31.1.05

Os tipos dos logótipos - 1


Porque será que a Mercedes, a Shell ou o PCP não mudam de logótipo de vez em quando - nem dão mostras de o quererem fazer?
Por vários motivos, que vão desde a imagem até à economia, pois o mais elementar bom-senso recomenda que se preserve algo que deu trabalho a criar e a tornar conhecido.

Outro tanto não pensam a Galp, a EDP e - agora e mais uma vez! - a TAP, que já vai no quinto (1945, 1947, 1954, 1979, 2005...).

No caso das duas últimas, também é alterada a designação da empresa. Como é evidente, há alguém que vai pagar isso, e todos sabemos quem é...

No entanto, e curiosamente, há quem lhes devesse seguir o exemplo e não o faz.

Refiro-me à PGA-Portugália:

Não será de mau gosto que uma empresa de aviação tenha, como símbolo, duas torres gémeas a desabar, e ainda por cima com uma GRANDE explosão no meio?!

30.1.05

Um D. Quixote aqui !

Crónica publicada n'A Capital de 30 de Janeiro de 2005


Um D. Quixote aqui !


D. Quixote tem agora 400 anos certos. E uma professora da Universidade do Minho, Maria da Conceição Carrilho, resolveu que era a boa altura de escrever, a propósito do Cavaleiro da Triste Figura, um dos livros mais deliciosos que tenho lido ultimamente. Isto na óptica de quem (e somos milhões) anda afogado na complicada função de viver neste nosso tempo.

O livro, agora editado pela Campo das Letras, traz o título “Da Impossibilidade de Viver sem Ter Lido o D. Quixote”, eloquente enunciado da provocação constante que reside nas suas páginas. Provocação, entenda-se, em tom de sagaz paródia nutrida de cotejos com o texto de Cervantes. Provocação ao que somos, como somos e como estamos nas sociedades que habitamos e vamos reconstruindo dia a dia. Tudo como se a autora se tivesse deixado levar por uma brincadeira que lhe caíra nas mãos e que depois a seduziu ao ponto de a levar a sério: “ O projecto inicial deste livro era ser um ensaio académico sobre o D. Quixote de Cervantes. Mas só me apercebi da impossibilidade desta tarefa quando comecei a escrever e reparei que cada linha e cada página deste romance eram tão inspiradoras, que não cabiam nos limites de um ensaio universitário.”

Por exemplo, num dos capítulos, o tema é muitíssimo simples: “Porque é que a política acabou, a família acabou, e as razões de D. Quixote para tão misteriosos desaparecimentos. O nascimento do homem-champô e o fim da luta de classes. “ Assim mesmo, de enfiada, num alegre nonsense onde se misturam o ensaio e a crónica de costumes, a divagação vocabular de um qualquer romance light e o apuro de construção literária de uma mulher (“confesso que sou mulher, não é pecado, já sei que estão a par”) que dedica o seu tempo à investigação no âmbito da Literatura Comparada.

Há um fio romanesco de actualidade a entrelaçar os nós temáticos. Mas a trama e as conversas convocam amiúde Quixote e o seu fiel escudeiro, que entram e convivem com as personagens desta delirante divagação.


Fala-se “ da necessidade de estar deprimido, da maldição da net e da chatice de o mundo estar tão caduco”, diz-se porque é que já ninguém ri, elabora-se sobre o amor e o canibalismo e logo, num tranquilo diálogo com Sancho Pança, a autora-narradora divaga sobre o medo:

“O que acontece, então? É simples: começamos a viver apavorados com tudo. Agora nem sei dizer se fomos nós a exportar esta mania do medo, pois como somos um país pobre, pobrezito mesmo, não teríamos mais nada e esta doença propagou-se a velocidade estonteante.
Vive-se apavorado com tudo, é incrível, nem no tempo das guerras mais mortíferas, e o medo tem sete olhos, mas o homem não tem sete vidas, pois não?
- Ah, pois não, lá isso não. Se quer saber, senhora Dona Adèle, aquilo que mais me dói quando me ponho a escutar tudo o que dizem de mim é eu ser medroso. Mas há lá homem que o não seja, diga-me lá? ”

São páginas de quem aparenta nada levar a sério. (“Tudo no D. Quixote é uma brincadeira, a vida não tem sentido.”). Mentira. Oferecidos com uma singeleza desconcertante, estão ali retratos seriíssimos de toda a gente, o leitor incluído. Estamos ali todos - mais as nossas televisões e as nossas sondas espaciais e a nossa globalização - especados na luminosa estrada que é este livro. E temos Sancho, Quixote e Rocinante mirando-nos, incrédulos do que fizemos de 400 anos para, afinal, estarmos iguais a eles. Incrédulos mas reconfortados. Porque, como também se lê, “Cervantes, já em 1605, escreveu um livro onde diz que o mundo nunca foi melhor nem pior, mas como ele é.”

Dizem-me que Maria da Conceição Carrilho é uma jovem e que se estreia na edição com este livro. O que me faz desejar duas coisas: que mande imediatamente novo original ao editor, e que este mo remeta depressa, feito livro.

Carlos Pinto Coelho

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29.1.05

Compreensível...

("Clicar" )

Como se pode ver por esta sondagem no PUBLICO-online (cujos valores percentuais se têm mantido estáveis de há vários dias a esta parte), se calhar Sócrates tem toda a razão ao recusar debates "a mais".

No entanto, como em tudo na vida, há várias opiniões:

Uns dirão que, com a falta de chuva que por aí vai, não haveria qualquer vantagem em apanharmos com mais uma "seca".

