30.6.06

(Env. por JAM)

Fim-de-semana!




AQUI fica o habitual post-aberto das sextas-feiras para quem o quiser utilizar.

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«ACONTECE...»

Macau - No templo da Deusa, o homem sobe para se encontrar com Ela. Ou consigo próprio, o que é, verdadeiramente, a mesma coisa. Ele não o sabe, mas é um homem feliz. Por muitas amarguras que carregue pelas escadas acima, por muitas dores que vá confidenciar, lá em cima, a sós com a Deusa. Ele não o sabe, mas aquela Deusa vai escutá-lo por todo o tempo em que ele Lhe falar. Porque Ela está nele. E tanto basta para que as amarguras se esmoreçam e as dores se acalmem. Vai, homem, em busca do teu consolo. Que só tu conseguirás encontrar - chamando-lhe Deusa. Vai. Eu ficarei, eternamente, de fora. Mas guardarei, com respeito, a tua imagem.
Tanto da vida conheço
que, ao ver o mundo tão torto,
às vezes, quando adormeço,
desejava acordar morto.

(A. Aleixo)

29.6.06

Chinesices?

(Env. por JAM)

Mau ambiente

O Douro, no Pinhão
MAL VAI o país que, em pleno século XXI, ainda tem políticos seus a discutir, como se fazia há muitas décadas, se é preferível ter desenvolvimento económico ou defender o ambiente - questão tão disparatada como perguntar a alguém se prefere ter alimento para comer ou ar para respirar.
Mas essa anacrónica discussão tem a vantagem de nos ajudar a entender atitudes como a do Dr. Fernando Ruas quando recomenda que os fiscais do Ministério do Ambiente sejam «corridos à pedrada», expressão que usou «medindo bem as palavras» (conforme disse) mas que (segundo depois esclareceu) deve ser entendida no «sentido figurado» - retórica finíssima e de uma subtileza só ao alcance de poucos.

O certo é que tudo isso me fez recordar uma curiosa cena que vivi em 2002, quando acompanhei um numeroso grupo de estrangeiros numa viagem do Porto ao Pinhão: estando eu atento ao que eles comentavam entre si, imagine-se o meu espanto quando reparei que, a partir de certa altura, as interjeições de «Very beautiful!» davam lugar a outras de grande estupefacção e desagrado. Mas a razão estava - literalmente - bem à vista: as maravilhas da paisagem duriense eram "temperadas" por inúmeros sucateiros de automóveis, frigoríficos e colchões na berma da estrada, frutos podres de uma mistura de interesses instalados, ignorância, falta de civismo e de sensibilidade, incompetência crassa e impunidade garantida.

Pelo menos no ano passado, a situação mantinha-se; e é à luz de vergonhas como essa que devem ser analisadas as patacoadas daquela e de outras «grandes figuras» da nossa terra («figurões» - em sentido figurado, claro!).
Publicado no «metro» e no «Público-Local» em 6 Jul 06

O Netemprego em duas versões

UMA PESQUISA no Google em "Netemprego" remete-nos, à cabeça, para a página www.netemprego.com/ patrocinada pela empresa de apostas Betandwin.com - o que não deixa de ser uma boa ideia... O outro, o que o Governo ontem anunciou, tem o endereço www.netemprego.gov.pt/ e (pelo menos a mim...) só dá isto:

É a crise...

(Env. por B. Moura)
Falas bem. Mas antes queria
que soubesses proceder
menos em desarmonia
com o que sabes dizer.

(António Aleixo)

28.6.06

Visitante nº 150 000


O LEITOR André Proença acaba de ganhar o prémio prometido ao visitante nº 150000 do «Sorumbático»: um exemplar do livro «Jeremias dá Uma Mãozinha», editado pela Plátano Editora, e que deve aparecer nas bancas na semana que vem. Parabéns!

«Um dia em África»

O DIA 28 de Fevereiro de 2002, um dia normal, simples, como tantos outros, captado em 53 países do Continente Africano (incluindo Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, ...) , pelas câmaras de uma centena de fotógrafos de 26 países.
(Sugerido por C.)

«O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial» (*)

«(...) O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me antender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (...)»
(*) Mia Couto, in «O fio das Missangas».

Enviado por C.

«Acontece...»


DUAS fotos separadas por anos. A mesma denúncia. A primeira , a que chamo "De Passagem", foi feita em Hong Kong. A segunda, a que chamo "O Luxo e o Resto" foi feita no Porto há poucos dias.

A 2ª lei da Termodinâmica...

Vinho que vai p'ra vinagre
não retrocede o caminho;
só por obra de milagre
pode de novo ser vinho.

(António Aleixo)

«KUNG FU»? (*)

ENTRE a indigência dos postais turísticos escritos sobre o joelho e os arrebicados comentários de especialistas que mais se assemelham a teses de doutoramento redigidas em linguagem cifrada, as estatísticas sobre a «batalha campal» travada em Nuremberga entre os brutos calmeirões holandeses e os bravos infantes lusitanos acabam por ser bem mais eloquentes. Durante 42,27 minutos (46,97 % do tempo) o jogo esteve parado. Nos restantes 47,73 minutos (53,03 %) a bola esteve na posse dos «guerrilheiros» lusitanos durante 17,48 minutos (19,42 %) e do «bando de facínoras» holandeses durante 30,25 minutos (33,61 %). Entretanto, foi batido o record mundial da indisciplina em jogos das fases finais de dezoito campeonatos mundiais (18), com dezasseis cartões amarelos (16) e quatro vermelhos (4) a serem distribuídos por um árbitro que mais parecia um perito militar da NATO incumbido de recrutar combatentes para integrarem as fileiras da nova força militar de intervenção rápida da organização. O Ocidente está a salvo.

