31.7.05

Grandes notícias

AINDA homenageando «O Comércio do Porto» (que agora, infelizmente, suspende a sua actividade), aqui ficam alguns saborosos apontamentos retirados de diversas edições do ano de 1900.
No jornal, colaboraram Ramalho Ortigão e Camilo Castelo Branco, mas não se sabe se o que seguidamente se transcreve será da autoria de algum deles...

PUBLICIDADE: Como todos os remédios bons se falsificam descaradamente, os cigarros índios de Grimault & C.ª contra a asthma, para estar certo da sua eficiência, é exigir a firma (marca) Grimault & C.ª em cada cigarro.

EM LONDRES, acaba de ser executada uma professora francesa, de nome Luiza Masset, a qual era acusada de ter assassinado um filho de três anos e meio. Ela protestava chorando a sua inocência. Bruscamente, porém, ao ver o carrasco e seus ajudantes, consta que dissera: «O que vou sofrer é justo».
Observa o jornal que dá esta notícia que outras consciências deveriam tranquilizar-se com este grito, porque o júri condenara a desgraçada por probabilidades. (A sra. havia sido condenada à morte por palpite...)

EM ADAÚFE, um cão hidrófobo (raivoso) mordeu na terça-feira última uma mulher e bem assim um porco e um touro, pertencentes ao dono do mesmo cão.

O SENHOR Visconde de Pereira Machado veio anteontem do Porto a Braga no seu automóvel. Depois foi daqui à porta da Igreja do Bom Jesus do Monte em 22 minutos, causando verdadeira admiração a toda esta gente. O automóvel é de quatro lugares e anda com grande velocidade. (Em 2005, com o trânsito, demoraria muito mais!)

EM VIRTUDE de troca de cartas sobre assunto estranho à Universidade, deu-se hoje, às 9h da noite, uma cena de pugilato entre os professores da Faculdade de Direito dr. Alves Moreira e dr. José Maria Tavares. O facto deu-se na rua de Ferreira Borges.

HESPANHA Combate de feras:
Hoje, na praça de touros , houve um espectáculo, consistindo numa luta de uma leoa, uma pantera e um urso contra um touro da ganadaria da viúva Lopes Navarro.
Ao pôr em comunicação as feras, o domador Matleu teve de empregar todos os esforços para separar a leoa que investia contra o urso, chegando a disparar uma espingarda carregada de chumbo. A carga, porém, feriu 21 pessoas que estavam assistindo ao espectáculo. O público quis tomar vingança, produzindo-se um barulho extraordinário. Quando a excitação acalmou, continuou o espectáculo, vencendo o touro contra as feras.

COMO anunciou um telegrama que publicámos na nossa folha de sábado houve na sexta-feira, em Madrid, uma luta entre uma pantera, um leão e uma ursa contra um touro, dando-se o acidente de ficarem 21 pessoas feridas, por se ter disparado uma espingarda ao domador Mallea.
Este foi preso e entregue aos tribunais. Dos feridos, só dois é que se encontram em estado grave. (...) este parece que fica sem vista.
Duas horas depois da luta a ursa morria. Fora trespassada mais de dez vezes pelas hastes do touro. A pantera também ficou num estado lastimável e parece que não escapa.

REALIZOU-SE hoje o duelo entre os snrs. Ministro da Justiça e Abel de Andrade. O encontro foi na estrada da Circunvalação, perto do forte da Ameixoeira. Foram trocadas duas balas a 25 metros de distância, não sendo atingidos nenhum dos adversários. Não foram ainda mandadas as actas para os jornais. (Este duelo foi consequência de uma discussão na Câmara Baixa)

ALGUNS jornais, se não todos, admiram-se de que, no domingo, às 6 horas da tarde, em pleno Chiado, um gatuno tivesse a audácia de dar um soco no peito de uma senhora, roubando-lhe a carteira que ela tinha na mão e fugindo de seguida.
A mim não me admira nada esta proeza e outras ainda mais arrojadas. Desde que a justiça não suprima por alguns anos os gatunos e desordeiros reincidentes, permitindo-lhes que durante a sua mocidade de assentem 20, 30 e 40 vezes no banco dos réus, hão-de suceder de vez em quando casos como os do Chiado e outros ainda piores. A prática do crime e a impunidade alentam as maiores audácias (...)

VEM a propósito dizer que, repugnando-nos de sobremodo que se bata num doudo, também não podemos admitir que estejam a cidade e arredores cheios de doudos em liberdade, fazendo tropelias e dizendo toda a casta de palavrões. É uma triste prova de atraso esta falta de cuidado com os alienados.

ANDAM desaforados os salteadores de capoeiras. A última vítima foi o nosso amigo snr. tenente Francisco Gonçalves que, na última quinta-feira, viu que ao efectivo da sua colónia galinácia tinham sido abatidos seis indivíduos.

RELAÇÃO dos duelos que envolveram pares, deputados ou ministros de 1840 a 1892. (Segue-se a relação de 28!!)

CARNAVAL: Nos teatros houve relativo sossego. Em S. Carlos, as brincadeiras do costume. Várias partidas feitas ao regente da orquestra e aos músicos, estalos e gaitinhas, tornando-se a sala do nosso primeiro teatro uma espécie de praça da Figueira em noite de Santo António ou S. João.

FALTA DE RESPEITO: Ontem, quando se estava a julgar uma causa no tribunal do 1º distrito criminal, Francisco Pereira Lopes, ao sair da sala das audiências, a meio do caminho pôs o chapéu na cabeça. O juiz, snr. dr. Francisco Manoel de Almeida, ordenou que aquele indivíduo fosse recolhido nas cadeias da Relação, durante três dias.

Depois de Pintos... frangos e galinhas

Ao menos, terá valido a(s) pena(s)?

No Canal 13 da TV Cabo há um programa chamado «Os caçadores de mitos», em que uns patuscos se entretêm a fazer umas experiências que às vezes têm graça; numa das últimas, procuraram apurar o que aconteceria se uma ave chocasse contra o pára-brisas de um avião.

Para isso, os "artistas" lançaram, recorrendo a um improvisado canhão de ar-comprimido, frangos (congelados e não-congelados) contra o vidro de uma carlinga e, em certos casos, os resultados foram devastadores!

A foto que aqui se vê, que - presumo - não teve origem em nenhuma dessas experiências, mosta o que sucedeu a um Porsche que chocou contra uma galinha (ou vice-versa).

NOTA: Há mais 3 imagens, desta colecção, que poderão ser enviadas a quem as solicitar.
Basta enviar um e-mail para
medinaribeiro@iol.pt , colocando apenas em "assunto" a palavra "galinha".

Crise grave, problema agudo

LEMBRO-ME que quando Maria José Nogueira Pinto apareceu a candidatar-se à presidência da Câmara de Lisboa comentei, na brincadeira:

«Com esse apelido, se calhar o melhor era ter-se candidatado à Câmara do Porto, onde teria mais sorte!» - a ideia subjacente era que talvez ela tivesse o apoio do "outro Pinto" que, por aquele lados, tem muita influência...

Eis senão quando deparo, n' «O Independente», com o que aqui se vê. Comecei por não perceber, mas, ao ler o artigo, acabei por ficar esclarecido:

É que, neste caso, a palavra "portista" não deriva de Porto (muito menos do FCP), mas sim de Portas!!

Ora, para que não houvesse confusões (do género de "àquilo/aquilo" e "àcerca/acerca"), tera sido bom escrever "pòrtistas".

Podia não ser muito correcto ortograficamente... mas seria assim tão "grave"?

30.7.05

Post em Aberto

COMO já vai sendo hábito aos domingos, aqui fica mais um post-em-aberto onde quem quiser poderá (em "Comentários") escrever o que lhe apetecer.

