30.4.10

EM TEMPOS, e a propósito da ideia que alguém teve de ornamentar a Torre de Belém com um colar feito com bóias, eu disse [aqui] que sentia nisso uma espécie de 'dissonância'; ou seja: achava, nessa convivência da arte contemporânea com um ex libris nacional, algo que não soava bem. Ora, nesta montra de uma loja de artigos religiosos passa-se uma coisa semelhante, não acham?
POR motivos que talvez não valha a pena especificar, cá em casa decidimos rescindir o contrato com a ZON (TV Cabo e Netcabo). Assim, os endereços medina.ribeiro@netcabo.pt e medina_ribeiro@netcabo.pt foram desactivados, sendo substituídos pelo medina.ribeiro@gmail.com
Há algo de muito estranho aqui, não há?
(Na 1.ª página do «SOL» de hoje)

Eureka!

Por João Paulo Guerra

POR OBRA E GRAÇA do Bloco Central – com esse ou outro nome – os portugueses e o mundo ficaram a perceber no que consiste a crise em que o país está mergulhado. Havia quem pensasse que Portugal estava a ser alvo da acção de especuladores. Como havia quem admitisse que o endividamento, mais dia, menos dia, dava para o torto. Outros opinavam que o consumo privado e a despesa pública estão fora de controlo. Mas, afinal, feitas as contas pelo Bloco Central a grande questão é outra. E a descoberta levou o Bloco Central a tomar medidas. Já há quem critique o excesso como quem critique o defeito. (...)

Texto integral [aqui]

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Lisboa - Rua Conde Sabugosa - 29 Abr 10
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Uma senhora 'muito fina' passa e deixa um saco com lixo junto ao ecoponto. Falta de civismo? Talvez, mas nem todos se queixam!

Turco, evidentemente!

Por Joaquim Letria

UM DIA DESTES, num colóquio internacional, fiquei envergonhado. Penso que qualquer português ficaria, atendendo às circunstâncias. Estava eu a participar num interessante debate de três dias acerca da comunicação global e das contingências actuais da História quando um economista trouxe à baila a crise grega, o seu despontar, as semelhanças e diferenças com a falência da Islândia, as atitudes da Alemanha, França e Reino Unido, as cautelas americanas com o euro, vis a vis o dólar, o futuro dos gregos e o erguer das economias nacionais na vitória final sobre a crise.
Muito acertadamente, os participantes falaram no esforço tremendo da Alemanha nesta década. Foi a reunificação, a crise financeira, o “crack” económico, puxar as 27 carruagens comunitárias, aguentar a Europa de Leste, suportar o estoiro comunista, ajudar toda a gente e, agora, ainda há quem se espante por Berlim refilar diante da mão estendida dos gregos depois de enganarem toda a gente.
Foi então que um participante falou nos 750 milhões de euros que Portugal vai emprestar à Grécia. Não imaginam a gargalhada que isso causou nem o real apreço em que os políticos portugueses são tidos. Daí em diante, quando perguntavam donde eu era, eu dizia que de Chipre. Do lado turco, evidentemente!
«24 horas» de 30 Abr 10

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29.4.10

Passatempo-relâmpago de 29 Abr 10

Lisboa - Av. de Roma, junto aos Nºs 27 e 43
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COMPLETAM-SE hoje 2 anos sobre o lançamento dos Prémios António Costa, por sinal nunca atribuídos - Ver [aqui]. A assinalar, além da efeméride, o facto de a situação que os motivou já fazer parte da literatura nacional, como se pode ver no extracto seguinte:
A questão, cuja resposta dá direito a prémio (um livro policial, evidentemente) só podia ser: Qual a obra em causa? As respostas só serão possíveis a partir de um momento-surpresa. Actualização: a resposta certa já foi dada, como se pode confirmar [aqui]. Sofia tem 24h para escrever para premiosdepassatempos@iol.pt.

Mercado

.Por João Paulo Guerra

A EXPRESSÃO “o mercado funciona” como “o mercado regula” perdeu todo o sentido embora tenha ganho um enorme significado.
O mercado não funciona e portanto não regula. O que funciona, e à grande, é a especulação. E nas mãos dos especuladores, os destinos de países e de povos parecem barquinhos de papel lançados ao mar no Cabo das Tormentas.

À crise provocada pela delinquência financeira segue-se a crise provocada pelos especuladores. Ninguém o quer reconhecer mas o que está verdadeiramente em crise é o capitalismo. Depois de enterrar de vez toda e qualquer preocupação de índole social, depois de arrasar conquistas sociais históricas, o capitalismo submerge numa imensa crise porque não consegue satisfazer todos os patamares de ganância sem que ele próprio se afunde. (...)

Texto integral [aqui]

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Lagos, Reino do Absurdo

(Pormenor...)

Doutor da vida

Por Joaquim Letria

DEI AULAS numa universidade donde saíam autocarros com professores que iam a Espanha fazer doutoramentos. Gentis, perguntavam-me se queria aproveitar as camionetas. Eu explicava que Espanha, para mim, é Chinchon, Jerez, orchata, bombazine, caramelos e touros miúra e vitorinos, fritadas na praia de San Lúcar de Barrameda, ovos revueltos na Casa Lúcio, angulas em San Sebastián.
Doutoramentos a sério fazem-se cá ou em Inglaterra, Paris ou Berlim. É uma mania minha!
A diferença é que hoje eles são Doutores por extenso e com maiúscula e eu continuo com o papinho cheio da minha Espanha querida. Muitos deles até compraram e venderam teses na Internet, plagiaram à tripa forra, não tarda mandam no ministério e progridem nas carreiras.
Mas eu ganhei com a troca.Venci em toda a linha, pois não conhecem as montanhas das Astúrias, nem a Euskadi, nem as marés nem os ribeiros galegos, nunca viram o céu de Navarra nem navegaram em iates, com partida e chegada em Puerto Banús, nem andaram em cargueiros com escala em Santa Maria.
Continuo a fazer os meus doutoramentos da vida. Na longínqua Ásia, na vizinha Espanha, na amada França, na estremecida Alemanha. Em Inglaterra, também já me doutorei! Mas em futebol e Mourinho foi o meu orientador!
«24 horas» de 29 Abr 10

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Luz - Interior de casa em Ponta Delgada (1992)

Fotografias de António Barreto- APPh

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Espanha – Um país e dois Varelas

Por C. Barroco Esperança

O CARDEAL Antonio María Rouco Varela, bispo de Madrid, um dos mais reaccionários de Espanha e do mundo, abriu feridas insanáveis com a ajuda de Ratzinger, ao canonizar e beatificar, em doses industriais, defuntos admiradores de Franco.

