31.8.13

A memória apagada

Por Alice Vieira
HOJE, pela primeira vez na minha vida, sinto-me velha.
Tenho o telemóvel na mão e estou há horas a olhar para ele sem saber o que fazer. Acabo por largá-lo, aqueles para quem eu queria ligar já não me vão atender – e, para além deles, já não há mais ninguém capaz de entender a minha não sei se fúria, não sei se raiva, não sei se impotência. A minha — isso sei — grande tristeza.
Dói-me esta perda de memória que vai atacando a nossa sociedade a um ritmo cada vez mais vertiginoso.
Acabo de chegar da Escola Francisco Arruda, onde acho que já não entrava há mais de 40 anos. Ótimas instalações, tudo a cheirar a novo.
A escola Francisco Arruda foi o “sonho” de um homem chamado Calvet de Magalhães, um dos maiores pedagogos deste país que, nesses anos 50 da sua fundação, a transformou num oásis de educação e de cultura. Pioneiro de muitas causas (a integração de alunos deficientes foi uma das suas grandes lutas), foi sobretudo um animador cultural num tempo onde o desânimo imperava. A escola estava então rodeada de bairros de lata e, todos os sábados, ele abria as portas a toda a comunidade. E havia exibição de filmes, palestras, ateliers de olaria, histórias contadas aos miúdos, etc. Era uma maravilha ver aquela escola cheia de gente, que a considerava sua. (...)
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Um curioso título na pág. 22 do «Expresso-Economia» de hoje

30.8.13

Apontamentos de Lisboa

Bem... se os autores deste outdoor forem, como parece, verdadeiros defensores da transparência, têm o meu voto!

Apontamentos de Lisboa

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«Correio da Manhã»

Os pinta-paredes (74)

Rua da Palma (junto ao Martim Moniz)

Um pouco azarada

Por Antunes Ferreira
SÓ EM AGOSTO morreram cinco bombeiros quando combatiam os incêndios florestais que todos os anos assolam o nosso País. Todos os anos também as autoridades e os governantes se insurgem contra os que não tomam os cuidados prévios para obstar a que o fogo destrua árvores, mas também plantações e até casas. Todos os anos se repetem os avisos para que a limpeza do mato e a abertura de aceiras permita o acesso dos homens e mulheres que combatem as chamas. Aparentemente em vão. Infelizmente em vão. (...) 
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29.8.13

Apontamentos de Lisboa

Alameda D. Afonso Henriques - 28 Ago 13
Ora aqui está um bom cartaz!

Os pinta-paredes (73)

Lisboa - A S. Domingos

Portugal, a Silly Season e António Borges

Por C. Barroco Esperança
QUANDO julgávamos que o calendário viesse paulatinamente reconduzindo Portugal e os portugueses a um módico de responsabilidade que nos redimisse dos silêncios dos altos dignitários que foram a banhos ao Algarve, só a morte de um ministro informal acordou da letargia o PR e o PM.
Depois de arderem três bombeiros e milhares de hectares de floresta, depois do sangue derramado nas estradas e das vidas afogadas nas praias e rios, depois do massacre a que os canais televisivos sujeitaram os telespetadores, com labaredas e gritos de desespero, só a morte de um economista implacavelmente ultraliberal, despertou as carpideiras da nossa desgraça para a capitalização da morte, na defesa das ideias que nos conduziram ao fracasso, usando o prestígio do defunto como ex-reitor do INSEAD de Paris. (...)
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28.8.13

Apontamentos de Lisboa

E que tal Manicure Atómica?

Os pinta-paredes (72)

Lisboa - entre o Rossio e a Praça da Figueira

Apontamentos de Lisboa

António Borges

Por Baptista-Bastos
NO MESMO dia em que o Governo retirava o rendimento social a 136 mil pessoas; em que decrescia o número de alunos no básico, no secundário e nas universidades - nesse mesmo dia morreu, com um cancro no pâncreas, António Borges, um dos mais ortodoxos doutrinadores portugueses do neoliberalismo. Um homem implacável na aplicação das convicções ideológicas e indiferente às consequências que essas aplicações implicavam. Borges era partidário da redução de salários para equilíbrio da economia; do corte substancial de funcionários públicos; da diminuição do papel interventivo do Estado; das privatizações; do aumento das horas de trabalho; da entrega "faseada" da Educação, da Saúde, da Segurança Social porque entendia, e dizia-o, verbi gratia, que o sector privado era melhor gestor do que o público.
Sublinhava a opinião de que os portugueses viviam acima das possibilidades; de que estavam habituados a que a Nação suportasse a sua inércia histórica e a colectiva e tradicional ausência de criatividade e de "empreendedorismo"; e, enfim, de que precisávamos de mão de ferro para ser governados. De passagem, e num fórum público, declarou, irado, que os empresários não concordantes com estas sábias conclusões eram "ignorantes" e irremediavelmente condenados ao purgatório da História.
Frio nas decisões, os "objectivos" é que determinavam e, de certo modo, justificavam e explicavam este homem que não cultivava a pieguice, e em cujo vocabulário as locuções "compaixão" e "bondade" estavam ausentes. Segundo António Borges, a democracia existe para se adaptar às exigências da economia, e nunca o contrário, e a questão dos direitos culturais e sociais constitui um pormenor insignificante. A preservação das diversidades é uma pretensão, um pouco tola, de um humanismo serôdio, que se não compadece com as aspirações e as reclamações dos "novos tempos." E que são esses "novos tempos"? O todo humano é muito mais do que uma forma definível de contrato celebrado entre as partes envolventes. E as elites estão sempre no topo de qualquer definição de relações sociais, determinando o que julgam melhor para os outros.
O próprio António Borges exemplificou e personalizou a forma e o conteúdo nefastos, digamos assim, dos conceitos doutrinais de que era cruel paladino. Acaso mais rígido e áspero do que Vítor Gaspar, nunca se retractou nem abdicou, como aquele o fez, dos erros e dos maus compromissos advogados com obstinação e fé, e que tantos malefícios nos têm causado. Transmitiu esses ideais a Passos Coelho, numa concepção tão absurda como perigosa do mundo e do capitalismo. Pouco importa que o trabalho seja deliberadamente desprezado, pois esse "desprezo" corresponde à separação dos diferentes níveis económico, político, social e cultural prescritos pela prática do neoliberalismo.
António Borges foi, até ao fim, António Borges.
«DN» de 28 Ago 13

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27.8.13

Pergunta de Algibeira

Estas 2 fotos foram tiradas no Largo Machado de Assis com poucos segundos de intervalo e, praticamente, do mesmo ponto. Como é que se explica que os pilaretes do lado esquerdo tenham a sombra para esse lado, enquanto os da direita têm a sombra para o oposto?
(A explicação será dada com recurso a fotos adicionais)
Actualização:
A resposta está nas duas fotos de baixo: de manhã cedo, antes de o sol banhar o largo (que está orientado norte-sul, e foi sempre fotografado de sul), pode dizer-se que não há sombras. 
Um pouco mais tarde, a luz do sol (vinda da direita, de leste) provoca as sombras que se vêem do lado esquerdo. Incide também quase perpendicularmente na fachada branca do edifício da esquerda, que a reflecte com grande intensidade, criando as sombras simétricas (mas menos nítidas), do lado direito.

«Dito & Feito»

Por José António Lima
MAIS DO QUE o Governo, o PS ou a restante oposição, mais do que a troika ou o Presidente da República – o principal e mais decisivo protagonista político dos próximos três meses vai ser o Tribunal Constitucional.
Porque as deliberações que vai ser obrigado a tomar, para além da sua formalidade jurídica, terão características inegavelmente políticas. E porque se nem o Presidente nem o primeiro-ministro são poupados a críticas e reparos, também o Tribunal Constitucional não pode ser colocado acima do bem e do mal, imune a críticas legítimas à sua actividade – como, aliás, ficou bem claro na intervenção de Passos Coelho na festa do Pontal do PSD.
Já nas próximas duas semanas, o TC irá decidir duas questões de elevado impacto político. Uma que determinará se a limitação a três mandatos se aplica à função ou à autarquia e se alguns reconhecidos ‘dinossauros’, como Menezes ou Seara, podem ou não apresentar-se às eleições de 29 de Setembro. Reconheça-se que o TC se vê obrigado a deliberar nesta matéria porque o poder político e o Parlamento, em particular o PS e o PSD, recusaram deliberadamente assumir o ónus de tal esclarecimento. E resolveram atirá-lo para cima do poder judicial.
A segunda questão será mais melindrosa e estrutural para o futuro do país: versará a constitucionalidade, ou não, do diploma da mobilidade dos funcionários públicos, enviada por Belém para o Palácio Ratton, e com o qual o Governo prevê cortar umas centenas de milhões de euros na despesa do Estado. A que se seguirão os diplomas das 40 horas de trabalho, da convergência/corte das pensões da CGA e outros – que podem representar, no total, cerca de 4 mil milhões de euros nos próximos Orçamentos do Estado.
Passos Coelho avisou que «qualquer decisão não afectará só o Governo, afectará o país» e que «podemos mesmo andar para trás», não se coibindo de colocar o TC como actor do jogo político. Mas é bom não esquecer que foi o próprio presidente do TC, Sousa Ribeiro, a arrastar o Tribunal do terreno jurídico para o da acção política. Com a intervenção e as ameaças que fez ao Governo no último Conselho de Estado, há três meses. Que não venha agora vitimizar-se.
«SOL» de 23 Ago 13

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26.8.13

Apontamentos de Lisboa

Para que não haja dúvidas

Apontamentos de Lisboa

Este cartaz está afixado à entrada do jardim de Santa Clara. Percebe-se o que nele se diz, mas estranha-se a redacção... 
O decreto referido está, felizmente, escrito em linguagem de gente

Apontamentos de Lisboa

Todas as possibilidades em aberto!

25.8.13

Luz - Madrid, Pull and Bear

Fotografias de António Barreto- APPh
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Nesta montra, o jogo entre a menina de fora e os manequins de dentro interessou-me. Só em casa reparei que o nome da loja estava discretamente inscrito no vidro. Ao que me dizem, esta loja faz parte de um gigantesco grupo que inclui a Zara, a Pull and Bear, a Massimo Dutti, a Springfield, a Bershka, a Stradivarius e outros. Cada nome, cada marca, cada estilo e cada preço tem um destino próprio: a idade, a classe social, o país, a cidade, a região e a profissão. O que eles chamam um “target”. São as técnicas modernas de venda que nos ultrapassam, mas que tão eficientes se revelam! (2012)

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Vida para lá da Terra

Por A. M. Galopim de Carvalho
TÉCNICOS e cientistas da NASA e muitos cidadãos deste mundo estão suspensos dos resultados das análises em curso (pelos equipamentos instalados a bordo do rover Curiosity) na superfície de Marte. A recente comprovação da existência de água no solo do “planeta vermelho” fez renascer o interesse pela procura de indícios de vida, por mais simples que possa ser. Fruto de uma obra de excelência do génio humano e de um investimento financeiro à dimensão da infinita curiosidade científica, este engenho, ali chegado há pouco mais de um ano, no dia 6 dia de Agosto de 2012, depois de uma de muitos milhões de quilómetros, continua a sua missão na busca de tais indícios.(...)
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24.8.13

Ditadores longevos

Por Antunes Ferreira 
HÁ, NA HISTÓRIA dos XX e XXI séculos alguns casos de longevidade de ditadores. No que concerne a tiranos efémeros o caso fia mais fino. Felizmente são muito mais. De qualquer forma, trago à baila uma expressão criada por Sir Winston Churchill e que ficou para os anais do mundo político. Por certo já a enunciaram, mas, pelo sim, pelo não, ela aqui fica: a melhor ditadura é sempre pior do que a pior democracia. Isto, dando de barato que há ditaduras boas… 
Robert Mugabe foi “reeleito” Presidente do Zimbabwe para um sexto mandato à frente dos destinos do país. Uma vez mais ter-se-ão verificado chapeladas nas urnas; uma vez mais também o ditador africano ignorou as críticas sobre as fraudes eleitorais que o levaram ao poder, depois de atraiçoar Joshua Nkomo, que tinha fundado nos tempos do colonialismo britânico, a ZAPU, a União Africana dos Povos do Zimbabwe. 
Em 1980 foi nomeado primeiro-ministro e forma um governo de coligação entre o partido que fundara, a ZANU, ou seja a União Nacional Africana do Zimbabwe, e a ZAPU. Mas, logo em 1982, depois de ter afastado Nkomo, num processo muito duvidoso, aboliu o redime parlamentar e tornou-se o único detentor, bem entendido com a ZANU por trás. Tomou posse no estádio nacional de Harare na passada quinta-feira, 22 de Agosto perante uma verdadeira multidão de adeptos que enchiam o recinto. No seu discurso de posse, Mugabe ignorou a contestação interna e usou um tom conciliatório ao referir que só que nas eleições é que “há competição, vencedores e vencidos”. “No Governo, não há competição, somos todos pelo Zimbabwe”, garantiu. 
E ainda afirmou que “quanto aos países ocidentais que podem ter uma visão diferente, negativa, do nosso processo eleitoral e dos resultados, bem, não há nada que possamos fazer por eles. Rejeitamos essas pessoas vis cuja torpeza moral só podemos lamentar. Eles têm o direito às suas opiniões, desde que reconheçam que a maioria do nosso povo aprovou o resultado das eleições". Ditadura que já existe há 33 anos… 
Mais longas do que ela, podem citar-se a salazarista que durou 36 anos, mas que, se lhe juntarmos os quatro em que o “Esteves” (Era uma das alcunhas do homem de Santa Comba Dão, pois os noticiários relatavam quase sempre “esteve ontem de visita a; esteve ontem na cerimónia de; esteve ontem no palácio de, etc, pelo receio que tinha de sofrer um atentado…) pontificou no Ministério das Finanças, alcançou os 40… E o caso de Frederico Franco, mesmo aqui ao lado, também não é de desprezar: 36 anos este o déspota galego à frente dos destinos da Espanha, depois de ter ganho a Guerra Civil. Chegou a Generalisimo e funcionou como Regente do Reino, tudo títulos para camuflar o que verdadeiramente era. 
Mugabe em questões de longevidade de ditadura está pois bem acompanhado. Vale a pena enunciar uns quantos mais exemplos que a História registou. No Egipto, depois de Nasser ter governado 16 anos, seguiu-se-lhe Mubarak que foi “faraó” durante 30 anos; na antiga Jugoslávia o marechal Tito durou 27 anos no poder; na União Soviética Estaline completou quase 31. Mas o recordista pode ser considerado o tirano da Coreia do Norte, Kim Il-Sung que “reinou” ao longo de 46 anos. Há que registar e louvar todos quantos tiveram e têm a coragem e a vontade política de afrontar as ditaduras, fosse qual fosse o lugar onde existiram e, infelizmente, ainda existem. A luta pela liberdade e pela democracia que lhe é irmã gémea siamesa, pois estão intimamente ligadas, constitui um dos maiores heroísmos que a História encerra. 
O Presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, tomou posse para um sexto mandato à frente dos destinos do país numa cerimónia organizada num estádio da periferia de Harare.
Mugabe, de 89 anos, que está no poder há 33, jurou "fazer respeitar e defender a Constituição do Zimbabwe e todas as leis do Zimbabwe" diante de milhares de apoiantes. "Quanto aos países ocidentais que podem ter uma visão diferente, negativa, do nosso processo eleitoral e dos resultados, bem, não há nada que possamos fazer por eles. Rejeitamos essas pessoas vis cuja torpeza moral só podemos lamentar. Eles têm o direito às suas opiniões, desde que reconheçam que a maioria do nosso povo aprovou o resultado das eleições", disse Mugabe. 
À sua chegada ao estádio, Mugabe foi aclamado pela multidão, vestida com T-shirts com o seu rosto. Mugabe foi reeleito na primeira volta das presidenciais de 31 de julho com 61% dos votos, contra 34% de Morgan Tsvangirai, seu rival nas últimas três eleições. Este anunciou que não assistiria à cerimónia, por contestar o resultado eleitoral. 
Nos anos dos seus mandato, Mugabe, sendo um marxista que se afastou completamente dos seus ideais com o fim da URSS, deu seguimento a um conjunto de políticas de carácter socializante, nacionalizando várias indústrias ao mesmo tempo que expropriava várias terras dos seus proprietários originais e seguia os seus planos de aumento de impostos e de controlo de preços, alastrando assim o controle do estado sobre os diversos setores da economia. Promoveu investimentos no setor educacional e elevou a qualidade de vida do Zimbábue a níveis anormais para países emergentes. Em 1991, promoveu um programa de austeridade visando absorver os profissionais graduados do seu então brilhante sistema educacional, com o auxílio logístico e financeiro do FMI, o que resultou em uma queda brusca no estilo de vida da maioria pobre. Resultando em uma marginalização crescente da população, o programa foi cancelado pelo FMI. A economia está em grave declínio e a população severamente afetada pelo desemprego, fome e SIDA, e mesmo assim a oposição ao regime de Mugabe dificilmente conseguiu ter apoio político para um governo de coligação.
Surgiram vários casos de violência e de intimidação, perpetuados contras os opositores políticos de Robert Mugabe. O seu governo é considerado um dos mais corruptos de todo o continente africano, sendo suspeito de vários esquemas paralelos de venda de diamantes e outros minerais do país. Governando num regime de caráter autoritário e antidemocrático, Robert Mugabe, um exacerbado nacionalista, é responsabilizado por aprovar polémicas restrições ao direito de voto e uma lei que permite o afastamento dos observadores independentes, além de uma severa perseguição à imprensa interna. Da mesma forma, limita os direitos civis dos cidadãos do seu país.

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23.8.13

Apontamentos de Lisboa

As imagens confirmam que, no que toca à ocupação do espaço público, "não se pode esperar nada de diferente"... Além disso, constata-se que os donos do outdoor ainda não sabem muito bem como é que hão-de dirigir-se aos eleitores: Não espere(s)?... É a tua(sua) vez?.

22.8.13

O Governo de Paulo Passos Coelho e Pedro Sacadura Portas

Por C. Barroco Esperança
EÇA NUNCA deixou de ser uma referência literária e o cirurgião de serviço a quem todas as oposições tomaram de empréstimo o bisturi, para drenar os furúnculos dos Governos de turno.
Desde 1885 que se aplica a frase que exorna este texto, exceto nos tempos sinistros do salazarismo, por motivos atendíveis, mas nunca antes, desde a ditadura de Pimenta de Castro, qualquer Governo eleito, mereceu tanto a verrina iconoclasta que remete para o Conde D’Abranhos e para a Campanha Alegre, onde jazem as páginas que urge reler. (...)
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Apontamentos de Lisboa

Também nos jardins há filhos e enteados... As fotos são desta manhã, e documentam o estado dos bancos da Praça Gonçalo Trancoso, a 100 metros da outra, que ontem aqui se mostrou, e onde tudo está "um brinquinho". 
Talvez a explicação da diferença esteja nos moradores (neste bairro, é frequente serem eles a tomar em mãos o arranjo dos ajardinamentos). Não sei.

21.8.13

«Dito & Feito»

Por José António Lima
JÁ SE DISSE que António José Seguro, ao apostar tudo, nos últimos meses e quando a legislatura ainda não ia a meio, na queda do Governo PSD/CDS e em eleições antecipadas, corria um elevado risco. O de ficar, ele e o PS, sem discurso político para os tempos que se seguem. Foi precisamente o que aconteceu. Essa aposta caiu por terra quando Seguro rompeu as negociações promovidas por Belém e viu ser afastado de vez qualquer cenário de eleições antecipadas.
Seguro rompeu por não querer dar o acordo socialista aos cortes da despesa pública já definidos na 7.ª avaliação da troika. Rompeu mesmo sabendo que, no dia em que o PS regressar ao Governo, em 2015 ou mais tarde, ver-se-á obrigado a uma política semelhante ou ainda mais rigorosa. Ao romper, o líder socialista não revelou visão política nem sabedoria para assumir um compromisso de governação a prazo (que acabaria por jogar a seu favor), teve receio das pressões internas do partido (de Mário Soares aos socratistas) e perdeu uma oportunidade única de afirmação da sua liderança.
Agora, só resta a Seguro radicalizar ainda mais o discurso. Como fez esta semana, a propósito das pensões da CGA: “Votaremos contra, no Parlamento, qualquer corte nas reformas e nos pensionistas”. E, confundindo-se com a oratória do BE, prometeu mesmo: “Quando o PS voltar ao Governo, será uma das primeiras leis que nós revogaremos para devolver essa parte das pensões aos portugueses”. É o retrocesso às velhas fórmulas oposicionistas de prometer sempre o oposto do Governo (que não poderia, aliás, cumprir se um dia chegasse ao poder). E é, também, o caminho para Seguro desbaratar o que resta da sua credibilidade política.
Partidariamente enfraquecido, só uma vitória retumbante nas autárquicas de 29 de Setembro poderia evitar a queda anunciada da sua liderança. E isso implicaria – além do triunfo garantido de António Costa em Lisboa – retirar ao PSD câmaras como o Porto, Coimbra, Gaia, Oeiras, Sintra ou Viseu. Assim como não perder autarquias que sempre foram do PS, como Braga ou a Guarda. Só a conjugação de todos esses resultados salvaria Seguro. O que parece cada vez mais improvável.
«SOL» de  16 Ago 13

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Apontamentos de Lisboa

Bairro S. Miguel
Claro que é bom elogiar quando é caso disso (mesmo que a proximidade das eleições tenha alguma coisa a ver com...): ao fim de anos de desleixo, eis que, de súbito, aí estão passadeiras pintadas de fresco, bancos reparados... e até um repuxo a funcionar 24h/dia!

O conclave da Quarteira

Por Baptista-Bastos
UM CORO de comentários indignados acolheu as palavras de Pedro Passos Coelho, no conclave do Pontal, sobre os "riscos" impendentes das decisões do Tribunal Constitucional. "Pressão inqualificável", "ameaça despropositada", "desrespeito pela democracia", foram as qualificações atrozes postas em circulação. Ninguém disse da raiz do melindre. Ao assinalar os "riscos", o primeiro-ministro confessou, subliminarmente, que os conhecia, que os enfrentara, malicioso, e tentava fintá-los, com translúcido desprezo pelos juízes que compõem a instituição. Aliás, este Governo tem sido fértil em desembocaduras deste estilo, interpretando a Constituição como um empecilho incómodo, a evitar, a contornar, a ignorar, a combater e, até, a destruir.
O mimoso encontro da Quarteira apresentou voluptuosos decotes e míticos penteados (os adjectivos podem, também, ser aplicados ao contrário), e a brisa arrastou consigo doces odores de Chanel 5 e de Maderas del Oriente, que se adquire a bom preço nos supermercados da fronteira. O Marcelo asseverou, na TVI, que estava de acordo com a reunião, por causa do "símbolo", e que, noutra circunstância, pagara do seu bolso ("muito dinheiro", confessou) o preço do "símbolo", porque Mendes Bota lhe revelara não haver dinheiro para suportar as despesas. Esta instrutiva confidência deixou aos telespectadores duas particulares conclusões: o PSD estava com os cofres vazios, o que será de espantar, e o Marcelo com os bolsos cheios, o que não é surpresa por aí além, abençoado seja!
Passos Coelho apareceu notoriamente fatigado e envelhecido, ombros descaídos, costas curvadas, calvície à vista. Insistiu no sketch de que o rumo está certo; vamos pagar caro um pouco mais; porém o tempo das flores já se sente, foi o que disse, e é parvoeira. Creio que confundiu os perfumes das damas com a metáfora desejada. Tudo isto sem fé nem convicção: um realejo enfadonho, por gasto.
As câmaras de televisão deram, de relance, o rosto amargurado do ministro Maduro, o qual exprimia a dramática infelicidade de quem se sentia a mais, ali e no Governo. Os operadores de imagem procederam a indagações de pormenor, no vão empreendimento, calcula-se!, de filmar o dr. Pedro Lomba, secretário de Estado de qualquer coisa que não fixei, e ex-comentador de hábitos e costumes. O dr. Lomba, desde que, expeditamente, despediu do Governo o colega do Tesouro, com a frase assassina, "incongruências problemáticas", nunca mais foi visto em campo. É detestado, pela circunstância de ter um ar enfatuado, de não dar bons dias a ninguém, e de citar autores desconhecidos pelos seus pares. E, claro!, pelas tais "incongruências problemáticas", cujo exacto significado constitui um denso mistério.
Resumindo e concluindo: ignora-se para que serviu o Pontal, a não ser, acaso, por uma questão de "símbolo".
«DN» de 21 Ago 13

