31.3.05

1ª página do «EXPRESSO» da semana passada

A maior parte dos consumidores entrevistados ao acaso diz preferir a Coca-Cola à Pepsi. No entanto, em testes-cegos, o resultado é o oposto.

Na imagem que aqui se vê, a palhinha da esquerda também "está nessa onda" de rejeição...

A crer no que é dito no livro «ANJOS E DEMÓNIOS», a actual nota de 1 dólar está cheia de símbolos maçónicos - a pirâmide, o olho em cima dela, etc., etc.

No entanto, a «Visão» de 31 Mar 05 (que traz um artigo bastante longo sobre o livro e sobre o autor) refere a opinião - contrária - de Jean-Pierre Laurent, do Centre de Recherche Scientifique:

«O olho é um símbolo cristão que representa a Trindade».

Bem... tratando-se de um «Olho», temos de acreditar na «Visão»...

30.3.05

(Então ainda não apareceu nenhum Cardeal "Tontini" a dizer que o que se lê no livro é tudo mentira?!)

Embora só recentemente tenha sido publicado em Portugal, «ANJOS E DEMÓNIOS» foi escrito em 2000, três anos antes de «O CÓDIGO DA VINCI», e quem gostou deste livro também gostará daquele. Tem muitos aspectos semelhantes: o estilo à Michael Crichton, a duração da acção, o nome do herói, a sucessão de pistas, um destacado sábio da Renascença (Galileu, desta vez), uma organização secreta, o Vaticano, os pesadelos da Igreja... Chega até a dar a impressão de que foi um rascunho do outro!

Curiosidade:

Em ambos os livros, a personagem principal é um tal Langdon, professor de História de Arte.

Ora, NA REALIDADE, existe um artista chamado Langdon, que foi essencial para a feitura desta obra, pois foi quem concebeu os desenhos que estão no cerne do mistério e que gozam de uma propriedade de simetria excepcional: representam palavras que podem ser lidas da mesma forma vistas de baixo ou de cima - uma das variedades de «ambigramas» como (para referir um exemplo muito simples) sucede com a palavra NON.

Podem ver-se espantosos exemplos de ambigramas, incluindo os deste livro, [aqui] (*)

(*) - Este post foi afixado em 2005. Entretanto, os links indicados mudaram; acabei, pois, por os substituir por um único.

Aviso afixado na Biblioteca do Palácio das Galveias, em Lisboa


Publicidade convincente! (Clicar na imagem)

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Enviado por Pedro D' Ajuda

29.3.05

Um quartinho-dos-brinquedos

(Foto: Rui Ochôa)

ESTA IMAGEM (na qual podemos ver Sócrates, Vitorino, Telmo Correia e Paulo Portas em grande risota - num intervalo ou no fim da discussão do programa do Governo) foi publicada no último «Expresso», a ilustrar um texto de Fernando Madrinha intitulado, precisamente, «A risota».

Como se depreende, o tema era aquilo que, para o comum-dos-mortais, é um mistério:

Como é que estes cavalheiros podem atacar-se (em termos que, por vezes, roçam o insulto) num momento, e confraternizar (como se não se tivesse passado nada) minutos depois?

Os mais esclarecidos sabem que a resposta tem a ver com a subtil distinção entre o que é «político» e o que é «pessoal».

Mas Pedro Lomba, no «DN» da véspera, já pusera o dedo na ferida (ao referir a pouca atenção - e as grandes ausências - com que muitos parlamentares haviam brindado o tal debate):

«Os deputados portugueses não percebem que os detalhes contam»

Mas, que diabo! Sendo o Palácio de S. Bento tão grande, não se arranjará uma divisão onde a malta-pseudo-inimiga possa ir confraternizar e galhofar longe das vistas dos media?

Seria uma forma de poderem «rir à gargalhada» e, ao mesmo tempo, continuarem a ser (na medida do possível...) levados «a sério».

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27.3.05

Factos e números

O direito à migração que assiste a todo o ser humano foi reconhecido pela Declaração Internacional dos Direitos Humanos da ONU, em 1948.
No seu artigo 13, esta estabelece: ”Toda a pessoa tem direito a circular livremente e a estabelecer a sua residência no território de um Estado. Toda a pessoa tem direito a sair de qualquer País, inclusive do próprio, e a regressar ao seu País”.
Ignorar esta prerrogativa significa frustrar as expectativas de progresso de milhões de pessoas e, num momento em que se destacam as vantagens que representam a liberdade de movimentos para os factores e agentes económicos, é uma flagrante injustiça que gera ressentimentos e reacções extremas.
40 milhões de pessoas abandonaram a Europa entre 1870 e 1930.Essa gente, como milhões de outros emigrantes em todos os períodos da História, levaram consigo o drama próprio da separação da familia e da sua terra, da angústia do desconhecido, sentimentos que apenas se podem mitigar com a esperança dum futuro melhor para os seus filhos.
Num momento em que os países ricos da União Europeia se fecham aos acossados pela pobreza, que mais não pedem do que uma porta aberta para refazerem a sua vida, não é demais recordar estes factos e números, como aqui fica feito.

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O meu navio

Se eu fosse “rico” não queria um iate à Abramovich ou à “famosos” lusitanos, comprado em Fernão Ferro e estacionado em Vilamoura. Ia viver a bordo dum daqueles vapores de chaminé altaneira, carregados de lenha no convés da proa, navegando sem rumo nem pressas, procurando ilhas humanas onde a solidão é lição de amor.
Há mais de 30 anos, subindo e descendo os rios Amazonas e Negro, aprendi a gostar destes velhos vapores olhando o rio, a floresta, as aldeias, as pessoas, os bichos, em cada paragem dois dedos de prosa, dois dedos de cachaça, sempre indo e vindo, peixe a grelhar ao sol, recados e lembranças de escala para escala, olhares furtivos, desejos escondidos, palavras de vida e de morte murmuradas na pressa do zarpar.
Quando há dias vi no “Estado de São Paulo” um navio destes, construído na América em 1913, a descer as curvas do rio São Francisco depois de dois anos no estaleiro, morri de saudade e recordei o amigo dum amigo meu que comprou um destes velhos barcos, encheu-o dos seus livros, meteu a bordo os seus quadros e um piano e morreu a navegar, mandando notícias de cada porto, tocando velhas canções de amor e escrevendo cartas de saudade. Se fosse “rico”, também era assim que eu queria...