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Curiosidade tecno... lógica

EMBIRRO, pelo seu próprio conceito, com a secção d' «O Independente» intitulada «O Saco de Plástico» cuja única finalidade é (em bicos-de-pés) desancar o «Expresso» da semana anterior - fazendo a figura ridícula daqueles cãezitos que às vemos, na rua, a ladrar aos grandes.

No entanto, embora correndo o risco de ser confundido com a pessoa que tem todas as semanas esse trabalho tonto, não resisto a confessar o seguinte:

Estive quase a enviar uma carta para o suplemento «ÚNICA», mas desisti de o fazer quando soube (pois vem lá bem escarrapachado) que ela teria de seguir por telefax ou correio electrónico e não me devolveriam os originais!?!?
Vendredi 29 juillet 2005; 16:55 - Visiteurs plus ou moins dénudés au Musée Léopold à Vienne en Autriche

Il accueille gratuitement vendredi les visiteurs se présentant nus ou en maillot de bain à une exposition présentant des oeuvres érotiques de Klimt et Schiele.

«En cette saison, les gens ont tendance à préférer la plage aux musées parce qu'on peut s'y promener dénudé. Nous avons pensé que ce serait un moyen de les attirer», a indiqué le porte-parole Leopold, Verena Dahlitz.

Inaugurée mi-mai et proposée jusqu'au 22 août, l'exposition «La Vérité nue» rassemble pour la première fois à Vienne les Suvres les plus crues des peintres autrichiens Klimt, Schiele et Kokoschka, qui firent scandale au début du XXe siècle avec des représentations sans tabou de la sexualité.

Avec 70.000 visiteurs, l'exposition a déjà atteint son objectif de fréquentation et veut simplement «tenter quelque chose qui n'avait encore jamais été osé», assure Verena Dahlitz.

(Libération.fr)

Adivinha com prémio - II

OFEREÇO um exemplar autografado do livro que aqui se vê (*), e que está esgotado, à pessoa que mais se aproximar da resposta certa à pergunta: em que ano foi escrito o texto seguinte?

O que admira, o que maravilha a toda a gente, é que, realizadas tantas economias e aumentados constantemente as verbas da receita à custa de toda a espécie de sacrifícios por parte do contribuinte, o desequilíbrio orçamental seja cada vez maior, o estado financeiro do país cada vez pior.
(...)
É por isso que muita gente boa já treme de medo quando vê anunciado nas folhas que algum ministro vai apresentar qualquer proposta de lei de que resultam grandes reduções nas despesas ou importantes economias para os cofres públicos. E o caso não é para menos, diga-se a verdade.

«O Comércio do Porto», 24 de Janeiro de ????
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As respostas deverão ser colocadas, aqui, em "Comentários".
No caso de haver mais do que uma resposta certa, o prémio será atribuído ao autor da primeira.
Se não surgir antes, a solução será dada neste blogue na próxima terça-feira, dia 2 de Agosto, ao meio-dia.
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(*) O texto deste livro está disponível em formato PDF em www.jeremias.com.pt, mas o prémio é em formato "livro-mesmo"...

Rosa-choque


EM 23 de Janeiro, no post intitulado «Rosa-choque ou Choque-rosa??» , gozava-se com os inúmeros choques que nos iam sendo propostos pelos partidos TODOS:

Desde o B.E. (com um Choque de Qualificações) até ao CDS/PP (com um Choque de Valores), nenhum deles escapava à tentação do ridículo - pareciam putos traquinas a quem tivessem dado uma daquelas pistolas (TASER) que dão choques de 50.000 V («Ó simpático, vai um tirinho?»).

Nessa altura, ainda o PS (que também já tinha o seu choque, o Tecnológico) nos garantia que António Guterres ia ser candidato a P.R. (*), pelo que, nesse post, se procurava fazer humor relacionando a palavra choque com o facto de Guterres ser engenheiro electrotécnico.

Claro que esta imagem, que me chegou hoje, foi inspirada no mesmo trocadilho. Só que Guterres já não pode valer ao electrocutado...

(*) Por sinal, a rábula até foi muito elucidativa pois, enquanto Guterres dizia que não, Sócrates piscava-nos o olho garantindo: «Ora, ora... Ele diz não, mas quer dizer sim...».
Nessa altura não achei graça ao facto de ele dizer que Guterres nos estava a intrujar: «O bom julgador por si se julga» - era o aforismo que me vinha à mente. E BINGO!

Em "Comentário-1" pode ler-se um artigo publicado no «Expresso» precisamente sobre o facto de alguns políticos - como era o caso - já não terem sequer pejo de afirmar publicamente que mentir faz parte da sua profissão!

29.7.05

Outra questão de fé...

SEGUNDO a Lusa, Alberto João Jardim revelou hoje que o primeiro-ministro lhe garantiu «pessoalmente» que ele não seria abrangido pela lei da limitação de mandatos, contrariando afirmações de José Sócrates:

«Não acredito que o primeiro-ministro tenha dito isso porque a mim, pessoalmente, disse que a lei não tinha nada a ver comigo», realçou Jardim (...). Não posso acreditar que ele esteja agora publicamente a dizer outra coisa e faço fé que há um lapso dos senhores jornalistas», concluiu.

( Texto completo )

Essencial para quem vai viajar de carro

A PÁGINA www.viamichelin.com é simplesmente fabulosa!


Indicamos, à esquerda, os pontos de partida e de chegada (basta escrever os nomes das terras e dos países) e clicamos em OK.

Obtemos, de imediato, a "sugestão Michelin" de caminho, e ainda distâncias, portagens, consumos aproximados, tempos de viagem estimados, mapas detalhados, localidades próximas do caminho... e MUITO, MUITO mais.
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NOTA: Ver também a óptima sugestão que é feita em "Comentário-1".

Adivinha com prémio!


OFEREÇO um exemplar autografado do livro que aqui se vê (*), e que está esgotado, à pessoa que mais se aproximar da resposta certa à pergunta: em que ano foi escrito o texto seguinte?


OS SERVIÇOS DE OBRAS PÚBLICAS

Os serviços do ministério das obras públicas, comércio e indústria são verdadeiramente complexos: por isso, a gerência deles requer, além de muito saber, a mais cuidadosa circunspecção.

Os melhoramentos materiais que tão febrilmente empreendemos, de (...) para cá, gastando anualmente, só em estradas, (...), quantias excedidas nalguns anos, não podem ser hoje empreendidos com o mesmo entusiasmo de outros tempos, porque as circunstâncias do tesouro publico impõem parcimónia no gastar e porque são tantos os melhoramentos exigidos pelo progresso social que é necessário fazer uma selecção nesses melhoramentos.

À sombra dos serviços de obras públicas tem a politica dos partidos saciado as suas ambições e realizado muitos dos seus abusos; por isso, poucos ramos de administração pública carecem de inspecção tão cuidadosa como este a que nos referimos.

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As respostas deverão ser colocadas, aqui, em "Comentários".

No caso de haver mais do que uma resposta certa, o prémio será atribuído ao autor da primeira.
Se não surgir antes, a solução será dada neste blogue na próxima terça-feira, dia 2 de Agosto, ao meio-dia. No entanto, pela evolução dos "Comentários", está quente... quente...
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(*) O texto deste livro está disponível em formato PDF em www.jeremias.com.pt, mas o prémio é em formato "livro-mesmo"...

Conversa para Otarios?

(Foto e arranjo de A. Leitão)

I - Lê-se no «DN»: «O Governo desvalorizou as críticas do manifesto dos economistas ao seu plano de investimentos públicos. O documento, divulgado pelo DN, foi subscrito por 13 personalidades entre as quais se contavam Silva Lopes, João Salgueiro, Augusto Mateus ou Miguel Beleza, que alertam para o potencial efeito "desastroso" de "projectos sem comprovada rendibilidade económica e social"». Pronto! Já não falta o tonto verbo desvalorizar!