Outros, induzidos a ver o problema por esse prisma, acharão que até poderia ser bom... "chover no molhado".

Outro Negativo...


Santana Lopes acusou as empresas de sondagens de estarem envolvidas numa mega-fraude para influenciar os resultados das eleições e, sem medo (nem sequer noção) do ridículo, garante que vai processar as que falhem as previsões!
Dado que ele esteve ligado ao negócio que agora pretende descredibilizar, é caso para dizer:
«O bom julgador por si se julga...»
(Continua, decerto...)

27.1.05

Caruncho

Do «Jornal da Madeira», edição de 27 Jan 05:

Jardim aproveitou ainda para dizer que vai propor aos presidentes das Câmaras de Santana e Câmara de Lobos que sigam o exemplo do presidente de Celorico de Basto e que processem o Instituto Nacional de Estatística.

Um organismo que, segundo o líder madeirense, faz parte do leque daqueles organismos estatais que estão politizados, conforme vem denunciando nestes últimos tempos.

«Já não lhes ligo! Sempre que há eleições na Madeira eles fazem questão de avançar com estatísticas negativas sobre a Região».
--

O texto completo da anedota está em:

www.jornaldamadeira.pt/not2005.php?Seccao=14&id=1893&sup=0&sdata

Bingo! Temos Rambo!

Lê-no no «DN» de hoje:

«Luís Nobre Guedes (...) deixa um aviso aos sociais-democratas. Se Sarmento estranhou que Portas tivesse falado "em apoiar proposta de governo" do PS, Guedes responde agora que o PSD não pode reeditar qualquer acordo com o PS».

Etc. etc., ficando nós a saber que a carta de Nuno Morais Sarmento (em que criticava António Pires de Lima e Paulo Portas) foi recebida com um "Ranger de dentes" (sic).

Nobre Guedes, a propósito das demolições na Arrábida, levou com o epíteto de "Rambo" - isso talvez explique este Ranger...

26.1.05

«Blog-blog» - fazem os sapinhos (no pântano?)


Dantes, havia políticos que engoliam sapos.
Agora, numa versão modernista, fazem "blogs" no Sapo:
NOTA: Uma pesquisa em "sapo" deu como resultado centenas de fotografias horrorosas. Assim, resolvi antes escolher esta: uma rãzinha a ser mimada por uma garota - cena que faria inveja a «Pedro-o-Pequeno», menino choroso e carente...

Tsunami - no dia seguinte


("Clicar" para ampliar)

A negação negativa


«Em política, o que parece... é», e Sócrates, embora possa estar cheio de razão, tem gerido a tonta polémica dos debates com tanta falta de habilidade que acaba por "dar a imagem" de alguém que foge a eles - e é evidente que o seu adversário, demagogo experimentado e "de primeira apanha", "chama um figo" a ingenuidades dessas.

O título de um artigo no «Expresso-online» - "PSD aceita, PS recusa" - resume, precisamente, a imagem que está a ser dada.
Pode ser uma injustiça, mas é a realidade.
E o pior é que todos o percebem... menos o próprio!
--
NOTA: No dia seguinte à colocação deste "post", foi anunciado que o debate Santana-Sócrates terá transmissão simultânea na «2:» e na SIC. O bom-senso veio à supercíficie - custou mas foi!

25.1.05

Garotices

Rodeados de assessores e «yes-men» que os isolam do resto do mundo, em geral os políticos não se apercebem de como são vistos de fora, pelo povo. Far-lhes-ia bem andar de metro ou de autocarro - mas disfarçados...

Enquanto Santana Lopes e José Sócrates estão a dar, na rábula dos debates, um triste (mas não inesperado...) espectáculo de imaturidade, Louçã não lhes quer ficar atrás e decreta que Portas «não tem autoridade para falar do direito à vida» porque nunca gerou um filho!

Já agora, e se não é perguntar muito: como é que sabe?!
Dentro dessa «lógica», nem Louçã nem ninguém «tem autoridade» para falar de ciganos, esquimós, alentejanos ou benfiquistas desde que o não seja; e também «não tem autoridade para falar de aborto quem nunca abortou» - a começar por ele...

Que diabo! Não haverá por aí alguém que tenha «autoridade para tratar com tontos»?

Grandes pontos!

Sendo os pacotes «Tetra Pak» "embalagens que utilizam papel", pergunta-se:
Quando vazios, devem ser colocados no ecoponto das embalagens (o AMARELO ) ou no do papel (o AZUL)?

(Clicar para ampliar)

A resposta é:

Se for em Portugal... depende!

O papel que se vê à esquerda (editado pela Valorsul) foi recentemente distribuído pelas caixas-de-correio na zona de Lisboa.
Pretende ser, ao mesmo tempo, uma lista-de-compras e um indicativo para as pessoas saberem onde hão-de deitar o lixo devidamente separado.

Lá se pode ver que os pacotes do tipo «Tetra Pak» devem ser colocadas no ecoponto AMARELO (das embalagens) - o que tem lógica. É também o que aparece no desenho animado com que finaliza o programa do Goucha, e o que está escarrapachado nos ecopontos da Câmara Municipal de Lisboa.

No entanto, se formos a Lagos, p. ex., já são os ecopontos AZUIS (os do papel) que os "querem".

