Por Joaquim Letria
OS VELHOS SÃO RABUGENTOS para com os jovens e estes não têm paciência e são insolentes para com os velhos. Não quero, nem me interessa, apurar culpas desta realidade. Mas deixem-me desde já dizer que tenho muita pena que assim suceda, pois uns e outros só tinham a ganhar se se entendessem melhor.
Há sociedades e nações onde os mais velhos são respeitados, e ao escrever isto penso no que muitas vezes vivi em África e na Ásia, onde se reconhece a importância da experiência de vida, o saber feito de anos e de situações difíceis, ricas de maturidade seja na literatura, na filosofia ou na ciência.
Agora que tanto se fala da ida à lua, há 40 anos, recorde-se qual era a “idade do astronauta”, entre os 40 e os 45 anos, considerada a idade do apogeu das capacidades físicas, intelectuais e emocionais do ser humano. Tudo bem. Mas que os maduros e os velhos não esqueçam duas coisas muito importantes. A primeira, que também foram jovens e como então se comportavam. A segunda, que tudo o que é mudança nos gostos, nos hábitos, no divertimento, no que se pensa, no que se acredita e pelo que se luta se deve quase sempre aos jovens.
Foram eles que nos mudaram a moda, a música, a escrita, a linguagem e os meios de comunicação dos últimos 100 anos. Também foram eles a dar vida às ideias comunista, fascista, anarquista, nacionalista, nazi.
Uma vez reconhecida esta verdade, bem podíamos envelhecer juntos e… mais devagar!
«24 horas» de 31 de Julho de 2009
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