E VIVA O «PRECARIADO»!
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ALBERT LONDRES foi um repórter francês , célebre por contar lugares onde não era bom morar. Das prisões da Guiana para onde se mandavam os degredados aos quartéis da África do Norte onde os duros da Legião Estrangeira eram domados com trabalhos forçados, ele viu e denunciou. E é essa testemunha experimentada que, para relatar o Tour, escreveu um livro com este título: Os Condenados da Estrada ou Volta a França, Volta do Sofrimento. E eram os anos 20, quando a prova ainda era gentil e os organizadores, porque ela se fazia por vezes à noite, convidavam os corredores a não fazer barulho quando "atravessassem vilas e aldeias."
Desde aí, volta não volta, cai o escândalo na Volta. Como avisou Albert Londres: "Dante não viu nada!" Para escapar àquele inferno, os corredores procuram pequenos paraísos. Em 1967, Tom Simpson, o primeiro britânico com a camisola amarela, medalhado olímpico, campeão mundial de estrada, subia o Mont Ventoux, onde o mistral sopra a 100 à hora. Estranha caminhada, a de Simpson, em ziguezague, olhar perdido. Cai. Populares das bermas remontam-no para o selim. O olhar continua perdido, as pedaladas hesitantes e queda definitiva. Enroladas na camisola de Simpson, algumas ampolas de anfetaminas. Dir-se-á, porém, piedosamente: o sangue acusou conhaque. Naquele lugar, o vento varre hoje uma lápide. E, cada ano, quando os ciclistas por lá passam, conta a lenda, as pulsações dos corredores dão um salto. De medo e culpa.
De 1954 a 1982, Antoine Blondin acompanhou a Volta a França, relatando-a para o jornal desportivo L'Équipe. No livro com essas crónicas, Voltas a França, escreve sobre o doping: "(...) é a arma ilusória dos mais fracos. Com ele, um mundo que tinha tudo para se afirmar na alegria contagiosa - a audácia, a coragem, a saúde - um mundo se revela possuindo também uma face onde tudo se cala. É a face escondida da Lua, com os seus vales de manha, as suas crateras de suspeita, os seus mares de repressão. É a face escondida da luta."
Doping mau, pois, que repugna a um escritor que era de direita porque o culto de heróis o marcava. Doping que desvirtua o combate dos deuses terrenos. Porém, Blondin escreve também: "Sonhamos com arcanjos, cuja pureza não teme os controlos e que nos dão orgulho na raça humana. Mas admito que haja, apesar de tudo, uma certa grandeza naqueles que foram buscar a não sei que purgatório o melhor deles. Apetece-me dizer-lhes que não deviam, mas emociona-me secretamente que o tenham feito. Os seus olhares perdidos são uma oferenda aos nossos aplausos."
Fomos nós que os viciámos, não em heroína, mas em serem heróis. Temos por eles o carinho que os dealers talvez tenham pelos seus clientes.
Texto: «DN» de 29 de Julho de 2007 - [PH]. O cartoon é de Rodrigo de Matos, publicado no «Expresso-online» («Humoral da História»), e oferecido, pelo autor, ao SORUMBÁTICO
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A propósito de Simpsons, aqui fica uma sugestão: não percam o filme que acabou de estrear; a ver com atenção e eventualmente mais do que uma vez - pois está cheio de pequenos gags que podem passar despercebidos e de referências (homenagens, como se lhes costuma chamar) a muitos filmes famosos. No que toca a estes, nem sequer escapa o «Uma Verdade Inconveniente» (a cena em que Al Gore se mete num ascensor para melhor dramatizar a subida da percentagem de CO2 na atmosfera): o elevador em que Lisa se mete começa por encravar, depois disparata, desata a subir até desaparecer, e por fim desaba no palco...
CMR
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'BART, GOZA COM QUEM É DIFERENTE DE TI'
Por Alberto Gonçalves
É como as pessoas. A comédia televisiva americana atingiu a maioridade quando abandonou a doutrinação política. As séries de maior sucesso nos anos 60, 70 e 80, de Uma Família às Direitas a M.A.S.H., passando por Quem Sai aos Seus, eram abertamente liberais (ao modo da esquerda dos EUA). Hoje, são dificilmente suportáveis. À entrada da década de 90, os herdeiros do humor "descomprometido" de David Letterman criaram as melhores sitcoms conhecidas: o genial niilismo de Seinfeld e The Simpsons.
Ao invés de Seinfeld, os Simpsons não são apolíticos. Apenas não se percebe que tipo de políticos são. Sem particular originalidade, o vulgo considera-os uma "denúncia" da classe média americana. Mas numerosos ensaios (entre os quais o famoso Homer Never Nods, de Jonah Goldberg) tentam recrutá-los para o conservadorismo, e evidenciar a observância, ainda que subtil, dos valores familiares, patrióticos e até religiosos. Atendendo a que o seu principal argumentista é John Swartzwelder, libertário, antiambientalista, defensor do direito de posse de arma e, de acordo com os padrões em curso, um reaccionário, a hipótese não é absurda. É só desnecessária: farejar orientação ideológica na vertigem iconoclasta dos Simpsons é perder boa parte da piada, verificável em 400 episódios e, escusado lembrar, no filme que agora estreou. A graça dos dogmas é sempre inadvertida.
«DIAS CONTADOS» - «DN» de 29 de Julho de 2007 - [PH]
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(*) A resposta certa (Maputo) foi dada, no "Comentário-10", às 22h46m
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