30.6.06
«ACONTECE...»
que, ao ver o mundo tão torto,
às vezes, quando adormeço,
desejava acordar morto.
(A. Aleixo)
29.6.06
Mau ambiente
O certo é que tudo isso me fez recordar uma curiosa cena que vivi em 2002, quando acompanhei um numeroso grupo de estrangeiros numa viagem do Porto ao Pinhão: estando eu atento ao que eles comentavam entre si, imagine-se o meu espanto quando reparei que, a partir de certa altura, as interjeições de «Very beautiful!» davam lugar a outras de grande estupefacção e desagrado. Mas a razão estava - literalmente - bem à vista: as maravilhas da paisagem duriense eram "temperadas" por inúmeros sucateiros de automóveis, frigoríficos e colchões na berma da estrada, frutos podres de uma mistura de interesses instalados, ignorância, falta de civismo e de sensibilidade, incompetência crassa e impunidade garantida.
Pelo menos no ano passado, a situação mantinha-se; e é à luz de vergonhas como essa que devem ser analisadas as patacoadas daquela e de outras «grandes figuras» da nossa terra («figurões» - em sentido figurado, claro!).
O Netemprego em duas versões
que soubesses proceder
menos em desarmonia
com o que sabes dizer.
(António Aleixo)
28.6.06
«Um dia em África»
(Sugerido por C.)
«O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial» (*)
Enviado por C.
A 2ª lei da Termodinâmica...
não retrocede o caminho;
só por obra de milagre
pode de novo ser vinho.
(António Aleixo)
«KUNG FU»? (*)
Se isto foi um jogo de futebol, vou ali e já venho. A selecção holandesa parecia a quadrilha dos Irmãos Dalton, genialmente estúpidos e maus. De tal modo que as vacas holandesas, certamente indignadas com o comportamento dos seus conterrâneos, terão decidido mudar de campo e ir pastar para a relva delimitada pela grande área lusitana. Grato pelo apoio, expresso por aquele tiro à barra, Ricardo retribuiu com uma exibição leonina. Do resto – o golo da vitória – incumbiu-se o nosso Lucky Luke – Maniche para os adeptos – com um remate mais rápido do que a própria sombra. Primeiro reduzida a dez combatentes e, depois, a nove, a selecção de Luiz Felipe Scolari fez jus ao apelido do seu treinador e passou a jogar «à italiana curta», revelando enorme capacidade de absorção das linhas da frente (média e atacante) por parte da linha defensiva, tal como as legiões romanas descritas por Maquiavel em «A Arte da Guerra». Ainda assim, não sei bem se aquilo foi uma batalha campal, que justifica citações de Maquiavel, Clausewitz e Sun Tzu, ou se foi um combate de kung fu, que justifica a convocação, não exactamente de Bruce Lee (que já morreu), mas de Boulahrouz, aquele defesa direito que «arrumou» Cristiano Ronaldo com uma patada. Van Basten terá pensado em Bruce Lee.
Admito que, no auge da refrega, dei por mim a trautear o meu hino de trazer por casa: «Os pés da Pátria / Com a Pátria aos pés / Vão lutar pela Pátria / Aos pontapés». Mas, atenção, é mister não confundir patriotismo com nacionalismo. Conforme explica o insuspeito Timothy Garton Ash num excelente artigo sobre o Mundial: «O sentimento nacional não quer dizer forçosamente nacionalismo, com as suas conotações negativas de animadversão e desprezo. Pode ser patriotismo, isto é, que alguém quer muito ao seu país sem odiar os demais». É assim que encaro a próxima partida com a Inglaterra. «O melhor ainda está para vir», diz Sven-Goran Eriksson. «Para nós», espero eu!
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27.6.06
Os que bons conselhos dão
às vezes fazem-me rir,
- por ver que eles próprios são
incapazes de os seguir.
(António Aleixo)
26.6.06
António Aleixo, sempre actual...
enquanto nada podias,
hoje que podes - esqueceste
tudo quanto prometias...