II - Ontem, na sua crónica no jornal «metro», José Júdice chamava a atenção para o facto bizarro de que foi preciso vir um professor de Economia da Universidade de Nova Iorque mostrar as contas que, em Portugal (e pelos vistos), são escondidas:

«Cada português vai pagar 1500 euros só pelo custo da construção do TGV entre Lisboa e Porto e Espanha, a que se deverão juntar os restantes encargos: manutenção, operação, etc.».

É claro que o "manifesto" dos 13 economistas foi muito importante - não só por serem pessoas altamente conceituadas, como por estarem ligadas a partidos diversos, como ainda por muitos deles terem exercido funções governativas nessa área.

E o que eles dizem parece óbvio: «Pode estar tudo muito bem, podemos até concordar com tudo, mas gostaríamos que nos explicassem esses investimentos tim-tim-por-tim-tim. Será pedir muito?».

Como dizia recentemente Medina Carreira: «Estas coisas só com lápis e papel, e fazendo contas. Tudo o resto é conversa-fiada»

Ora, para conversa-fiada, não há nada como um especialista: «O governo foi eleito pelo povo português, pelo que tem todo o direito a decidir! O rumo foi traçado e agora tem de ser seguido!» - que são mais ou menos as palavras de Jorge Coelho.

Mas Sócrates, talvez por ser engenheiro, acaba de recorrer a um argumento mais científico (se não ouvisse não acreditava): «Os investimentos não se fazem segundo o Almanaque Borda d' Água!».

Finalmente, o ministro da Economia preferiu usar outros termos, dizendo que «acredita na Ota e no TGV» - levando o assunto para o âmbito da fé.

III - Como já se percebeu que não vão, tão cedo, pôr números à vista (quiçá por pensarem que os portugueses são uma tropa de ignorantes em matemática), é de prever que venham aí outros argumentos igualmente poderosos.

Sugere-se este, esmagador, para desacreditar os «13 magníficos»:

«Ora, ora! Uma vez juntaram-se 13 famosos, e sabe-se como deu mau resultado!»

«Fogo... amigo... a TV está contigo!»

ESTA semana, no programa «Quadratura do Círculo», Lobo Xavier deu destaque a um mistério que algumas pessoas têm referido - como, no «Abrupto», um leitor muito bem resume:

«No ano passado, apesar da situação bem menos grave em matéria de incêndios, não se via reportagem televisiva sobre os mesmos em que não se perguntasse aos bombeiros se achavam que tinham meios suficientes ou às populações afectadas se achavam que o combate estava a ser eficaz (...). O resultado destas perguntas era sempre o esperado: um longo desfiar de críticas ao governo. Este ano, apesar do maior número de incêndios e área ardida, nem uma pergunta sobre "meios" (...)»

A propósito de um outro problema (o da repressão), veja-se o que hoje mesmo «A Capital» diz:

«Entre 1998 e 2003, nenhum acusado de incêndio florestal em Portugal foi condenado a uma pena de prisão».

Se calhar, haverá quem diga que é porque os fogos nas matas coincidem sempre com as famigeradas férias judiciais...
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NOTA: Claro que ficava melhor, a ilustrar este post, uma GRANDE fotografia de um GRANDE incêndio.
Mas uma pequisa em «fogo + amigos» fez-me deparar com esta imagem que, embora não vindo ao caso, é interessante e original.

28.7.05

25% ... 74%

todos ouvimos dizer «Ora! As sondagens valem o que valem...» - argumento tonto que é sempre debitado pelos que, nelas, aparecem mal colocados.

Mas, de facto, se já desconfiamos das sondagens-em-geral, mais ainda devemos desconfiar das que são obtidas por votação na Internet - não por causa dos responsáveis das páginas, mas devido à especificidade evidente dos votantes.

Aliás, uma vez vi EXACTAMENTE a mesma pergunta obter resultados EXACTAMENTE opostos em duas páginas diferentes.

Mas o certo é que nunca me aconteceu ver o que aqui se mostra (obtido há pouco, e com um intervalo de alguns segundos):


Do lado esquerdo («Diário Digital») resposta à pergunta: «Mário Soares deve candidatar-se às presidenciais?»

Do lado direito («Público») resposta à pergunta: «Acha que Mário Soares tem condições para ser de novo Presidente da República?»

Estranha publicidade


COMO sabe quem vê televisão, a PT anuncia agora um novo tarifário num pequeno filme em que aparece uma senhora estremunhada.

«1 cêntimo por minuto?!» - pergunta ela, incrédula.

E somos informados de que acertou! Fiquei entusiasmado (com o tarifário...), mas pessoa amiga disse-me que isso era «só no horário económico». Passei, pois, a estar com mais atenção.

Ora hoje, quando surgiu o anúncio novamente, vi que aparece (em letras pequeníssimas e a fugir - sem que haja meio-segundo para ler a frase toda) qualquer coisa como:

«Válido só para...» - e PFFF! Já não deu para ler o resto; mas tenho boas razões para suspeitar que seja, de facto, só aos fins-de-semana e à noite...

Vou tentar ler melhor da próxima vez, para ver se PT significa, ou não, «Publicidade Tonta».

A menos que me digam:

«Então não se vê logo que é só para o horário económico? Se a senhora estava a dormir, isso significa que, em pricípio, é à noite. Ou então é de dia, e ela levanta-se tarde porque é fim-de-semana. Só não percebe isso quem estiver de má-fé!»
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NOTA: Ver, em "Comentário-3", uma crónica de Appio Sottomayor (publicada com autorização do autor) em que também se aborda este assunto

Calma! Não é grave!

VAI por aí grande agitação por causa desta notícia - que se pode ler no «Expresso-online», no «metro» e quase de certeza noutros sítios:

«Então temos falta de água e vamos dá-la aos espanhóis?!» - é o tom da indignação.

Mas calma! Não há qualquer problema, pela simples razão de que O Alqueva não existe - apesar de pessoas como Álvaro Barreto, quando era ministro, acharem que sim.

Alqueva é apenas o nome de uma simpática aldeia junto da barragem.

As designações oficiais (e correctas) são:

Central/Barragem/Albufeira/Aproveitamento (etc.) DE Alqueva.

Para quem esteja interessado em saber, mais se informa que o rio se chama Guadiana.

Continuem, que vão bem!


A FOTOGRAFIA (enviada por A. Leitão) foi tirada na estrada Porto-Entre os Rios, 300 metros antes da barragem de Crestuma/Lever; parece que, entretanto, o "assunto" já foi resolvido...

Há uma outra fotografia em que aparece a placa da empresa em causa - a IMOMATRIDOURO, Materiais de Construção, Lda - mas não tem grande interesse afixá-la aqui porque "a parte melhor" fica pouco legível.

27.7.05

Sugestão de leitura


ESTE livro é uma obra de astrónomos amadores e destina-se a todos os que tenham gosto pela observação do céu.

(Ver texto em "Comentário-1" e entrevista com os autores em "Comentário-2")

O Prédio Cout(ad)inho

PARECE que o famigerado Prédio Coutinho, um aborto que alguém plantou em Viana do Castelo, vai ser demolido. No entanto, da notícia de hoje no «DN» saltam à vista duas partes:

I- O governante (actual) garantiu que na demolição do edifício propriamente dita "não vão entrar fundos comunitários".

II - José Eduardo Martins, então secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, decidiu negar o pedido com base em dúvidas no financiamento da operação. Ao DN, o actual deputado reiterou a convicção da decisão anterior e classificou a atitude de avançar com a operação como "lamentável", tendo em conta o cenário de austeridade que o Governo impôs ao País.