Foi um acto deliberado contra a democracia e, na pressa, nem todos eram aconselháveis para os altares apesar da generosidade com que Bento XVI eleva fascistas à santidade.

Podia ter-se ficado por Escrivà, a quem devia favores e dinheiro, apesar da conivência com a ditadura e o ditador, e poupado a Espanha ao reavivar de memórias dolorosas de quem viveu horrores praticados dos dois lados da guerra civil. (...)

Texto integral [aqui]

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28.4.10

O VENCEDOR do Passatempo Calimero de ontem escolheu o livro «Cidade Escaldante», pelo que o outro prémio (um exemplar de «As Boas Consciências») ficou disponível para este. A pergunta (a que podem responder todos os leitores, desta vez sem excepção) é a seguinte: Qual o nome desta tão turística rua de Lisboa onde - quem diria?! - se privilegia o trânsito pedonal?
Actualização (20h05m): a resposta certa já foi dada - ver comentário das 20h04m

Garzón

João Paulo Guerra

O JUIZ BALTAZAR Garzón enfrenta em Espanha uma perseguição miserável.
É o revanchismo por parte dos derrotados da História, os adeptos mais ou menos disfarçados de turvas ditaduras. Toda a sua vida profissional, Garzón foi um homem de grande coragem que enfrentou poderes ocultos, cumplicidades do passado mais tenebroso, fazendo-lhes frente. Mais do que isso, Garzón deu a milhões de pessoas, por todo o mundo, uma réstia de esperança para crer na justiça. Talvez nem ele próprio se aperceba da dimensão que adquiriu e do símbolo em que se transformou: o símbolo da vitória da justiça sobre a grande injustiça dos fascismos, da opressão, da repressão surda ou sangrenta. (...)

Texto integral [aqui]

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Os carros novos da ministra

Por Joaquim Letria

PARECE QUE a nova ministra do trabalho convenceu o ministro das Finanças a comprar 400 automóveis novos, porque precisa.
Eu fico muito satisfeito. Antes de mais, porque o Ministério do Trabalho vai acabar com a pouca vergonha da falta de inspecção. Lá deixam os restaurantes, os bares, as revistas, as oficinas e as casas de alterne de dizerem aos miúdos e miúdas que “se vier a inspecção, vocês dizem que estão à experiência”.
Lá vão os carros novos do ministério andarem no “Tinhonhi”, a levarem inspectores, funcionários, empresários, juízes e gerentes bancários para as feijoadas à trasmontana e para as caras de bacalhau! Este país vai ser um Estado de direito, pois então!
Por 400 carros novos, sermos um estado de direito, 40 anos depois do 25 de Abril?! É barato! Perguntem aos coronéis de Abril e aos deputados socialistas residentes no estrangeiro! 400 automóveis novinhos em folha, sem concurso, nem contrapartida da marca!? É muito barato! Olhem para África: há muito mais tempo que eles ficam com os Mitsubishis, os Jaguares, os Mercedes e os BMs e não há meio de serem estados de direito!
«24 horas» de 28 Abr 10

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Lenine, segundo Aguiar-Branco

Por Baptista-Bastos

O PRECONCEITO é a forma mais agressiva de violência e a manifestação mais abstrusa de tolice. A diferença suscita a desconfiança, já se sabe; e o culto da brutalidade nasce dessa espécie de insegurança em si mesmo, própria de quem, afinal, se julga ou se deseja excluído. (...)

Na sessão comemorativa do 25 de Abril, Assembleia da República, o dr. Aguiar-Branco criticou essa figura de intolerância e, sem renunciar às suas convicções (como a seguir se viu), citou Lenine, Rosa Luxemburgo, José Afonso e Sérgio Godinho, mas, também, António Sardinha, corifeu do Integralismo Lusitano. (...)

Se compreendo o embaraço das bancadas do PSD e do CDS, tenho dificuldade em entender os risos absurdos do PCP e do Bloco. (...)
Por que razão Aguiar-Branco não pode citar quem quer que queira, sem suscitar o riso tolo ou o espanto ignaro? (...)
Texto integral [aqui]

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27.4.10

Rua da Prata, hoje
Continua a crescer, imparável, a colecção de fotos de abortos como este.
Ver mais [aqui]

Visitas

Por João Paulo Guerra

ESTA FOI a quinta vez que o chefe de Estado visitou o 25 de Abril e ali depositou um discurso. Antes desta, o chefe de Estado tinha visitado o 25 de Abril quatro vezes.
Na primeira, em 2006, o chefe de Estado preocupou-se com a exclusão e apelou à inclusão social.
Na segunda, em 2007, preocupou-se com a qualidade da democracia.
Na terceira, em 2008, preocupou-se com a venda de ilusões na política e com a ignorância dos jovens.
Na quarta, em 2009, preocupou-se com o alheamento dos jovens relativamente à vida cívica e política do país.
Na quinta, em 2010, preocupou-se com os casos de riqueza imerecida. (...)
Texto integral [aqui]

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Passatempo Calimero de 27 Abr 10

27 Abr 10
INICIALMENTE, este desafio destina-se apenas aos leitores que não tenham ganho nada nos passatempos aqui propostos desde 1 de Abril até hoje.
Como já se percebeu, trata-se de identificar o monumento nacional onde uns grafiteiros foram dar largas à sua - pouca - criatividade.
O prémio será um exemplar de «As Boas Consciências» (de Lydie Salvayre) ou «Cidade Escaldante» (de Chester Himes), à escolha do vencedor. Se a resposta demorar a surgir, serão divulgadas outras imagens do monumento; se, mesmo assim, tardar, o passatempo será aberto a todos.

Actualização (19h20m): a resposta certa foi dada por R. da Cunha, como se pode confirmar [aqui]. Nesse endereço podem ver-se, também, 2 outros grafitos existentes na mesma praça. R. Da Cunha tem 24h para escrever para premiosdepassatempos@iol.pt indicando morada e qual dos 2 livros prefere.

A porca da gripe A

Por Joaquim Letria

COITADINHA da Dra. Graça de Freitas, da Direcção Geral de Saúde! Anda a recomendar às pessoas que vão ao Brasil para se vacinarem contra a gripe A. Diz ela que no Brasil a gripe A é um perigo!
Há 200 milhões de brasileiros que não sabem, minha rica, vá lá e convença-os a vacinarem-se, que aqui a querida não faz negócio. Se as enfermeiras e os médicos têm mais medo da vacina do que do vírus H1N1 e não querem vacinar-se, como quer a menina convencer-nos a dar vazão aos milhões de doses a mais que a ministra
comprou?!
A querida tem uma concorrência desenfreada. Imagine que ali para os lados de Alenquer há uma farmácia que quem levar três doses de vacina para a gripe sazonal se habilita a uma viagem - meia pensão e ida e volta de avião - ao México! E há outras farmácias muito generosas.
A menina já tentou oferecer liposucções, novos recheios mamários, “faceliftings”, enfim, essas coisas que há quem faça à socapa no Serviço Nacional de Saúde?! E um cabazinho de robalos frescos, já experimentou?!
Dêem alguma coisa aos outros! Fale com o seu director, rica, conversem outra vez com o laboratório e vejam o que se pode arranjar. Agora, não estraguem o negócio ao Turismo do Brasil! Esses também podem entrar com umas estadias e umas caipirinhas para a gripe sazonal só para a menina estar calada. Já experimentou?!
«24 horas» de 27 Abr 10

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26.4.10

Foi actualizado o arquivo Humor Antigo
com mais anedotas de 1924

Grandes erros: Morales e os frangos

Por Carlos Fiolhais

O DIA DA TERRA foi, na Bolívia, o dia do disparate. O presidente Evo Morales, num encontro intitulado "Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra" (sic) afirmou que não se devia comer frango porque, devido a hormonas injectadas pelos produtores, "os homens que consomem frango têm problemas em ser homens". Quanto às mulheres, afirmou que a ingestão de frango fazia crescer os seios mais cedo. E mais disse, apontando para a sua farta cabeleira, que a calvície era uma doença na Europa, também devido ao frango: "Lá quase toda a gente é careca. E isso é por causa daquilo que comem".
Lembra-se que a maioria dos países ocidentais interditou injecções de hormonas nos frangos, que teriam sido usadas em tempos de forma localizada para crescimento acelerado de aves. O que está a crescer aceleradamente na Colômbia, com a referência presidencial à relação entre as hormonas dos frangos e a homossexualidade, é, evidentemente, o disparate!

In De Rerum Natura

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País a 26

Por João Paulo Guerra

«MARCELLO CAETANO rendeu-se no Quartel do Carmo e seguiu para a Madeira», Diário de Notícias.
«Marcello Caeteno e alguns ministros exilados nas ilhas adjacentes», O Século.
«Clima de apoteose: a população oferece flores aos soldados», Diário de Lisboa.
«Este jornal não foi visado por qualquer comissão de censura», República.
«Total liberdade sindical, pede-se num documento de 15 sindicatos», República.
«Três mortos e muitos feridos à passagem de populares pela sede da DGS», Diário de Notícias
(...)
Texto integral [aqui]

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V Congresso Nacional "Cientistas em Acção"

Por A. M. Galopim de Carvalho

FOI HÁ CINCO ANOS que, em boa hora, o Centro Ciência Viva de Estremoz desafiou os alunos e professores de todos os escalões, das escolas de todo o país, a mostrarem as respectivas competências, em termos de actividades práticas, no campo do ensino-aprendizagem das ciências experimentais.

Surgiu, assim, a 1.ª edição do CONCURSO "CIENTISTAS EM ACÇÃO", destinado a todas as nossas escolas do ensino básico e secundário. Crianças, adolescentes e os seus professores responderam ao desafio com trabalhos cuja criatividade e empenho foram ao encontro das expectativas dos organizadores. (...)

Texto integral [aqui]

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Cheiro a peixe!

Por Joaquim Letria

OUVI DIZER que neste último 25 de Abril não se podia passar junto à Assembleia da República por causa do cheiro a peixe. Cheirava mais a robalo fresco do que no Mercado da Ribeira ou nos armazéns da Pesca Nova.
Parece que estes nossos políticos adoram peixe fresco que, como se sabe, está pela hora da morte! Nos tempos do Soares andavam vidrados com as tecnologias. Ficavam fascinados com os faxes de Macau…
Contam-me que vai por aí uma enorme tremideira. Desde que o Sr. Manuel Godinho disse que queria falar, políticos, banqueiros e gestores andam numa nervoseira. Até já houve quem murmurasse que o Sr. Godinho devia ter cuidado com o coração, porque na cadeia se está sujeito a muitos perigos e ele anda atreito a sofrer um colapso.
O homem não corrompeu ninguém. Só teve de untar muitas mãos para poder trabalhar. Ou não vivem cá?! Desde a carta de condução, ao cartão de cidadão, ao alvará para a loja, à autorização para o toldo, à consulta de dermatologia, ao diploma do 9.º ano, ao documento militar, se não se untam as mãos certas não se é ninguém na vida!
O Sr. Manuel Godinho é uma pessoa de bem. Desde que o arrecadaram ele já teve de despedir mais de 100 pessoas. Os fregueses a quem ele tem de untar as mãos é que são perigosos. Perguntem ao FMI!
«24 horas» de 26 Abr 10

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25.4.10

Passatempo-Relâmpago

JÁ QUE as duas últimas crónicas põem a tónica na «verdade» (algo que pode ter tantas variantes quantas as forças que se digladiam), aqui fica este desafio que, muito provavelmente, terá várias fases. Lá vai, então:

Pergunta: a que estátua, em concreto, é que este texto se refere?

O prémio, a atribuir ao vencedor do passatempo, será um exemplar do livro de onde o extracto foi feito.

Actualização (17h21m): a resposta certa já foi dada às 17h15m.

A necessidade da verdade em política

Por Baptista-Bastos

GRAVES SÁBIOS, severos economistas, rudes prospectivistas do mundo e das coisas advertem-nos que Portugal está à beira do abismo, e que seguirá a Grécia na bancarrota. Tanto o Governo como o dr. Cavaco afirmam que não; o País não está assim tão mau quanto isso. Talvez entenda uns e outros. No entanto, estas opiniões tão díspares, estas afirmações tão opostas quanto o sol e a noite o são, vão-nos deixando cada vez mais inquietos e alarmados.

O português, já de si cabisbaixo e macambúzio, tenta equilibrar-se com o uso, acaso imoderado, de ansiolíticos. São os jornais que o dizem. E as farmácias que o atestam. Cada um de nós vai pagar um montão de euros a fim de não deixar que o velho barco naufrague, avisa a Imprensa. Além daquelas florestias, não sabemos, rigorosamente, o que se passa. (...)

Texto integral [aqui]

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Há qualquer coisa estranha nesta legenda, não há?

Depois do adeus

Por Helena Matos

VAI VIR NOVAMENTE a fanfarra, mais os cravos e a liberdade. Sem esquecer a República e o seu farto busto que, por um extraordinário processo de reviravolta histórica, se pretende apresentar como uma antecipação do 25 de Abril. E depois? Depois nada, que a vida está difícil e nós não sabemos como vamos pagar dívidas que não contraímos. Não era de facto isto que estávamos à espera quando nos prometeram a democracia. Na verdade esperava-se muito mais.

Ao ver as imagens de Portugal em 1974 o mais espantoso é o ar sorridente e esperançado das pessoas. Hoje, rir assim só no futebol, com a desvantagem estética para este último, que a parafernália dos bonés e dos cachecóis, ao contrário do que sucedia com os cravos e as fardas, dá um ar vagamente apalhaçado a quem celebra. (...)

Texto integral [aqui]

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Luz - Genebra, Le Lignon

Fotografias de António Barreto- APPh

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Nos anos sessenta, este tipo de construção fazia furor. Apesar de algumas más experiências em França (os famigerados HLM, “Habitation à loyer modéré”) muitas cidades europeias replicavam, com ajustes e correcções, o modelo. Em Genebra, neste sítio chamado Le Lignon, fez-se um enorme conjunto destinado à classe média. Não se pode dizer que o resultado seja de uma grande felicidade. (1970)

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Mourinho, o maior

Por Joaquim Letria

QUE GRANDE banhada que José Mourinho deu ao Barcelona! Não me refiro ao resultado, que poderia ter sido ainda mais dilatado, mas à táctica e à estratégia do Inter dentro de campo. Uma vez mais, depois de ter provado o mesmo em Londres contra o seu ex-Chelsea, agora de Ancelotti, o “Special One” mostrou que é um mestre do futebol, como vem sucedendo desde o seu início de carreira. Pep Guardiola, que foi um grande jogador e hoje dirige a melhor equipa do mundo, onde pontificam alguns dos melhores do mundo, rendeu-se. Disse não ter dúvidas que Mourinho, se não é o maior, é um dos maiores. Fica bem a Guardiola dizer isto, ele que já tinha mostrado graça e “fair play” quando agradeceu a Mourinho ter eliminado o CSKA, pois nem queria imaginar o que seria a viagem (de 9000 km) de autocarro entre Barcelona e Moscovo. Agora Mourinho transformou o Barça numa equipa vulgar, sem linhas de passe. Alguém deu pelo Messi e pelo Xavi?! Que resposta dará Guardiola, como se defenderá Mourinho?! Um duelo a não perder! (...)

Texto integral [aqui]

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Porque é que a legenda desta foto podia ser «Escada de Escher»?
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Actualização (10h10m): a resposta certa já foi dada, como se pode confirmar [aqui] e no link indicado por Luís Bonito - [aqui].

Explicação: a foto foi tirada no parque de estacionamento do Modelo, de Lagos, pelo facto de a placa sinalética para as escadas que descem representar um senhor que sobe - uma situação digna das paradoxais escadas concebidas por Escher.

24.4.10

Coitado do Rei...

Por Alice Vieira

A MINHA avó nem conseguia falar.

Deixou-se cair na chaise-longue enquanto a Rosa foi preparar um chá de tília.
A minha mãe abanava-a com o leque, e ela só repetia, “eu vi-o! eu vi-o! tão novo e tão triste, coitadinho!”

O meu pai chegou nessa altura e foi então que a minha mãe explicou tudo:

- Vimos o rei.
- E então? Ainda o vimos há dias, na exposição do Silva Porto.
- Mas aqui foi diferente. Parecia uma pessoa normal, a descer o Chiado, a entrar na “Ferrari”…
- Não me digas que vos ofereceu um capilé! (...)

Texto integral [aqui]

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Encerrado o acesso poente à praia de Don' Ana (em Lagos) pois, de vez em quando, a Natureza gosta de nos lembrar «quem manda»...

«Dito & Feito»

Por José António Lima

PORTUGAL ESCAPOU à nuvem de cinza vulcânica islandesa, mas viu as nuvens negras da desconfiança internacional adensarem-se perigosamente sobre o endividamento da economia do país. Foi uma semana de cortar a respiração. Que começou com o Presidente checo, Vaclav Klaus, a dizer na cara de Cavaco Silva que se sentia «muito surpreendido por Portugal não estar nervoso com o seu défice». E continuou com economistas como Joseph Stiglitz a afirmar que «não se pode excluir a hipótese de falência em países na situação de Portugal», ou como Simon Johnson a considerar que «Portugal e Grécia estão, em termos económicos, na vertigem da bancarrota e ambos parecem mais arriscados do que a Argentina em 2001». (...)

Texto integral [aqui]

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A propósito da crónica anterior

NA MINHA opinião, as questões que se levantam com a atribuição dos referidos milhões a António Mexia são de várias ordens, não podendo ser resumidas a uma questão de inveja. O que sucede é que fica a ideia (porventura certa...) de que os sacrifícios que se pedem aos portugueses não são aplicáveis a todos.
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NOTA: Esta foto está aqui apenas por associação de ideias com a noção de exemplo: à esquerda, pode ver-se uma fiada de carros multados. Ao fundo, um da Polícia Municipal de Lisboa estacionado, como habitualmente, em local de paragem proibida, à porta da Assembleia Municipal. A foto é apenas uma de várias que se podem ver [aqui] e que, por sua vez, são um resumo de uma gigantesca colecção de outras, que documentam situações semelhantes - onde a noção de exemplo é completamente ignorada por quem devia estar na primeira linha dessas coisas...

Ele mexe com a inveja

Por João Duque

PARA QUE CONSTE: não sou amigo de António Mexia nem escrevo este artigo para do mesmo receber quaisquer vantagens ou benefícios da EDP.

Mas o que é facto é que me irrita profundamente ter de confessar publicamente que António Mexia me remete emocionalmente para o lado de 9.999.999 portugueses que discutem a questão da sua remuneração como executivo da EDP. Tudo porque tal como os outros 9.999.999 portugueses sofro do mesmo mal: inveja!

Irra! Mas porque é que não fui eu a receber o convite para liderar uma empresa como a EDP? (...)

Texto integral [aqui]

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Experimente o seu milagre na Terra Santa

Por Antunes Ferreira

NÃO TENHAMOS dúvidas, homens de pouca fé; é assim mesmo, sem tirar nem pôr. Enquanto há vida, há esperança, isto porque esta é sempre a última a morrer. Aforismos com carradas de razão – eles têm-na sempre. Mas, quem são eles? Passo a explicar, para depois tirar as conclusões que aliás são evidentes. E a sugerir ao Ministro das Finanças que atente nesta excepcional proposta.

A caixa do correio é imprescindível mas é muito perigosa. Nesta semana que passou, ela acolheu uma coisa impressa cujo título é Folha de Portugal. (...)

Texto integral [aqui]
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NOTA (CMR): Cartoon publicado com autorização do autor - http://karikamania.no.sapo.pt

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23.4.10

Brincar às guerras com os filhos dos outros

Por Helena Matos

"Se o Governo quer guerra, é guerra que vai ter” – Mário Nogueira, Abril 2010.
“Se o que esta equipa ministerial quer é guerra, é guerra que vai ter.” – Mário Nogueira, Abril 2010.
“Se o Ministério da Educação quiser guerra, vai ter guerra.” – Mário Nogueira, Dezembro 2008.


MÁRIO NOGUEIRA, secretário-geral da FENPROF, deve ser o único português que anuncia guerras. Aliás passa a vida a fazê-lo. Cada equipa que chega ao Ministério da Educação é visitada pelo triunfante secretário-geral da FENPROF. Após esse primeiro encontro, sindicalistas e comentadores especulam sobre se o ministério quer a paz ou vai conseguir a paz com os sindicatos. Invariavelmente esta espécie de armistício esfuma-se ao fim dumas semanas e eis que começam os anúncios de guerra por parte de Mário Nogueira. “Se o ministério quer guerra vai ter guerra”, “se a ministra” – e cada vez mais na 5 de Outubro só existirão ministras pois os homens não estão para se sacrificar em tão funesta batalha! – “quer guerra vai ter guerra”… (...)

Texto integral [aqui]

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«Névoa sobre a Justiça»

O PROGRAMA Plano Inclinado do passado sábado contou com a presença de António Pires de Lima, e muito do que lá se disse ajuda a perceber notícias como as que em cima se referem - ver [aqui].

No que toca ao caso concreto de Domingos Névoa («u
m homem impoluto, sério e trabalhador, que muito tem dado ao país e à sua economia» - para usar as palavras do seu advogado, claro), vale a pena ler a abordagem feita na Porta da Loja no post intitulado «Névoa sobre a Justiça» - ver [aqui].

País a 24

Por João Paulo Guerra

“Sobre aumento de Correios e Telefones não se pode falar em “público reage”, o que dá a ideia de barulho, de contestação agressiva. "Desgostoso" é o "termo que satisfaz nestas coisas de novos preços".

"Exames de condução. Suborno dos examinadores. CORTAR". Dr. Ornelas.

"Comunicado da Ordem dos Médicos contra as contribuições - título fica só assim: "Ordem dos Médicos". No texto dizer apenas que foram enviados telegramas a membros do governo e não dizer o que eles dizem". (...)

Texto integral [aqui]

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Passatempo Calimero


INICIALMENTE, este desafio destina-se apenas aos leitores que não tenham ganho nada nos passatempos aqui propostos desde 1 de Abril até hoje. Lá vai, então:
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Aquando do terramoto no Haiti, Hugo Chávez veio dizer que a catástrofe tinha sido obra dos americanos.
Se calhar, ele ouviu falar dos trabalhos de [...] que, de facto, inventou aquilo a que chamou uma earthquake machine - tendo ficado famosa uma demonstração feita na presença de Mark Twain, na 46 East Houston Street, em Nova Iorque.
Pergunta-se: qual o nome do famoso inventor?
Salvo se houver 'dicas', cada leitor poderá dar uma única resposta. O prémio será um exemplar do livro (com título bem apropriado!) cuja capa se pode ver [aqui].
Actualização (12h10m): a resposta certa já foi dada, como se pode confirmar [aqui]. Bartolomeu tem, agora, 24h para escrever para premiosdepassatempos@iol.pt indicando morada para envio do livro.

A minha dentista

Por Joaquim Letria

TENHO UMA MÉDICA dentista licenciada pela Universidade de Coimbra, que é bonita, não faz doer e cantarola enquanto nos trata os dentes. Antes, tive um inglês, um português que explorava brasileiros nas avenidas novas e um simpático dinamarquês. O inglês reformou-se e foi para as Bahamas, o dinamarquês morreu, os brasileiros, que eram óptimos, regressaram ao Brasil e eu fugi do patrão deles a sete pés.
Um dia, recomendaram-me um modernaço. Queria 4 mil contos por meter uns implantes e eu saía do consultório a comer uma maçã, num sábado de manhã. Como não quis, fui despedido de cliente.
Recordo tudo isto porque leio agora, nos jornais, que desde 2008, em Portugal, foram desencadeadas 38 queixas-crime e recolhidas 47 denúncias contra alegados dentistas da nossa praça.
O Bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Monteiro da Silva, que anda a pôr a casa em ordem, diz que a maioria dessas querelas acaba em penas suspensas e multas, mas acrescenta que a Ordem nunca perdeu um único processo. E que além destes casos há uma média de 40 clínicas fechadas por ano por graves faltas de higiene sanitária.
Estou muito feliz com a minha dentista, médica de verdade, bonita e competente. E cantarola enquanto nos trata os dentes. Que mais se pode querer?
«24 horas» de 23 Abr 10

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22.4.10

Há qualquer coisa estranha nesta legenda, não há?

Portugal vai falir

Por João Duque
Antigamente eram as famílias que oscilavam em património e desabavam riquezas acumuladas em décadas à custa de infortúnio ou incúria repetida. Com o desenvolvimento das empresas passámos a associar a falência à sua morte.
NOS ANOS 70 e 80, com o desenvolvimento do crédito pessoal começaram a falar em falência pessoal o que para mim era estranho até ter encontrado um sujeito que me confessava alegremente estar falido. Achei estranha a felicidade dele quando falava no facto de não ter, nem poder vir a ter em sua posse, qualquer património, mas depressa percebi que as dívidas tinham sido activadas lentamente enquanto os activos tinham lestamente voado para a posse da filha...

Recentemente todos começaram a falar na falência dos Estados e, infeliz e preocupantemente, na possibilidade de falência de Portugal. (...)

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Convite

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17 anos sempre a subir

Por Joaquim Letria

JOÃO GARCIA, com Rosa Mota e Carlos Lopes, formam o trio português dos melhores desportistas individuais de todos os tempos. Desde o último fim de semana, ao escalar os 8091 metros do Annapurna, João Garcia inscreveu o seu nome no selecto grupo de 10 alpinistas - de sempre e de todo o mundo - a conseguir escalar as 14 montanhas mais altas do mundo sem o recurso de oxigénio artificial.
Subir 14 picos acima dos 8 mil metros foi uma entrega de 17 anos que João Garcia completou ao chegar ao cume do Annapurna. Agora, enquanto descia para a sua base, o alpinista português que é um dos maiores do mundo de todos tempos, reflecte já acerca do que vai ser o resto da sua vida. E uma coisa garante: não vai parar!
João Garcia pensa dedicar os próximos anos a atravessar a Antártida ou dedicar o seu autodomínio e experiência às profundezas dessa nova fronteira que é o mar. Uma coisa sabem aqueles que trabalharam com ele em cada uma das suas aventuras: João Garcia não vai parar e o fascínio do nosso mundo e a excitação da natureza nos seus extremos continuará a atrair o português para novas aventuras. Pelo caminho, naturalmente que terá lugar uma reflexão para fazer o balanço duma vida única até aqui e ímpar daqui para a frente. Para grande orgulho de muitos de nós e de Portugal.
«24 horas» de 22 Abr 10

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Barómetro da Mobilidade da ACA-M

Por Manuel João Ramos

NEGATIVO:

Depois de 12 anos de obras, de um triplo atropelamento trágico, de uma condenação excepcional de uma condutora, a passadeira frente à Gare Marítima do Terreiro do Paço continua na mesma: é uma ratoeira terrível para peões e automobilistas, uma prova dolorosa de que as autoridades públicas e privadas não se sentem minimamente interessadas em prover às necessidades humanitárias dos cidadãos que circulam na cidade.

POSITIVO:

Depois de 12 anos de obras no Terreiro do Paço, de um triplo atropelamento trágico e de indícios indesmentíveis de incúria da CML e do Metro de Lisboa, uma condutora foi condenada a prisão efectiva pela morte de dois peões e ferimentos graves noutro. A pena inverte uma cultura instalada de passividade e impunidade perante os crimes rodoviários contra os peões lisboetas. E dá-nos esperança que a CML e o Metro de Lisboa percebam um dia que têm de prover às necessidades humanitárias dos cidadãos que circulam na cidade.

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O Papa e a tolerância de ponto

Por C. Barroco Esperança

NENHUM democrata contesta o direito de o Papa visitar Portugal, por mais discutível que seja a intenção de manter vivo um embuste que transformou uns inóspitos campos de pastorícia num centro de combate à República e ao comunismo, primeiro, e num destino vitalício de superstição popular, depois.

O respeito pelos crentes que viajam de joelhos e se arrastam em sofrimento, cumprindo promessas, solicitando milagres, maravilhados com as vestes talares dos clérigos e com a multidão de crentes em êxtase, não permite ridicularizar as encenações sazonais que a máquina eclesiástica põe em palco com especial entusiasmo nos dias 13. (...)

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21.4.10

Ainda o Português Técnico

COMO é evidente, este e-mail, que está a ser enviado a clientes da Zon-Netcabo, é uma vigarice de baixo nível para obter dados pessoais. Não sei quanta gente cairá, mas vale a pena ver a linguagem usada!

Português Técnico

Por Helena Matos

NUM TEMPO muito antigo as frases tinham sujeito, predicado e complemento directo. A presente realidade portuguesa criou-nos uma outra forma de falar em que umas pessoas alegadamente praticam umas acções que jamais se provam, sendo que essas acções, sem responsáveis nem beneficiários identificáveis, acabam invariavelmente a prejudicar o país em milhões de euros. Ou seja, na vida de todos nós diz-se que o João comeu o bolo, a Maria comprou um carro etc. Na vida pública e política, e quando os euros se começam a contar por milhões, as frases não só deixam de ter esta ordem como se aboliu a voz passiva. Assim, se é válido concluir que se a Maria come o bolo, logo o bolo foi comido pela Maria, jamais se pode dizer que sendo A acusado de corromper B, B teria de ser corrompido por A. (...)

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MAL SABE esta senhora que, um pouco mais à frente, vai ter de refrear a sua pressa, por motivos que os leitores habituais do Sorumbático bem conhecem. Os outros podem espreitar clicando [aqui].

Arrisca

Por João Paulo Guerra

Não há nada que os interesses e o poder do dinheiro não consigam.
E É ASSIM que os ministros dos Transportes da União Europeia decidiram aliviar as restrições aos voos na Europa, apesar de nenhum especialista conseguir declarar que a erupção do vulcão de nome impronunciável acabou e quando a nuvem de cinzas vulcânicas atinge novos espaços aéreos, designadamente o português. Fosse uma questão de liberdade ou de direitos e os voos ficavam cancelados ad eternum. Mas trata-se de lucros e dividendos e perante tal situação, de uma penada, "normaliza-se" o espaço aéreo, isto é, retoma-se a circulação e a nuvem vulcânica que se remeta à sua insignificância, pois valores mais altos se levantam.
Faz-me lembrar uma história deliciosa que me contou o músico e meu especial amigo José Barros. (...)

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A CML na bancarrota

Por Manuel João Ramos

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A concordância!

Por Joaquim Letria

MUITA GENTE ficou espantada e se manifestou chocada por Sócrates ter respondido a Louçã - que o advertia dele se mostrar “mais manso” a cada intervenção quanto à fiscalidade das mais valias - nos seguintes termos:
-Mais manso é a tua tia, pá!
Não é a fineza do vitupério que me impressiona nem a indesmentível propensão parlamentar de interpretar tudo o que se diz naquela casa por parâmetros tauromáquicos. Sabemos que assim acontece desde o “senti-me corneado”, de Granadeiro, à mímica ímpar de Manuel Pinho. O que me espanta e choca é a falta de concordância, na boca dum primeiro-ministro diplomado em inglês técnico. Ou seja, a querer atingir a senhora, Sócrates deveria ter atirado a Louçã:
-Mais mansa é a tua tia, pá!
Sabendo todos nós que os exemplos vêm de cima e que milhões de portugueses em idade escolar assistem aos telejornais, o chefe do Governo deveria falar cuidadosamente, apurando a concordância, ainda que muitos mal intencionados interpretem este léxico não como um erro de sintaxe, mas como uma emenda no grau de parentesco, fazendo crer que uma tia mais mansa não é tão grave de dizer como seria:
-Mais manso é o teu pai, pá!
Mas o problema é a concordância, nunca a perder de vista e a ter sempre em conta! Importa lá agora a boa educação!
«24 horas» de 21 Abr 10

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O enxovalho de Praga

Por Baptista-Bastos

A IMPRENSA, as rádios e as televisões andam cada vez mais preocupadas com o folclore dos dias do que com a real importância dos factos. Cansaram-nos com os relatos do humor (santo Deus!) do dr. Cavaco; com a espórtula do distinto casal aos músicos de rua na ponte Carlos; com as jovialidades dos transbordos de automóveis, o percurso dos autocarros, os "kits" com comida para as personagens consideráveis. No que se refere ao enxovalho, à injúria, à humilhação com que o Presidente da República Checa, por duas vezes, mimoseou o seu convidado, e o que o seu convidado representava, a Imprensa, as rádios e as televisões limitaram-se a bocejos laterais. E o dr. Cavaco perdeu a memorável ocasião de provar ser "o Presidente de todos os portugueses." (...)

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20.4.10

O melhor professor da América

Por Nuno Crato

CHAMAVA-SE Jaime Escalante e o seu falecimento foi assinalado em todos os Estados Unidos com notícias de primeira página. O presidente Obama disse que disse que «ao longo da sua carreira, Jaime abriu as portas do sucesso e da continuação dos estudos aos seus estudantes, um a um, e provou que de onde se vem não tem de determinar até onde se vai.» É uma declaração que deveria ser repensada sempre que se ouve que não se deve exigir mais dos estudantes, com o argumento de que isso prejudicaria os que provêm de meios mais desfavorecidos. De onde se vem não tem de limitar até onde se vai.(...)

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A Lei da Escola Segundo o Eduquês

Por Guilherme Valente

1. Contra o silêncio e a indiferença, é preciso dizer que as duas mortes agora acontecidas são extremos dramáticos, picos na violência que cresce em muitas das escolas públicas. Mas nem estes casos extremos obrigaram o eduquês a mudar o discurso:

No caso do docente de Sintra, a DREL terá colocado psicólogos na turma em causa «com medo de que haja um sentimento de culpa». E não deveria haver? Não é esse o único sentimento aceitável, o mínimo que na circunstância se deve esperar? Não deve esse sentimento ser mesmo suscitado em todos aqueles jovens e nos responsáveis da escola e do ministério? Ou a escola deixou de ser, de repente, a tão badalada «comunidade educativa»? (...)

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Tendo em conta que se trata de uma televisão numa sala-de-espera de um Centro de Saúde, antes "a...variada" do que "variada"...

Prejuízos

Por João Paulo Guerra

Volta e meia, com uma regularidade de relógio, uma frequência de metrónomo e uma pertinácia de santo, chegam com espalhafato à opinião pública os imensos “prejuízos” da saúde e dos hospitais.

NÃO ME RECORDO de ler notícias sobre os prejuízos das polícias, do sistema prisional, da tropa, da representação política, do funcionamento e protocolo do Estado. Mas a saúde, a propósito ou a despropósito, lá vem de vez em quando com os seus milhões de "prejuízo" à mostra. É assim como os "prejuízos" da reinserção social ou do fundo do desemprego. Não sei se é para criar remorsos aos doentes de tanto pesarem no Orçamento e, por conseguinte, no bolso dos contribuintes se é alguma novidade em matéria de tratamento de choque para redimir os doentes através da assumpção das suas culpas no cartório do défice. (...)

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Os verdadeiros apreciadores da calçada portuguesa são assim:
querem senti-la, querem vê-la bem de perto!

Gandas cómicos!