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20.8.13

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Apontamentos de Lisboa

Numa terra onde só falta chover de baixo para cima: estacionamento em local destinado a motociclos, depois de alguém ter, a seu tempo, retirado o pilarete que o poderia impedir...

19.8.13

Pergunta de Algibeira

Há uma curiosa relação entre a triste anedota de cima e o filme referido em baixo. Qual é?

Apontamentos de Lisboa

Os jardins de bairro (pequenos mas acolhedores) deviam ser estimados, a começar por quem mais os utiliza. As fotos, tiradas ontem e hoje nas praças de Londres, Pasteur e Gonçalo Trancoso mostram como nem toda a gente pensa assim...

18.8.13

Luz - Barcelona, Saída da Igreja

Fotografias de António BarretoAPPh

Clicar na imagem para a ampliar
Numa pequena transversal das “Ramblas”, nesta pequena e bonita Igreja, repete-se uma cena comum na iconografia ocidental de “costumes” e “paisagens”: um ou vários mendigos sentado no chão, a pedir, enquanto fiéis saem (ou entram) na Igreja. Há gravuras assim, com estes motivos, desde finais do século XVIII. Em livros de viagem do século XIX, por terras do “Sul”, ilhas e países do Mediterrâneo, é imagem muito frequente. Em certos casos, no Próximo Oriente e na Índia, diante de mesquitas e de templos hindus, nas imagens que os ocidentais traziam (especialmente fotografias desde os anos 1860 ou 1870), lá vamos encontrar os mendigos sentados no chão. A primeira fotografia que fiz com um motivo similar foi em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, nos Açores. No ano de 1975! Só muito mais tarde percebi que tinha “repetido” essa imagem em vários países e diversas cidades. Incluindo, de novo, Ponta Delgada, mais de trinta anos depois. (2012)

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A Cadeirinha da “Prometida”

Por A. M. Galopim de Carvalho
SÍMBOLO do contrato pré-matrimonial no Alentejo, na primeira metade do século XX, talhada à navalha, em madeira, numa única peça, a cadeirinha de “prometida” testemunha uma arte, sobretudo, de pastores, ainda viva nos anos 50 em que, embora na cidade, também ao jovens casadoiros da minha geração percorreram todos passos de uma tradição recordada no belo texto de Hernani Matos no seu blogue “Do Tempo da Outra Senhora”. (...)
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17.8.13

Apontamentos de Lisboa

O antes e o depois da esterqueira da Rua Conde de Sabugosa
Num rasgo de génio, os responsáveis pela higiene pública resolveram o problema do lixo colocado junto ao vidrão... retirando-o! Mas os porquinhos do costume souberam responder taco-a-taco, como mostram as fotos de baixo.