25.6.06
Sem que o discurso eu pedisse,
ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
do que disse não gostei.
(A. Aleixo)
24.6.06
mas quem a dá não percebe
que ela avilta, que ela esmaga
o infeliz que a recebe.
(António Aleixo)
23.6.06
Que não lhe doam as mãos!
«(...) O Ministério das Finanças vai enviar uma carta a cada um dos devedores identificados, que terão dez dias para responder».
UMA VEZ tomadas as precauções para que não haja enganos, e uma vez avisados e re-avisados os faltosos (ainda por cima só os GRANDES), só há que dizer: «Força neles!».
Quanto a punir os responsáveis que, por omissão, permitiram que se chegasse a este ponto... já percebemos que o melhor é esquecer.
és um doutor; em resumo,
és um limão, que espremido,
não dá caroço nem sumo.
(António Aleixo)
22.6.06
Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p' ra quem lê
o que lá não 'stá escrito.
(António Aleixo)
21.6.06
Aquecimento global - Verdade, ficção, ou uma mistura de ambas?
A situação (semelhante à que ocorre nas estufas de plástico ou de vidro) é agravada devido à existência dos chamados gases-de-estufa (nomeadamente o dióxido de carbono resultante da queima dos combustíveis).
No blogue http://www.mitos-climaticos.blogspot.com/ , o Eng. Rui Moura (reformado da EDP, com mestrado em climatologia) aborda esse tema delicado.
AVISO: Expressões como «o chamado aquecimento global», «a pseudo ciência», «o alarmismo» e «o catastrofismo» aparecem com mais frequência do que aquela a que estamos habituados...
Tu não me emprestas dinheiro
porque não tenho vintém;
mas se to pede um banqueiro
quer vinte, ofereces-lhe cem.
(António Aleixo)
EUROMUNDIAL (*)
O mesmo se passa com as melhores selecções africanas. A excelente selecção do Gana tem 17 futebolistas oriundos de clubes europeus, a da Costa do Marfim tem 22 e a do estreante Togo tem 16. É certo que a selecção do Gana, que tem a idade média mais baixa deste Mundial (25 anos e 42 dias) ainda liberta um certo perfume futebolístico de meninos que começaram a jogar à bola nas ruas, nos campos e nos pastos, mas a matriz e a formatação europeias são já evidentes, nomeadamente do ponto de vista táctico.
É um facto que a grande maioria das 32 selecções que participam neste Mundial não representa o futebol que se pratica nos respectivos países - ou Estados-Nação - mas sim o futebol europeu, sobretudo o dos chamados big five (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália). E essa é uma das mais curiosas contradições do futebol actual já que, por um lado, a mediatização e popularidade do futebol são um dos mais impressionantes fenómenos da globalização e, por outro lado, as selecções nacionais são uma espécie de últimos redutos do patriotismo e da identidade dos velhos (e novos) Estados-Nação.
Selecções genuinamente nacionais (mais poderosas ou já em destaque pelas suas boas exibições), talvez só as da Itália, da Alemanha, da Inglaterra, da Espanha e a de um surpreendente Equador (apenas três dos 23 futebolistas alinham em clubes europeus). E mesmo na de Portugal, país futebolisticamente periférico no velho continente, 15 dos 23 eleitos jogam em clubes de outros países europeus (e, se nos restringirmos aos habituais titulares, a percentagem de ‘estrangeirados’ é ainda maior). Por isso, é inadequado falar hoje de um estilo tipicamente português. Tal como é gratuito evocar o mito reaccionário da velha ‘fúria espanhola’ depois de termos assistido à excelente, tranquila, esclarecida e eficaz exibição da Espanha frente à Ucrânia. Mas os mitos têm as costas largas.
É no contexto deste campeonato que mais parece euromundial, que me regozijo com o aumento da consistência e do rendimento da selecção portuguesa frente à do Irão, graças ao regresso de mestre Deco (que jogo, que golo!) e à persistência de mestre Figo em brindar-nos com o seu melhor futebol (esteve nos três golos já obtidos pela equipa). Resta esperar que ainda melhore frente ao México e, sobretudo, nos oitavos de final.