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Valer a pena

Para um povo macambúzio, adormecido por uma educação insuficiente e preconceituosa , sujeito às malfeitorias da mídia e receptor exclusivo duma campanha generalizada de telelixo, não vale grande pena de esforços de criação. É o povo, tenha ele, ou não, consciência disso, quem põe ou tira eficiência na cultura, porque é ele quem vai receber os seus efeitos.
Todo o criador antecipa a compreensão e o prazer da fruição do seu trabalho. Nenhum génio se esforça para meter a perfeição na gaveta. O que é urgente que se faça é uma ordenação das diversas educações das gentes, para lhes multiplicar o espírito. Este deveria ser um trabalho da política. Porque se não cria em vão. Não há Estado de bem estar que seja torpe.
Não se multiplicam esforços e se progride nas tecnologias para se arranjar parceiros sexuais na internet. Tudo isso faz parte do nosso processo de refinamento, de crescimento e de amadurecimento para que melhores sejamos e mais generosos nos mostremos uns para os outros. As invenções e o progresso científico é para que o homem melhore, onde quer que esteja, onde quer que pertença.

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25.3.05

Os Komplyka-dores - II

(Des. CMR)

- Estás a gostar da amostra, Jeremias? Então agora vais conhecer o Alarcão… O mui-nobre e famoso Alarcão d’ Albuquerque, por alcunha "o complicador"!

Não foi fácil esse encontro nem essa apresentação. Tratava-se de uma estranha e altiva personagem que, só por si, levaria vários capítulos a descrever.

Dado ter sido o único, na empresa, a gabar-se de folhear o suplemento de informática d’ «O Público» e o primeiro a jogar o Pac-Man num Spectrum, ganhara fama de ser perito em informática. E, como tal, fora justa e naturalmente promovido a chefe dos respectivos Serviços.

— Não gosto nada da palavra serviços… Eu não estou aqui para servir ninguém! – costumava ele desabafar, decerto pensando na sua origem fidalga.

Mas também ninguém discutia com ele.

Alguns tinham tentado pôr-lhe a alcunha de Doctor No, como homenagem ao facto de ele dizer a tudo que não e invariavelmente declarar que era impossível fazer o que lhe pedissem:
Faltam layers de software, Senhor Director! Isso só se resolve com bytes de nove bits a 500 giga-hertz – e mesmo assim terá que se adquirir uma linha RDIS de 2 Megavolts de potência unitária deslizante…
Era este o tipo de explicações que ele dava para mostrar que não era possível fazer um simples mapa de preços em computador. E, no caso deste exemplo, a justificação, depois de passada a escrito e analisada cuidadosamente pela hierarquia, fora despachada assim:
«Tendo em conta que os preços dos equipamentos informáticos têm vindo a baixar constantemente, a Makro-Teknika deverá aguardar até que os bytes de 9 bits sejam mais acessíveis. Será nomeada uma Comissão de Acompanhamento para estudar o assunto, tanto na vertente económica como na tecnológica. O aspecto humano também não será descurado».
E esclarecia, em nota de rodapé, referindo-se à famosa Lei de Moore:
«Consequência da chamada Lei de More que, como o próprio nome indica, é a lei de cada vez mais»
Mas adiante.
Jeremias, que tinha a mania que a informática, pelo menos para o utilizador final, devia poder ser simples («Tal como não deve ser preciso saber Química para tirar fotografias» – dizia ele…) veio a ter frequentes discussões com o Alarcão. Ficou para a história da Makro-Teknika a seguinte cena, a que assistiram várias pessoas:
— Ó Alarcão, você tem aí o número de telefone do Manel?
Confrontado com esta simples pergunta dum colega mais incauto, o Alarcão, em vez de olhar para o papel na parede onde estava escarrapachada a resposta, ligou o computador, arrancou o Windows e clicou em Start - Find - Files or Folders - Advanced.
Depois, escreveu “Manel” na janela que dizia Containing Text e deu um toque final em Find Now com o ar satisfeito do compositor que coloca a última nota numa partitura cujo sucesso tem por garantido.
Mas não viu nada!
Lembrou-se, depois, que talvez estivesse em “Manuel” (quem diria!) e lá encontrou, ao fim de alguns minutos, resmas de ficheiros onde apareceria a palavra. Num deles lá estava o tão procurado número, que exibiu, triunfante, como um troféu de caça!
Bem… a acreditar no Jeremias, parece que a coisa ainda foi um pouco mais complicada do que isso:
Pelo meio ainda teve de se haver com uns ficheiros chamados Phone_List.doc (protegidos com passwords de que já se tinha esquecido) e programas shareware (que foi nessa altura buscar à Internet) que se destinavam a recuperá-las… Por fim, para cúmulo, virou-se para o papel afixado na parede, procurou com o dedo o número do Manel e, espreguiçando-se, comentou laconicamente mas com toda a seriedade:
— Confere!
Mas falta ainda contar a melhor:
O Alarcão, que tinha muito orgulho no seu nome, sofria muito - é que as pessoas costumavam tratá-lo por Alarcão de Albuquerque. E ele não percebia porque é que a malta se fartava de rir quando ele corrigia, com o seu ar bonacheirão e recostando-se na cadeira:
— D’Albuquerque, com plica… D’Albuquerque sempre com plica!
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Do livro «Operação JEREMIAS», disponível em PDF gratuito em www.jeremias.com.pt:

24.3.05

Ricas moedinhas...

HOJE MESMO, às 12h 25m, numa Av. Guerra Junqueiro cheia de gente, dois indivíduos «com pinta de ucranianos» assaltavam um parquímetro - o que, pelo que vim a saber, andavam a fazer «em série» pela rua abaixo.
E aquilo demorava algum tempo pois, quando me aproximei e me apercebi do que se passava, já havia umas 10 pessoas... a ASSISTIR - e, de certa forma, a apreciar a arte.
Ora, não tendo eu compleição física para intervir numa situação dessas (nem pelos vistos, poderia esperar ajuda dos presentes), olhei em volta em busca de um dos inúmeros agentes da Polícia Municipal que costumam andar por ali a enxotar os vendedores ambulantes: mas, como que por magia, todos se haviam eclipsado.
Resolvi, então, chamar a polícia por telemóvel mas, quando fazia a ligação, vi um graduado da PSP, parado ali a uns 30 metros e corri para ele, alertando-o para o que se estava a passar «nas suas barbas».
«Ai os malandros!» - respondeu-me - «Eu é que não posso ir atrás deles, pois estou de serviço aqui à Zara!».
*
Nota final:
Depois de os jovens, em passada decidida mas calma, se terem afastado dali a caminho do próximo parquímetro, passando por entre os «espectadores», estes dividiram-se:
Enquanto uns reclamavam contra os imigrantes e outros exigiam a pena-de-morte para a ladroagem, os mais pragmáticos baixavam-se para apanhar algumas moedinhas que os ladrões haviam deixado cair...
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Publicado no "Diário Digital" de 29 Março 2005 e referido por Nuno Rogeiro, no RCP, em 1 Abril 2005

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Os Komplyka-dores - I

Já quase todos tivemos experiências tristes com os «Komplyka-dores», os pseudo-sábios-da-informática que conseguem tornar «komplykadu» o que é (ou devia ser...) fácil.
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Palpita-me que é rapaziada dessa quem inventa os computadores e respectivos acessórios que, pela sua complexidade (aparentemente desnecessária - para não dizer idiota), nos dão cabo da cabeça a toda a hora com vírus, bloqueios, incompatibilidades, cabos, cabinhos, fichas e fichinhas, etc. etc.
.
Uma amiga, aparentemente vítima dessa tropa-fandanga, enviou-me o seguinte e-mail em que conta o que sofreu para conseguir... Bem, o melhor é ler:


*

Depois de alguns dias a combater a ignorância em algumas áreas da informática (...)