Recapitulando, só para assentar ideias (e ver onde é que o raciocínio falha):

1º - Houve alguém que autorizou a construir aquele monstro.
2º - Houve alguém que o construiu.
3º - Vai ter de ser deitado abaixo, e isso vai custar MUITO dinheiro.

Seguem-se três perguntas ingénuas:

* Então quem vai arcar com as despesas não são os indivíduos referidos em cima?
* Queriam (e, pelos vistos, tentaram!) que fosse "a Europa" a pagar - como parece sugerir, como a coisa mais natural do mundo, o actual Governo?
* Ou queriam que fosse o Estado português a fazê-lo - como dá a entender José Eduardo Martins?

O mais triste é que toda a gente sabe a resposta:
De duas, uma: ou o prédio fica lá (como até agora), ou pagamos todos nós a biscatada, a bem do relançamento da Economia Nacional...
--
Este texto, depois de refeito, foi enviado para o «DN», onde veio a ser publicado em 1 Ago 05. (Está em Comentário-14)

Um antídoto contra a naftalina

HOJE, no seu programa da manhã no RCP, Nuno Rogeiro referiu a possibilidade de a candidatura de Ramalho Eanes poder aparecer...

Como diz um leitor:

«Será que, além dos lóbis da Ota e do TGV, já anda por aí o dos lares da terceira-idade?»


PARA compensar toda essa "naftalina" (cujo odor já começa a ser aborrecido e corre o sério risco de se tornar insuportável), aqui está uma pré-candidatura de alguém mais jovem: http://www.manuelamagno.com.pt

Quando «Ela» aperta...

QUANDO eu era miúdo, fui uma vez passar uma semana a uma propriedade de pessoas conhecidas.

Ora, ao fim do dia, depois de muito correr, saltar e brincar, eu estava sempre cheio de fome e, para minha grande tristeza, a comida que me punham à frente não chegava para satisfazer nem metade do meu apetite.

Por isso, e embora não estivesse em casa de pessoas pobres, eu ia sempre para a cama com fome - depois de, invariavelmente, dar comigo a rapar o prato com pão (para já não falar no fundo do tacho), não me preocupando, na minha ingenuidade infantil, com o mau-aspecto que a cena podia dar.

Ora esta candidatura de Mário Soares (depois de o PS não ter tido mais nada para oferecer ao país do que Freitas e Alegre - e após a fífia que foi a candidatura de Guterres, dada sempre como garantidíssima por Sócrates) também tem um certo aspecto de "rapar o fundo do tacho"...

E o curioso é que os donos-da-casa também não parecem dar-se conta do triste aspecto da situação - mostrando-se, até, extremamente contentes com a figura que estão a fazer...

«Acontece...»

É como um filme bonito
mas não sei como acaba

TODOS os dias a gente ouve as rádios, vê os jornais e os telejornais e parece que só há desgraça e aflição. Parece que os jornalistas editores só sabem seleccionar dramas para informar o público. Por isso resolvi encontrar um editor que aceitasse uma história da vida real que é o contrário disso tudo. É uma história verdadeira, passada no Portugal de hoje. Não invento nada, a não ser o nome do herói do filme, a quem vou chamar Ricardo, porque o próprio não me autorizou a divulgar a sua identidade.

Ricardo é um rapaz de 19 anos, que nasceu e vive numa aldeia do interior. É um rapaz pobre. O pai é pastor e a mãe varre ruas. Gente de trabalho, honesta e, apesar das dificuldades, muito agradável e bem disposta. Não sei porquê, mas parece que, no campo, as dificuldades não fecham as caras das pessoas como nas cidades…

Há dois anos, Ricardo esteve para desistir dos estudos. Andava então no 10º ano, as notas eram razoáveis, mas o dinheiro não chegava. Houve uma grande conversa em família e todos perceberam que o Ricardo tinha de encontrar um emprego. Mas uma irmã do rapaz, que já trabalha há dois anos longe de casa, quando chegou de fim-de-semana e soube da decisão, zangou-se e teimou que havia de ser ela a pagar os estudos do irmão. E assim foi, depois de muita discussão.

Todas as manhãs, durante dois anos Ricardo caminhou um longo percurso a pé para apanhar a camioneta que o levava à escola. À tardinha chegava, metia-se no quarto, ninguém sabia dele até ao jantar e, depois, para o quarto regressava. Pouca televisão, muita música, muita leitura, muito trabalho de desenho. Magro, alto, sorridente, metido consigo, pouco falava da sua vida.

Até que, há dias, chegaram as notas finais do 12º ano. Com 19,9 valores em Geometria Descritiva, o Ricardo tinha conseguido a melhor nota da sua turma e uma das melhores do país !

Agora, serenamente, Ricardo confessa que o seu sonho maior é a Arquitectura. Mas sabe que não há dinheiro para isso lá em casa, mesmo com toda a boa vontade da família inteira. Vai meter os papéis para uma bolsa de estudo, a ver se consegue abalar lá para muito longe, para Lisboa, que ele mal conhece. Entretanto, não perdeu tempo e já começou a fazer um trabalhito temporário que lhe dará uns tostões bem necessários.

Apeteceu-me vir aqui contar-vos esta história. Primeiro, porque é uma história de ânimo, perseverança e mérito. Em tempos de tanto desânimo e tanta desistência por aí, uma família exemplar cerrou fileiras e um jovem consciencioso pôde triunfar.

Mas, em segundo lugar, para vos dizer que fico à espera de ver o fim deste filme. Como vai ser tratado pelo Estado, neste Portugal europeu do século XXI, um jovem que deu provas de valor mas… é filho de pastor… é, simplesmente, pobre. Um pobre pode ser arquitecto, aqui ?

Carlos Pinto Coelho - jornal «metro» 27 Jul 05

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26.7.05

Miguel e Miguel

PARA os responsáveis das televisões, o contrato do Miguel (futebolista) é um assunto da maior relevância nacional e internacional. Mas isso é lá com eles.

O que já é mais preocupante é ver pessoas sérias, como o outro Miguel (o Sousa Tavares), a perderem a cabeça com coisas dessas - como sucedeu hoje, na TVI, numa discussão (tão azeda quanto infantil - e perfeitamente descabida) com o pivot de serviço!

SNIFAR MATA

LÊ-SE no «Diário Digital»:

«Osama bin Laden tentou comprar em 2002 toneladas de cocaína para a misturar com veneno e vendê-la nos Estados Unidos (...). Mas «o plano falhou porque os senhores da droga colombianos consideraram que (...) iria prejudicar o negócio».

A bem do negócio... «Morrer, sim, mas devagar!»

«Informática na Justiça?! É já a seguir!»

LÊ-SE hoje, na imprensa:

«O Ministério da Justiça (MJ) vai investir mais de 13 milhões de euros para acabar com a imagem sempre impressionante dos grossos volumes de papel cosido que ilustram a morosidade nos tribunais e dos demais serviços judiciários. Trata-se de um projecto ontem anunciado pelo ministro Alberto Costa, que visa não só desmaterializar os processos judiciais que tramitam entre tribunais como também eliminar e simplificar actos e procedimentos nos serviços de registo e notariado, facilitando a vida às empresas e aos cidadãos e poupando uma quantidade ainda incalculável de tempo e de dinheiro. Nesta total informatização da Justiça vai ser dada prioridade à digitalização dos recursos recebidos nos tribunais superiores».