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20.6.06
Esta também dá que pensar...
Acresce que:
1º - As câmaras da Brisa não têm resolução para captar as matrículas dos eventuais infractores (excepto em casos muito especiais, pois é preciso tempo para fazer o zoom - o que só sucede por acção do agente de serviço e exige que o carro esteja parado, ou quase).
2º - Mesmo nesse caso, o uso das imagens é de legalidade discutível.
3º - De noite, então, é um fartote de impunidade...
Há petições para quase tudo. Já agora, vale a pena pensar no que esta diz
Ainda a Ota
(Enviado por Rui Rodrigues)
Eu já não sei o que faça
p' ra juntar algum dinheiro;
se se vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro.
(António Aleixo)
19.6.06
O Alemanha-Grécia em futebol visto pelos Monty Python
(Sugestão rapinada do blogue ABRUPTO)
Até fartar!
É publicado um por dia (estão disponíveis os anteriores, remontando a 1 Abril 06) e têm 5 níveis de dificuldade.
O menino Gauss (*)
Os rapazes entregaram-se às contas, mas o jovem Gauss, após um brevíssimo momento de concentração, escreveu um número na sua ardósia e colocou-a na mesa. Todos acharam estranho. Mas, quando se foi ver o resultado, Gauss tinha acertado, tendo calculado em fracções de segundo o que outros tinham demorado muito tempo a conseguir.
Ao que se sabe, esta história do jovem Gauss foi pela primeira vez escrita um ano após a morte do matemático por um seu colega universitário, de nome Wolfgang Sartorius. É provavelmente verdadeira. Mas ganhou uma vida própria e tem sido recontada e reinventada vezes sem conta. As variações são muitas, algumas delas completamente inverosímeis. Brian Hayes, que recentemente fez uma pesquisa bibliográfica muito pormenorizada (American Scientist 94–3), encontrou cerca de 70 versões da história. Algumas delas colocam um chicote nas mãos do mestre-escola, outras fazem os jovens somar números mais elevados. Uma diz que o professor teria dito aos rapazes para adicionarem os números 81297, 81495, ..., 100899, que seriam certamente difíceis de escrever nas pequenas ardósias com que os estudantes trabalhavam.
Sabe-se que o problema colocado a Gauss e a sua solução tinham aparecido já num manuscrito do século VIII, atribuído ao inglês Alcuin de York (735–804), conhecido como o matemático de Carlos Magno. Mas nada disso, nem sequer os exageros ou a possível falsidade da história, lhe retiram o interesse.
Faça o leitor a experiência. Peça a alguém que some os números de um a cem. Rapidamente a sua vítima notará que é difícil somar directamente todas as parcelas e que é mais fácil agrupá-las. Agrupando-as às dezenas, é natural detectar alguma regularidade. Peça-lhe depois para «dobrar» a sequência de números, como fizemos atrás. Ou então para escrever um triângulo de pontinhos, um em cima, dois debaixo, depois três, e assim por diante. Não é preciso ir até 100, basta chegar a 10 para perceber o problema. A soma do número de pontinhos de um triângulo com 10 linhas é metade da soma de um rectângulo de pontos, com 10 linhas e 11 colunas. Quanto tempo demorará o seu parceiro a descobrir um processo expedito de fazer a soma? E que caminho lhe parece que Gauss terá seguido para descobrir o resultado?
(*) Adaptado do «Expresso»
quantos brancos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos
(António Aleixo)
18.6.06
É pena...
Vem isto a propósito do facto de o «JN» disponibilizar umas centenas de problemas de palavras cruzadas que se podem jogar online.
O problema é que esse podem passou a podiam, pois o que agora aparece é sempre isto:
Vida de cão...
em casa de bom patrão,
fá-lo dizer lá consigo:
- Ai, quem me dera ser cão!
(António Aleixo)