Passo a explicar... não sou inforfóbica. Muito pelo contrário. Diria mesmo que sou uma curiosa com a teimosia necessária para ir aprendendo com as dificuldades.

Há cerca de duas semanas o meu rato ficou doente. Os anos não perdoam. Para a velhinha porta “COM” já quase não se vendem modelos, pelo que me vi a braços com um problema. Comprei ratos... adaptadores mas sem sucesso.
Confesso que a dada altura a paciência já escasseava, e como não tenho vergonha de perguntar o que desconheço fui à Vobis. Coloquei a questão ao funcionário. Desta forma, averiguei que em 95% dos casos os adaptadores não funcionam pois de algum modo são incompatíveis com os equipamentos. A solução, no entanto, poderia passar por comprar uma placa de USB e comprar um adaptador PS/2 – USB, atendendo a que há umas semanas tinha adquirido um teclado com rato wireless.
Nunca na minha vida tinha instalado uma placa. Tive sucesso. A dificuldade foi com o adaptador. Como previsto, gerava incompatibilidades e quando ligava o rato obtinha a desmotivante indicação de dispositivo desconhecido.

Vencida?! Nem por isso.

Hoje, depois de mais uma visita à referida loja, obtive a resolução para todo este enredo: comprar um rato USB. O certo é que o funcionário não só respondeu às minhas questões como ainda recorreu ao técnico de serviço para que o esclarecimento fosse completo. Cheguei a casa ansiosa por instalar este novo amiguinho.

Finalmente!!!

Tudo a funcionar e a permitir-me uma maior flexibilidade de manuseamento do meu velhinho pc.

As vantagens?! Novos conhecimentos, uma placa USB e um rato actual.
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Ilda Maria Nunes

23.3.05

Já que falámos de Justiça...

*

De facto, e como se poderá ver pelo exemplo que adiante se refere (apenas um, entre muitos outros semelhantes), não bastará, «por si só», mexer nas férias judiciais. Se calhar, há algumas pessoas que será preciso... pôr a mexer.

*

«Jornal de Notícias» de 22 Mar 05:

Irregularidades com a forma como foram feitas as escutas telefónicas

Irregularidades com a forma como foram feitas as escutas telefónicas ditaram, mais uma vez, a libertação de um indivíduo condenado a uma elevada pena de cadeia - nove anos, por tráfico agravado de droga.

A decisão foi proferida na passada sexta-feira pelo Tribunal da Relação de Guimarães. Em causa estiveram vários factores, entre os quais se destacam os factos da autorização para a prorrogação das escutas ter sido feita sem que o juiz ouvisse as intercepções anteriores, e de muitas das transcrições só terem sido levadas ao juiz mais um mês depois de serem recolhidas.

Uma situação idêntica à que agora se verifica no processo "Apito Dourado" (ver caixa) e que poderá condicionar, também, o desenvolvimento da investigação à corrupção no futebol.

"Juiz limitou-se a validar"

Fernando e Alberto foram condenados a seis e nove anos de cadeia, depois de terem sido apanhados, em Chaves, pela PJ do Porto, com 30 quilos de cocaína. Fernando confessou os crimes, mas Alberto negou. Recorreu então para a Relação de Guimarães, pondo em causa a forma como foram feitas as escutas telefónicas.

Dizem agora os juízes desembargadores que, no processo, "o juiz limitou-se a validar a informação dada pela Polícia Judiciária, via Ministério Público, sem aferir, ele próprio, da legalidade, validade, relevância ou irrelevância das gravações". Além disso, acrescentam ainda os juízes, nem sempre houve o cuidado de apresentar "imediatamente" as transcrições ao juiz.

E um dos casos apontados é um despacho do magistrado, que valida a 9 de Abril a transcrição de uma conversa interceptada a 3 de Março. O mesmo acórdão sublinha, ainda, que a compressão de direitos fundamentais não se pode compaginar "com a prorrogação do período de intercepção e escuta, sem que o juiz previamente tome conhecimento do conteúdo das gravações anteriores".

Outra das situações que a Relação de Guimarães também considerou ter sido feita de forma irregular foi o registo de imagens. A PJ filmou e fotografou todos os encontros dos arguidos. Recolheu imagens e juntou-as ao processo, mas o Ministério Público esqueceu-se de validar tais documentos. O que, na opinião dos juízes desembargadores, anula aquele meio de prova. "A pretendida validação dos registos de imagens ficou esquecida e não consta que mais adiante tenha sido objecto de atenção judicial", sublinham, acrescentando que, por esse motivo, "a identificada recolha de imagens é nula".

Situação idêntica no "Apito"

O processo "Apito Dourado", em que está a ser investigada a corrupção desportiva, vive um problema idêntico. Também nesse caso, os advogados de defesa entraram com pedidos de nulidades das escutas telefónicas, por aquelas terem sido prorrogadas sem que a juíza tivesse ouvido as anteriores. Os causídicos alegaram que se tratava de uma nulidade e que tais escutas deviam ser pura e simplesmente anuladas. Se isso acontecer, o processo "Apito Dourado" pode ruir.

E idêntica situação se pode verificar com as transcrições telefónicas que se encontram juntas aos autos. Também aí se verifica que em muitas situações os autos só foram levados à juíza, muito depois depois das intercepções acontecerem. O que, a fazer fé no acórdão da Relação de Guimarães, a propósito de um caso de tráfico de droga, poderá conduzir ao anulamento das escutas e da prova que quelas continham.

22.3.05

«Directo ao assunto»

O programa «Directo ao assunto» de 13 Mar 05, intitulado «Audiências em perda», pode ser ouvido em

www.tsf.pt/online/radio/interior.asp?id_artigo=TSF159428

Carlos Pinto Coelho entrevistou Joaquim Letria, José Pedro Castanheira e João Adelino Faria.
Os blogues estiveram em destaque, incluindo este.

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Reflexões sobre a in-justiça

(Cidadãos, de nacionalidade desconhecida, desconfiados da Justiça do seu país...)

I - Para o cidadão-comum, a discussão em torno do tempo que devem durar as férias judiciais parece não fazer muito sentido.

Sendo a Justiça um bem essencial, não será o mesmo que discutir quanto tempo, por ano, deveriam fechar os quartéis de bombeiros, a EDP, a PT ou as urgências dos hospitais (independentemente de, nestas actividades, as pessoas terem - evidentemente - as suas férias)?

