, em medidas de ângulos diedros entre as faces dos cristais.
Durante um período de cerca de três anos em que, juntamente com Georges Balthazar Sage (fundador da École Royale des Mines de Paris), ficou prisioneiro dos ingleses nas Índias Orientais, desenvolveu com este seu companheiro o gosto pela mineralogia, disciplina que lhe abriu o caminho da cristalografia. (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

Recordando alguns cancros que corroem a República

Por C. Barroco Esperança 
DEPOIS da normalidade democrática, estabelecida com as primeiras eleições livres em 25 de abril de 1975, na vigência da atual Constituição da República, os casos mais graves, foram o terrorismo, a corrupção e a intriga política, crimes cuja falta de punição tem minado as instituições e levado à desconfiança cívica. 
Quanto ao terrorismo, foram condenadas – e bem – as FP25A, tendo ficado impunes todos os crimes da extrema-direita, do MDLP, do ELP, do movimento separatista da Madeira e, com algumas dúvidas quanto à origem criminosa, a explosão do avião em que morreram Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e os seus acompanhantes. (...)
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

15.8.12

Então, até à próxima menina

Por Ferreira Fernandes
UM TIPO deita fogo a um elevador e mata os três infelizes que lá iam. Eis o que se pode chamar acidente. Um imprevisto. Não há nada a fazer, 'antes', contra tipos que fecham pessoas dentro de elevadores e as assam. São como os raios, acontecem. Não se pode ter células de intervenção a postos caso surja o assassino do elevador. O que há a fazer é a posterior: depois do imprevisto, prendê-lo o máximo de tempo. Antes, nada se pode fazer. 
Mas há mortes que podem ser evitadas: basta não lhes chamar acidentes. Por exemplo, mortes como daquelas duas meninas, no Porto - uma, de ano e meio, rasgada por um dogue argentino, e outra, de oito anos, com a morte nos olhos para toda a vida pelo que viu acontecer à irmãzita. Isso não foi acidente. Não foi imprevisto. Era tão previsível como a conversa criminosa que se seguiu ("não há cães perigosos, há é..."), patrocinada pelos perigosos criadores de cães perigosos. Há cães perigosos, sim, e lista deles. Por isso é que nunca é acidente o que fazem. E por isso eles não podem existir onde haja gente normal. 
Exemplo de gente normal é uma menina de dois anos que quando um cão a lambe lhe puxa uma orelha. Exemplo de cão perigoso é o que estraçalha uma menina que lhe puxou a orelha. Onde houver gente normal não pode haver cães perigosos. Os donos desses cães podem estar descansados, não estando no pressuposto da frase anterior, podem ir com os seus queridos assassinos para onde quiserem. Longe. 
«DN» de 15 Ago 12

Etiquetas: ,

A cega loucura

Por Baptista-Bastos
ESTÁ a registar-se, embora lentamente, um movimento de regresso à terra, como meio de subsistência. É o resultado dramático da ausência de perspectivas para os mais novos, e do sufoco que sofrem os mais velhos, com a extorsão aos seus elementares rendimentos. Este retorno não vai alterar, em nada, as dificuldades por que atravessamos: apenas alivia alguns portugueses, uns por desespero e não desejarem sair do País; outros por impedimento da idade. A agonia lenta de muitos de nós torna-se cada vez mais inteligível, mesmo para aqueles que proclamam o estribilho insultuoso segundo o qual "estamos no bom caminho."
O tornar ao campo não significa o desejo subjectivo contido, por exemplo, no Jacinto d'A Cidade e as Serras, de redescoberta do paraíso perdido. Aquele fora atacado pelo "mal de siècle", o tédio e a ociosidade. Os portugueses de agora são o alvo, aparentemente inconvertível, de uma ideologia protectora dos poderosos. Em vez de uma história em tempo longo mas, apesar de tudo, inspiradora de esperanças, impõe-se uma história com algo de sórdido e de inumano.
Aquilo que vale, do ponto de vista de economistas associados àquela doutrina, é a relatividade dos valores, e a consequente mutação dos indicadores financeiros. O "capitalismo desgovernado", de que falou, anteontem, em Fátima, D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, resulta da própria natureza predadora do sistema. Aquele prelado, aliás, tem criticado a passividade dos cristãos ante o que considera uma pesada ameaça à Humanidade. Há um manifesto e significativo mal-estar em certos sectores da Igreja na análise à violência da razão dominante.
Pedro Passos Coelho não se sente constrangido ao obedecer aos ditames desta ideologia de repressão. Mas os efeitos de contágio são perigosos. Como já foi dito, o primeiro-ministro abriu a caixa de Pandora e não sabe como fechá-la. Acha-se muito confortável entre aquela gente com a qual se encontra nos sinédrios internacionais. Olhamos e não acreditamos que sejam eles que regem os nossos destinos. As flutuações do tempo, desde a queda do Muro de Berlim, permitiram a ascensão de uma mediocridade impante, que não garante nem a nossa liberdade nem a nossa segurança.
No PS, infelizmente, há quem simpatize com estes princípios dominantes, e aceite a versão de um mundo descomprometido dos valores do "universal humano." A ética é substituída pela pragmática, o eufemismo mais vil que existe para dissimular a traição. A exaltação do empobrecimento, como justificação para o equilíbrio das contas públicas, leva à degradação do ser, em todas as variantes. Uma loucura cega atravessa a Europa e invadiu Portugal. O regresso à terra é uma remigração exclusivamente determinada pelo capitalismo. A Igreja começou a advertir de uma deformidade que nos impele à destruição.
«DN» de 15 Ago 12