Como se fosse pouca a confusão, os pacotes de leite Loreto, Terra Nostra, Euro Shoper, Matinal, Mimosa, Pingo Doce, etc. trazem a recomendação (v. desenho da direita):

«Escorra e espalme a embalagem vazia» e coloque-a no «ecoponto AZUL».

Que raio de situação eco... lógica!

24.1.05

Língua traiçoeira - 4


Estes dois livros são dos mesmos autores e da mesma editora,
mas foram traduzidos por pessoas diferentes.
No primeiro caso, a palavra «Why» (do título) foi traduzida por «POR QUE»;
no segundo, por «PORQUE».
Qual será a forma correcta?


A resposta (pelo que percebi do que li no livro «Saber Escrever, Saber Falar») parece ser a seguinte:

Em frases como «POR QUE razão fizeste isso?» separa-se o POR do QUE, dado que o significado é «POR 'QUE-ou-QUAL' razão fizeste isso?».

No entanto, se a palavra «razão» (ou «motivo», ou outras semelhantes) não for explicitada, o correcto - vá lá perceber-se «por que razão»! - é: «PORQUE fizeste isso?».

(Claro que uma eventual resposta será sempre do tipo «PORQUE... me apeteceu!»).
***
Se não for assim, haja uma alma-caridosa que esclareça - pois reina GRANDE confusão acerca disso nos jornais que por aí lemos!
Curiosidade: no rodapé da capa do 2º livro refere-se o título do 1º, mas já corrigido.
-oOo-
26 Jan 05: Esclarecimento obtido e enviado por Carlos Pinto Coelho:
«Eis o resultado da consulta que fiz aos linguistas do Acontece, Fernanda Cavacas e Aldónio Gomes:
Porque e por que/qual são elementos com valia diferente. O primeiro, advérbio interrogativo ou conjunção causal; os segundos, adjectivos interrogativos ou relativos regidos. O primeiro depende de um verbo expresso.
Porque interrogativo introduz livremente uma oração. Por que / qual interrogativo não introduz sozinho uma oração, mas só com apoio expresso de um substantivo.
Porque perguntas
Por que motivo perguntas
Porque causal introduz uma oração e é ligação directa com um verbo antecedente. Por que só indirectamente sugere a causa e tem ligação directa a um substantivo antecedente (causa, motivo, razão, etc.) - como oração relativa que é.
Pergunto porque quero.
Querer saber é a razão por que pergunto».
-oOo-
Comentário de Edite Estrela (26 Jan 05):
Obrigada pela referência ao livro. Em ambas as publicações, devia ter sido empregado "porque", visto tratar-se de advérbio interrogativo. Só se emprega "por que" associado a um substantivo: por que razão/motivo/ideia/causa/coisa...

Abraço,
EE

Bush visto por alguns dos que morreram

("Clicar" na imagem para perceber melhor...)

23.1.05

Língua traiçoeira - 3

O texto já está um pouco sumido mas ainda se consegue ver:
Nas lojas da TMN (pelo menos na da Av. Paris, em Lisboa) havia, até há pouco tempo, uma maquineta que sugeria, a quem lá entrava:
«... diriGa-s-e aos balcões...».


Língua traiçoeira - 2

Estranho fiambre, este! O que (ou qual) será a perna-extra do porco?!

Língua traiçoeira - 1


Cabeçalho de uma folha de intervenção da ElectrEcidade de Portugal - Agência de Sintra.

Na altura em que recebi "isto", enviei fotocópia para um Director da LTE, meu conhecido, chamando-lhe a atenção para a "urtugraphya".
Nunca respondeu, "a coisa" manteve-se assim (pelo menos durante mais dois anos), e não sei como será actualmente...

Rosa-choque ou Choque-rosa??

«Choc-choc, choc-choc» é o som que fazem os cascos das alimárias na calçada.
Não será esse o caso, mas o certo é que:
Bush queria Choque e Pavor,
Durão Barroso queria um Choque Fiscal,
o Bloco de Esquerda quer um Choque de Qualificações,
o PPD-PSD quer um Choque de Gestão
o CDS-PP quer um Choque de Valores
e o PS quer um Choque Tecnológico!
Chocados?!
Então não se está mesmo a ver que o Partido Socialista quer aproveitar esta tontice dos Choques para publicitar - e finalmente lançar - como candidato a Presidente da República...
... um engenheiro ELECTROTÉCNICO? (Guterres, claro...)

21.1.05

CARTA NEGRA - 2 - «A Justiça funciona!»

(e até demais...)!

1 - A propósito do Túnel do Marquês, foram sucessivamente «consultados» 3-tribunais-3 (!) a quem foi posta a seguinte questão:


«Devem as obras continuar paradas?».

O primeiro tribunal disse que SIM.

O segundo tribunal disse que NÃO.

Quanto ao terceiro, imagino que deve ter ficado embaraçado, mas também disse que NÃO - azar o dele: só havia duas respostas possíveis...

***

2 - No caso do desastre de Entre-os-Rios, houve também duas opiniões judiciais:

O primeiro tribunal, achou que não havia culpados, considerando que o desastre se deveu exclusivamente a causas naturais.

Após recurso do Ministério Público, a Relação do Porto achou que era capaz de haver responsáveis pela incúria que conduziu à tragédia - e até uma boa meia-dúzia deles!

Mas neste caso, e ao contrário do que parece, não há qualquer contradição, pois haverá algo mais natural no nosso país do que, precisamente, a incúria?