Bem... a menos que se considere que, embora essencial, a Justiça não é urgente.

II - Entretanto, já nos esclareceram que se trata de um falso-problema:

Actualmente, "só" os tribunais é que fecham durante dois meses. O resto das actividades de Justiça "só" fecha durante um.

Este "SÓ" merecia um poema! - António Nobre até ficou famoso com um livro com esse título (a nem escreveu mais nenhum...)

III - Imagine-se um carro que tem os pneus estão em baixo, a suspensão partida e o tubo de escape a cair.
Juntam-se várias pessoas para resolver o(s) problema(s), e uma delas diz:

«Antes de mais, vamos tratar dos pneus!».

Os outros, de mãos nos bolsos, torcem o nariz e sentenciam, sabiamente:

«Sim, mas isso, só por si, não basta...» - e, assobiando, afastam-se.

IV - Lê-se no «Correio da Manhã» de hoje:

Quem não partilha do entusiasmo da eficácia desta medida para o funcionamento da Justiça são os diferentes operadores judiciais (...)

O bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, descreveu a medida como “emblemática”, mas salvaguardou que, se não houver outras iniciativas de simplificação processual, a redução das férias nada trará de novo.

No mesmo sentido, Baptista Coelho, da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, considerou que,“só por si, não é solução mágica”.

Pode-se saber se o problema é mesmo «só por si»?


Posted by Hello

21.3.05

Horas mortas

O cemitério do Alto de São João, em Lisboa, tem um refeitório novo, num edifício pronto a inaugurar que custou centenas de milhares de contos. Vai ter igualmente balneários, vestiários e...um bar. Deverão seguir a senda dos melhoramentos os cemitérios dos Prazeres, em Lisboa e, no Porto, o do Prado do Repouso.Com nomes tão sugestivos, seria uma pena que estes não acompanhassem o progresso do grande e altaneiro cemitério oriental da capital.
Poucos serão os que já esqueceram o modelar serviço fúnebre que os cemitérios nos ofereciam, com coveiros de barriga fora da camisa e esta fora das calças, a discutirem com os agentes funerários que tinham ainda mais pressa do que os padres que encomendam as almas ao criador.
Agora, para se ser coveiro é quase preciso um curso superior. Natural, portanto, que se criem condições para quem tem tantas horas mortas e o dever de confortar algumas viúvas que se mostrem mais inconsoláveis, sem descolarem dos gerânios. Ao fim e ao cabo, os nossos cemitérios sempre são mais frequentados do que a maior parte dos nossos novos estádios...

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Gabardinas

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vai distribuir pelas “trabalhadoras do sexo” um manual no qual as ensina a protegerem-se de doenças sexualmente transmissíveis, designadamente a SIDA, e a convencerem os seus clientes de ocasião a praticarem sexo seguro.
Embora actuando geralmente junto de todos os homens e mulheres que ganham a sua vida alugando os seus corpos, e trocando favores sexuais, é principalmente junto das prostitutas de rua que a acção será desenvolvida por estas serem consideradas as que mais riscos correm.
A parte mais interessante do manual é a dedicada à arte com que tencionam conseguir que as “profissionais do sexo” convençam os clientes a envergarem preservativos na hora de mandarem o Bernardo às compras. Prostitutas e prostitutos poderão passar a vestir gabardinas nas esquinas esconsas das cidades europeias, influenciadas pelo texto da OMS que não sugere nenhuma farda mas recomenda, vivamente, que enverguem o “capot anglais” como o grande abrigo para o mau tempo que atinge as prostitutas e ameaça os seus respeitáveis clientes

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Negligência médica

Um estudo dirigido por um professor de Medicina veio revelar que, em Portugal, morrem por ano três mil pessoas vítimas de negligência médica. Quer isto dizer que os médicos, que devem curar e confortar os doentes, matam mais no nosso país do que a SIDA e os acidentes de viação.
Claro que os resultados deste estudo não permitem generalizar, nem devem fazer-nos recear todos os médicos que nos atendem, mas são suficientes para que tenhamos o necessário cuidado com aqueles que nos atendem. Uma das vezes em que fui tratado num hospital público, dos quais só posso dizer bem, um dos médicos, aliás ilustre clínico e emérito professor, dizia-me com insistência:
-Oh homem, vá-se embora senão os meus colegas acabam por lhe arranjar uma doença a sério!
Espero bem que aquelas palavras amigas, cujo conselho acabei por seguir, não fossem uma premonição do que este estudo agora revela. A verdade é que a confirmar-se os dados do referido estudo, os portugueses precisam de ter uma saúde de ferro para aguentar tanta negligência.
E a gente a pensar que as pessoas morriam porque era um ar que lhes dava...

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Para quem se interessa por Lisboa

O Forum Cidadania Lisboa tem agora um blogue e uma página na Internet:

As Pharmacias


A propósito da anunciada venda de alguns medicamentos fora das farmácias, o bastonário da Ordem respectiva, recorrendo a um argumento esmagador, declarou ao «DN»:

«Os médicos também não dão consultas nos hipermercados!» (*)

A propósito disso, eu já andava há algum tempo para contar a velha história do vendedor de castanhas que montou o seu estaminé mesmo em frente a um grande banco internacional:

Quando alguém lhe perguntava se ele não tinha problemas com isso, respondia sempre:

«Nós temos um acordo comercial: eu não empresto dinheiro, e eles não vendem castanhas»
------
(*) Nem mesmo quando alguém cai no meio do chão num hipermercado e o pessoal grita: «Um médico! Há por aí algum médico?»?

20.3.05

Os melhores da Europa

Em Portugal pouco muda e nada acontece. Não é de hoje. Basta lermos as gordas numa hemeroteca para descobrirmos que assim sucede vai para três séculos.
Por muito que nos ofereçam para nos distrairmos, por mais barulho que façam a propósito de nada, por mais nomes novos que nos caiam, desembrulhados de velhos escândalos, aqui vamos, percorrendo as ruas da amargura da apagada e vil tristeza, atribuindo os nossos males aos jornalistas, aos procuradores, aos políticos, às putas e aos polícias.
Somos um pequeno país, mal frequentado, uma sociedade cansada e perplexa, um Estado atribulado de que uns se servem, outros enganam, outros ainda ordenam e, por fim, os restantes utilizam, como as mulheres friorentas fazem com os cobertores, deixando ao fresco o rabo dos parceiros de cama, sejam estes fixos ou eventuais.
Todos querem ter razão, impor a sua como a única possível, sem que importem muito outros valores como a liberdade, o progresso e a cultura. Quando não temos problemas, inventamo-los, e nisto não há que pôr em causa a nossa produtividade. Nesta matéria somos, por certo, os melhores da Europa.