Por Joaquim Letria

O ESPANTO do ministro da Economia pelo disparatado preço dos combustíveis em Portugal é uma maravilha. Os deputados quererem ouvir a Procuradoria Geral da República e as forças de segurança por causa da execução de penas é outra delícia.
O ministro, que como os colegas, os comediantes da concorrência e preços e os gestores do estado anda por aí de cu tremido, sabe lá o preço do gasóleo e da gasolina que a gente tem de pagar!
Os deputados que querem ouvir a “justiça” por causa da execução de penas também devem ter aterrado com as cinzas do vulcão! Num caso e noutro, os nossos agradecimentos, porque em Portugal deve haver quem faça rir os portugueses e, à falta de melhor, estes cómicos servem.
Da execução de penas conto só uma história: uma amiga minha que conseguiu despejar um inquilino ao fim de quatro anos sem este pagar renda, passado um ano sobre o julgamento, foi informar-se ao tribunal de quando recebia as rendas em dívida. O tribunal mandou-a à polícia. E lá perguntaram-lhe:
“Você sabe onde vive o homem?! Então, quando souber, venha cá dizer, para vermos se nós podemos ir lá falar com ele”. Até hoje a minha amiga não descobriu onde vive o homem. E vão agora na AR estes artistas fazerem-se muito admirados!
«24 horas» de 20 Abr 10

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Duas versões de ilhas ecológicas -
e com cadeiras para as saborear, pois então!

19.4.10

Falar com os Mortos

Por Maria Filomena Mónica

QUANDO ESTA REVISTA me telefonou a convidar para escrever sobre uma medium, a minha reacção inicial foi negativa. Para minha surpresa, ainda não tinha desligado o aparelho e já dera comigo a dizer que sim. Apesar de avessa a fenómenos sobrenaturais, tinha curiosidade em observar alguém que supostamente fala com os mortos. Devo confessar que nem sempre fui descrente. Durante a adolescência, passei até por fases místicas. Aos 13 anos, após me ter apaixonado pela vidente Jacinta, sofri uma aparição. De cada vez que entrava na capela do colégio, julgava que Nossa Senhora sorria na minha direcção. Irradiando orgulho, anunciei às minhas amigas ser uma vidente, um segredo que estupidamente partilhei com a Madre Superiora, a qual se mostrou tão zangada comigo quanto os jacobinos, em 1917, com os pastorinhos, quando estes apregoaram ter visto, em cima de uma azinheira, «uma senhora mais branca do que o sol». (...)

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O Pilha-Galinhas

Por A. M. Galopim de Carvaho

O PILHA-GALINHAS, que eu em criança conheci, era um “maltês”, quase sempre desempregado por falta de trabalho, de botas rotas e aspecto andrajoso, mas fino e arguto na conversa. Fornecia a umas tantas freguesas da cidade, a quem isso dava jeito, galinhas ou frangos, bem escondidos, quase sufocados, dentro de sacos, no fundo do alforge que transportava ao ombro. Vendia o que trazia e por bom preço, segundo se dizia. Chegava sempre ao cair da noite, vindo dos campos. O trajecto na cidade fazia-o pelos sítios mais esconsos e escuros, em passadas rápidas e furtivas. A dona Aurora, sua freguesa habitual, nunca lhe perguntava a proveniência da mercadoria, nem nunca ele se lhe referia, embora fosse um falador cheio de histórias para contar. (...)

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Comentário ao 'post' anterior

SALVO o devido respeito, parece-me que o texto de MJR e RZ é demasiado longo para se dizer o que toda a gente sabe - e que se resume em poucas palavras: certa gentinha julga-se acima da lei. No entanto, tendo em conta as consequências do que fazem, há que reconhecer que têm toda a razão. Neste caso, e como o tema é Código da Estrada, veja-se a selecção de imagens afixadas [aqui].

O COMPORTAMENTO ANTI-SOCIAL

Por Manuel João Ramos e Rui Zink
COMECEMOS POR EXPLICAR o que é um comportamento anti-social: trata-se de "toda e qualquer actividade agressiva, intimidatória ou destrutiva que provoca danos à qualidade de vida de outras pessoas" (definição do Home Office britânico).
Ao contrário de algum senso comum, não são apenas os marginais que são propensos a este tipo de comportamento. Infelizmente, também detentores de cargos públicos podem, ocasionalmente, mas com mais frequência do que se desejaria, nele incorrer. Podemos dizer que Adolf Hitler tinha um comportamento anti-social, embora tenha sido democraticamente eleito. É um exemplo extremo, mas útil: pois a partir dele, podemos "descer" às mais diversas variantes, desde a pequena corrupção ao abuso de poder, etc.
A figura do comportamento anti-social em Portugal não é criminalizada, ao contrário do que acontece, por exemplo, no Reino Unido. Mas a sua censura está implícita na lei, nomeadamente na penalização de certo tipo de infracções graves. (...)
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Momentos

Por Joaquim Letria

O QUE TEM DE SER tem muita força! Pensemos nos sobressaltos que o vulcão islandês causou a toda a Europa, pondo os viajantes a andarem de táxi, autocarro, comboio e ao volante de carros próprios e alugados, fazendo com que Ângela Merkel dormisse inesperadamente em Lisboa, Cavaco Silva e seus convidados viajassem por estrada pela Europa central, passando por cidades que há anos não frequentavam e por outras que não pensariam visitar. Foi um incómodo? Acreditamos que sim. Foi uma despesa extra? Com certeza! Mas não deixará de ter sido uma oportunidade única e, com o tempo, a recordação duma surpresa agradável.
Irremediável só a morte! Ao fim e ao cabo, que mal me causaram viajar três meses pelo Peru e Bolívia em vez dos previstos 15 dias, andar um mês pela Amazónia em vez da anunciada semana, passar mês e meio no Iraque em vez dos 10 dias combinados, andar com os curdos sem me livrar das montanhas, ser retido por tempo indeterminado em Beirute e perder os voos de Saigão para Phnom Pen?!
Como recordo esses contratempos e de que modo se converteram em agradáveis ocasiões e com que saudades penso nelas! As saudades que esta gente vai ter das cinzas do vulcão e daquilo que a vida sempre embrulha nestas surpresas que nos armadilha!

«24 horas» de 19 Abr 10

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