«Cinco medidas...»- propostas de Carlos Pinto Coelho

Cinco medidas para o Serviço Público de Televisão:

1. Nomeação do Presidente da RTP ( só ele, não os restantes membros da Administração) pelo Parlamento, por maioria qualificada, de entre candidatos que apresentem um programa de acção pormenorizado para 4 anos.

2. A RTP na tutela de um Ministro da Cultura influente junto do primeiro-ministro e dos seus pares. (Como na maioria dos países da Europa ocidental).

3.Criação de um Conselho para o Audiovisual apetrechado com poderes robustos de preservação da qualidade do serviço público, exigível a qualquer antena de televisão, pública ou privada. (No modelo do CSCA francês).

4.Criação de uma empresa, exterior à RTP, para gestão e coordenação de conteúdos dos dois canais internacionais de televisão pública: um generalista e outro especificamente dirigido a audiências lusófonas.

5.Criação de uma Secretaria de Estado da Lusofonia, no Ministério da Cultura, tutelando a empresa dos canais TV internacionais; o Instituto Camões; o Instituto da Cooperação e o Instituto do Livro e das Bibliotecas. NÃO um mecenas mas um aglutinador de energias e conteúdos, planificando a exposição universal da cultura portuguesa.

19 Jan 2005

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20.1.05

Pedro Pedreiro pedrado?!

Há quem diga que já não há pachorra para as choraminguices do Pedro Santana Lopes, mas não é bem assim - ele tem algumas de antologia e que bem nos ajudam a enfrentar as agruras da vida.

Depois das rábulas da incubadora e das facadas, agora foi a da casa apedrejada!

O certo é que, neste caso - e embora pareça não ser muito dado a coisas de cultura geral -, ele devia conhecer a directiva do Senhor:

«Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra...»


(Mateus 16:18).

Ou será que já nem há respeito pela Palavra Divina?!


19.1.05

Um raciocínio subtil

Um funcionário do Metro, tendo acabado de colocar um aviso de «Cuidado com os carteiristas!», é vivamente interpelado por um passageiro furibundo:

- Olhe lá! Isto não é assim! Vocês têm de denunciar quem são os larápios, e têm de o provar, caso-a-caso!

Cria-se burburinho e, confrontado por alguns dos presentes com a falta de lógica do que afirma, o cavalheiro puxa de um silogismo de fazer corar Aristóteles:

- Então? Eles não dizem que no Metro viajam carteiristas? Ora, como nós viajamos no Metro, estão a dizer que somos carteiristas! - e há quem «faça que sim» com a cabeça...

Embora esta argumentação, de tão tonta que é, dê vontade de rir, o certo é que Fernado Ruas proferiu uma de teor exactamente igual em reacção a uma declaração de Mário Soares segundo a qual há corrupção nas autarquias.
Dizia o esforçado senhor, recorrendo ao mesmo finíssimo raciocínio:

- Então? Ele não diz que há autarcas corruptos? Ora, como o filho dele e Jorge Sampaio foram autarcas, está a dizer que ambos são corruptos! - e, deliciado com tanta subtileza, sorriu!

Palpita-me que muita gente o acompanhou no riso...


(Publicado na «Visão» de 27 Jan 05 com alguns cortes)

Maravilhas do Metro de Moscovo

Divulgado por Carlos Pinto Coelho:
Clique no link abaixo indicado e depois em cada "M" que existe no mapa.

E veja que maravilha!!!

www.beeflowers.com/Metro/-Startfiles-/index.htm

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«O parente pobre» - artigo de Carlos Pinto Coelho

É verdade que o som é o parente pobre da mensagem em televisão, dominada sobretudo pela imagem.

Até há poucos anos, o chamado «áudio», na gíria dos profissionais, cedia ao império quase absoluto do visual, tanto nos orçamentos para compra de equipamentos como na própria concepção de programas, onde os microfones eram uma praga que «estragava» os cenários.

O importante era o «boneco». Foi assim durante décadas, quando a televisão era território de grandes criações e a concorrência se fazia pelo primor das séries documentais e ficcionais, dos telefilmes, da animação ou do teleteatro.

Mas, pouco a pouco, tudo foi ficando demasiado caro.

Os custos de produção aumentavam à medida que novas e dispendiosas tecnologias vinham acirrar concorrências desmedidas e tornar cada vez menos prováveis os lucros.

Quando a recessão fez rombo nas receitas de publicidade e a globalização favoreceu a concentração dos media em meia dúzia de gigantes, estava aberto o caminho para uma alteração profunda das programações.

Chegara a era das entrevistas longas, dos debates, das «stand up comedies» e dos concursos falados. A palavra substituía-se à imagem. Não por apego à cultura ou iluminação dos povos, mas por opção lucrativa.

O «produto» mais barato enchia horas e horas de emissão.

Assim estamos hoje. Nada tenho contra. Dos raros programas de televisão a que sou fiel, a maioria faz-se de entrevistas e debates. Por isso me dói que o som ainda seja o parente pobre da mensagem em televisão.

Quanto mais a palavra é o conteúdo, mais se exige que ela chegue, intacta, a quem a recebe. Mais ela tem de ser emitida e recebida com propriedade e com limpidez.

Quando utilizada em grupo, espera-se também um trabalho de, digamos, orquestração, que a torne perceptível sem ruídos. Dos escassos programas de debate disponíveis, procuro nunca perder o «Expresso da Meia-Noite», a «Quadratura do Círculo» e o «Clube de Jornalistas», por exemplo.

Interessam-me, por norma, os seus intervenientes, temas e ritmo. Gosto muito do ambiente visual do primeiro, nada do do segundo e pouco do do terceiro, o que não vem agora para o caso.