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Roupa

Quando se é criança, estrear um fato é uma sensação de felicidade incomparável. Até à adolescência, a roupa adquire o desenvolvimento da pessoa. Depende do que se “queira ser quando se for grande”. Hoje, muitos jovens não sabem o que vão fazer da sua vida. Mas sabem muito bem como se querem vestir.
Na juventude, experimentam-se personagens e respectivas farpelas. Até que passados os 40, vestimo-nos como nos sentimos por dentro, cada roupa mais igual à anterior, quer na forma, quer na cor.
A projecção do futuro fica nas décadas anteriores. Tirando os casos patéticos de quem quer parecer o que não é, a roupa é secundária. É o ponto sem regresso do conforto, da qualidade, das medidas folgadas.
A partir daqui custa vestir roupa nova. A ponto de preferirmos a roupa velha e arranjarmos quem nos gaste as gomas da cambraia egípcia das camisas, do linho irlandês ou da flanela escocesa dos fatos moles e confortáveis. Tal como os fornos dos cachimbos. Alguém que os queime antes de nós os gozarmos. Os anos deixados para trás recusam o sacrifício dos novos projectos. Concedem-nos a felicidade de desfrutarmos as pequenas coisas do dia a dia

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Bocas a alimentar

Foram precisos 17 séculos para a população mundial duplicar pela primeira vez, outros dois para duplicar pela segunda e menos de 100 anos para duplicar pela terceira vez, segundo os primeiros conceitos da moderna estatística.
Entre 1950 e 1987, passámos de 2500 milhões para 5 mil milhões. Só onze anos depois se alcançava o sexto milhar de milhão e o século XX terminaria com 6100 milhões de habitantes. A ONU prevê uma certa estabilização, no que resultará em 9000 milhões a população da Terra, na segunda metade deste século.
Hoje, há a consciência de não desperdiçar recursos escassos e mal distribuídos e países em vias de desenvolvimento reduziram a fecundidade mais depressa do que muitos industrializados. Na actualidade, a média de filhos por mulher desceu de 3,6 para 2,7.
Giovanni Sartori prevê que em 2025 dois terços da Humanidade não terão água e apoia as piores previsões do século XVIII de Thomas Robert Malthus, para diagnosticar a iminência dum colapso global. Sobre este pesadelo paira ainda a incerteza da nossa capacidade em gerar recursos e o surgimento de novos modelos de redução da fertilidade. Melhor educação feminina, maior desenvolvimento económico e mais pragmatismo podem atenuar os rigores da previsão de Sartori. E assim o mundo, uma vez mais, acabará por se salvar. Façamos figas...

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Turismo da Morte

Dia a dia, a Suíça vê aumentar aquilo a que já chamam o “Turismo da Morte”, viagens de doentes com dinheiro que ali vão para praticarem a eutanásia e morrerem com a qualidade com que puderam viver.
Interessante a componente “turística” nesta coisa da morte. Os que defendem o aborto também alegam que quem pode vai a Espanha, ou Inglaterra, para abortar legalmente, enquanto as que não têm possibilidades de viajar têm filhos indesejados , se sujeitam a condições clandestinas perigosas ou caiem no infanticídio . O tempo tem comprovado que a injustiça não está nas posses, mas na gravidade do acto de julgar de alguém que pode dispor da vida de outro.
Já que tem de ser, todos desejamos uma boa morte, rápida, indolor, com algum carinho familiar, se possível, e assistência médica até final. Mas não ficaria mal à Suíça preocupar-se mais em tratar enfermidades e empenhar-se no combate às suas causas do que se limitar a aproveitar este novo “nicho de mercado” que a Holanda também desenvolve e que a inevitabilidade da morte de todos os seres humanos torna num negócio de lucro garantido. Já viram algum cangalheiro fechar a porta?!

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Vá lá a gente percebê-los!

Segundo a Agência Lusa,

Manuela Ferreira Leite afirmou este sábado, no Funchal, concordar com o Programa do Governo «em termos de ideias», dando o «benefício da dúvida» ao executivo de José Sócrates.

Veja-se as voltas que a vida dá:

* Nos tempos dela, os problemas financeiros eram o drama que se sabe.

* Pouco depois, Santana Lopes decretou o fim da crise.

* Agora a ex-ministra (porventura dando a mão à palmatória) até já não vê mal nenhum no facto de haver um Estado... de GRAÇA!!

«Desculpe, disse ECO... LÓGICO?»

A partir de Junho, o preço dos bilhetes do super-ecológico eléctrico que faz o percurso Sintra - Praia das Maçãs vai aumentar para o dobro.

No entanto, com o sentido de justiça social que já existe noutros meios de transporte, as pessoas com mais de 65 anos continuarão a pagar o preço actual - mesmo que sejam milionárias.

Bolas, já é azar!!

Eu quis publicar aqui uma anedota engraçada mas, como o texto era longo, procurei uma imagem para amenizar o post.
Então, e como habitualmente, fui a www.corbis.com/ - e escrevi a palavra "anedota" na caixa de pesquisa.

O programa deu-me 33 imagens como resposta.
Que culpa tenho eu que tenham lá posto esta (que é a 27ª)?!

*
Quanto à outra anedota, está em "Comentário".

Genial!

Lia-se nos jornais de ontem:

«Kasparov decidiu dedicar-se à política para desafiar Putin»

Com alguma frequência, quem se mete na política acaba no xadrez;

Kasparov vai tentar o percurso inverso.

19.3.05

«Grão-a-grão...» ou «A grande resolução»

Hoje comemora-se o 2º aniversário da invasão do Iraque

A presente imagem já foi afixada neste blog em Janeiro, mas está aqui novamente para que matutemos no seguinte:

* Clicando nela, pode ver-se que é formada por cerca de 1.400 fotografias de soldados americanos mortos no Iraque.

* Antes de se lançar na aventura, Bush encomedou uma espécie de "estudo de mercado", segundo o qual os americanos aceitavam uma perda de vidas até 1.000.

Como se vê, não é só por cá que os orçamentos são ultrapassados, pois o número 1.500 já foi atingido há algum tempo.

* Quem se interessa por fotografia sabe que a definição da imagem é tanto melhor quanto menor for o "grão". Nas digitais é o número de "pixeis" que conta.

Pelos vistos, "Bush e ajudantes" são grandes amantes dessa arte, pois têm feito os possíveis para que as sucessivas versões desta imagem tenham cada vez maior nitidez.

Se eles resolverem fazer uma com fotografias dos civis mortos (cujo número há muito ultrapassou a barreira dos 100.000), então é que nem vos digo nada - grande resolução!

--

Nota: Uma versão mais cuidada deste texto foi publicada no «Diário Digital» no dia 21, n' «A CAPITAL» de 22 e 30, e no «DN» de 25 e 30. Está afixada em "Comentários".

Funcionários Públicos - Solução 3

(Clicar na imagem para a ampliar)

No post «Funcionários Públicos - Solução 2» coloca-se a seguinte questão:

«...cada excedentário que é mandado para casa fica a receber a reforma respectiva. Como, por cada 2 que saem, entra mais 1, onde é que está a economia?!»