Etiquetas:

14.8.12

O petróleo perdoa muita maluquice

Por Ferreira Fernandes
ENVIAR o robô Curiosity a Marte quando temos mais perto a Arábia Saudita é um exemplo de desperdício. Sem precisar de foguetão e tendo só de passar por uma alfândega meticulosa, chega-se a desertos e leitos de rios secos como no quarto calhau a contar do Sol. E se resta provar que aquela viagem de 560 milhões de quilómetros do robô encontre alguma coisa de jeito, a ida ao reino saudita garante provas de vida primitiva. 
Ainda agora, anunciou o diário britânico Guardian, se ficou a saber que na Província Oriental se vai construir perto de Hofuf uma cidade só de mulheres. Mesmo os primatas mais atrasados entenderam, há milhões de anos, que assim não dá (basta uma geração com completa separação de géneros e a raça acaba ali), mas o fundamentalismo islâmico local quer tentar a experiência. Como apesar de tudo (exemplo de tudo: as mulheres estão proibidas de conduzir) há cada vez mais seres desse sub-género a procurar trabalho, dá-se-lhes uma saída onde elas não perturbem o sobre-género. Então, aquela cidade (e estão previstas sete), com 5 mil empregos no têxtil, farmácia e agroalimentar. Só mulheres. 
Um bom bocado mais abaixo, na África do Sul, houve uma experiência similar, chamaram-lhes bantustões e acabou mal. Segregava negros e o mundo indignou-se muito. Desta vez só segrega mulheres, talvez o mundo se indigne menos. Mas é como eu digo, se a segregação for mesmo radical é capaz de acabar por si própria.
DN de 14 Ago 12

Etiquetas: ,

13.8.12

O desmaião do alemão

Por Ferreira Fernandes
VI E REVI. Vídeo desfocado em momentos semicruciais, mas dá para ver o que se passou, sem margem para dúvidas. 
Caminhando o árbitro alemão com dois jogadores do Benfica e com o amarelo na mão para punir, surgiu-lhe inopinadamente Luisão. Este, no cumprimento das suas funções de capitão, afastou com o ombro direito um colega e postou-se frente ao árbitro. Chocaram. Este simples facto extravasa as funções do capitão, que deveria ter sido expulso. Não o foi porque o árbitro desmaiou, de pernas e abraços abertos como, talvez, nos palcos de mau teatro. Digo "talvez" porque sucede também em situações de AVC e desconheço o boletim clínico do alemão. 
Aconteceu isto em jogo de futebol (desporto enérgico) e com regras (que impedem que se toque no árbitro). Luisão deveria ter sido expulso, por infração disciplinar, e deveria continuar a ser considerado o que é, um atleta correto. E o árbitro deveria curar-se, da tensão alta ou da baixice. 
O presidente do Fortuna de Dusseldorf disse: "Nunca vi nada assim." Estranho, tinha ele 27 anos, Mundial de 82, Alemanha-França, e o guardião Schumacher partiu três dentes e feriu duas vértebras ao francês Battiston. O encosto foi considerado - e bem - não intencional. Mas isso é futebol e um presidente pode não perceber de futebol. Ele também quer de volta os 200 mil euros que pagou ao Benfica pelo jogo. Isso é melhor pagar, ele é alemão e a extorquir eles são hábeis. Melhores, só a dar lições. 
«DN» de 13 Ago 12

Etiquetas: ,

12.8.12

Luz - Rua de Hay-on-Wye, 1990

Fotografias de António Barreto- APPh

Clicar na imagem, para a ampliar
Nunca me cansarei de visitar e fotografar esta aldeia... A tabuleta anuncia uma visita histórica guiada ao castelo, às livrarias, ao mercado... (1990)

Etiquetas: