31.1.10

Mandela: bola branca e preta


Por Ferreira Fernandes

EM CLINT EASTWOOD agrada-me tudo. A começar pelo seu individualismo - a mais autêntica das formas de não ser egoísta - e a acabar na derrota que impôs aos politicamente correctos. Estes chamaram-lhe "fascista" quando ele "era" o inspector Dirty Harry que combatia o crime sem convites para tomar chá, e tiveram de engolir o insulto porque o maior realizador de cinema dos últimos 20 anos, que Clint Eastwood se revelou ser, não pode ser fascista.
Clint Eastwood ama e compreende os homens. Não o género humano. Mas o homem, contado um a um: Bill (Unforgiven), Maggie (Million Dollar Baby), Jimmy (Mystic River), Kowalski (Gran Torino)...
Devia ser extraordinário o encontro entre este génio amante dos homens e o homem dos homens, que, como se sabe, é Mandela. Como se sabe? Mas como é que se sabe que Mandela é tão grande? Oh pá, isso já não sei... Minto, agora já sei. E isso porque Clint Eastwood pegou em Mandela com a delicadeza com que leu as cartas dos japoneses cercados em Iwo Jima. E, então, aquilo que eu julgava saber, que Mandela é grande, vi explicadinho como só um bom professor faz. Clint Eastwood pegou numa bola redonda, bola de preto, alongou-a para bola de râguebi, bola de branco, e mostrou-nos o que é um estadista, um homem que faz uma pátria.
«DN» de 31 Jan 10

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Luz - “Oxford” (1990)

Fotografias de António Barreto- APPh

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O artista Cantona

Por Joaquim Letria

ERIC CANTONA, o lendário jogador da selecção de futebol da França e do Manchester United onde ainda hoje é rei e senhor, depois de ali ter sido um jogador extraordinário nos anos 90, está em plena actividade artística. Pintor e fotógrafo com sucesso em Londres, o antigo jogador, filho e neto de refugiados catalães em França, fugidos da Guerra Civil de Espanha, depois de ter surpreendido o mundo artístico com a sua participação no filme de Ken Loach “Looking for Eric”, interpreta agora uma peça de teatro em Paris, no Teatro Marigny, dirigida por sua mulher Rachida Braknic, antiga actriz da Comédie Française. "Le Monde” fala duma “evolução admirável”. Tendo participado já em mais de 10 filmes foi, no entanto, "Looking for Eric” e o seu sucesso em Cannes que abriu os palcos franceses ao antigo futebolista. (...)
Texto integral [aqui]

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30.1.10

TERMINOU às 20h o passatempo cujo 1.º prémio é um exemplar do livro de José Rodrigues Miguéis que se vê em cima - ver [aqui].

A cor do dinheiro

Por João Duque

ERA A MINHA FILHA Madalena muito pequena (bebé de colo com 6 meses de idade) quando fui convidado pelo meu amigo Simão para ir almoçar a casa dele. O Simão era um bom amigo moçambicano. Para um cego, ele era exactamente igual a qualquer outro homem, mas, para uma pessoa dotada de visão, tinha um aspecto diferente do meu: era de uma raça diferente.

Chegados a casa do Simão, a mulher, que adorava crianças, tirou-me a Madalena dos braços, mimando-a com o melhor sorriso do mundo e dois beijinhos afectuosos e redondos, aconchegando-a num colo tão fofo e aninhado como só uma mãe africana tem e sabe dar. Em resposta, a Madalena desatou num choro, assustado. Era a primeira vez que a Madalena estava ao colo de uma pessoa de uma raça diferente e amedrontou-se. (...)
Texto integral [aqui]

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Retomando um velho assunto

JÁ POR várias vezes se abordou neste blogue o tema das Leis-da-Treta - aquelas que ninguém cumpre nem faz cumprir, sem que isso preocupe minimamente aqueles a quem pagamos o ordenado para que isso não seja assim.
Recentemente, esse assunto veio à baila a propósito das coimas da EMEL (que muitos condutores atiram ostensivamente para o chão - ou, numa versão mais civilizada, para o cesto dos papéis): só as paga quem quer, visto que a empresa não tem meios (nem sequer legais!) para as cobrar coercivamente.
Ontem, a propósito do caso concreto que aqui se vê, esse tema foi abordado no blogue Passeio Livre onde, em comentário, houve quem escrevesse que a denúncia dessa aberração era pouco pedagógica... Ver [aqui].

Estou com gripe...

Por Alice Vieira

DESDE O PRINCÍPIO do mês que há temporais no país inteiro.

Aqui por Lisboa nem se sente tanto, mas no Porto o rio subiu que parecia o mar, com os barcos rabelos a chocarem uns nos outros, e o vapor “Cintra” a naufragar na barra.

No Ribatejo também as coisas estiveram muito feias — e há dias até fui com a minha mãe ao Salão Central, ver um documentário sobre “As Últimas Inundações do Tejo em Santarém”.

Não sei se foi por causa disso, ou pela chuva que não pára de cair, fiquei de cama com gripe, e com uma dor de garganta que não passa, por mais zaragatoas que me façam.(...)

Texto integral [aqui]

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29.1.10

UM LEITOR chama a atenção para o facto de, no texto de Ana Gomes, faltarem alguns acentos. Não tem a mínima importância - esta loja também nos dá "musica"... e não parece dar-se mal com isso.

O mundo de pernas para o ar

QUANDO ouvimos um aluno chumbado a dizer que quem o reprovou é ignorante, quando ouvimos um réu condenado a garantir que o juiz não percebe nada de leis, ou quando ouvimos um dirigente de um clube derrotado a jurar que o árbitro é mercenário - quase já nem ligamos mas, na realidade, é ridículo ver um avaliado a travestir-se de avaliador.
Na mesma linha, leiam-se as palavras - de rara finura, como sempre! - escritas por Ana Gomes no seu blogue pelo facto de as agências de rating não estarem a apreciar devidamente a evolução das nossas finanças:

«(...) Por isso a regulação e supervisão financeiras são urgentes e têm de incluir a disciplina, a responsabilização e a punição desta corja mercenária de pseudo-especialistas que se armam em avaliadores da capacidade de endividamento de países. Uma corja que continua a fazer mossa, porque há comentadores politicos e economicos palermas, ignorantes ou mal-intencionados que continuam a ... dar-lhes crédito!»

Os “nem nem” na TV espanhola

Por Joaquim Letria

COMEÇA JÁ esta semana, na TV espanhola, um “reality show” que vai expor e fazer discutir a situação dos “Nem nem”, os jovens que entre os 18 e os 35 anos nem estudam nem trabalham, e não saem de casa de seus pais. A regra do concurso vai ser simples: duas animadoras (psicóloga uma e socióloga, outra) aplicam um princípio muito simples: quem não trabalha, não come!

No país vizinho, a curiosidade acerca deste “Big Brother” é muito grande e admite-se que o seu êxito possa ser rotundo, pois reflecte uma realidade que afecta, na vida real, 563 mil jovens entre os 20 e os 29 anos de idade, que não procuram, de modo activo, um trabalho. Presume-se que 10 por cento deste número são de jovens que, apesar de tudo, fazem alguns biscates, exercendo trabalhos ou tarefas ocasionais.

Professores de algumas universidades apontam a responsabilidade desta situação aos pais, que, na melhor das intenções, facilitaram a vida dos filhos, que tudo tiveram e têm sem qualquer esforço ou sacrifício. No futuro teme-se que grande parte destes jovens possa engrossar as fileiras da criminalidade ou ficar numa situação marginal.
«24 horas» de 29 de Janeiro de 2010

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NO MESMO dia em que [aqui] se afixou a crónica de Joaquim Letria acerca dos velhos que, nos jardins públicos, aguardam a sua hora, encontrei estes dois senhores, já idosos, com quem conversei algum tempo. Não entrei em pormenores, mas percebi o essencial: em colaboração com a sua Junta de Freguesia, eles tratavam, com desvelo, de alguns canteiros da rua.
Em cima, uma das duas fotos - qual será? - documenta um outro canteiro que já passou pelas suas mãos. A outra... é de uma avenida, não longe dali, com pretensões - coitada! - a grande finesse...

A burka, o nikab e a santíssima paciência

Por Helena Matos

COM TANTO SANTO e santa existentes no calendário católico ou, na versão laica desse calendário, dia disto e dia daquilo não percebo como nunca se dedicou um dia à santíssima paciência. A santíssima paciência tornou-se uma virtude essencial para sobrevivermos mais ou menos sãos de espírito num mundo onde começa por não se fazer o que se deve para se acabar a fazer o que não se pode. Veja-se a actual discussão em França sobre a proibição da burka e do nikab, ou seja daqueles véus e mantos que cobrem integralmente o rosto e o corpo das mulheres, e percebe-se ao vivo e em directo este paradoxo.
Durante anos, no ocidente, achou-se normal que mulheres com o rosto velado votassem (Canadá) ou tratassem dos mais diversos assuntos oficiais veladas, sendo que a sua identidade não era realmente confirmada. (...)
Texto integral [aqui]

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ESTE livro, já velhinho, não está aqui por acaso, mas sim a propósito de mais uma situação do tipo «Nós Por Cá», como ontem referiu - em termos críticos, mas certeiros - um leitor.
Como habitualmente, será atribuído a quem primeiro indicar o seu título e nome do/a autor/a.
Actualização (12h35m): o passatempo, que foi motivado pelo que se vê [aqui], já terminou - como se pode confirmar [aqui].

Os Agricultores Europeus ‘Versus’ o Mundo

Por Maria Filomena Mónica

UMA DAS TRAVES MESTRAS da União Europeia é a Política Agrícola Comum, a PAC, um regulamento destinado a impedir que os camponeses sejam forçados a enfrentar a concorrência internacional. Uma vez que o proteccionismo é uma coisa feia, em tempos este lobby lembrou-se de fazer aprovar umas regras, patéticas e patetas, sobre frutos menos bonitos e legumes tortos, cuja entrada seria interdita na EU.

Numa altura em que os preços estão a subir, a comissária da Agricultura, Marian Fischer-Boel, considerou «absurdo deitar fora produtos perfeitamente comestíveis pela simples razão de que têm uma forma irregular», tendo proposto que os melões menos ovais, os pepinos curvos e as cenouras nodosas pudessem ser por nós comidos. (...)
Texto integral [aqui]

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Outra face da Baixa lisboeta
(Portas de Sto. Antão)

28.1.10

Mas as crianças, Senhor? -II

Por João Duque

O bairro onde nasci transformou-se e com ele esfumaram-se os velhos retalhistas. A mercearia virou supermercado de uma cadeia famosa.
O SAPATEIRO virou pastelaria que mais tarde fechou e foi transformada em Banco. O talho é hoje uma lavandaria de nome estrangeiro e o lugar da fruta deu lugar a uma loja de produtos informáticos depois de ter sido um centro de fotocópias.
A loja de brinquedos, a minha perdição de criança fechou e é hoje uma perfumaria. Quantas horas a brincar (com a imaginação) com o nariz esborrachado na vitrina da montra sem poder tocar nos brinquedos que lá estavam... Naquele tempo não havia cartões de crédito... Aqueles carrinhos, os soldadinhos de chumbo... O Lego! Que saudade... (...)
Texto integral [aqui]

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Há aqui várias coisas estranhas. O quê?
Actualização (20h47m): a resposta certa já foi dada, como se pode confirmar [aqui]

ANTEONTEM, o programa «Nós Por Cá», da Sic, emitiu uma peça sobre o problema das caixas de correio assaltadas na mesma rua onde esta está - ver [aqui].
NOTA: Estas imagens são do marco que tenho à porta de casa, e que dia-sim, dia-não é arrombado. O problema, que atinge proporções graves, já [aqui] foi referido, em post com fotografias de outras caixas nas mesmas condições, caixas essas agora referidas pela Sic.
Na mesma linha do que ontem se mostrou [aqui]...
Actualização (18h22m): ver novos (e melhores) exemplos [aqui]

Luz - Califórnia

Fotografias de António Barreto- APPh

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É um daqueles armazéns que vendem “surplus” do exército e da marinha, sapatos, blusões, casacos, T-shirts, sacos, mochilas, tendas, tudo o que se queira. (1978)

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ESTA fotografia, tirada ontem na Rua Frei Amador Arrais, em Lisboa, mostra uma senhora, bastante enervada, a fazer uma série de chamadas pelo telemóvel. Pergunta-se: o que é que a estava a preocupar?
NOTA: a foto foi tirada com sua autorização, depois de eu me ter oferecido para a auxiliar.

Actualização: a resposta certa já foi dada: o carro da sra. está bloqueado por um outro, em 2ª fila, cujo condutor afixou um papelinho a dizer que, se ela quiser, que lhe telefone... E é o que ela está a tentar fazer... mas em vão!

Puxar pelos pergaminhos

Por Joaquim Letria

O JORNALISMO tem de puxar pelos pergaminhos, por vezes. O Haiti é o exemplo dum caso desses. Aquela informação dos oficiais da GNR, dos presidentes dos grupos parlamentares e dos comandantes dos bombeiros a quem se estende o microfone para eles dizerem o que lhes dê na gana, não resulta nestes casos. Aqui tem mesmo de se trabalhar, mesmo que seja para nos dar o folclore da desgraça, o drama daqueles infelizes, que não é fácil ou, então, para ficarmos a saber tudo o que de importante se passa.

Pelo que vejo, julgo que vai uma grande distância entre o que se pode ver numa BBC World, numa Al Jazeera, numa TVE ou numa Globo e as nossas três televisões. E as culpas não são do Vítor Gonçalves (votos dum pronto restabelecimento), do Costa Ribas, da Patrícia Reyna. Tanto quanto ainda me lembro, normalmente as coisas não correm como deveriam por incompetência de quem cá fica no bem-bom, sem dar apoio a quem precisa. Por isso, os meus parabéns a estes nossos enviados especiais. E em particular ao José Rodrigues dos Santos. Zé: que grande livro que as ONG e as fundações poderão dar para o próximo Verão!
«24 horas» de 28 de Janeiro de 2010

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O antídoto perfeito

COMENTOU-SE aqui, por várias vezes, que o apoio do BE a Manuel Alegre (quer pelo momento escolhido, quer - especialmente - pela sua exuberância) só pode ser prejudicial para o candidato. Felizmente para ele, cada veneno tem um antídoto, e este não tardou a aparecer! De facto, a oposição de pessoas como esta só pode ser acolhida como um verdadeiro bálsamo!

A crise e os partidos

Por C. Barroco Esperança

A CRISE INTERNA do PSD não é apenas um problema para o partido, é uma desgraça para o país. Incapaz de decidir entre a matriz social-democrata, fiel ao legado de Sá Carneiro, e a tentação liberal, torna-se conservador nos costumes, errático na política e indeciso nas opções económicas, refém de caciques e de rivalidades tribais.

A continuar assim, o PSD deixa de ser imprescindível e corre o risco de ser prejudicial. Os líderes continuarão a ser consumidos na voragem da intriga e a ideologia substituída pelos assassínios de carácter dentro e fora do partido. Figuras como Fernando Nogueira, Marques Mendes e Leonor Beleza abandonaram o partido à tralha cavaquista e a figuras menores. (...)
Texto integral [aqui]

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27.1.10

Lisboa - Av. Almirante Reis
E a propósito de 'passos': como é que eu passo?
EM CIMA da balança vêem-se sete obras de José Rodrigues Miguéis. Um exemplar do livro de cima (cujo título parece remeter-nos para um tema da actualidade político-partidária nacional...) será atribuído ao leitor que, até às 20h de sábado (dia 30 Jan 10), mais se aproximar do valor indicado (e que, naturalmente, se ocultou).
NOTA: Cada leitor poderá dar um único palpite. Em caso de empate, o vencedor será o 1.º 'apostador'. Uma 'dica': a resposta certa está entre 2000 e 3000 gramas.
.
Actualização: a solução já está visível [aqui].
Há aqui qualquer coisa estranha, não há?

O desafio de Constâncio

Por Joaquim Letria

JÁ ESTAVAM os candidatos a vice-presidente do Banco Central Europeu a aquecer, quando o árbitro mandou toda a gente para a cabina e marcou o dia 5 de Fevereiro para data do grande confronto. Vítor Constâncio, ex-secretário-geral do PS e governador do Banco de Portugal, é o nosso concorrente, defrontando Yves Mersh, presidente do Banco do Luxemburgo. Jean-Claude Junker, presidente do Eurogrupo, decidirá.

Sem que a gente perceba a diferença entre um candidato e outro, os chamados especialistas consideram Mersh um “falcão” e Constâncio” uma “pomba”. Com o euro a deslizar e o disparate à solta, seja o que Deus quiser e que ganhe o melhor.
Cá por mim, se for Vítor Constâncio, óptimo. Se for o outro cavalheiro, excelente.

A ornitologia é que deve estar longe de resolver esta questão. Até porque a nossa “Pomba branca”, como lhe chamam na zona franca da Madeira, no BPN é o pintarroxo e no BPP é o cuco milharuco. Já no Banco de Portugal não passa duma arvela, incapaz de dizer se quer acertar o relógio ou apertar os sapatos. Um estilo que na Alemanha, e noutros países do Norte, faça ele o que fizer, não é propriamente muito apreciado.
«24 horas» de 27 de Janeiro de 2010

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25 Jan 2010
Medina Carreira, Nuno Crato e João Duque - Quem fala assim...

A consciência manipulada

Por Baptista-Bastos

O CASO (noticiado pelo DN) das reformas, privilégios, regalias, mordomias, prebendas retirados a ex-administradores do BCP promove a indignação daqueles que, embora sabendo-o, não possuíam a verdadeira extensão do escândalo. Porque de escândalo se trata. Os particularismos do "mercado" criaram novas visões do mundo e desviaram, do seu sentido verdadeiro, padrões e valores que fundamentaram o essencial das nossas sociedades. Parece que tudo é permitido e, pior, admitido como normalidade o que constitui aberração e indecência.
(...)

Há muito que perdemos a confiança nas estruturas e nas organizações do sistema. A cedência à tentação da irresponsabilidade nasceu na crença da impunidade dos prevaricadores. Cabe à educação, à Imprensa, à sociedade a tarefa de reabilitar o espírito público. (...)
Texto integral [aqui]

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26.1.10

O QUE aqui se vê é um pormenor de uma fotografia que documenta uma realidade que devia envergonhar muito boa gente. Pergunta-se: onde foi tirada? O prémio, a atribuir a quem primeiro der a resposta certa, será um livro-surpresa. Se necessário, e à laia de 'dicas', serão afixadas mais partes da imagem original. Actualização (18h04m): a resposta certa foi dada às 17h59m, como se pode confirmar [aqui].

À espera, pelos jardins

Por Joaquim Letria

O VELHO OLHOU, tranquilamente, para o outro extremo do jardim. Era um olhar certo, que sabia antecipadamente o que ia encontrar. Era o olhar de um velho.
As crianças que brincam naquele jardim não notam os velhos. Brincam entregues a si próprias e só elas contam, entre si; os velhos não brincam com as crianças, naquele jardim, nem reparam nelas demasiadamente. As crianças importam-se apenas consigo próprias e com as brincadeiras. Os velhos importam-se com coisa nenhuma. São apenas velhos a aquecerem-se ao sol. São velhos à espera da morte. (...)
Texto integral [aqui]

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HÁ QUALQUER coisa estranha neste conjunto de trambolhos que ornamentam a Rua de S. Ciro, à Lapa. O que é?
Actualização: a resposta certa já está dada, com link para as 2 imagens adicionais - [aqui].

Esta gente de Bruxelas

Por Joaquim Letria

O DR. DURÃO BARROSO arranja sempre uns “partenaires” complicados. Da outra vez foi um italiano indesejável, agora foi uma ex-ministra búlgara. Mas o Dr. Durão Barroso não tem culpa! Vejam só porque rejeitaram esta senhora para comissária europeia.
Rumiana Jeleva é uma loirinha deslavada, mas simpática, de discreta boa figura. A senhora, que foi ministra dos Negócios Estrangeiros, aceitou dançar com um bailarino profissional num desses programas de TV, para que os búlgaros vissem como é a política moderna.
A senhora não fez nada que a nossa Sónia Araújo não fizesse e demonstrou que um bocadinho de ginástica, além de fazer bem à saúde, ajuda a ter um corpinho jeitoso, que ela, aliás, escondeu dentro dum vestido de tule, pelo joelho e cheio de ramagens.
Logo as boas almas dos filhos das mães de Bruxelas gritaram que a senhora ministra dos Estrangeiros búlgara se mostrava em poses indecorosas, pelo que devia ir à vida, e acabou por ir!
Penso que esta gente de Bruxelas deve preferir um estilo mais a condizer com a mulher do primeiro-ministro da Irlanda do Norte, que pagava com dinheiros públicos as cambalhotas com o filho do magarefe com quem também abafara a costeleta. Agora uma ministra a dançar na TV, nem pensar!
«24 horas» de 26 de Janeiro de 2010

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25.1.10

SEMPRE QUE, na estação de Entrecampos, quero comprar um bilhete para Lagos (o que sucede com frequência), a empresa oferece-me duas formas de o fazer: à moda antiga (na bilheteira) ou à moderna (recorrendo aos serviços de uma máquina de venda de bilhetes). O pior é que, de todas as vezes que escolhi a 2.ª hipótese, me deparei com uma das seguintes variantes:
1ª – A máquina estava fora de serviço.
2ª – A máquina estava em serviço, aceitava pagamentos com MB, mas boa parte das teclas do código pessoal não funcionavam. (A solução para esse problema era ir a uma máquina ATM, ali ao pé, e alterar o pin para uma composição de 4 dígitos, de entre os que funcionavam).
3ª – Estava tudo bem, mas há que ter em conta que "o sistema" só vende bilhetes até Tunes, como se pode ver [aqui]. Aí, como é outra “unidade de negócio”, é preciso atravessar a linha, e ir à bilheteira tradicional adquirir o bilhete Tunes-Lagos... ou comprar ao revisor.

A importância das pequenas coisas

HÁ DIAS, num hospital muito conhecido, entrei para um elevador no 2.º piso e, querendo ir para a cave (piso -1), premi o botão respectivo, que a imagem mostra.
Como a maquineta não andava (nem como 'ascensor' nem como 'descensor'), perguntei o que é se passava - se havia alguma avaria. Mas não. Aquilo desce até ao piso O, e depois é preciso sair, andar um pouco, e apanhar um outro para o -1. É mesmo assim, sempre assim foi, e parece que vai continuar a ser...
Quanto à ideia de tapar (ou mesmo tirar) o botão... está fora de causa.

Actualização: o leitor Luís Bonito, sempre atento, enviou uma sugestão, para resolver o problema, que pode ser vista [aqui].

Preocupado

Por João Paulo Guerra

Cavaco Silva cumpriu, preocupado, os primeiros quatro anos do seu mandato como chefe do Estado. Em 58 destes 1461 dias saíram notícias nos jornais dando conta de que o chefe de Estado estava preocupado.

A EXPRESSÃO "Cavaco preocupado com" foi uma muleta para títulos de diários, semanários e notícias ao minuto online.
A primeira preocupação foi com as desigualdades e a exclusão, em Abril de 2006 e, já em Maio, com as crianças e a tendência para a desertificação. Seguiram-se os desafios da competição global, o aborto. Vá lá que, pelo meio de tanta preocupação, Cavaco Silva ficou despreocupado, em Janeiro de 2007, com a flexisegurança e, em Abril, com a energia nuclear. Mas as preocupações voltaram em Abril com a qualidade da democracia e, ainda em 2007, com a corrupção e o despovoamento do interior. (...)
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Este desafio destina-se, de início, apenas aos leitores que nunca tenham ganho nada nos passatempos que aqui têm sido propostos. No entanto, se a resposta demorar a surgir, a participação será aberta a todos, no seguimento de uma actualização a afixar.
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QUANDO ocorrem catástrofes naturais por esse mundo fora (nomeadamente tsunamis e terramotos), é habitual fazermos a pergunta «E se fosse cá?». A resposta é fácil de imaginar se tivermos em conta a recente notícia segundo a qual apenas dois municípios portugueses apresentaram, até à data, os planos de emergência a que estão obrigados. Mas vamos, então, ao que aqui nos traz hoje: «Porque é que, nessas alturas, se fala tanto do livro cuja capa aqui se vê?». O prémio será um exemplar do mesmo ou, em alternativa (à escolha do vencedor), de «O Ingénuo», do mesmo autor.
Actualização-1: se, até às 13h59m, a resposta certa não tiver surgido, o passatempo passará a estar aberto a todos. Actualização-2 (14h30m): o passatempo terminou.

Caminhos da Mineralogia - (a modernidade)

Por A. M. Galopim de Carvalho

OS TRABALHOS INOVADORES nos domínios da análise e da sistemática químicas levados a efeito por Lavoisier (1743 – 1794), tragicamente guilhotinado na voragem da Revolução Francesa, contribuíram decisivamente para que a Mineralogia se elevasse acima da ciência empírica que fora até aí. Nas classificações mineralógicas que se seguiram a este alvorecer da química moderna, foram usadas não a natureza dos catiões metálicos constituintes, mas sim os respectivos grupos aniónicos. Da classificação em “minerais de ferro”, “minerais de cobre”, “minerais de chumbo”, etc., passou-se a outra que distingue sulfatos, carbonatos, cloretos, tungstatos, etc. (...)

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O mistério Lopes da Mota

Por Joaquim Letria

AMAVELMENTE, o Dr. Lopes da Mota reenviou-me o seu mail desaparecido. É uma carta muito bonita, que agradeço, e que joga com racionalidades e sentimentos face a certas perplexidades.
Deste estranho caso todos sabemos apenas:

1.-O Dr. Lopes da Mota foi condenado a um mês de suspensão e demitiu-se de presidente do Eurojust;
2.-Averiguava-se se o Dr. Lopes da Mota teria tentado intimidar os procuradores que investigavam o caso Freeport;
3.-Um comunicado no “site” da Procuradoria Geral da República e outro no do Conselho Superior do Ministério Público garantem não ter havido quaisquer pressões e são os próprios magistrados a dizê-lo;
5.-O processo continua secreto e a sua publicidade, reclamada pelo Dr. Lopes da Mota, foi recusada;
6.-Como divulga a PGR uma sanção integrante dum processo secreto? Como se faz pensar ser uma coisa consequência da outra? Pressões sobre magistrados para não incriminarem o primeiro-ministro valem apenas 30 dias de suspensão?

Pode ser que me engane, mas esta é uma história bem urdida mas muito mal contada, como muitas outras que há por aí. Um dia saber-se-á. Só que, nessa altura, se for caso disso, já não deve valer a pena pedirem desculpa ao Dr. Lopes da Mota. Só por boa educação…
«24 horas» de 25 de Janeiro de 2010

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24.1.10

Apontamentos de Lisboa


R. de Buenos Aires e R. João de Deus (à Lapa)
Ver outras pérolas [aqui]

O meu sonho era ver o couraçado

Por Alice Vieira

A PRIMEIRA COISA que o meu pai me disse, depois de ter lido o que aqui escrevi, foi:

- Nunca te esqueças da data. Sem ela, nunca saberás quando as coisas aconteceram. E temos de saber situar tudo no seu tempo.

Eu pensava que o meu pai não ia ler este diário. Sempre achei que um diário era uma espécie de caixa dos nossos segredos.
Mas ontem ele passou-me para as mãos um livro, e disse:

- Lê isto. Gostava que um dia, ao terminares o teu caderno, ele tivesse uma história parecida com esta. (...)

Texto integral [aqui]

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Luz - Cais das Colunas, Lisboa

Fotografias de António Barreto- APPh

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O CAIS já não é assim. E não sabemos como será, nem sobretudo quando será. Depois de décadas de caos, uma das mais belas praças da Europa está em obras há anos. (1980)

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Pobres de Job!

Por Joaquim Letria

O BENFICA, que este ano até há quem diga que descobriu petróleo, parece estar, afinal de contas, pobre de Job! Tão pobre está o SLB que no fim desta temporada, lá para Maio,Junho, vem aí o Ricardo Job, um avançado que os encarnados querem pôr a competir com Cardozo, Kardec e Nuno Gomes, se este ainda cá estiver. Ricardo Job é um avançado angolano, que alinha no Petro, de Luanda,e que deu pouco nas vistas na Taça dos Países Africanos, mas que também não borrou a pintura. Recorde-se que Makukula ainda é ponta de lança do Benfica e continua, com sucesso, a marcar golos na Turquia! (...)
Texto integral [aqui]

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23.1.10

Passatempo-relâmpago de 23 Jan 10

A IMAGEM de cima é da 1.ª página do Expresso de hoje. A de baixo é uma fotografia tirada recentemente. Pergunta-se: qual a relação entre elas? Actualização (19h00m) a resposta certa já está dada, mas convida-se os leitores a desenvolverem o tema, que parece ser muito interessante.

«Dito & Feito»

Por José António Lima

DEPOIS DO ABANDONO de Durão Barroso, do inesquecível e efémero Governo de Santana Lopes e das lideranças falhadas de Luís Filipe Menezes e Manuela Ferreira Leite, o PSD é hoje um partido destroçado, internamente pulverizado em pequenos grupos de interesses e desacreditado aos olhos do país.

Querer lançar este partido desagregado e sem norte para umas eleições directas feitas às três pancadas, sem uma reflexão prévia, sem um debate amplo e sério sobre um modelo alternativo para governar o país, equivale a empurrar os militantes para uma escolha precipitada, para a continuidade de lideranças inconsistentes e a curto prazo. (...)
Texto integral [aqui]

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Pergunta-de-algibeira

À PORTA da Assembleia Municipal de Lisboa, este fiscal da EMEL está, simplesmente, a fazer aquilo para que lhe pagam. No entanto, acabou por não concluir a tarefa. Pergunta-se: alguém sabe porquê? Actualização: em comentários estão: um link para uma dica (13h52m) e um outro para a solução (18h04m).

Levante-se o réu (no YouTube)

Por Ferreira Fernandes

MAIO DE 68 produziu boas frases. Relembro esta: "Que os reitores reitorem, que os polícias policiem e que os estudantes façam a revolução." Há um aforismo português, mais curto e menos poético, que diz o mesmo: cada macaco no seu galho.
Ah, se os nossos investigadores judiciais se limitassem a investigar judicialmente! Não é por nada, mas se fossem o que são - sendo aquilo por que lhes pagamos, e só -, seriam muito. Por exemplo, bastava investigarem judicialmente Pinto da Costa - isto é, pesquisando e adequando a pesquisa às leis - e chegavam a uma destas duas situações sem ambiguidades: ou a investigação a Pinto da Costa levava-o a ser legalmente punido, ou a investigação a Pinto da Costa reconhecia que não havia ponta legal por onde lhe pegar.
Chegados a uma ou outra, os investigadores judiciais teriam sido o que são, investigadores judiciais. Porém, há um atalho muito comum por cá. Não havendo ponta legal por onde pegar o investigado (porque não há ou por o investigador não ter unhas), trama-se uma fuga. Escutas telefónicas no YouTube, por exemplo.
Mas sendo esta crónica sobre investigadores judiciais, fujo ao assunto. Já estou no domínio dos profissionais falhados. E sobre estes só há isto para dizer: não há pior do que impotentes com poder.
«DN» de 21 Jan10

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22.1.10

Mais uma achega para a questão
«Quem pode utilizar os parques para motociclos?»

Vamos analisar!

Por Joaquim Letria

DO DINHEIRO do nosso IRS, 95% é para a administração central e 5% é para o Governo dar às autarquias. Depois, o que uns e outros fazem com o que nós damos, nunca se sabe. O que se sabe é que se não pagarmos o IRS levamos com uma execução fiscal que nunca mais nos endireitamos. Nem nos dão tempo para estudarmos o problema...

A Associação Nacional de Municípios pediu ao Governo que faça o favor de lhe pagar esses 5%, pois à semelhança do que já acontecera em Novembro passado, o Governo atrasou-se e há câmaras sem dinheiro para pagar salários, quanto mais subempreitadas, obras e fornecedores! Perante a amável solicitação, o Governo disse que “ia analisar o assunto”!

Imagino eu que o Governo não tenha gente que tenha trabalhado fora do Estado, deitado contas aos dias do mês, estudado maneira de pagar salários e tenha experimentado a vida real. Senão, não corriam o risco duma resposta destas. Poderemos nós ficar a dever ao merceeiro, ao colégio dos filhos, à farmácia e dizermos, como o senhor ministro: ”Vamos analisar o assunto”?!
Cá por mim gostaria que todos nós experimentássemos. Só para ver o que aconteceria.
«24 horas» de 22 de Janeiro de 2010

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Passatempo Calimero de 22 Jan 10

ESTE desafio destina-se, de início, apenas aos leitores que nunca tenham ganho nada nos passatempos que aqui têm sido propostos. No entanto, se a resposta demorar a surgir, a participação será aberta a todos, no seguimento de uma "actualização" a afixar. Lá vai, então:
Entre a FLEC e o MPLA existe algo que deu origem ao título de uma obra do saudoso Michael Crichton. Pergunta-se: de que livro se trata? O prémio será um exemplar do mesmo. Actualização (16h51m): a resposta certa já foi dada, pelo que o passatempo terminou.
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NOTA: termina às 20h de hoje o passatempo acerca do chamado «louvor supersónico» - [aqui].

Os virtuais

Por Helena Matos

PULULAM PELOS Governos, pelos partidos, pelos institutos públicos, pelas empresas participadas pelo Estado, pelas universidades e pelas autarquias. A sua influência, as suas certezas e o seu poder são inversamente proporcionais à sua experiência da vida real. Caracterizam-se por falarem de programas e investimentos de milhões de euros. A gastar só não parecem empresários porque os empresários a quem o Estado não protege têm de fazer contas. E a vida está naturalmente difícil para todos, excepto para quem gasta o que não é seu. As funções tradicionais e insubstituíveis do Estado, como a justiça, a segurança e a diplomacia, enfastiam-nos. (...)
Texto integral [aqui]

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RECENTEMENTE, publicou-se [aqui] uma fotografia de um daqueles carrinhos com menos de 50 cm3 de cilindrada, estacionado num parque para motociclos.
Possivelmente, estaria tudo bem. Mas... e se for um pouco maior, como estes, será que também pode usar o mesmo espaço? Alguém sabe?

21.1.10

«A Quadratura do Circo» - Correio do Leitor

Por Pedro Barroso

POR OCASIÃO do debate sobre o casamento homossexual, recebemos aqui, na Redacção do “Quadratura do Circo”, várias cartas a que nos limitamos a dar seguimento para análise de nossos leitores.
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“Estou fisicamente apaixonado pela minha irmã. Desde sempre o meu grande sonho é viver maritalmente com ela, no que sou, felizmente, correspondido. Contudo, as leis do nosso país impedem-me de ser feliz. Agradeço que o influente e prestigiado blogue que Vª Exª integra interceda por pessoas com causas semelhantes à minha, pois me parece uma desproporcionalidade o tempo de antena que se tem dado aos homossexuais e o desprezo a que são votados os direitos de tantas pessoas como nós. Obrigado” António da Mana, Amadora

“Além do amor que tenho por minha mulher, com quem casei há dez anos e sou muito feliz, descobrimos ambos, há cerca de dois anos, um novo amor por uma amiga comum que, após algum tempo de namoro connosco, se mudou cá para casa e passámos a vier em trio amoroso. Somos os três mais felizes que nunca e assumimos - tanto em família, como profissional e publicamente - a nossa relação como trio. Achamos indecente que não esteja ser considerado o nosso tipo de preferência sexual como merecedor de também serem autorizados casamentos a três pessoas.” Maria, Mário e Maria, Gondomar (...)

Texto integral [aqui]

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PARA QUE faça ainda mais sentido a habitual pergunta «O que é que há de estranho nesta imagem?», será conveniente ver duas outras, recentemente publicadas [aqui] - nomeadamente a de baixo.

A Agenda da Comissão

Por J.L. Saldanha Sanches

A COMISSÃO PARLAMENTAR sobre o acompanhamento da corrupção vai começar as suas audições sobre a corrupção começando pelos órgãos institucionais e passando para os órgãos operacionais.

Resultado provável: zero.

As comissões de inquérito parlamentar podem ser muito úteis quando são usadas para ultrapassar as limitações que o Estado de direito – ou as insuficiências do sistema judicial – criam na investigação do crime organizado e da corrupção. Aquele tipo de crime que dispõe de protecção política a nível elevado e cujos autores costumam ver os seus processos arquivados ou acabam absolvidos. (...)
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Passatempo-relâmpago de 21 Jan 10

AS CRÓNICAS que Eça publicou n’ «As Farpas» em 1871-72 podiam perfeitamente ter sido escritas hoje. Está lá tudo:

O défice que não baixa, as contas públicas que não melhoram, os impostos que todos os governos querem aumentar, o comportamento de deputados e governantes que não têm emenda, a Oposição que muda de opinião assim que chega ao Governo, os caciques locais, a corrupção que não é combatida a sério, a Justiça que é incompreensível, etc. – já para não falar das interferências do poder para calar vozes incómodas, como a de Antero aquando das Conferências do Casino…

Em sua homenagem, o Sorumbático oferece um exemplar deste livro ao primeiro leitor que souber dizer o que consta na parte que se ocultou a verde.

Actualização (14h29m): a resposta certa já foi dada, como se pode ver [aqui].

O horror do Haiti

Por Joaquim Letria

ALGUMAS informações pessoais e directas de Port au Prince dizem-me que os engenheiros e o pessoal de busca e salvamento brasileiros são fantásticos, e que aos médicos espanhóis e cubanos, em conjunto, a trabalharem em turnos diários de mais de 12 horas, se deve cerca de 15 % dos sobreviventes da catástrofe.
Amputações são as operações mais efectuadas, e a gangrena atinge novos e velhos. Os americanos dispõem de grandes recursos técnicos, ocupando-se quase exclusivamente da distribuição e do policiamento, embora um porta-aviões próximo da costa norte do Haiti tenha a bordo um total de 56 médicos por utilizar.
Os portugueses do C-130 que voltou para trás são poucos e estão enredados em peias burocráticas que levaram já daqui. A AMI quer enviar três a cinco médicos e precisa de 20 mil dólares, enquanto os Médicos sem Fronteiras não têm mãos a medir e fazem-se notar, cooperando activamente com espanhóis e cubanos.
ONGs e fundações procuram mais dinheiro, enquanto nos Estados Unidos se descobrem donativos e contas mal prestadas, ainda a procissão vai no adro. No terreno, quem roube é morto a tiro, por muita fome que tenha… O horror do costume.
«24 horas» de 21 de Janeiro de 2010

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Há aqui qualquer coisa estranha, não há?

A indústria dos milagres e Pio XII

Por C. Barroco Esperança

O PAPA NÃO É OBRIGADO a ser crente, mas tem o dever de preservar a fé e de a promover. Não admira, pois, que, apesar do descrédito dos milagres e da santidade, ainda insista no negócio das beatificações e canonizações para contentar os crentes e competir com a concorrência.

Que um torcionário tivesse sido beatificado entre centenas de bem-aventurados cuja santidade se manifestou sobretudo no ódio à República espanhola, é um detalhe que não embaraça um papa que trocou os milagres avulsos pela produção industrial. (...)
Texto integral [aqui]

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Luz - Istambul, Senhoras no Bazar

Fotografias de António Barreto- APPh

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O Grande Bazar de Istambul é fabuloso! Apesar dos turistas, das visitas organizadas e da “caça ao dólar”, ainda é um sítio formidável de vida e comércio. Os seus principais clientes são mesmo “locais”. Abundam as ourivesarias, com ouro e prata verdadeiros, mas também com o mais louco “pechisbeque” do mundo. (2005).

Nota (CMR/22 Jan 10): o título e a legenda foram corrigidos.

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20.1.10

Encomenda

Por João Paulo Guerra

Afinal, o político português que raramente tinha dúvidas e nunca se enganava, enganou-se.
OU SE ENGANOU em 27 de Novembro de 2004, quando escreveu no jornal Expresso: "cabe às elites profissionais contribuírem para afastar da vida partidária portuguesa a sugestão da lei de Gresham, isto é, contribuírem para que os políticos competentes possam afastar os incompetentes." Ou se enganou agora ao atribuir ao visado no seu artigo de há cinco anos a Grã-Cruz da Ordem de Cristo por "destacados serviços prestados ao País". Certo é que Sir Thomas Gresham mais uma vez viu confirmada a sua lei de triunfo da "má moeda".
O resultado funciona pessimamente do ponto de vista didáctico.(...)

Texto integral
[aqui]

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Ribeira de Pena e a justa pena

O DIRECTOR do Global dá-nos hoje conta, num editorial intitulado «As decisões que custa compreender», de um indivíduo que, em Ribeira de Pena, matou o tio com um tiro de caçadeira, à queima-roupa, ficando apenas obrigado a apresentações periódicas às autoridades. Lido isso, fica-se com a ideia de que o jornalista devia estar mesmo com falta de assunto, pois essas situações já nem sequer são notícia.
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O TEXTO aqui afixado, escrito por [nome do autor] e publicado n' [nome da publicação], dá-nos conta de um outro caso estranho. Mas o cronista, desenvolvendo o assunto, acaba por reconhecer que, se as ruas de Gouveia estiverem mesmo muito porcas (*), a pena até pode ter sido justa...
Já agora: alguém quer completar o parágrafo anterior?
(*) - À falta de uma foto para ilustrar o texto, aqui fica uma outra - tirada numa das finíssimas avenidas novas de Lisboa.