*

A resposta para esse aparente paradoxo é simples:

É que se trata de um processo a médio/longo prazo - pois, mais cedo ou mais tarde, é suposto que os reformados à força morram (e, eventualmente, aos pares de cada vez...).

Ora, se o CTC (Choque Tecnológico em Curso) for levado até às últimas consequências, pode ser que o Estado consiga rentabilizar esses defuntos usando-os como a Universidade Austríaca o fez (ver o post anterior, intitulado «Chocante!»).

Se forem mais do que os necessários para a indústria automóvel, pode sempre fazer bio-diesel com eles, ou incinerá-los para melhorar a nossa factura energética.

*

Apontamento filosófico 1: Não é triste que a nossa sociedade esteja a "evoluir" para uma situação em que as pessoas que querem e podem trabalhar são excedentárias? (Ainda se fossem ex-sedentárias...)

Apontamento filosófico 2: No meio disto tudo, os economistas-de-meia-tijela não serão também excedentários ?

18.3.05

Chocante!

A Universidade Técnica de Graz, na Áustria, realizou durante anos testes de colisão de veículos com cadáveres de pessoas em vez de bonecos.

Os macabros testes foram realizados no Instituto de Medicina Forense de Graz, com cerca de 20 corpos destinados a autópsia.

A notícia veio a público depois de a Universidade solicitar à Comissão de Ética autorização para prosseguir com estas provas.

Felizmente...

...os técnicos garantiram que os corpos não sofreram lesões

(Extracto do «Diário Digital» de hoje)
.

- Dá licença?
Eu queria colocar uma questão
acerca dos nossos direitos...

Funcionários Públicos - Solução 2

(Upgrade da Solução 1)

Como se vê no post anterior, para cortar um funcionário são necessários dois: um artista e o(a) respectivo(a) ajudante.

Isso também nos remete para um facto estranho: cada excedentário que é mandado para casa fica a receber a reforma respectiva. Como, por cada 2 que saem, entra mais 1, onde é que está a economia?!

Mas é para solucionar essas e outras coisas que há governos, de preferência constituídos por gente esperta (como a que, pondo em prática um inteligente Choque Tecnológico, vai permitir uma substancial melhoria no processo de corte - ver imagem).


Funcionários Públicos - Solução 1

«Sócrates quer cortar 75 mil funcionários públicos»

(«Diário Digital» de hoje)

*

Mas cuidado com essa ideia de «cortar», pois há certos seres vivos que, a partir de pedaços seus, dão origem a outros - e, julgando que os destruímos, estamos, afinal, a multiplicá-los!

Por exemplo: se partirmos um cacto ou um pedaço de silva (*) em vários bocados, cada troço, se enterrado, dará origem a uma nova planta.

Talvez seja por isso que, apesar de todos os governos dizem que «vão cortar no número de funcionários públicos», haja cada vez mais!

--

(*) Silvas não faltam...



17.3.05


UMA BATATINHA! (Env. por F. Campos) Posted by Hello

Também já aprendeu...

Berlusconi disse, no início da semana, que em Setembro podia começar a retirar os 3000 soldados italianos que estão no Iraque.

Mas ontem esclareceu que, afinal, isso foi apenas... «a expressão de uma esperança».

Pelos vistos, ouviu aquela história da diferença entre PROMESSAS e OBJECTIVOS...

500... mais 5!

(Clicar na imagem)

--

Enviado por Pedro d' Ajuda

O Código... da Treta


Mais uma vez a entrada em vigor do novo Código da Estrada vai ser adiada.

Mas não adianta chorar por isso, pois ele não vai alterar grande coisa:

No essencial, vai aumentar a penalização de infracções que já são penalizadas hoje... mas que ficam impunes.

Em Macau, p. ex., as multas que não são pagas vão para os locais de Inspecção Periódica Obrigatória, de onde os carros não saem sem terem tudo regularizado (*).

Por cá, o melhor que a cabecinha do legislador destilou... foi aumentar o prazo de prescrição de 1 ano para 2!!!

*

(Ver também os dois primeiros textos em "Comentários")

--

(*) Pelo menos, era assim quando eu lá estive, ainda durante a administração portuguesa

Sem palavras

(Clicar na imagem para a ampliar)

--
Enviada por A. Andrade

16.3.05

PMB - 2

(Maquineta igual à que resolveu, definitivamente, o meu contencioso tecnológico com o PMB)
Curiosidades:
1 - O meu primeiro PMB foi-me dado pelo Banco Totta & Açores
- Ao fim de algum tempo, o cartão deixou de aceitar carregamentos, pelo que tive de o trocar.
- Nessa altura, já o banco não os disponibilizava.
- Fui então a outro banco, onde dei 750$ (!!!) por um novo.
- Dias depois, um parquímetro da EMEL "comeu-mo" - assunto resolvido, portanto.
2 - Em muitas das lojas que o tinham, não sabiam trabalhar com ele - era eu quem tratava do pagamento.
3 - Pelo menos em Lisboa, os primeiros parquímetros aceitavam-no. Os mais recentes, não.
4 - Os quiosques dos CTT indicam, muitas vezes, que os aceitam. Só que não encontrei, até hoje, UM ÚNICO em que isso seja verdade.

Um árbitro de nova-geração Posted by Hello

PMB - 1


Cheguei a ser um entusiasta tão grande do Porta-moedas Multibanco que imaginei até uma rábula em que os árbitros o usavam para a função de moeda-ao-ar (*). Mas em breve a realidade portuguesa se iria impor:
*

Ligaduras e Cabeças Duras

Há alguns meses atrás parti um braço, e - como andava engessado - não podia guiar.

E foi assim que, durante bastante tempo, passei a fazer grandes e saudáveis caminhadas até ao emprego.

-ooOoo-

Ora, pelo caminho que eu seguia, havia (e há) algumas leitarias, muitos cafés e vários bancos.

E foram precisamente os empregados bancários quem começou a vulgarizar o uso do Porta-moedas Multibanco por esses lados.

Para mim era coisa que vinha mesmo a calhar pois, tendo eu um braço quase paralisado, era dramático quando tinha que andar a abrir e a fechar porta-moedas e a manipular notas e trocos para pagar a bica da manhã.

Pois foi num desses dias que entrei num café onde nunca tinha ido e dei o cartão para pagar a despesa.

O patrão - pois foi ele quem me atendeu - informou-me com ar agastado e maldisposto:

- Fica-me a dever. Não tenho a maquineta dessa coisa. Não tenho, nem quero ter!

Então, num silêncio embaraçado, procurei a custo bem no fundo dos bolsos e lá encontrei - mesmo à conta! - as moedas necessárias para lhe pagar.

Não desenvolvi a conversa, mas - à saída - ainda pude ouvir o homem comentar para o empregado:

- Ora se o gajo até tinha trocado, porque é que me veio com aquela porcaria?

E o outro, em contraponto:

- E mesmo que não tivesse trocado! A gente ainda sabe fazer trocos!

Escusado será dizer que nunca mais lá voltei, e foi até com algum gozo perverso que fui acompanhando o declínio do negócio do homem em proveito dos vizinhos.

Sim, porque o que o fazia definhar não era só o facto de não aceitar o PMB:

O que deu cabo dele foi a atitude que lhe estava subjacente, e que se reflectia em tudo: desde os empregados maldispostos até às cadeiras rachadas; desde as mesas sujas até ao telefone avariado; desde o WC sem sabão até às moscas omnipresentes...
E este caso - passe o palavrão - é paradigmático:

Simboliza bem a completa incapacidade que um certo tipo de empresários tem para se adaptar aos tempos que inexoravelmente vão mudando.

E nem falta, nesta história, o inconfessado pavor aos bits, às teclas, aos écrans, e ao dinheiro virtual!
De facto - como dizia o meu amigo Jeremias mesmo sem saber que eu andava de braço ao peito:
- Isto anda tudo ligado!
--
CMR - EXPRESSO - 10 Out 98
(*) Essa história, intitulada «Vivó (...)!», faz parte do e-book «Crónicas da Inforfobia», disponível em PDF gratuito no site www.jeremias.com.pt
O desenho de CMR que aqui se vê é de lá.

Portugal e a Sociedade da Informação - VIII

Dois casos de boas ideias que deixámos cair
Depois do texto sobre o cartão Netpost,
o próximo será sobre um outro flop:
O «Porta-moedas Multibanco»

A música celestial

Há dias, li num jornal que um músico tinha interrompido o recital que estava a dar devido ao facto de vários espectadores terem os telemóveis ligados.
Na parte mais deliciosa da história, ficámos a saber que precisamente um dos infractores foi à bilheteira exigir a devolução do dinheiro do bilhete!
Nesta história infanto-juvenil sucede o oposto:
*

Quem leu as incríveis histórias do «Dr.» Salvador decerto tomou conhecimento da forma como ele preparou uma exibição da sua filha, a Rosarinho, que tocava piano mas não conseguia enfrentar um auditório devido à sua timidez:
O extremoso pai arranjou uma aparelhagem de realidade virtual e... Mas o melhor mesmo é lerem a história!

Para não ocupar muito espaço aqui, a história está em "Comments".
*
Quanto ao boneco, mais uma vez não consegui metê-lo no lugar certo...

(Ver post seguinte) Posted by Hello

15.3.05

(Para não ser só política...)

- Ó mãe, porque é que tens aqui na cabeça dois cabelos brancos? - pergunta a criancinha, intrigada.
- Um, é pelos disparates que tu fazes; o outro é pelos disparates que tu dizes.
- Ó mãe, porque é que a avó só tem cabelos brancos?

-
Enviada por A. Andrade

O regresso do morto-vivo

Cena 1: Pisamos uma pastilha-elástica - coisa horrorosa, pois não há maneira de nos livrarmos dela totalmente!

Cena 2: Tentamos tirar um adesivo de um dedo: fica colado no outro, e assim sucessivamente - coisa horrorosa, pois não há maneira de nos livrarmos dele totalmente!

Cena 3: Estamos a ter um pesadelo mas, mesmo no decorrer do sonho, temos a noção de que, quando acordarmos, tudo voltará a estar bem - coisa horrorosa é descobrirmos que, afinal, o pesadelo é real!

Cena 4: Em 20 de Fevereiro, o país livra-se de Santana Lopes, e respira de alívio pelo fim do pesadelo.
Mas eis que, no dia 14 de Março, e tal com na Cena 3, coisa horrorosa...

14.3.05

«E não se pode arredondá-lo?»

«Eu acho que o IVA devia aumentar… ou então diminuir… Assim como está é que não dá jeito nenhum!» -
Quem assim falava, em 1997, era o meu amigo Oliveira... (*)

Quando eu era miúdo, a minha mãe mandava-me todos os dias comprar o pão.

Ora, além das carcaças (**) de 40 centavos (os famosos «papos-secos»), havia também pães de 16 e 17 tostões, o que fazia com que eu fosse o único miúdo da turma que, além da tabuada normal, sabia «a dos 16» e «a dos 17» (o que, mais tarde, me veio a ser muito útil para as contas do IVA - até que Manuela Ferreira Leite o passou para 19%, estragando tudo!)

--

(*) História completa: «IVA... e-vai-um», em www.centroatl.pt/medina/37iva.html

(**) Vergonha! Eu tinha escrito "carcassa", como muito bem notou A.Viriato em "Comentário"...

Os nossos museus... na Páscoa

Imagine-se que os empregados dos cinemas ou das bombas de gasolina (só para referir dois exemplos) exigiam «descansar nos dias feriados, para poderem estar com a família, como toda a gente».

Evidentemente seria uma reivindicação tonta, porque as pessoas que aceitam uma determinda actividade já sabem o que as espera em termos de dias e horários de trabalho.

No entanto, em Portugal, os funcionários dos museus exigem folgar na Páscoa, usando precisamente o mesmo argumento, pelo que costumam resolver o problema... fazendo greve.

O que torna o caso absolutamente espantoso é que o conflito já se arrasta há mais de 14 anos (estamos a chegar ao 15º) e, que se saiba, nenhum governo resolveu até agora o problema nem deu mostras de o pretender (ou conseguir) fazer.

Foi por isso que escolhi a imagem que aqui se vê - simultaneamente de um museu... e de algo MUITO, MUITO antigo.

Uma sugestão de Umberto Eco

Umberto Eco, no «DN» de 12 Março, recomenda-nos uma livraria online muito especial: uma espécie de Amazon, mas especializada em livros antigos:

www.maremagnum.com

(E, felizmente, não é tão labiríntica como a d' «O nome da rosa»...)

King-size!

(Clicar na imagem para ver bem o desenho inferior...)

Durante a campanha eleitoral, quando muita gente queria que Sócrates falasse de coisas concretas, ele brindava-nos com generalidades, tais como CONFIANÇA, ESPERANÇA, FUTURO MELHOR, VOLTAR A ACREDITAR, etc.

Mas agora redimiu-se, chegando ao ponto de meter, no discurso da tomada de posse, uma "bucha" sobre a venda de medicamentos nas farmácias!

O certo é que a malta toda mordeu o isco e, no dia seguinte, falava-se mais de pastilhas Rennie do que de desemprego, de Justiça, de Educação, de Segurança Social ou de fraude fiscal!

Caricata, como habitualmente acontece nestas circunstâncias, foi a reacção da rapaziada maldisposta das farmácias e da indústria farmacêutica:

Segundo essa gente, eu posso ir a uma botica qualquer, comprar as caixas de aspirinas que quiser, e a seguir suicidar-me calmamente. Porém, se eu comprar as mesmas embalagens no Continente ou no Jumbo, a minha saúde já irá correr um GRANDE risco.
*
Lembram-se de quando os mesmos patuscos quiseram impedir a venda de preservativos fora das farmácias, com o delicioso argumento de que o(a) farmacêutico(a) é que estava habilitado(a) a dar conselhos sobre o assunto?