A propósito de tão santas intenções (que aprovo entusiasticamente!), aqui ficam apenas duas curiosidades, para o Sr. Ministro matutar:

1 - Recentemente José Miguel Júdice arranjou um GRANDECÍSSIMO SARILHO, pois deixou para a última hora o envio de um documento importantíssimo em que estavam em causa largos milhões!
Começou a tentar enviá-lo por fax às 23h 40m da data-limite mas, como teve problemas de transmissão, às 24h só tinha conseguido enviar 3 páginas, de um total de mais de 100...

2 - Mas não é só ele que desconhece (ou despreza) o e-mail, pois a inforfobia é extremamente frequente entre os advogados:

Um, que eu conheço, informou-me há pouco tempo que não tinha - nem queria ter! - Internet. E mesmo o telefax não era lá muito ao seu gosto:

- Nestas coisas, não há nada como uma carta dactilografada - dizia-me ele, falando a sério.
- E quando é urgente, doutor? - argumentei eu, perplexo.
- Segue por correio azul, ora essa!

A "emenda" e o "soneto"

NO seguimento das declarações de Fernando Pinto ao «DN», nas quais ele garantia que «nunca tinha visto um estudo que justificasse a Ota», ele enviou uma carta ao jornal (que é hoje publicada em destaque) onde clarifica:

«(...) nunca vi um estudo sobre a localização do novo aeroporto na Ota, nem sobre qualquer outra localização (...)»

A propósito de...

DONA Flor viveu algum tempo dividida entre o amor ao primeiro marido (o sempre irrequieto mas defunto Vadinho) e ao segundo (o Dr. Teodoro Madureira), mas o drama resolveu-se muito bem quando o morto reapareceu sob a forma de fantasma...

Lembrei-me disso sobretudo por causa de uma frase do livro: «Um lugar para cada coisa, e cada coisa em seu lugar», e essa frase, juntamente com outra («Há um tempo para cada um, e cada um tem o seu tempo»), fez-me matutar que há os que têm o condão de estar na hora certa e no lugar certo, e os que têm a arte de aparecer no tempo errado no lugar errado.
*
Curiosidade: recentemente, um famoso jogador de futebol, que se reformara aos 33 anos, resolveu voltar a jogar 20 anos depois.
Encheu (à sua conta) um estádio, foi aplaudido em delírio pela multidão, mas só jogou alguns minutos...

Foi notícia de televisão, mas nunca mais ouvi falar dele. Foi pungente.

25.7.05

A Ota, a bOta e a perdigOta (*)

CAMPOS e Cunha acabou por sair poucos dias depois de ter dito, por boca e por escrito (no Governo, no Parlamento e no «Público»), que não se considerava esclarecido acerca das justificações económicas da Ota e do TGV - indo contra as decisões voluntaristas de Sócrates (antes) e de Mário Lino (depois), que foram do género «Avance-se porque sim, e até já se estudou demais!».

Curiosamente, hoje mesmo (numa longa entrevista ao «DN»), Fernando Pinto (o big-boss da TAP, que é suposto estar bem informado sobre aviões e aeroportos), diz qualquer coisa como:
«Pode até estar tudo muito bem, mas o certo é que, até hoje, ainda não vi um único estudo a justificar a Ota»

E há menos de duas horas, na RTP1, António Vitorino disse exactamente o mesmo que Campos e Cunha - com a única diferença que o fez com aquele sorriso de pessoa satisfeita-consigo-mesma que tão bem lhe fica.
-
(*) N"Ota": Tendo em conta um pertinentíssimo comentário que aqui foi feito, corrigi, neste texto, "OTA" por "Ota"

O Vedor

NÃO sei se algum dos meus amigos já viu um vedor a trabalhar...É uma coisa impressionante, que desafia a credibilidade, a imaginação e até - por vezes - o simples senso comum.
Pois, se não viram, não sabem o que perdem! Eu já vi.

O homem pega num raminho ("Não pode é ter resina!") tira-lhe as folhas reduzindo-o à condição de varinha, segura-o de determinada maneira, e começa a andar...

Depois, com um pouco de sorte para o dono do terreno e para ele, a vara começa a torcer-se toda, sinal inequívoco de que "Há água!".

(Texto completo em "Comentário-1")

A seca inventada - III

meia-dúzia de anos, acompanhei de perto o problema do famoso (mas impropriamente assim chamado) «Bug do ano 2000» (*), e lembro-me bem que havia quem garantisse que isso era tudo uma grande treta para muita gente ganhar dinhero. Um dos que defendiam isso era um simpático colunista que havia no «Expresso» (cujo nome já não recordo) que escrevia sobre media.

E essa conversa irritava-me, tanto mais quanto eu pude testemunhar ensaios feitos (um deles numa fábrica, num fim-de-semana) em que se comprovava que algumas máquinas iriam, de facto, ter problemas graves.

O certo é que as pessoas se mobilizaram, os problemas foram resolvidos a tempo, e a entrada no ano 2000 não foi catastrófica. Em consequência disso, o tal entendido decretou, logo no início de Janeiro:

«Vêem como eu tinha razão e não aconteceu nada?»

O mesmo se passa agora com a actual falta de água.
As pessoas mais conscientes vão reduzindo os consumos para que haja para todos, e não faltarão, mais tarde, tontos a concluir:

«Vêem como eu tinha razão e não faltou água?»
--
(*) Estavam em causa possíveis (e previsíveis) problemas motivados pelo facto de alguns computadores mais antigos referenciarem o ano com os 2 últimos dígitos, podendo, por isso, confundir o ano 2000 com o de 1900. Isso implicaria problemas com todos os programas em que as datas fossem importantes (facturações, salários, funcionamento de máquinas a certas horas, etc)

Comentários anónimos - sugestão

COMO se sabe, este blogue permite comentários anónimos - e não vem daí nenhum mal ao mundo.
No entanto, quando há muitos comentários sucessivos, torna-se difícil, por vezes, perceber "quem responde a quem". Assim, sugiro que os leitores que os afixam metam, sempre que possível, uma referência qualquer que facilite a troca de ideias - iniciais ou pseudónimo, p. ex.

Uma rábula a 4 tempos

1º - O Governo continua a atacar as dívidas do Totonegócio.

2º - Os bosses do futebol vão avisando (pela "enésima" vez) que não tencionam pagar o que devem.

3º - Nos mesmos telejornais onde é dito o que se lê no parágrafo anterior, ficamos a saber tudo sobre contratações milionárias.

4º - Inversamente, continuamos na total ignorância sobre quem foram (ou ainda são...) as pessoas responsáveis pelo acompanhamento das dívidas dos clubes que permitiram que a situação chegasse ao que ponto a que chegou.
Muito menos sabemos se elas viram os seus bens penhorados, se foram presas, reformadas à força ou despedidas com justa causa. Mas o mais provável é que tenham sido promovidas...

24.7.05

ACABAM de ser publicados estes dois livros, especialmente destinados a quem se interessa pelo inesgotável tema dos Templários.

O seu "pai" é Pedro Silva, um incansável autor português, que também escreveu «Ordem doTemplo: Em Nome da Fé Cristã», «História e Mistérios dos Templários», «Escritos Errantes», «Ku Klux Klan: Pesadelo Branco», «Tripla Imparável I: Juventude em Acção», além de muitos outros interessantes textos.

NOTA: Ver mais informações em "Comentário-3"

«Vai doer muito?»

QUANDO eu era miúdo, os médicos costumavam dizer-nos «Não vai doer nada!» - e, mesmo que depois doesse um pouco, estávamos descontraídos e não levávamos a mal a mentirinha, que era eficaz e «por bem».

Mas, um belo dia, tive uma desagradável surpresa:

Estava eu deitado de barriga para baixo, indefeso e semi-nu, numa marquesa de hospital, quando o médico que se preparava para me lancetar um quisto me avisou: «Olhe que vai doer! Vai até doer até um bom bocado!».
Quase entrei em pânico, e acabei por ficar a odiar o cavalheiro porque, afinal, não doeu nada!

Ao comentar esta peripécia com uma médica minha amiga, ela informou-me que se tratava de uma nova forma recomendada para o relacionamento médico/doente!
Pareceu-me isso uma modernice de uma estupidez sublime, mas também me dizem que, nos EUA, os médicos são obrigados a dizer ao doente o seu verdadeiro estado, mesmo que seja do género «Só tem 6 meses de vida».
Por cá, tem-se em conta o factor psicológico nas possíveis melhoras, e o doente pode ir sendo «enganado», sem que daí (penso eu) venha grande mal ao mundo.

Vem isto a propósito (ainda...) de Campos e Cunha e de Sócrates, pois há poucas dúvidas que foi devido a essas duas concepções de «medicina» que eles se desentenderam (como quando o primeiro disse a verdade a respeito dos impostos ainda antes de tomar posse - enquanto o segundo, mesmo já à frente do governo, continuava a garantir o contrário!).

Imagino que, em muitos outros casos (no recato dos gabinetes ou do Concelho de Ministros), essa luta entre as duas «concepções de relacionamento com o doente» tenha sido épica. O epílogo foi agora, como se sabe, com os investimentos do TGV e da OTA.

Entretanto, o povão lá vai perguntando se vai doer muito - mas é claro já sabe a resposta, pois não tem quaisquer dúvidas sobre qual dos dois médicos lhe dizia a verdade...

A seca inventada - II

ESTE simpático animal (que aqui vemos, já com 17 anos de idade, a dormir uma bendita a sesta), morreu no dia 2 de Novembro de 2004.

E refiro isso (a propósito da seca - pasme-se!) por um motivo muito simples:

É que nessa tarde de Outono estava a chover imenso e eu interrogava-me como é que iria enterrar o bicho. E não me esqueci da data porque (por curiosidade que fixei) desde esse dia, nunca mais tive de abrir o guarda-chuva!

Vem isto a propósito, ainda, da opinião de Pedro d' Anunciação (ontem referida) que acha que a seca actual, à semelhança do arrastão de Carcavelos, é uma fábula dos media...
*
Mas depois dessa verdadeira anedota, falemos a sério:
Tal como o petróleo, a água não falta, pura e simplesmente, de um dia para o outro, mas vai escasseando, mais ou menos lentamente.
A precipitação diminui, os caudais (dos rios e dos furos) vão baixando, os níveis de água nas albufeiras também; vão-se procurando captações alternativas... mas (quanto mais não seja recorrendo a auto-tanques), e ainda durante algum tempo, vai sempre havendo alguma água.

Daí, a declarar que a seca é um mito porque continuamos a ter água nas torneiras, é um curto passo que um citadino tonto, vivendo completamente a leste da realidade do mundo rural, facilmente dá.

Ainda ontem estive na Várzea de Sintra, onde pude ver furos que acabavam de secar. A água dos SMAS lá vai chegando - mas pouca (e com metade da pressão habitual), e só de vez em quando.

O mesmo se passa na zona da Beira-Baixa onde vou com frequência, cuja população desespera pela falta de pastos e pelas culturas perdidas (pela ausência de chuva) e onde os furos deitam cada vez menos água.

Mas talvez eu tenha visto mal...

Grandes reflexões - soluções

O leitor "zxcv" deu uma 1ª resposta certa (a que aqui se mosta, que é conhecida de qualquer jogador-aprendiz de bilhar)...

Mas há outras, indicadas nos Comentários 5 (certa) e 7 (duvidosa).

23.7.05

A seca inventada - I

FERNÃO Lopes nasceu por volta de 1380 sendo, portanto, contemporâneo de D. João I (cuja crónica escreveu), mas talvez não de D. Fernando (*) e muito menos de D. Pedro I - cujas crónicas, sendo também de sua autoria, foram escritas confiando apenas em testemunhos e documentos da época.

Onde é que eu quero chegar? Quero lançar a dúvida sobre a veracidade de tudo o que dele li! Ora veja-se como tenho razão:

Apesar de ser um assunto que já enjoa, ainda ontem o «Correio da Manhã» trazia duas páginas inteiras a propósito do «arrastão de Carcavelos», com gente a garantir que existiu e outra a jurar o contrário!

Hoje mesmo, Pedro d' Anunciação, no «Expresso» («Zapping»), garante que, em Portugal, não está provado que exista seca nenhuma, pois é coisa que tem todo o aspecto de ser semelhante ao arrastão, uma criação dos media para encherem jornais e telejornais.

E diz mesmo, entre muitas outras afirmações semelhantes: «Toda a gente que eu conheço toma banho e bebe água com fartura».

Ora, se isto é assim no Século XXI (com gente que pode ver a realidade ao vivo mas não sabe ao certo o que vê), como é que podemos confiar num patusco do Século XIV que se pôs a debitar coisas que diz que leu e ouviu - mas que não presenciou?!
--
D. Fernando morreu em 22 de Outubro de 1383

22.7.05

Petição Contra a Extinção do Ballet Gulbenkian

Uma aventura em vários episódios
de um link maldito...

1º - A saga começou ontem, com a colocação aqui de um link para uma «Petição Contra a Extinção do Ballet Gulbenkian», o que desencadeou um violento protesto de uma leitora (como se pode ler em "Comentário-1").
Nesse seguimento, pedi opinião a outras pessoas que muito prezo, e elas confirmaram que o texto para o qual o link remetia não era muito feliz. Assim, o mesmo foi retirado desta página.

2º - Posteriormente, a pedido de várias pessoas (e especialmente para que se percebesse do que é que se estava a falar), resolvi afixar o polémico texto mas sem o link para o abaixo-assinado (está em "Comentário-4"),

3º - Finalmente (até ver...), e no seguimento de outros "comentários" que entretanto surgiram...
(Bem, mas o melhor é mesmo lê-los, para verificar que «o que vale é que um blogue é um organismo vivo!»)

O Iraque, daqui a 5 anos

(Enviada por C.P.C.)

mais 6 imagens semelhantes. Para as receber, enviar um e-mail para medinaribeiro@iol.pt escrevendo apenas em assunto «Iraque».
Relógio-de-cuco, modificado para contar carneirinhos
REPARE-SE como os tempos mudam. Esta história, que em tempos fez rir muita gente, hoje em dia não faz qualquer sentido:

O homem chega a casa, pé-ante-pé, à 1h da manhã. Para seu azar, nessa altura, a mulher acorda com o som do relógio novo.

- Então isto é que são horas, seu grande vadio?! - reclama ela, estremunhada.
- Porque dizes isso, minha querida? Não reparaste que deu agora mesmo as 10?
- Mentira, meu grande malandro! Julgas que não ouvi?
- Claro, filha. Mas agora dorme. O que tu ouviste foi só o "um", porque este relógio não dá o "zero".


Numa outra versão da anedota, a mulher vira-se para o lado e, antes de adormecer, resmunga:

- Então amanhã tem de se ir trocar...
COMO é do conhecimento público (embora, ultimamente, os que falam em sacrifícios evitem abordar o assunto), Portugal resolveu, nos tempos de Guterres, comprar 3 submarinos - que Paulo Portas, felizmente, ainda conseguiu reduzir para 2.
Claro que toda a gente sabe que não fazem falta nenhuma, mas a ideia (genial) que estava subjacente a essa aquisição eram as famigeradas «contrapartidas»:
A empresa vendedora garantiria a Portugal a colocação, no exterior, de produtos e/ou serviços de valor igual (caso dos alemães) ou superior (caso dos franceses, que davam o dobro).
Ou seja: o Estado gastará 200 milhões, mas as empresas privadas é que ganharão - "se" ganharem...
E neste "SE" está outro problema, pois a maioria das empresas que se associaram para fornecer essas «contrapartidas» queixam-se de que, até à data, não estão a ve(nde)r nada...
Ora veja-se como os espanhóis resolveram o problema dos seus submarinos: recorreram à ancestral tecnologia dos tonéis... e pouparam "uma pipa de ma$$a"!
-
Esta fotografia, tirada no porto de Barcelona, foi mandada para a revista «VISÃO» (a propósito deste mesmo assunto) e publicada em 6 de Setembro de 2001.

Etiquetas:

Como nascem certas-notícias-certas!

COMO se sabe, há pessoas que têm pouco tempo para ler os jornais, passando apenas os olhos pelos respectivos títulos - que, muitas vezes, são enganadores.
Ora veja-se como o «Expresso-online» titula hoje uma notícia:

O facto de a primeira linha estar em caracteres menores já é pouco correcto - pois acaba por dar destaque ao que, precisamente, se diz que NÃO deverá acontecer.
Além disso, não sei como é que essa linha, estando a vermelho, será lida pelas pessoas que são daltónicas e não vêem essa cor...

No entanto, analisando o assunto por outro prisma (e trazendo à colação o aforismo «Deus escreve direito por linhas tortas»), talvez até "a coisa" não esteja muito longe da verdade:

É que o Senhor ministro apenas diz «pretender evitar mais aumentos de impostos», expressão que, em política, não tem qualquer valor - pois até o governante mais beligerante diz «pretender evitar a guerra»...
--
(Afixei também este post no forum do «Expresso-online». A notícia em causa foi, pouco depois, retirada)

21.7.05

Uka gent' aprende!

* UM dia destes, o «Canal História» informava-nos que o primeiro FORD-T custava 800 Euros...
Hoje, deu-nos conta de um velho material chamado "bèquelite".

* Ontem, Jorge Coelho intrigou-me quando, na «Quadratura do Círculo» disse várias vezes «Cu-cu, cu-cu...» - mas afinal apenas pretendia dizer, na sua pronúncia castiça, «que o...»

* Hoje mesmo, na "2:", uma senhora do Instituto do Ambiente, falava de algo que «deve de ser», de uma coisa que «vai ser implementada», e outra ainda que «está com delay».

Placa 2 em 1

ESTA fotografia foi tirada perto de Vila Velha de Ródão, próximo das placas referidas no post anterior.
Já foi referida na SIC, no programa «Nós por cá», mas continua «por lá», evidentemente. (Aliás, se está certa, porque é que havia de ser retirada?!)

A estranha concepção dos roubos inofensivos

NOS arredores de Vila Velha de Ródão podem ver-se inúmeras placas destas.

Saltam à vista duas coisas:

*O nome da terra está invariavelmente mal escrito.

*As tiras de alumínio inferiores foram TODAS roubadas - ficando as placas com o aspecto que se mostra na figura da direita.

Curiosamente, não se perde nada na informação e, aparentemente, ninguém ficou prejudicado com o roubo...

Ora isso fez-me lembrar as declarações de um ingénuo cavalheiro que, há tempos, comentando o desvio de verbas europeias, dizia mais ou menos o seguinte: «De facto roubámos, mas não prejudicámos ninguém...»

(Imagem encontrada numa pesquisa em «aldrabões»)
SE um dos motivos para o cansaço de Campos e Cunha foi o que eu imagino, posso dizer que o compreendo muito bem , pois a mim já me sucedeu exactamente o mesmo - como talvez um dia aqui conte.

De qualquer forma, o que se passou com ele aconteceu também com outros governantes e com todos os deputados do PS que entraram de novo:

Trata-se de pessoas adultas, que tinham a sua vida familiar e profissional, e a quem, a certa altura, o partido convidou para funções políticas oferecendo-lhes, em troca (como em qualquer emprego normal), determinadas condições bem definidas: ordenado, horário, férias, reformas, regalias, etc.

Mas eis que, pouco depois de terem aceite o contrato proposto e entrado em funções, o "empresário" lhes diz que afinal são uns privilegiados, que estão a ganhar demais, que têm de cortar 2/3 das reformas ou dos ordenados (eles que escolham!), e mais isto e mais aquilo.

Pior: serão eles próprios a legislar sobre isso - perante o gáudio do "povão"!
Como exemplo de demagogia e falta de honestidade no relacionamento entre "patrão e empregado" (para já não dizer entre pessoas crescidas) era impossível encontrar melhor - embora, como atrás referi, me tenha sucedido exactamente o mesmo ao serviço de uma das maiores empresas portuguesas...

Se esse foi um dos motivos de irritação e de desgaste para Campos e Cunha, o homem tem TODO o meu apoio, como qualquer pessoa-de-bem que é vítima de um conto-do-vigário.
Mesmo que não tenha sido esse o motivo que o fez mandar bugiar o patrão, aqui fica uma palavra de apreço, pois deixa uma imagem de pessoa rigorosa, educada, esforçada e - quanto mais não seja, infelizmente, por contraste... - politicamente honesta:
Campos e Cunha (e isso já se sabia desde a rábula dos impostos) teria necessariamente de se dar mal com os que têm com a verdade uma relação pouco amistosa...

20.7.05

Câmara escura

HOJE, um colaborador d' «A CAPITAL» expunha-nos o seu drama:

Nas eleições para a Câmara Municipal de Lisboa, acha que vai "ter de votar" no candidato do "seu partido" - mas não esconde que o fará MUITO contrariado, pois tem a noção que o cavalheiro em causa será (se o vier a ser) um mau Presidente da Câmara.

Cada um sabe de si, mas, por mim (e confesso que essa evolução demorou demasiados anos), já me libertei desses complexos, pois o que vai estar em causa é demasiado importante para "seguir as directivas do partido" em que costumo votar.

Assim, verei qual dos candidatos tem melhores propostas para a cidade, tentarei em seguida descortinar que garantias dá de as cumprir, e votarei nele - se for caso disso.

*Se coincidir com o candidato proposto pelo partido da minha preferência, encantados-da-vida.
*Se não, paciência - o partido que tivesse arranjado "coisa melhor"!
*No limite, se nenhum candidato me convencer, votarei em branco, e sem quaisquer complexos.

É que, salvo melhor opinião, os partidos é que existem para servir o país (neste caso, a cidade e os seus habitantes) - e não o contrário. Ou estarei enganado?!

A menina da caixa

Pandora a abrir a caixinha... - quadro de John William Waterhouse (1849-1917)
A INTERVENÇÃO ocidental para manter o controlo das provisões de petróleo nos países árabes, que datam da Primeira Guerra Mundial (1914-18), criou um terrorismo islâmico de extremistas, entre os quais Osama bin Laden, afirmou Livingstone, presidente da Câmara de Londres, em declarações à Rádio 4 da BBC.

«Acho que tivemos 80 anos de intervenção ocidental em territórios com predomínio árabe pela necessidade do Ocidente de petróleo», afirmou.

«Considero que o problema particular que temos neste momento é que, nos anos 80, os americanos recrutaram e treinaram Osama bin Laden, o ensinaram a matar, a fabricar bombas e enviaram-no para matar os russos no Afeganistão, sem pensar que quando tal terminasse ele se poderia voltar contra os seus criadores», sublinhou Livingstone.
Diário Digital»de hoje)
ONTEM, na SIC-N, só vi o fim do frente-a-frente entre João Cravinho e Manuel Monteiro, na parte da conversa onde se abordou o TGV e a OTA, assunto em que João Cravinho estava à-vontade, enquanto o seu opositor se colocava na posição de palpiteiro («Não percebo nada disso mas acho que...»).

