28.2.10

Alguém viu e quer comentar?

Problemas no arquivo do "Blogger"

NO DECURSO do último Passatempo Calimero, em que era preciso localizar um post afixado em 6 Nov 09, constatou-se que, acedendo ao "Arquivo" (barra da direita), não estavam visíveis (na opção "arquivamento mensal") os posts correspondentes aos primeiros dias dos meses. O problema só se resolveu quando alterei o arquivamento de "mensal" para "semanal" - mas fica com muito mau aspecto!

Alguém sabe o que se passa e/ou como resolver o problema?
TERMINA às 20h de hoje o passatempo «Quanto indica a balança?», cujos prémios, escolhidos em função de acontecimentos recentes, serão exemplares de O Monte dos Vendavais (1) e de Como a Água que Corre (2).

Ronaldo reconhecido e com ambição

Por Joaquim Letria

RONALDO, o "Fenómeno”, campeão do Mundo com o Brasil em 1994 e 2002,jogador de luxo do Barcelona e do Real Madrid, encantando o mundo nos dois grandes clubes espanhóis, vai-se embora dos estádios no fim do próximo ano, quando acabar o seu actual contrato com o seu amado Corinthians, de São Paulo. Hoje com 33 anos, Ronaldo esforça-se agora para ser convocado para o escrete canarinho, que vai à África do Sul disputar a fase final do Campeonato do Mundo. Recorde-se que Dunga nunca chamou Ronaldo à selecção do Brasil. O “Fenómeno” tem esperança de, para já, ganhar a Taça dos Libertadores para o Corinthians e o competitivo campeonato paulista, em cujos jogos brilha todas as semanas. (...)
Texto integral [aqui]

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Luz - Claustros de um College de Oxford

Fotografias de António Barreto- APPh

Clicar na imagem, para a ampliar
MUITOS colégios de Oxford são maravilhosos edifícios com datas de construção (ou de início) que podem ir até aos séculos XIV e XV. Muitos têm enormes jardins e parques. Pertencem a uma universidade que cultiva a ideia de “comunidade académica”. (1995)

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27.2.10

Escutar o 1.º Ministro

Por J.L. Saldanha Sanches

A TRANQUILIDADE com que o legislador previu um regime especial para as escutas ao primeiro-ministro era de muito mau agouro. Parecia prever que seria normal ter primeiros-ministros que iriam estar, mais tarde ou mais cedo, embrulhados nas malhas de uma qualquer escuta.
O pior é que acertou. Mas se perguntarmos quem é que deve escutar o primeiro-ministro a resposta só pode ser uma: ninguém.

Se chegamos ao ponto em que os amigos mais próximos do primeiro se envolvem em crapulosos casos de polícia levando a que sejam escutados e arrastando para a rede do controlo judicial altas figuras do Estado, então, tudo está perdido. (...)

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Pé ante pé

Por João Duque

(...) esta de "entrar de mansinho" sem querer dar nas vistas fez-me lembrar a dos gregos que, sub-repticiamente, aumentaram a dívida sem que se desse por ela!
Já em Julho de 2003 uma revista da especialidade dava conta de que a Goldman Sachs havia proposto ao Governo grego umas operações financeiras que lhe permitiriam aliviar o pesado saldo da dívida emitida, e assim facilitar a adesão ao euro.
A Grécia tinha iniciado um programa de emissão de dívida em dólares e ienes. Mas como os impostos são cobrados em euros, o melhor seria converter estas dívidas para ficar a dever e a pagar juros em euros.
Tudo isto era tecnicamente certo, desde que os valores trocados entre as partes fossem os justos. (...)
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Passatempo Calimero


ESTE desafio destina-se, de início, apenas aos leitores que não tenham ganho nada nos passatempos do presente mês. No entanto, se a resposta demorar a surgir, a participação será aberta a todos, no seguimento de uma actualização a afixar. Lá vai, então:
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NO PROGRAMA Sociedade Civil, da RTP-2 (que se pode ver aqui), aparece, no momento 1h 01m 50s, uma fotografia que foi afixada aqui no Sorumbático. Pergunta-se: em que dia foi ela tirada?
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Actualização (28 Fev 10/11h30m): o passatempo passou a estar aberto a todos. Atenção ao que é dito nos comentários já afixados.
Actualização (28 Fev 10/13h58m): ver a solução [aqui], complementada com o comentário das 13h56m, que explica a ausência de respostas.

Quando o meu pai viu o Júlio Verne

Por Alice Vieira

HOJE fui ter com o meu pai à livraria.

Quando eu era muito pequeno, pensava que o meu pai já tinha lido aqueles livros todos. E que por isso mesmo é que era o dono.

Gosto de passar a mão pelas encadernações dos livros, e folheá-los, e imaginar que histórias contarão.

Gosto sobretudo de folhear os livros do Júlio Verne, e já perdi a conta às vezes que li “A Viagem ao Centro da Terra e “Da Terra à Lua”. (Se o “D. Jayme” fosse como algum destes livros, ao tempo que eu já o sabia de cor…) - (...)
Texto integral [aqui]

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26.2.10

O PRÉMIO a atribuir a quem vencer o passatempo sitemeter 1111111 será um exemplar do livro A Rainha da Canela, de Ayala Monteiro. NOTA (27 Fev 10 / 10h53m): Ver "actualização" acabada de afixar.

«Dito & Feito»

Por José António Lima

PASSOU QUINZE arrastados e pesados dias sem nada ter a dizer sobre as chocantes revelações de que o país tomou conhecimento com as escutas do processo Face Oculta. Quando, finalmente, falou, Manuel Alegre fez um discurso redondo. A criticar «a promiscuidade entre a Justiça, a política e a comunicação social» e a lamentar que «se esteja a viver uma crise política em vez de se procurar resolver as dificuldades» do país ou que não haja «segredo de Justiça quando a Justiça não funciona». Politicamente condicionado, partidariamente manietado, Alegre procurou dar duas no cravo e uma na ferradura (...)
Texto integral [aqui]

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Mais uma foto, para enriquecer [esta] colecção, que já vai longa...
NOTA: O 'link' já está activo.

Cem anos depois um monárquico...

Por Ferreira Fernandes

COMO TODAS as minorias que não conseguem resolver esse problema, ser minoria, os monárquicos portugueses tendem a cavar entre si novas dissidências. Por exemplo, os monárquicos mais tradicionalistas emprestam aos moderados epítetos que lhes apontam a acomodação ao regime actual: "monárquicos ingénuos", "monárquicos de fachada" e, supremo insulto, "monárquicos republicanos". Essa luta escapa, evidentemente, à generalidade dos portugueses, que é republicana porque sim. A candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República (sim, é a isso que ele se candidata) é capaz de vir a trazer para o público a discussão do regime.

Ontem, à Sábado, Nobre disse: "Pertenci uns anos à causa real. Sou simpatizante." Então, está bem. Deve ser mais uma táctica dos monárquicos para resolver o problema. Com o risco de vir a ser criticado pelos seus como o maior dos "monárquicos republicanos", Nobre, se for eleito, pode ser o mais útil da causa: basta-lhe ser um péssimo Presidente para demonstrar a necessidade do Rei. Na Sábado, disse também que quer Olivença de volta. Vai, pois, opor-se ao Rei de Espanha. Não há dúvida, Fernando Nobre é mesmo monárquico: a prova é que, ainda antes de ser eleito, já se dá como prioridade atirar-se a outro monárquico.

«DN» de 26 Fev 10

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SUGERE-SE, a quem se deparar com o número 1111111 no sitemeter existente em rodapé, que faça o print-screen e envie a imagem para premiosdepassatempos@iol.pt. O já habitual prémio comemorativo será um livro surpresa.
Actualização (27 Fev 10 / 10h52m): Como, mais de 12 horas depois, não apareceu o número indicado, o prémio será enviado ao leitor que obteve a imagem 1111112 - se ninguém se opuser, claro!

Jovens sem J

Por Joaquim Letria

O PS TEM MOSTRADO a eficácia da sua JS. É só ver como os “piquenos” se orientam e que bem eles estão na vida. JS, JCP, JSD, JC são siglas de algumas das organizações que abrigam e orientam uns matulões de 30 anos.
O filho duma amiga minha deixou todos chocados lá em casa ao contar que uma professora lhes tinha dito ”vocês não estudem, não trabalhem! Vão para a J, que dá menos trabalho e rende muito mais!” Pode ser deseducativo, mas temos de convir que é um conselho útil, amigo e muito prático.
O pior é para os jovens sem J. Ainda hoje não receberam o dinheiro das bolsas respeitantes a Outubro, Novembro, Dezembro e Janeiro. Andam a pé sem dinheiro para o passe, comem mal e ficam a dever o aluguer do quarto. Alguns têm os pais desempregados e irmãos mais novos na escola. São caixas em supermercados, telefonistas em “call centers”, tudo em segredo para não perderem o direito à bolsa que vai dos 90 euros aos 250, conforme os casos.
Depois, muitos são explorados na moda nova do “trabalho à experiência” que se segue aos estágios não remunerados. A Universidade de Coimbra deve meio milhão de euros, tem mais de 1200 alunos sem dinheiro e queixa-se do Estado nunca lhe pagar a totalidade do que deve.
E se entregassem as universidades às Js?! Elas orientam-se! Assim como assim…
«24 horas» de 26 Fev 10

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25.2.10

SERÁ atribuído um exemplar de um famoso livro policial de Sue Grafton a quem responder às seguintes duas perguntas:
1ª - O que é que há de estranho nos dois textos que em cima se podem ler?
2ª - Qual o título do referido policial, tendo em conta que, de certa forma, está relacionado com a questão anterior?

Actualização (20h06m): as respostas certas já foram dadas.

Estamos conversados

Por Joaquim Letria

UM SINDICALISTA disse que em Barcelos exploram trabalho não remunerado de trabalhadores no desemprego. Ouvi este homem e ouvi, depois, um senhor do Emprego e Formação Profissional muito céptico, a dizer que bastaria essas situações serem denunciadas para o IEFP as registar no histórico dessas empresas, pelo que seria pouco plausível, e no mínimo estranho, tal se verificar.
Fiquei estupefacto! Quem manda no IEFP não sabe o que se passa no País? Desconhece factos consubstanciados por vítimas de empresas que oferecem “trabalho à experiência” para depois as mandar embora de mãos vazias, em situações que se repetem pelo país fora?!
Ignora que um jovem à procura do primeiro emprego, na comunicação social, na hotelaria, na restauração, na indústria, depois dum estágio ilegalmente não remunerado, é convidado a “trabalhar à experiência” antes de ser mandado à vida três ou quatro meses depois, rumo a idêntico destino no próximo empregador?!
Ah, não se fiscaliza! Se houver quem dê com a língua nos dentes, talvez se possa escrever alguma coisa no histórico dessa empresa, caso contrário, estamos conversados. De qualquer maneira, ficamos entendidos!
«24 horas» - 25 Fev 10

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«Águas e vendavais» - Passatempo com prémio

Quanto indica a balança?
Cada leitor poderá dar um único palpite, até às 20h de 28 Fev.
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A solução já está disponível [aqui]

É muita milha à minha custa

Por Ferreira Fernandes

POR VEZES, Portugal resvala para a política e põe-se a discutir assuntos como se eu fosse um dos donos disto. Isto é, como se eu fosse um cidadão.
Falo do caso Inês de Medeiros, um caso político. Agarro-o antes que voltemos a telefonemas escutados, conversa sem valor acrescentado. Inês de Medeiros é deputada por Lisboa e mora em Paris. Uma sorte! Falo da nossa sorte: podia dar-se o caso de ela ser deputada por Lisboa e morar em Aukland (Nova Zelândia). Sendo o que é, Lisboa e Paris, a coisa fica-nos por 4500 euros/mês (todas as semanas, em executiva).
Tudo começou porque, generosos, os serviços parlamentares quiseram transformá-la em deputada eleita pelo círculo da Europa para efeitos de pagamento. Eu pensava que um deputado era só para efeitos de deputar. Por exemplo, sendo do círculo da Europa é natural que se lhe pague para ir falar semanalmente com os seus eleitores. Todas as semanas? Seja, o Parlamento é que decide o seu ritmo. Em executiva? Aí, já discutia um pouco, mas dou de barato. Agora, que Inês de Medeiros queira regalia por aquilo que não trabalha, não.
Eu também disse ao meu patrão que queria uma viagem semanal Lisboa- Key West, na Florida (uma mania minha). "Não", disse-me ele.
É, Inês de Medeiros, o que eu, dono disto, lhe digo. Adoro discussões políticas.
«DN» de 25 Fev 10

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Luz - Christ Church, College de Oxford.

Fotografias de António Barreto- APPh

Clicar na imagem, para a ampliar
ESTE É um dos mais antigos, ricos e belos colégios de Oxford. Foi a este colégio que pertenceu o professor Lewis Carroll, criador da Alice. Esta menina era filha de uns pequenos comerciantes, cujo quiosque ainda lá está, do outro lado da rua. A sala de jantar deste colégio é a famosa sala onde foram filmadas numerosas cenas dos filmes do Harry Potter, que não vi nem li, mas que transformaram o colégio num local de atracção turística incrível. (1998)

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A tragédia da Madeira

Por C. Barroco Esperança

A CATÁSTROFE que atingiu a Madeira só espantou pela dimensão e violência da devastação que em poucas horas transformou a cidade do Funchal num campo de lama e de morte, imagem de uma batalha perdida contra a fúria da água e do vento.

Seria de mau gosto fazer, com o sofrimento dos madeirenses, o obsceno aproveitamento político que alguns abutres, agora silenciosos, fizeram com a tragédia da ponte de Entre-os-Rios, mas é altura para o diagnóstico sobre as causas que ultrapassam os fenómenos naturais cujo número, dimensão e intensidade ameaçam agravar-se com as previsíveis alterações climáticas. (...)
Texto integral [aqui]

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24.2.10

TAL COMO sucede com os provérbios, muitas frases-feitas (ou "populares") têm-se mantido inalteradas ao longo dos tempos. Não é o caso da que originou esta velha charada, que caiu em desuso. No entanto, passa-se com ela uma coisa curiosa: basta substituir a segunda palavra por uma outra para que a frase fique actual. Essa nova palavra tem o mesmo número de letras que a inicial (cinco), sendo a primeira e a última letras a mesma. Acresce que o desenho se manteria válido! Pergunta-se: qual a frase em causa?
Actualização (19h19m): a resposta certa já foi dada.

É conforme…

Por Joaquim Letria

O FILHO DUM AMIGO meu não acabou curso nenhum, deram-lhe o nono ano sem saber ler nem escrever, chamaram-no para uma tarefa sigilosa, forneceram-lhe um PC portátil e um e-mail confidencial, um telemóvel com cartão de pré-pagamento e disseram-lhe que quando lhe encomendassem tarefas, teria de obedecer.
Pode trabalhar em casa, sem horários, recebe em dinheiro e não faz perguntas nem descontos. O rapaz anda feliz. Limita-se a reenviar mails e sms com comentários a artigos e notícias em jornais, e com ameaças aos destinatários que lhe indicam e que, viria ele a descobrir mais tarde, são os autores desses escritos.
Há momentos em que há mais que fazer. Mas nos tempos mortos, fornecem-lhe historietas e anedotas para o rapaz distribuir pelos endereços electrónicos que lhe indicam, desacreditando uns e deixando boas impressões de outros.
À observação de ser um erro não descontar para a segurança social, o filho do meu amigo diz que não é preciso. ”Deram-me um número de telefone e, se precisar de alguma coisa, alguém cuida de mim”.
E se alguém pergunta o que faz na vida? ”Ora, digo que sou informático, ou que trabalho para o Estado, ou que sou consultor do Governo. Depende! É conforme! Mas eu gostava era de estar na equipa que escreve os textos”…
«24 horas» - 24 Fev 10

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Pergunta de algibeira

POR ASSOCIAÇÃO de ideias com as referências feitas a relógios (por Nuno Crato, ontem) e a Galileu (por Carlos Fiolhais, hoje), aqui fica a seguinte questão:
Devido a uma curiosa coincidência, o quadrado do número pi é praticamente igual ao valor da aceleração da gravidade à superfície da Terra (no sistema mks, evidentemente).
Ora esse facto tem uma consequência muito curiosa no que toca a relógios e a pêndulos. Qual é?
NOTA: Está disponível um exemplar de Alice no País das Maravilhas a atribuir a quem primeiro der a resposta certa (e devidamente justificada, claro).
Actualização (17h30m): o passatempo terminou.

De novo os "Actos de Deus"

Por Carlos Fiolhais

"ACTOS DE DEUS" era o nome que tinham nas antigas apólices de seguro as tragédias naturais como as cheias do Douro que estiveram na base do acidente de Entre-os-Rios ou a recentes cheias na ilha da Madeira que, infelizmente, levaram pessoas e bens. Mas, em geral, às circunstâncias naturais acrescem os erros humanos, por acção ou omissão.
(...)

Também desde que o homem existe sobre a Terra que faz edifícios e pontes de modo que eles não caiam logo. A tecnologia da construção que permitiu as pontes romanas ou as catedrais da Idade Média foi de base empírica. Construía-se e, se a construção não caísse, então... ficava de pé. Experimentava-se tal como se faz ao provar um produto culinário. (...)
Texto integral [aqui]

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Misérias portuguesas

Por Baptista-Bastos

ESTAMOS A PERDER a perspectiva e o sentido das coisas. Vivemos, dificultosamente, uns com os outros, e olhamo-nos com agressiva desconfiança. As mais altas instituições mentem-nos, omitem, afirmam uma certeza e logo a desdizem; os representantes da justiça fornecem-nos a cavernosa ideia de uma identidade truncada, e abandonaram o conceito de mediadores da consciência social; o jornalismo, que devia ser, e já foi, uma referência em forma de caução, é a miséria que por aí se vê. Mais cedo do que tarde terá de proceder a um mea culpa; mas nem assim arredará as gravíssimas responsabilidades que lhe cabem no desrespeito geral. (...)
Texto integral [aqui]

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23.2.10

Medina Carreira, João Duque e Silva Lopes
analisam o PEC - ver [aqui]

A gata borralheira e o lobo mau

Por Joaquim Letria

AS PRESIDENCIAIS são só para o ano, mas já percebemos que desde as últimas legislativas andam todos à procura da “pole position”. Agora, entrou uma nova escudaria na liça.
Dizem que vem animada por uma velha marca que perdeu o último campeonato e se quer vingar por entreposta pessoa, por ter desafinado, sem remédio, o carburador. Mas não é isso que conta.
Importa mais, por exemplo, o novo piloto vir vestido de anjinho, ter um par de asas brancas, e mentir com quantos dentes tem na boca, tanto ou mais do que os fulanos contra os quais diz estar ”por um dever de consciência”.
Ou alguém acredita que decidiu correr por ouvir umas vozes, no Norte, no Centro e no Sul?! E haverá quem ache possível que haja quem diga que não tem meios para suportar as despesas de campanha, mas que ”está confiante de alguma coisa que se há-de arranjar”?!
Ora, eu falo nestas coisas, ouvidas aqui e ali nas televisões, para avisar todos de uma coisa muito simples: estamos fartos de aldrabices e de histórias da carochinha. Não queremos ver mais ninguém vir dizer-nos que é a gata borralheira e depois descobrirmos que fomos mais uma vez enganados porque, afinal, é o lobo mau e pertence a outra história.
«24 horas» - 23 Fev 10

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Alguém é capaz de decifrar esta velha charada?

Natureza selvagem

Por Rui Zink

TODO O PORTUGAL É BONITO, mas nada se compara à beleza dramática da Madeira e dos Açores. Em compensação, os Açores são nove ilhas espartilhadas e a Madeira tem o Alberto João. E, antes da Europa e do avião barato, sofreram um isolamento que os levou a emigrar em massa: da Madeira para a Venezuela e África do Sul, dos Açores para a América.

A tragédia de anteontem lembra-me outra que abriu a década: a queda da ponte de Entre-os-Rios. Também então, ainda em choque, se começou a tentar “apurar responsabilidades”. Muito gostamos nós disso. Evidentemente, passados anos, nenhuma “responsabilidade” foi “apurada”. Apenas houve um ministro que se demitiu, admitamos que por pudor. Hoje, ao que consta, “está na construção civil”, como tantos ex-colegas, onde mercê da sua “experiência” ganha concursos para “obras públicas”. (...)

Texto integral [aqui]

NOTA (CMR): Rui Zink junta-se, a partir de hoje, ao grupo dos autores convidados do Sorumbático.

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As desventuras de Alice

Por Nuno Crato

A SEGUNDA PARTE de Alice no País das Maravilhas inclui algumas das mais famosas passagens e personagens de Lewis Carroll. Contém também alguns dos seus mais divertidos absurdos: as lições da tartaruga fingida, os disparates do chapeleiro louco e o julgamento final em que a rainha, desejosa de cortar a cabeça à jovem heroína profere a célebre frase: «Primeiro a sentença, depois o veredicto!».

Os dois livros de Alice revelam o humor de um matemático que brinca com a lógica e faz alusões veladas a temas científicos. A maioria das vezes, as alusões são indirectas, e muito se tem discutido sobre algumas passagens. Logo no capítulo 2, por exemplo, Alice parece enganar-se nas contas: «quatro vezes cinco é doze, e quatro vezes seis é treze, e quatro vezes sete — oh! Assim nunca mais chego a vinte!» (...)

Texto integral [aqui]
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NOTA: No final desta crónica, é deixado um desafio aos leitores. Ao que primeiro der a resposta certa (com a melhor justificação, evidentemente), será atribuído um exemplar de Alice no País das Maravilhas, Ed. VISÃO. Actualização (18h58m): o passatempo terminou. V. comentário das 18h58m

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22.2.10

Situação

Por João Paulo Guerra

Já viram o que dá mexer num negócio de sucatas em Portugal?
QUASE CAI O GOVERNO, rolam umas tantas cabeças, desvendam-se mais uns quantos ‘boys' e respectivas sinecuras, atinge-se a credibilidade de um dos maiores potentados económicos e financeiros do país na questão central da participação do Estado, chega-se ao financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais, aos pagamentos por baixo do balcão e para cima do ‘offshore', atinge-se mesmo um dos fundamentos essenciais da democracia, a liberdade de expressão e de imprensa. E tudo isto assente em escutas telefónicas a suspeitos negócios de sucatas.
Pode então tirar-se uma conclusão perturbante: a democracia tem os pés na sucata, assim como cada vez mais democratas têm as mãos nas massas. Ou será que a democracia foi para a sucata? (...)
Texto integral [aqui]

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Passatempo-relâmpago

NA SUA CRÓNICA de hoje, Joaquim Letria salienta o facto de a catástrofe da Madeira ter provocado uma acalmia nas confrontações político-partidárias em Portugal, fazendo-me lembrar o que é referido logo no início do livro «...» (*):

No Verão de 1917, choveu torrencialmente durante seis dias, inundando as trincheiras dos homens que se enfrentavam em Artois e no Pas-de-Calais. Perante essa emergência, os soldados de ambos os lados interromperam a matança - trocando, temporariamente, as bombas mortíferas por bombas de tirar água.

(*) Pergunta-se: qual o livro em causa? Será atribuído um exemplar do mesmo a quem primeiro der a resposta certa. Actualização: o passatempo terminou, como se pode confirmar [aqui].

1967 - Alguém se recorda?

NUMA NOITE de finais de Novembro de 1967, uma tromba de água, que assolou Lisboa e os seus arredores, provocou um número indeterminado de mortos. Sabe-se apenas que foram largas centenas, tendo a Censura feito os possíveis e os impossíveis para impedir a sua divulgação. E percebia-se porque o fazia: é que às causas naturais haviam-se somado as humanas: a construção das casas (frágil, caótica e em leitos de cheia), os esgotos (mal dimensionados, entupidos ou mesmo inexistentes), as ribeiras bloqueadas (com vegetação, detritos e lixo) - tudo isso junto com a miséria e a ausência de planos de emergência eficazes só podia ter dado o que deu.

Houve ainda uma outra variável que enfureceu o regime: as Associações de Estudantes mobilizaram-se rapidamente, e milhares de jovens acorreram às zonas atingidas - muitos deles (oriundos da burguesia urbana) tomando, pela primeira vez e de forma traumática, contacto com a realidade portuguesa.
Integrado nesse movimento, estive em Queijas e em Alhandra, e fiquei com a impressão de que, especialmente na primeira, muitas das vítimas devem ter morrido sem perceberem o que lhes estava a acontecer: uma enxurrada de lama, vinda de noite e inesperadamente, havia entrado pelas casas adentro (atingindo os tectos),
soterrando tudo e todos.

As enxurradas do Funchal

Por Joaquim Letria

FOI PRECISO morrerem dezenas de portugueses e haver feridos e desaparecidos na tragédia da Madeira para Portugal readquirir o aspecto duma nação como as outras, governada por gente aparentemente responsável.
Possivelmente, foi o luto e o respeito devido aos familiares dos mortos da Madeira que os conteve. Mas ver o primeiro-ministro a falar sem ser por causa dumas mentirolas e o presidente do governo regional com ar compungido, os dois juntos a ouvirem o ministro Rui Pereira dar conta do que já mandara fazer para ajudar a assistir e a reconstruir o Funchal, dá gosto. Surpreende também o ar sério de Jardim, preocupado com as repercussões que tanto podem prejudicar a economia do arquipélago.
Politicamente, isto ajuda uma nação descoroçoada pelo triste espectáculo da marabunta. No sábado, ainda houve dois corvos da AR que grasnaram. Mas chegou e sobrou, para eles, o vice-presidente da Câmara do Funchal.
A tragédia da Madeira acaba por ser, politicamente, uma bênção para o primeiro-ministro que se arrastava pela poeira dos caminhos. Oxalá não venham a descobrir, numas escutas telefónicas, o São Pedro a combinar, com uns “boys” de serviço, a estratégia das enxurradas do Funchal que salvaram Sócrates da desgraça!
«24 horas» - 22 Fev 10

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O Vidro e a Areia

Por A. M. Galopim de Carvalho

NAQUELA MANHÃ, o Domingos, a Francisca e o Mateus, esquecendo o que a mãe sempre recomendava, levantaram-se da mesa do pequeno-almoço e não levaram, para a cozinha, os copos em que tinham bebido o leite. Correram para a rua, onde os esperava a carrinha que, todos os dias, os levava para a escola.

A mãe saíra logo a seguir, a correr, a caminho do emprego e, assim, os três copos ali ficaram esquecidos, com todo o tempo para fazerem o que os objectos costumam fazer sempre que não há ninguém por perto a observá-los, isto é, conversarem uns com os outros. Foi então que o copo do Domingos, maior e mais experiente do que os outros, começou por lhes perguntar:
- Vocês, por acaso, sabem como apareceram aqui? (...)
Texto integral [aqui]

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21.2.10

Do que Coentrão se livrou

Por Joaquim Letria

FÁBIO COENTRÃO, a braços com uma lesão que o impediu de dar o seu útil contributo à equipa do Benfica contra o Hertha, bem pode dizer que há males que vêm por bem. O lateral esquerdo do Benfica ficou em Lisboa e não integrou a comitiva encarnada que viajou até Berlim, onde enfrentou 9 e 7 graus negativos.
Jesus voltou a não ter meias medidas: proibiu o uso dos “collants” a todos os jogadores, autorizando unicamente uma camisola interior térmica e luvas. O técnico encarnado justificou a sua proibição com a necessidade de não prejudicar movimentos… (...)

Texto integral [aqui]

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E continua o "vira"!

Com a tão nossa e querida ilha

Por Ferreira Fernandes

O QUE ACONTECEU ontem é simples de dizer e doloroso: aconteceu uma tragédia a Portugal. Morreram 32 portugueses. Campos nossos foram arrasados. Pequenas vilas ficaram isoladas. Uma nossa cidade, por sinal a mais bela cidade de Portugal, foi invadida por lama. Janelas debruadas como há séculos os portugueses sabem fazer e espalham pelo mundo fora (Lubango, São Luís do Maranhão, Honolulu...) - e quem mais as espalhou foram os filhos desta cidade, e fizeram delas uma marca de Portugal -, janelas dessas, foram afogadas pelas enxurradas.

Nessa nossa cidade de telhados vermelhos, paredes brancas e persianas verdes, ontem era tudo cinzento e castanho, da montanha ao mar. As torres vigias que em tantas casas se erguem para espreitar o mar, de onde chegavam os corsários e por onde partiam os mais cosmopolitas de nós, surpreenderam-se porque, ontem, o que acontecia vinha do lado contrário.

Esse nosso pedaço de Portugal é pequeno e aos seus rios chama ribeiras, nome dramaticamente irónico, ontem, tal a força das águas revoltas que carregaram automóveis até à baía. Aquele nosso Portugal tem nome próprio, aqueles nossos portugueses têm um nome particular, uma fala particular, aquela nossa bela cidade tem nome - mas hoje só me apetece dizer o essencial: estou a falar de nós.

«DN» de 21 Fev 10

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Luz - Chegada de soldados do Ultramar. (1974)

Fotografias de António Barreto- APPh

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O Sr. Mateus foi preso

Por Alice Vieira

AINDA nem estou em mim. Eu e a rua toda.
O Sr. Mateus foi preso ontem.
O Sr. Mateus morava no prédio ao lado do nosso, era de poucas falas, mas dava sempre os bons dias e boas tardes quando nos encontrávamos.
Vivia sozinho, mas há dias a Rosa disse:
- Os galegos acartaram ontem com quatro caixotes para casa do Sr. Mateus. Os desgraçados suavam que nem porcos, com perdão da palavra…
- E então? — murmurou a minha mãe – os galegos não fazem outra coisa, que é que isso tem de estranho?
- O que é que tem? Tanto caixote para casa de um homem que vive sozinho? (...)
Texto integral [aqui]

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20.2.10

Como se vê (clicar para ampliar), isso de jobs for the boys já é coisa velha!
(
in Humor Antigo, ano de 1924, actualizado)

Isto está mau! A AMI vem aí!

Por Ferreira Fernandes

SEBASTIÃO SALGADO, o grande fotógrafo brasileiro, escolheu contar-nos o mundo atormentado. A fome no Sahel, os garimpeiros da Serra Pelada, crianças esquálidas, mães de olhar palúdico. Mesmo quando ele está no Primeiro Mundo sucede-lhe passar tangentes a desgraças: Sebastião Salgado fotografou a tentativa de assassínio de Ronald Reagan, em 1981. O branco só está lá para dar ênfase ao negro nas suas fotos a preto e branco. Num dia em que ele foi a Buenos Aires, um jornal argentino titulou: "Isto está mesmo mal: Sebastião Salgado desembarcou ontem!"
Foi no que pensei quando soube que Fernando Nobre, o presidente da Assistência Médica Internacional (AMI), se candidatou a presidente de Portugal: "Meu Deus, isto já só vai lá com assistência humanitária?!" O País ficou em transe.
Antigamente, havia o terramoto e aparecia Fernando Nobre, agora é Fernando Nobre que causa o terramoto. Sopram-me que é Mário Soares que está por trás da candidatura. Eu já desconfiava. Soares sempre disse: "Mon AMI..." Só que pensávamos que era Miterrã e é Nóbrê. Nos adversários, um é Alegre mas tem cara de empertigado e o outro é Cavaco mas é de poucas falas. Fernando é Nobre e é monárquico. Termos um nome no boletim de voto que não mente já é positivo.
«DN» de 20 Fev 10

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Se não foste tu, foi o teu tio!

EMBORA, em certos casos, uma pessoa possa ser atacada por actos praticados pelos seus filhos (nomeadamente se eles forem menores), julgo que não passará pela cabeça de ninguém, no seu perfeito juízo, criticar um filho por actos do pai - e menos ainda se, em vez de pai, estiver em causa um tio! E se, em vez de um verdadeiro tio, se tratar de um senhor que casou com uma tia? Bem... aí, já não sei o que dizer!
No entanto, é exactamente isso que, com frequência, João Gonçalves faz no seu blogue Portugal dos Pequeninos em relação a Alfredo Barroso, como se pode ver. p. ex. [aqui], [aqui], [aqui], [aqui], [aqui], [aqui], etc., etc.
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Eleanor Roosevelt dizia que «Mentes elevadas discutem ideias, mentes medianas discutem acontecimentos e mentes pequenas discutem pessoas». Não disse, no entanto, como classificar os que discutem parentes por afinidade. Se calhar, pequeninos estaria bem...

19.2.10

Passatempo Calimero

ESTE desafio destina-se, de início, apenas aos leitores que nunca tenham ganho nada nos passatempos que aqui têm sido propostos. No entanto, se a resposta demorar a surgir, a participação será aberta a todos, no seguimento de uma "actualização" a afixar. Lá vai, então:
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QUASE no final do filme Call Girl, o inspector-chefe da PJ diz aos seus subordinados que investigar políticos é uma grande chatice pois, se prendem um do partido A, têm de ir a correr prender um outro do partido B, para equilibrar - é aquilo a que o João Miguel Tavares se referia quando dizia «Toma lá um Freeport, dá cá um BPN».
Foi também o que sucedeu na actual Comissão de Ética que investiga as alegadas pressões sobre a Comunicação Social quando alguém fez questão de chamar X "para compensar".
Pergunta-se: quem é X, tendo em conta que não é por acaso que o prémio (a atribuir a quem primeiro der a resposta certa) é um exemplar do livro cuja capa aqui se vê?
Actualização (20 Fev 10): ver as novas condições de participação indicadas nos comentários das 11h17m e das 11h48m.
Actualização (19h07m): a resposta certa foi dada às 19h03m.
Há algo de estranho nestas imagens publicadas no «i» de anteontem.
O que é?

Os situacionistas

Por Helena Matos

NOS ANOS 60 passaram do liceu para as universidades. São do tempo em que ser senhor doutor valia alguma coisa e as famílias apostaram fortemente na sua formação, confiando que, apesar de cada ano lectivo corresponder a maior irreverência, no fim eles teriam o canudo. Para o futuro ficaram conhecidos como geração de 60.
Em Portugal, a PIDE e a censura deram-lhes um enquadramento de resistência que vai para lá do que aconteceu aos seus congéneres nos países democráticos. Após 1975 cortaram o cabelo, apararam a barba e quando a tropa, já sem MFA, recolheu aos quartéis começaram a sentar-se no aparelho de Estado. (...)

Texto integral [aqui]

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Uma ciclovia muito útil. Ver sequência [aqui]

Darem sangue

Por Joaquim Letria

ANDA TUDO farto do Sócrates, mas ninguém quer que o homem se vá embora todo roto! Importante é dar-lhe uma coisa para fazer que não nos prejudique e seja consentânea com as habilitações literárias dele.
Para já, bem podem pô-lo a dar sangue, depois de fazer análises, bem se vê. Apesar da solidariedade de milhares da dadores, o Instituto Português do Sangue queixa-se, angustiado, de falta de sangue em Portugal!
Aqui há dias, faltava tanto ou tão pouco sangue que muitas cirurgias, além de atrasadas, tiveram de ser adiadas. Justifica-se, portanto, que comecem uma daquelas campanhas em que se vai buscar sangue às cadeias e, de caminho, bem podem levar os ministros para lhes tirar o sangue que for possível.
As reservas de sangue de Portugal nunca baixaram dos 7 dias. Agora, chegou a haver sangue para dois dias!
O desemprego ajuda a perceber como se chegou a esta situação. A maioria das doações verificava-se em fábricas e empresas, muitas delas hoje encerradas. Mais uma razão para mandarmos os ministros e Sócrates darem sangue. Com urgência! Até me comovo só de os imaginar a fazerem qualquer coisa de útil pelos portugueses!
«24 horas» - 19 Fev 10

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18.2.10

Há um prémio (um livro, como sempre) para quem primeiro souber dizer o que é isto.
Actualização: o passatempo terminou. Para perceber o funcionamento do dispositivo, ver o link indicado no comentário das 22h04m.

Luz - Chegada de um barco vindo do Ultramar

Fotografias de António Barreto- APPh

Clicar na imagem, para a ampliar
TRATA-SE do “Niassa”, já ancorado no cais da Rocha do Conde de Óbidos. Regressa de África, com alguns dos últimos soldados portugueses. Jamais esquecerei a chegada deles e de “Retornados”, ao cais ou ao aeroporto, em 1974 e 1975. Fui ver em vários momentos. Quando se tratava de “Retornados”, eram cenas dramáticas de desespero e desenraizamento. Com os soldados, o ambiente era diferente: alegria e alívio, entre eles e seus familiares que os esperavam durante horas. (1974)

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Os nossos bosques aprisionados

Por Joaquim Letria

A MORTE do ser humano não tem futuro. Refiro-me à única vida que conhecemos. Livres são os voos das crenças e das esperanças. Os cemitérios são bosques aprisionados. Prendem árvores silenciosas para sempre. Os bosques dormem, os homens morrem.

Na raiz da terra, a árvore é a vitória, a recuperação do movimento, o renascer da luz, o regresso da cor, a certeza dos sentidos. O homem é o silêncio que não desperta, os pulsos algemados para todo o sempre, confianças e convicções à parte.

O ser humano impõe as recordações à sua medida. Choramos os defuntos, e oramos a Todos os Santos. Só na segunda interpretação nasce a esperança, baseada na fé nas figuras, no desejo e no sonho. (...)
Texto integral [aqui]

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Não faltará, por aí, quem dê razão ao texto da legenda...
(in Humor Antigo, ano de 1924, hoje actualizado)

Brincar com Maria Lamas

Por Joaquim Letria

VIVI UNS TEMPOS em Inglaterra e outro tanto por aí, sempre em países ricos, culturalmente desenvolvidos e mais ou menos sérios e democráticos. Sempre vi, nuns e noutros, o respeito pelo trabalho, pelo dinheiro e pelas pessoas e assisti a esforços de poupança, de recuperação, de respeito pelo passado, de desenvolvimento. Nunca vi aquilo que o Ministério da Educação vai fazer à escola Maria Lamas, em Torres Novas, que custou um milhão de euros há 8 anos e vai agora abaixo “por não respeitar as normas legais referentes à certificação energética e qualidade do ar”.
Penso que este e outros casos idênticos só se resolvem com técnicos independentes e uma polícia de investigação criminal. O Ministério é suspeito de deseducar as últimas gerações. Entre incompetência, corrupção e má-fé criadas, têm sido dadas verdadeiras lições de mestre.
O presidente da Câmara de Torres Novas diz que “deitar este edifício abaixo, é o governo a brincar com a pobreza”. Olhe, Sr. presidente, o país está hoje de tal maneira que a polícia, ou os europeus que nos sustentam, têm que tomar conta disto. Mande-os chamar, para que averigúem!
Pobre Maria Lamas, que conheci em Paris, no exílio! Até o seu nome, que honra aquela escola, anda neste trato de polé!
«24 horas» - 18 Fev 10

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O Fim dos Dinossauros

Por Manuel João Ramos

JÁ ME TINHA
esquecido deste texto publicado no Sol. Talvez agora esteja mais actual:


Lisboa e o fim dos dinossauros

Que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa tenha sido eleito por um em cada nove lisboetas não é normal. Que o seu grupo de vereadores tenha poder de planear e gerir projectos tão estruturais como a terceira travessia do Tejo, a frente ribeirinha, urbanizações e reabilitações de vastas áreas do território da cidade parece quase um golpe de Estado.

No íntimo, o cidadão português anseia por um ciclone que varra a classe política instalada, que uma tempestade solar curte-circuite o espectro partidário, que uma onda gigante leve os maçons para França, os opus dei para Itália, o compadrio para a Sicília e as cunhas para Espanha. (...)
Texto integral [aqui]

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Freiras carmelitas e liberdades individuais

Por C. Barroco Esperança

A NOTÍCIA de que as Carmelitas vão poder ligar o televisor para ver o Papa, quando da sua deslocação a Portugal, em Maio próximo, não surpreende quem acompanhe a vida religiosa, mas perturba os que se preocupam com a defesa dos direitos e liberdades individuais.

Não discuto se estas mulheres, que fizeram voto de silêncio, se encontram em clausura de livre vontade, se rezam por convicção e se anulam por vocação. A Irmã Lúcia, a mais antiga reclusa conhecida, morreu com odor a santidade e canonização garantida, depois de ter visto o Sol às cambalhotas, de ter falado com uma senhora muito bela, que lhe revelou segredos para o mundo inteiro, preocupada com a conversão da Rússia, e que, do cimo de uma azinheira da Cova da Iria, lhe pediu para divulgar o terço como o mais eficaz demonífugo. (...)
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17.2.10

Este desenho é de uma anedota de 1924, acabada de afixar no blogue Humor Antigo, pelo que nada tem a ver com a famosa frase de Henrique Granadeiro.

Biombos

Por João Paulo Guerra

O PSD CONSIDERA que o desafio de uma parte do PS para que a oposição apresente uma moção de censura ao Governo constitui um verdadeiro biombo.

Mas a verdade é que a declaração do PSD consubstancia por seu lado um autêntico tabique. E é assim, por detrás de anteparos e guarda-ventos, que se faz política em Portugal: longe das vistas dos cidadãos, às escondidas. Aliás, o repto do PS para que a oposição censure o Governo será posterior à declaração do PSD sobre a irresponsabilidade de mudar de Governo em plena crise. Ou seja, quando o PS avançou com o biombo, já o PSD tinha mandado instalar o tabique.

O partido do Governo tem passado todos estes meses da legislatura a dramatizar as ameaças de demissão e de eleições antecipadas, porque sabe que o PSD tem ainda mais medo de eleições que o próprio PS. (...)

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Convém ter alguns cuidados quando se trata de seguir o Chefe...

Clubes ilustres

Por Joaquim Letria

OS INVESTIDORES continuam a usar o futebol como forma de promoverem as suas marcas porque em Portugal não há mais nada que se lhe compare quando se fala em visibilidade e retorno de investimento.
Há quem estranhe que assim aconteça, com tanto escândalo e tantos dirigentes apontados como duvidosos. Mas nada oferece a notoriedade que o futebol, mesmo o nosso, confere àqueles que se lhe associam. Essa é que é essa!
Veja-se o caso do Sporting e do seu actual presidente. Não têm dinheiro para mandar cantar um cego, mas dá mais nas vistas ali, do que a fazer contas atrás do balcão do banco que o dispensou. Tornou-se no primeiro presidente pago pelo clube de Stromp e do marquês de Alvalade, ganha mais do que o russo Ismailov e que os treinadores que despede e contrata. Fala como se tivesse descoberto a pólvora e tem nas mãos uma poderosa arma, apetecida pelos bancos, pela indústria, pelos políticos, pelos media e pela publicidade.
Se o Sporting e o Benfica fossem fábricas, já lhes tinham roubado as máquinas, fechado Alcochete, expropriado o Seixal, feito uma reunião de credores, posto os jogadores no desemprego e os dirigentes no lay-off. Mas ilustres clubes de futebol não se tratam assim. E fazem muita falta, não é verdade?!
«24 horas» - 17 Fev 10

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A desgraça e a patifaria

Por Baptista-Bastos

COMO PODE o Governo sair-se desta confusão, e como pode o PS ressarcir-se das amolgadelas que tem sofrido com insistente crueldade? Chega a ser uma falta de compaixão as sovas monumentais que ambos apanham, sem tréguas nem sossego. A situação política portuguesa é pouco decorosa. Sócrates não sai por ego, orgulho e vaidade, igualmente incomensuráveis. Mas também tem os votos a seu favor. A última sondagem, há poucos dias, é-lhe expressamente favorável. Ninguém se atreve a correr com ele, na situação em que a pátria se encontra. Quando Capoulas Santos e António Costa, lisos, formais e lacónicos, colocaram a questão singela "Porque não apresentam uma moção de confiança?", toda a oposição gelou de cobardia. E depois do adeus? (...)

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16.2.10

Medina Carreira, Nuno Crato e João Salgueiro
debatem a Economia e as finanças Nacionais e internacionais
[aqui]

Liberdade

Por João Paulo Guerra

Alguém se recordará de algum governo do Portugal democrático que não tenha afrontado a liberdade de expressão e tentado controlar a liberdade de imprensa?

OS PORTUGUESES saíram de meio século de censura - com esse ou outro nome - e a seguir valia tudo, até se criar a figura das comissões ad hoc. A nacionalização de praticamente todos os meios de comunicação foi o ponto mais alto da concentração dos meios, um campo de concentração para a liberdade de imprensa. Mas os que contestavam a concentração não deixavam de a aproveitar a partir dos cadeirões do poder. Depois vieram as privatizações e as coisas passaram a fiar mais fino.

Como escrevera o dr. Francisco Balsemão em 1971, "Se uma revista pertence a um grupo açucareiro, nela não se escreverá que o açúcar engorda". E porque o grupo açucareiro puxava para um lado e o grupo dos adoçantes puxava para outro - para usar exemplos inocentes - um deles comprou o outro e recomeçou a concentração. (...)

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E anda tanta gente a discutir o Acordo Ortográfico...!

Ler os lábios

Por Joaquim Letria

SOMOS uns ingratos! Afinal, Sócrates arranjou trabalho para 1361 pessoas desde que tomou posse deste governo em Outubro. Desta gente, 325 nem tinha qualquer vínculo à Função Pública, o que significa que em pouco mais de três meses, o nosso bem amado primeiro-ministro nomeou mais gente para o Estado do que Barroso e Santana Lopes juntos.
Sócrates prometera que ia arranjar trabalho para 150 mil portugueses – lembram-se? - portanto, estamos a assistir a um esforço notável do primeiro-ministro, neste segundo mandato, só ultrapassado por Guterres, com mais de 5597 portugueses, dos quais 3465 nomeados para cargos dirigentes na administração do Estado e nas empresas públicas.
Mas a Sócrates já não falta tudo. Só tem de recrutar mais 148.639 portugueses, mesmo sem os conhecer, e sem eles mostrarem qualquer cartão partidário, para alcançar a promessa dos 150 mil novos empregos.
Acusam injustamente o chefe do executivo de estar “a engordar o Estado, aumentando a despesa pública com incompetência e ineficácia”. Como se conhecessem os escolhidos e não se recordassem daquela máxima de Guterres,”no Job for the boys”, respeitada ao máximo pelos socialistas! Basta ler-lhes os lábios para não os ouvirmos mentir.

«24 horas» de 16 de Fevereiro de 2010

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As maravilhas de Alice

Por Nuno Crato

SE LEWIS CARROLL não tivesse escrito as duas aventuras de Alice, não seria conhecido por esse pseudónimo, mas sim pelo seu verdadeiro nome: Charles Lutwidge Dodgson (pronunciado dód-san). E se não tivesse escrito esses dois livros e vários outros de histórias maravilhosas, não seria conhecido como escritor, mas talvez como fotógrafo — Dodgson foi um dos primeiros a encarar a fotografia como uma arte e não como um mero registo de imagens; os seus retratos ainda hoje são pungentes, em especial as suas imagens de crianças em poses melancólicas. E se não tivesse sido nem escritor nem fotógrafo seria certamente conhecido como um dos vultos da época na sua disciplina: a matemática. (...)

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15.2.10

Já Voltei ao Colégio

Por Alice Vieira

JÁ VOLTEI ao colégio.
A minha mãe obrigou-me a vestir todos os casacos que encontrou no roupeiro, e não descansou enquanto não me enfiou pela cabeça abaixo um boné de fazenda aos quadrados castanhos e pretos.
Fico horrível de boné.
Mas a minha mãe diz que aquele é a última moda em bonés, que o meu pai tem um igualzinho, comprado no Old England.
A minha mãe vai à abertura da estação do Old England, na Rua Augusta, como outras pessoas vão à abertura da temporada no São Carlos: enfia um vestido verde que só usa em ocasiões especiais, mitenes, e um chapelinho em cima dos bandós.
A Rosa arranja a mesa da casa de jantar, com pratinhos de bolachas Marselhesa e um bule de chá de tília, para ela se sentir mais reconfortada no regresso — não esquecendo a garrafinha de Anisette, porque não há nada como um cálice de licor para uma pessoa ter alma nova. (...)

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