«Não misture o amor com as batatas!» - foi até o inteligente slogan saído daquelas cabecinhas.

*

A propósito, aqui fica o relato de um caso verídico:

Um amigo meu, pessoa MUITO corpulenta, foi um dia a uma farmácia e pediu

«Uma caixa de preservativos do tamanho maior que tiver».

A senhora olhou-o de alto a baixo, corou e comentou:

«Os preservativos são de tamanho único...»

Mas ele esclareceu:

«Não, minha senhora. O que eu quero é uma CAIXA DAS MAIORES que tiver»

*
No entanto, na imagem que aqui vai, pode ver-se que, por sinal, há camisinhas capazes de criar complexos a muito macho latino!

--

NOTA: O «DN» de 24 Mar 05 publicou uma versão deste texto que está em «Comentários»

O verdadeiro especialista em Finanças Públicas

Irritado por ver tanta gente, em Portugal, a plagiá-lo, Billy the Kid fez-nos chegar uma foto sua com uma clara ameaça aos - como ele lhes chama - «...aprendizes que andam por aí a mandar palpites sobre Finanças Públicas».

«Lá que sigam os meus métodos, ainda vá-que-não-vá... Agora que andem para aí a dizer que foram eles que inventaram a melhor forma de esmifrar o cidadão... isso é que já não admito!»

13.3.05

Depois de ouvida a minha porteira...

Cartaz de homenagem a Billy the Kid, um apologista do

«Vamos gamar p' astrada!».

Em fundo, vê-se uma vintena de entendidos em finanças públicas portuguesas - a quem os compatriotas, perante a ameaça de aumento do IVA, sugeriram que fossem também "roubar para a estrada".

(Clicar na imagem, para a ampliar)

1 - Manuela Ferreira Leite informou-nos, um dia, que mais de 50% das empresas portuguesas apresentam sistematicamente prejuízos.

2 - Anteontem, soubemos que há mais de 250.000 que nem sequer têm esse problema... porque, simplesmente, nem fazem a respectiva declaração.

3 - A solução debitada pelos sábios do costume (porventura depois de ouvirem a minha porteira e a senhora que vem cá ao prédio lavar as escadas) foi, segundo o Expresso-online de ontem:
*
OS FISCALISTAS não têm dúvidas. Perante a inevitabilidade do aumento de impostos, a vítima será novamente o IVA. O antigo ministro das Finanças Medina Carreira vai mais longe e diz que é «insuficiente um aumento inferior» a dois pontos percentuais. Neste caso, a taxa de IVA subiria de 19% para 21% e Luís Campos e Cunha repetiria a dose de Manuela Ferreira Leite. Há três anos, a antiga ministra das Finanças estreou-se no Terreiro do Paço elevando o IVA de 17% para 19%.

Outro ex-ministro das Finanças, Miguel Beleza, defendeu na última semana a subida do IVA para 20%.

Também o último boletim do Banco de Portugal antecipa um possível aumento de impostos indirectos. Como seria «irrealista» que num só ano o défice caísse mais de 2% do PIB, o governador Vítor Constâncio alerta que a tomada de novas medidas efectivas de aumento das receitas em 2005 «tem tanto de difícil como de inexorável».

O Ministério das Finanças estima que cada ponto na taxa de IVA aumenta as receitas fiscais em €500 milhões, um montante idêntico à perda estimada com a descida da taxa de IRC para 25%.

*
Curiosidade em relação a esses 500 milhões:

Segundo o governo cessante, a fuga ao fisco está avaliada em 40 VEZES isso (o que, como é do conhecimento público, parece não preocupar ninguém - muito menos os sábios...)

12.3.05

Adivinha (para isto não ser só política...)

Thomas Edison costumava fazer um exame aos que queriam trabalhar com ele.
O que adiante se reproduz bem podia fazer parte das respectivas perguntas - mas não é o caso.
De qualquer forma, tem graça - pelo que aqui fica o desafio aos leitores.
*

Um indivíduo entra numa loja para comprar lâmpadas e pergunta ao empregado quantas tem. Face à resposta, decide:
- Levo metade dessas lâmpadas mais meia lâmpada.
O funcionário nem pestaneja. Conta-as, faz o embrulho respectivo e recebe o dinheiro. No dia seguinte, o freguês regressa.
- Das lâmpadas que sobraram de ontem, levo outra vez metade e mais meia.
Mais uma vez, o funcionário nem pestaneja. Conta-as, faz o embrulho respectivo e recebe o dinheiro.

PERGUNTA-SE: Sabendo-se que, no fim, ficou apenas uma lâmpada por vender, quantas havia no início?
Nota: Tratava-se de lâmpadas de vidro, normais. Estavam todas inteiras, e não foi necessário quebrar nenhuma.

T. Alva Edison (Ver "post" seguinte) Posted by Hello

A arte de complicar

A propósito da trapalhada das portagens dos monovolumes (*), por exemplo, ...

(Clicar na imagem para a ampliar)

... esta obra pode ser uma alegoria à arte (tão apreciada entre nós) de tornar complicadas coisas que parecem fáceis.

(*) Ver, em "Comentário", o estado dessa anedota, hoje.

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Enviada por D. Quintino

A Ponte do Compromisso

(Clicar na imagem para a ampliar)

Ainda nada se sabe quanto à política de "pontes" do novo governo.

No entanto, como é um problema que tem muito a ver com a produtividade do país, o melhor é ver como fazem os povos mais avançados - por exemplo os japoneses.

Na imagem, mostra-se como eles resolveram o problema à maneira guterrista:

Após muito diálogo, conseguiram agradar simultaneamente à esquerda e à direita.

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Enviada por D. Quintino

Portugal e a Sociedade da Informação - VII

O meu primeiro IRS electrónico

(Clicar na imagem para ampliar)

Quando, pela primeira vez, apareceu a possibilidade de entregar o IRS pela Internet (poupando-me às filas de várias horas), eu fui um dos grandes entusiastas dessa possibilidade.

No entanto, a experiência foi traumatizante (ver em "Comentário").

Cheguei então à conclusão que o melhor seria fazer as duas coisas ao mesmo tempo:

Meter-me na já conhecida fila da Repartição de Finanças e, munido de um portátil ligado à Internet, ir tentando as duas hipóteses...

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Desenho: CMR

11.3.05

Portugal e a Sociedade da Informação - VI


Há dias, num encontro em que participou juntamente com Jorge Sampaio, Pacheco Pereira referiu alguns perigos da Sociedade da Informação.

Não será o mesmo que alertar um esfomeado para os perigos da indigestão?