Grave é o resto. Raramente, em qualquer dos programas que citei, consigo chegar ao fim sem uma sensação de incómodo ou irritação, provocada por sucessivas sobreposições de vozes, ou porque alguém num momento interessante é calado por uma súbita algazarra, ou por desgovernos de câmaras saltitando a despropósito ou falhando o rosto de quem fala.

Os franceses têm uma expressão para isto: «bordélique», que não me atrevo a traduzir literalmente.

O debate em televisão é um género delicado e difícil de praticar com sucesso porque os seus ingredientes são muitos e por vezes conflituais. Ao moderador importa que haja coloquialidade e polémica, mas também quer regra e cortesia.

Cada interveniente leva os seus próprios propósitos que, por diversos que sejam, radicam em vontade de afirmação na antena, e em legítima ambição de ser escutado com atenção e interesse, dentro e fora do estúdio. Ao realizador (forçoso é que seja pessoa culta e informada) cabe apreender com rapidez e inteligência o que se diz e reportar com fidelidade e humildade os gestos, as expressões, os olhares - enfim, a verdade de um encontro humano.

Ora tudo isto não é fácil, num estado de alerta acelerado pelos projectores e pelas câmaras. Basta, por isso, que um destes parceiros de jogo se exceda ou prevarique, para que o bonito castelo se desmorone. Irreversivelmente. Com efeito de estrondo do lado do espectador.

E perdem todos.

Perde o que se encavalita em quem fala porque toda a interrupção irrita e não é perceptível; perde quem estava a falar porque se desorienta, perde o moderador o seu múnus, perde o rumo quem vê em casa. E se o realizador cede à tentação de se impor e ordena inúteis passeios de câmara ou mudanças de plano fora da gramática de uma declaração, o programa enche-se de ruídos insuportáveis.

Tudo é som, num programa de palavras. Vem aí uma campanha eleitoral e, mais uma vez, será pelos debates televisivos (nunca demasiados) que muitos de nós iremos ver e ouvir protagonistas, ganhar e cruzar informações, eventualmente tomar decisões.

É bom momento para propor aos que fizerem debates, que dêem prioridade ao som.

Que nos deixem ouvi-los!
--
Artigo de Carlos Pinto Coelho, publicado n' A CAPITAL de 16 Jan 05

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O avião - Esclarecimento de Nuno Rogeiro

Em relação ao "post" de 11 Janeiro, intitulado «O avião no Pentágono», escreveu-me Nuno Rogeiro a esclarecer a alegação (que fez no RCP) de que o vídeo (*) foi manipulado:

Caro ouvinte

Não tenho tempo para grandes pormenores, mas o video a que me refiro é aquele, supostamente obtido por uma câmara de vigilância, que apanha um suposto objecto a destuir uma das paredes laterais do Pentágono, provocando uma bola de fogo.

O problema é que o video original tem como data 12 de Setembro, e não 11, possuindo uma série de anomalias, entretanto estudadas:

*Aumento da dimensão da bola de fogo

*Alteração da textura de pixels no canto superior esquerdo

*Manipulação dos pixels de paineis da parede, etc.

Cumprimentos

do

NR
--

(*) O vídeo pode ser visto em www.freedomunderground.org/memoryhole/pentagon.php#Preloader

CMR

18.1.05

O Rei dos 18 Buracos

O almirante Américo Thomaz fazia discursos em que dizia coisas como "gosto muito de visitar esta cidade da Guarda que tem uma interessante peculiaridade: estando numa cova, é a cidade mais alta do País." Sampaio, em Xangai, não disse "esta é a primeira vez em que aqui volto desde a última em que cá estive" mas, dirigindo-se a chineses, explicou-lhes que "Portugal é um pequeno País cheio de gente simpática, de sol e de óptimos campos de golfe". Receia-se que os chineses venham aí.
D. Diniz plantou o pinhal de Leiria. Sampaio faz buracos na Quinta do Lago.Com um handicap mauzinho, o Venerando Chefe de Estado pela-se por entregar prémios de torneios amadores que reúnem espanhóis de Badajoz, Mérida e Cáceres nos"greens"do Algarve.
Fontes próximas do Supremo Magistrado da Nação confidenciam que no seu próximo aniversário, alguns amigos tencionam oferecer-lhe um bilhete para o "open" de Atlanta, um boné assinado por Tiger Woods e um novo saco de tacos de titânio.
Por outro lado, segundo as mesmas fontes, Américo Amorim e a administração da Maconde, agradecidos pela oportunidade de pertencerem à comitiva presidencial na visita à China, para onde pensam deslocalizar parte das suas actividades, vão fazer uma vaquinha para oferecerem ao Presidente da República um campo de golf, a fim de ele se entreter quando deixar Belém e continuar a promover o golf em Portugal,tarefa em que se tem revelado de grande utilidade ao País. Os desempregados de Vila do Conde e os corticeiros de Amorim já se voluntariaram para servirem de figurantes, fazendo de público ao longo do percurso, vitoriando o Venerando Chefe do Estado, dando vivas ao "Rei dos 18 buracos".

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Os paga... dores


Lê-se no PÚBLICO de hoje
(http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1213360&idCanal=63):

«A Sedes desafia o próximo Governo a não fugir "às verdadeiras questões" do país: "a consolidação das finanças só pode ser feita com redução de despesa, aumento de impostos, ou uma combinação de ambos"».


Ora, sendo a terceira hipótese uma conjugação das duas anteriores, temos apenas um DILEMA.

No entanto, é possível que alguém pense:

«E que tal a ideia de pôr a pagar impostos quem o não faz?».

Bem... esta terceira hipótese, em geral, não é considerada - se calhar porque ficaríamos perante uma coisa esquisita (um TRILEMA) - mas a Sedes não foge a ela, e «...defende que ao combate à fraude e evasão fiscais deve ser atribuída a prioridade»...

Até aqui, tudo bem.

A novidade vem depois, quando «avisa que o próximo Governo não deverá esperar que um eventual sucesso nesta área "permita consolidar as finanças públicas sem custos políticos"».

Claro, haverá muitos meninos que "não irão à bola" com a ideia...

Por isso, 20 valores pela lucidez!

Os intelectuais e os «nem-por-isso»...

É típico dos medíocres não gostarem de críticas ao que fazem ou dizem.

Quando muito, divagam acerca das DESTRUTIVAS e das CONSTRUTIVAS, fazendo o favor de aceitar as segundas:
«Este crítico compreende como sou bom, e quer ajudar-me a ser ainda melhor!»

Caso paradigmático é o que se passa com os cantores-pimba, que costumam dizer que, se o público gosta, é porque a música é boa.

Mas há também a variante dos políticos (como Fátima Felgueiras, Alberto João Jardim e George W. Bush), que argumentam que, se ganham eleições, é porque têm razão em tudo.

Esse "raciocínio" - que é o melhor que essas cabecinhas conseguem segregar... - costuma vir associado a catilinárias sobre os "intelectuais", substantivo que usam com sentido pejorativo - como recentemente fez Morais Sarmento.

E isso leva-nos a uma conclusão divertida:

Sendo um "intelectual" alguém que "trabalha com o intelecto" (ou seja, que utiliza o cérebro no seu dia-a-dia), o que pensar dos que recorrem a esse facto para atacar outros?

Se calhar, num dos raros dias da sua vida em que consultaram um dicionário, esses anti-intelectuais leram que "PENSAR" (também) significa "DAR O PENSO OU RAÇÃO AO GADO"...

16.1.05

Chinesices

«A China tem um-ponto-três biliões de habitantes».

Nesta pequena frase, debitada por uma jornalista que acompanha Jorge Sampaio à China, estão dois erros muito (demasiado) comuns.

O problema é que, por mais que queiram (e bem se têm esforçado!), nem essa senhora, nem Durão Barroso, nem Paulo Portas, nem Manuela Ferreira Leite nem mesmo Jorge Sampaio... poderão alterar uma coisa que se aprende na escola primária:

Os números decimais escrevem-se com vírgula e não com ponto.
---
Outra coisa que custa a meter em certas cabeças é que, segundo a norma utilizada em Portugal, um bilião não são mil milhões, mas sim um milhão de milhões.
Vá, aprendam:

1 000 ... mil
1 000 000 ... um milhão
1 000 000 000 ... mil milhões
1 000 000 000 000 ... um bilião
---
Mas o prémio do «disparate mais concentrado» ainda são as «duas-ponto-duas gramas» (também na TV, claro).
---
Moral da história: UMA BOA 4ª CLASSE faz muita falta!

14.1.05

CARTA NEGRA - 1


Introdução

INICIO hoje a publicação (que espero que possa ser feita todos os sábados) destas «Cartas Negras» que serão, de certa forma, o seguimento das 159 «Cartas Brancas» publicadas no «Expresso» (*).

Acontece que o meu amigo Roberto, muito dado a questões cabalísticas e com pouco que fazer (está desempregado...), pegou no número 159 – que, à partida, não diz nada a ninguém, para além de ser um múltiplo de 3 – e fez o que é habitual nestas coisas: substituiu os algarismos pelas correspondentes letras do alfabeto.

- Imagina lá o que eu descobri!! – bradou-me ele, ao telefone, às 4h da madrugada de ontem – Já pensaste que as 1ª, 5ª e 9ª letras são o «A», o «E» e o «I»?!

Apesar de estremunhado, percebi tudo: ele queria dizer que algo de importante ficara incompleto – faltava o «O» e o «U»!

Esta Carta é, portanto, o «O», uma das duas que faltava nessa «trilogia-de-cinco» - como o Roberto diz...


*
A MÁQUINA

IMAGINE-SE que alguém, morando perto de um asilo de idosos da 3ª ou 4ª idade, tinha o benemérito hábito de ajudar velhinhos e velhinhas a atravessar a rua.

Imagine-se ainda que, sentindo-se, a certa altura, também ele velho e cansado - e vendo que não poderia continuar a sua filantrópica actividade por muito mais tempo – inventava um «robot atravessador de velhinhos e velhinhas» para lhe dar continuidade.
À primeira vista, tudo parece bem, mas o certo é que haveria uma grande diferença:

A partir desse momento, o nosso amigo arranjaria um novo problema: passaria a ter a obrigação (ou, pelo menos, a preocupação) de manter a geringonça em bom estado.

Tudo isto é para dizer que não basta ter boas ideias – por vezes, também é preciso dar-lhes continuidade.
E é isso mesmo que (não) se está a passar com o auto-colante cuja imagem aqui se reproduz.

O benemérito que o criou e os CTT que o distribuiu fizeram «uma boa coisa por uma boa causa» - mas ficaram-se por aí; é que os «distribuidores de publicidade» que andam de porta em porta arrancam-no com frequência, e nas Estações de Correio (pelo menos naquelas onde me dirigi – e foram muitas) dizem que deixaram de se fazer.
Eles que me desculpem, mas essa explicação não «cola»!

13.1.05

Bizarro fenómeno ocorrido na PSP !!


Por decisão do governo de Santana Lopes, a PSP foi recentemente brindada com uma decisão tão saborosa quanto bizarra.
(A denúncia foi feita no blogue «Random Precision»: http://rprecision.blogspot.com/2005/01/o-sr-director.html e confirmada no «PÚBLICO»: http://ultimahora.publico.pt/shownews.asp?id=1213050&idCanal=90 )



«Apenas» uma palavra curiosa...

A propósito dos professores que, alegando problemas de saúde, passaram à frente de outros aparentemente mais saudáveis, pode ler-se no «JN» de hoje:

«(...) Em Bragança, dos 819 lugares existentes no Quadro de Zona Pedagógica, 441 (53,8%) solicitaram destacamentos por condições específicas.
Um número que o sindicalista diz representar APENAS mais seis vezes do que no ano anterior.
Agora teme-se que o número até possa aumentar no próximo ano "visto que muitos estão a ficar deprimidos devido à ansiedade provo cada pelo atraso dos concursos" (...)»

http://jn.sapo.pt/2005/01/13/sociedade/junta_confirma_metade_atestados_medi.html

12.1.05


Quando este género de humor começa a aparecer, é sinal que o pessoal anda MESMO em baixo...

Curiosidade (ou descoberta?) matemática:
Quem disse que os romanos não conheciam o ZERO?!!


Biblioteca gratuita "online"

Biblioteca gratuita de livros italianos (em formatos Word e RTF):
(Se algum leitor souber de outras semelhantes, poderá divulgar essa informação neste "blogue")

A propósito de «dardos»...

«A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na
inércia.
O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte: o país está perdido!»

Eça de Queirós, 1871, primeiro número d' «As Farpas»

Esta pistola especial chama-se "Taser"...

... foi concebida para, com todo o carinho, disparar pares de dardos contra alvos humanos, paralisando-os com descargas de 50.000 V razoavelmente desagradáveis.
Há também versões para 200.000 V, e qualquer português pode adquirir uma coisa destas.

Para já, tem sido utilizada pelos americanos nas suas «actividades humanitárias» sobre presos, e o nosso GOE (Grupo de Operações Especiais) também foi contemplado recentemente com alguns exemplares. Não sabemos porque é que ainda não deram nenhum à Polícia-de-"Choque"...


(Passe a publicidade: preços e modelos em http://cops911.com/AdvancedTaserHolster.asp )

Os navios de Paulo Portas


Esta é a fragata F483, Sacadura Cabral. Como se pode ver, é completamente diferente (?) da corveta F486. Além do mais, para combater o fármaco abortivo RU-486 teria de ser enviado um vaso de guerra homónimo...

Esta é a corveta F486, um dos dois navios de guerra que Paulo Portas destacou para o glorioso combate naval contra o barco-do-aborto

É só água?!

- Paulo Portas apelou aos portugueses para votarem no CDS-PP, porque o partido "é um dique contra as crises"

- Sócrates, no seu novo cartaz, fala de um "novo rumo"

- Por sua vez, no seu, Santana Lopes afirma-se "contra ventos e marés"

- Morais Sarmento não resistiu ao "apelo das águas" de S. Tomé

Já se suspeitava desta atracção dos políticos pelo mundo naval-aquático desde que Portas enviou 2-navios-de-guerra-2 para combater um rebocador, e mais ainda quando, pouco depois, o governo se reuniu a bordo da Sagres.

Bem... neste caso (que sucedeu na 2ª feira a seguir ao turbulento Congresso do PPD/PSD - onde foi posta em causa a continuidade da coligação com o CDS/PP) colocou-se-me a questão:

O que teria levado tantos adultos a brincar aos marujos?

Andavam a apanhar ar? Ou a apanhar mexilhões?A resposta deu-a à noite a TV, quando os mostrou a todos de boné...


11.1.05

O avião no Pentágono

Como se sabe, no 11 de Setembro despenharam-se quatro aviões:
Dois nas Torres Gémeas, um na Pensilvânia e um quarto no Pentágono.

Sobre este último pouco ou nada se falou. Vale a pena, por isso, ver este intrigante vídeo (demora um pouco a abrir, mas vale a pena) - absolutamente a não perder:

http://www.freedomunderground.org/memoryhole/pentagon.php#Preloader

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NOTA IMPORTANTE:
Ver o "post" de 19 Jan 05 sobre este assunto: observação feita por Nuno Rogeiro

Novas tecnologias


O «computador» da Irmã Lúcia

Inesperada vantagem das «modernices»?

Numa página atribuída à Irmã Lúcia (www.irmalucia.pt.vu/ ) pode ler-se, logo no início:

«Depois de muitos anos de clausura, achei que devia aproveitar a prática que tenho com os computadores para fazer a minha página pessoal e dar-me a conhecer ao mundo...»

Mas a maior vantagem da sua adesão às novas tecnologias vem explicada a seguir:

«... sem ter de quebrar o voto de silêncio da ordem a que pertenço».

Só que...

... contrariamente ao que parece, a referida página é uma mistificação.

Trata-se de uma brincadeira que, no entanto, só se torna evidente quando se vê em detalhe. (Por sinal, o "computador" que aparece logo no início não é mais do que uma máquina de escrever eléctrica...).

9.1.05

Tento na bola!


Quando os filhos quebravam alguma coisa, a minha avó podia não os castigar, mas recordava-lhes sempre: «Sois tontos, partis o que é vosso...».


Outro entendimento teve, há dias, um dirigente desportivo que nos explicou, sorridente, porque é que achava aceitável que adeptos do seu clube destruíssem o próprio estádio – cena a que eu havia assistido com a estranha suspeita de ter ajudado a pagar o que estavam a escavacar.

Por essas e por outras é que, face à náusea de ver tantos políticos de cócoras perante o mundo da bola, me resta o consolo de «torcer» por Bagão Félix - no combate que trava para tentar obrigar os caloteiros a pagar ao povo português o que lhe devem.

Infelizmente, palpita-me que é uma luta inglória, pois a situação já só faz lembrar a rábula do mau-pagador: «Se eu te dever mil, tenho um grande problema; mas se te dever um milhão, quem tem um grande problema és tu!».

Aliás, reacção curiosa foi a de Gilberto Madaíl que, podendo recorrer ao argumento - idiota, mas na moda - que «achava desinteressante o debate», preferiu declarar que estava «estupefacto». Pronto, não diga mais! Já percebemos quem é que vai pagar a conta – por mim, já me sinto «estúpido, de facto»...
Para "EXPRESSO" - "Carta Branca" de 15 de Janeiro 2005

A par... e a passo

A moda de Inverno da classe política parece ser discutir como é que se podem arranjar maiorias estáveis mais facilmente.

Eu sugeriria que se começasse por fazer como os garotos quando brincavam às sociedades secretas: a primeira regra é que o número de membros tem de ser ímpar, para não haver empates nas votações.

Então não é coisa de tontinhos inventar um Parlamento onde o número de deputados é par, permitido rábulas como as do PS que tinha 115 e andou de gatas à procura de um queijo liminano para perfazer 116?

(Depois queixam-se... daí, se calhar, vem o nome de Par-Lamento).

A minha sugestão era reduzir o seu número de 230 para 229. O único problema é que, sendo este um «número primo», pode prestar-se a graçolas de mau gosto, do género:

«Ora... discutem muito, mas, no fundo, são um clube de amigos e... primos!».

(Publicado na «Visão» de 20 Jan 05 com alguns cortes e alterações)



7.1.05


www.jeremias.com.pt

5.1.05

A Turquia e a Europa zig-zagueante

Se é verdade que «uma imagem vale por mil palavras», então «uma dúzia de imagens» vale mesmo MUITO...

Uma boa indicação do que o mundo islâmico pensa acerca das zig-zagueantes posições europeias pode ser vista na página da Al Jazeera: http://english.aljazeera.net/HomePage

Em baixo, onde está «See previous cartoons», procurar a animação de 28 Set 04

A música é outra


Pode-se aceitar que, em certas circunstâncias, alguém que esteja «por cima» mande calar quem esteja «por baixo». Mas, neste estranho país que é o nosso, também pode suceder o contrário:


Há dias, um cavalheiro cujo nome não fixei, desagradado com Abel Mateus (o presidente da Autoridade da Concorrência), mandou-o calar; e Alberto João Jardim, pelo que se lê no «DN» do passado dia 4, fez o mesmo em relação a Jorge Sampaio.


Cenas dessas, pelo seu ridículo sublime, fazem lembrar o que sucedeu num mercado de Lisboa no já remoto dia em que os polícias mudaram de farda, tendo os seus bonés deixado de ter o caricato formato de marmita.

Dizia uma peixeira para outra: «Ao que isto chegou! Então agora até os homens-da-música mandam na gente?!»

Todos-os-Santos... são poucos!

QUANDO, há dias, o país foi abalado por um forte sismo, perguntaram a um responsável dos bombeiros de Lisboa se estávamos preparados para um terramoto de grandes proporções. Felizmente, a resposta foi dada com um sorriso nos lábios, o que permitiu amaciar o seu teor: «Não, não estamos. Ficaríamos dependentes da ajuda internacional».

Ora, o facto de o maremoto do passado dia 26 ter demorado duas horas a chegar à Índia (e umas quatro para atingir África) dá que pensar: apesar dos satélites, da internet, dos telemóveis, dos faxes, dos telefones, da rádio e da TV, não foi possível avisar ninguém - tendo morrido muitos milhares de pessoas que poderiam ter sido salvas. Foi, porventura, a mais grave e inimaginável manifestação de incompetência de que há memória por parte de governos e organizações responsáveis.

Claro que não podemos deixar de nos questionar: «E se tivesse sido em Portugal, país onde nem sequer os parquímetros funcionam?». Se calhar, a resposta vai ser dada quando se comemorarem, precisamente, os 250 anos da catástrofe do dia de Todos-os-Santos de 1755.
Estou a imaginar os encarregados dessas coisas (os da altura e os seus antecessores), reunidos num palanque no Terreiro do Paço, com um olho na assistência e outro, de soslaio, no Tejo. Se, depois dos empolgantes discursos, algum cidadão lhes pedir contas do que têm feito, responder-lhe-ão que, para além de terem apelado à Senhora de Fátima, já nomearam uma comissão para estudar se se deve dizer «maremoto» ou «tsunami».

Resumindo: se um dia destes vier por aí uma onda gigante, o leitor fará o mesmo que toda essa gente tem feito por si: nada.
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NOTA: Uma versão simplificada deste texto foi publicada no «Expresso» de 8 de Jan 05 em «Carta Branca».