No entanto, num acesso de auto-confiança, Cravinho (depois de chamar super-ignorantes aos que se lhe opõem...) comentou, pretendendo fazer humor, que «os espanhóis devem ser tontos, pois vão fazer uns milhares de quilómetros de autoestradas e de TGV».

Só que, embora possa não perceber de transportes, Manuel Monteiro percebe um pouco de lógica, pelo que se limitou a responder:

- Exactamente. Os espanhóis vão tratar de fazer isso... AGORA.

Ou seja: DEPOIS de terem o problema das finanças públicas resolvidas e NÃO quando estavam atrapalhados (como nós agora).

Com alguma pena minha, João Cravinho não deu resposta satisfatória a esse argumento (e haveria alguma?)
TODOS conhecemos a cena da pessoa que dá uma esmola mas faz questão de dizer em que é que o dinheiro deve ser gasto.

Há até uma anedota ilustrada (julgo que da autoria de Stuart de Carvalhais) em que uma velhinha diz para o mendigo:

- Tome lá dois tostões. Mas agora não os vá gastar em vinho!
- Não, minha benfeitora. Com o que me deu, vou comprar champanhe!


Nesta foto, enviada pelo leitor C. C., pode ver-se como esse assunto pode ser resolvido a contento de quem dá e de quem recebe - e sem palavras escusadas.

Os labirintos

CONFRONTADO com o escândalo do mensalão, o povo brasileiro só dá a Lula da Silva duas possibilidades:

«Ou ele sabia (e estava feito com os corruptos), ou não sabia (e é incompetente, pois não controla o que o seu governo faz)».

No fundo, está encerrado no mesmo labirinto em que Sócrates se meteu por causa do «défice excessivo»:

«Ou ele sabia (e mentiu aos portugueses prometendo que não aumentava os impostos), ou não sabia (e foi incompetente, pois tinha obrigação de saber)».

No nosso caso, o que tem graça (?) é que os comentadores de Economia dizem que Sócrates tem tomado medidas acertadas - como quem diz que «mentiu por uma boa causa» e que «mentir é uma coisa que, num político, não é grave».

Mas, estranhamente, Sócrates escolheu a segunda hipótese ao garantir que «não sabia...».

E agora aí temos Freitas do Amaral que aparece a dizer, com a clareza possível: «Se fosse eu, não tinha mentido aos portugueses...».

Embora possa ser sonso, o homem não é parvo: sabe muito bem que a maioria das pessoas acredita mais na versão do «Sócrates mentiroso» do que na versão do «Sócrates incompetente» e que, tão cedo, não vai perdoar o que supõe ser uma vigarice indigna de um Primeiro-Ministro.
Ora, daí à tentação de retirar dividendos pessoais, vai um pequeno passo... que Freitas já deu.

Um Portugal de Pequeninos


QUANDO confrontados com desvarios de adeptos e jogadores, os dirigentes dos clubes de futebol recorrem quase sempre aos verbos: desvalorizar, relativizar e minimizar - que também entraram nos hábitos da classe política quando não sabe o que há-de dizer.

No caso das declarações de Freitas do Amaral, e segundo o «Público» de hoje:

«O PCP desvalorizou hoje as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros...»

«O secretário-geral do PS, José Sócrates, desvalorizou hoje as críticas de Freitas do Amaral...»

Mas do que eu gosto mais é do verbo minimizar.
Imagino "certos artistas" a serem MINIMIZADOS, MINIMIZADOS... até DESAPARECEREM de vez!

19.7.05

RECENTEMENTE, meteu-se neste blogue um texto a gozar com os opiniosos e palpiteiros (os portugueses-típicos que, não percebendo nada de certos assuntos - e reconhecendo o facto...-, nem por isso deixam de dar a sua opinião ou, no mínimo, um bom palpite).

E é nessa linha que me atrevo a dizer também:

«Eu não percebo nada de Finanças (como garantia Salgado Zenha pouco antes de ir para ministro-das-mesmas...), mas palpita-me que o aumento do IVA só pode fazer efeito, em termos de aumento de receitas, se as pessoas continuarem a fazer o mesmo volume de compras - sendo o imposto maior, o Estado arrecadará mais».

Assim sendo, digam-me lá:
Como é que "essa coisa" funciona se mais de 3/4 das pessoas já atingiram o limite das suas possibilidades e estão a "resolver o assunto" comprando menos?

(Os valores indicados neste inquérito online já estabilizaram há vários dias)
MÁRIO Castrim, um dia, alterou ligeiramente um velho ditado português.

Ficou assim:

«Em casa onde não há pão, todos ralham... e têm muita razão!»

Sempre actual, esse velho amigo!
AINDA a propósito da saloiada da notícia que «o primeiro Harry Potter foi comprado por uma criancinha portuguesa!!!»:
  • Note-se que o Figo não deve ser do Real Madrid, pois toda a gente diz «o Real Madrid de Figo» - tal como o Milan de Rui Costa, o Barcelona de Deco, o Chelsea de José Mourinho... e por aí fora.

    Há dias, num resumo de jogos de futebol por esse mundo-fora, salientava-se:

  • * Um golo marcado por um português!
    * Um golo que, embora não tenha sido marcado por um português, teve origem numa jogada iniciada por um português!
    *Um golo marcado por um africano num clube francês - mas que, quando joga na selecção do seu país, é treinado por um português!
Enfim, «uma gloriosa tarde 100% portuguesa!» - era a conclusão.

NA sua crónica de sábado, no «DN», e referindo-se aos incêndios, Paulo Baldaia concluía que «ardeu 20% da floresta em 5 anos, pelo que vão arder os 100% em 25 anos».

Mas essa é a visão pessimista do problema! A visão optimista tem a ver com o velho problema da pulga - que se costuma usar para explicar aos miúdos a noção de «infinitésimo»:

«Uma pulga salta, de cada vez, 20% do caminho que lhe falta percorrer. Quantos saltos tem de dar para chegar ao seu destino?»

A resposta não é 5 mas sim «infinitos» - no meio da desgraça, valham-nos estas pequenas coisas para nos animar...

As verdades

É HABITUAL criticar-se o PCP por ser um partido que não aceita de bom-grado que se discutam problemas internos na praça-pública.

Tenha-se, acerca disso,a opinião que se tiver, o certo é que até Marcelo Rebelo de Sousa (nos tempos em que a rapaziada de Santana Lopes andava na Comunicação Social a dizer tudo o que lhe vinha à cabeça) avisou que isso costuma ser um sinal de desagregação - pelo menos em certos casos.

E referia um exemplo:

«Quando a mulher começa a dizer mal do marido em público - ou vice-versa - é sinal de que o casamento não vai bem...»

Ora, é notícia de hoje que, em entrevista ao «DN» que vai sair amanhã, Freitas do Amaral tece várias críticas ao Governo de que faz parte - nomeadamente que não está a saber passar a sua mensagem, que não devia ter feito promessas sobre o não-aumento de impostos, etc..

Neste caso (e mais uma vez), é o casamento de Freitas do Amaral com o PS que faz matutar.
Estará o homem a ganhar distância (ou balanço...) para se candidatar a Belém?
--
NOTA: A imagem que aqui se mostra foi a melhor que se arranjou no seguimento de uma pesquisa em «zangam-se as comadres»

18.7.05

UM dia destes, a RTP trazia, em rodapé do Telejornal (entre as notícias mais importantes do mundo):

«O primeiro exemplar do novo livro do Harry Potter vendido em Londres foi comprado por uma criança portuguesa!!».

Ai, saloiíce, a quanto obrigas!
*

No desenho que aqui se mostra, a legenda podia ser:

- Claro que o estou a roubar, meu caro! Mas você devia ter orgulho por ser roubado por um PORTUGUÊS!
- E tenho, Doutor! E tenho!