Se isto foi um jogo de futebol, vou ali e já venho. A selecção holandesa parecia a quadrilha dos Irmãos Dalton, genialmente estúpidos e maus. De tal modo que as vacas holandesas, certamente indignadas com o comportamento dos seus conterrâneos, terão decidido mudar de campo e ir pastar para a relva delimitada pela grande área lusitana. Grato pelo apoio, expresso por aquele tiro à barra, Ricardo retribuiu com uma exibição leonina. Do resto – o golo da vitória – incumbiu-se o nosso Lucky Luke – Maniche para os adeptos – com um remate mais rápido do que a própria sombra. Primeiro reduzida a dez combatentes e, depois, a nove, a selecção de Luiz Felipe Scolari fez jus ao apelido do seu treinador e passou a jogar «à italiana curta», revelando enorme capacidade de absorção das linhas da frente (média e atacante) por parte da linha defensiva, tal como as legiões romanas descritas por Maquiavel em «A Arte da Guerra». Ainda assim, não sei bem se aquilo foi uma batalha campal, que justifica citações de Maquiavel, Clausewitz e Sun Tzu, ou se foi um combate de kung fu, que justifica a convocação, não exactamente de Bruce Lee (que já morreu), mas de Boulahrouz, aquele defesa direito que «arrumou» Cristiano Ronaldo com uma patada. Van Basten terá pensado em Bruce Lee.

Admito que, no auge da refrega, dei por mim a trautear o meu hino de trazer por casa: «Os pés da Pátria / Com a Pátria aos pés / Vão lutar pela Pátria / Aos pontapés». Mas, atenção, é mister não confundir patriotismo com nacionalismo. Conforme explica o insuspeito Timothy Garton Ash num excelente artigo sobre o Mundial: «O sentimento nacional não quer dizer forçosamente nacionalismo, com as suas conotações negativas de animadversão e desprezo. Pode ser patriotismo, isto é, que alguém quer muito ao seu país sem odiar os demais». É assim que encaro a próxima partida com a Inglaterra. «O melhor ainda está para vir», diz Sven-Goran Eriksson. «Para nós», espero eu!

(*) Crónica de Alfredo Barroso no «DN», aqui transcrita com sua autorização

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27.6.06



(Env. por JMFigueiredo)
(Env. por JESCA)

Os que bons conselhos dão
às vezes fazem-me rir,
- por ver que eles próprios são
incapazes de os seguir.

(António Aleixo)

26.6.06

Não será exagero?

A CERTA altura da sua narrativa, Marco Polo fala de um terra que «é tão a Norte, que até a Estrela Polar fica para Sul!»

António Aleixo, sempre actual...

Tu, que tanto prometeste
enquanto nada podias,
hoje que podes - esqueceste
tudo quanto prometias...

25.6.06

O som do silêncio


NÃO SE PERCEBE porque é que o «PÚBLICO», nestes inquéritos, não se dá ao trabalho de fazer os arredondamentos correctos, obtendo sempre (e desnecessariamente) 99%.

Mas o que interessa aqui fazer sobressair é o resultado deste, porventura inesperado.

Sem que o discurso eu pedisse,
ele falou; e eu escutei.
Gostei do que ele não disse;
do que disse não gostei.

(A. Aleixo)

24.6.06

A esmola não cura a chaga;
mas quem a dá não percebe
que ela avilta, que ela esmaga
o infeliz que a recebe.

(António Aleixo)

23.6.06

O fim da macacada



(Também publicado no jornal «metro», no dia seguinte, mas sem a parte final)

Que não lhe doam as mãos!

«(...) O Ministério das Finanças vai enviar uma carta a cada um dos devedores identificados, que terão dez dias para responder».

UMA VEZ tomadas as precauções para que não haja enganos, e uma vez avisados e re-avisados os faltosos (ainda por cima só os GRANDES), só há que dizer: «Força neles!».

Quanto a punir os responsáveis que, por omissão, permitiram que se chegasse a este ponto... já percebemos que o melhor é esquecer.

És um rapaz instruído,
és um doutor; em resumo,
és um limão, que espremido,
não dá caroço nem sumo.

(António Aleixo)

Fim-de-semana!


AQUI fica o habitual post-aberto para quem o quiser utilizar.

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22.6.06

ESTE livro, da colecção Vampiro Gigante, reúne um saboroso conjunto de histórias de mistério da autoria de Conan Doyle, escritas antes da criação de Sherlock Holmes.
Da mesma colecção, «Histórias à Lareira» é um outro conjunto de histórias semelhantes, mas escritas entre a «morte» do famoso detective e a sua «ressurreição» forçada pelos leitores e pelo editor.
Infelizmente, e em ambos os casos, são particularmente irritantes as inúmeras gralhas que polvilham os textos, devidas a uma revisão inexistente ou feita às-três-pancadas.
COMO SE SABE, há bandeiras de Portugal por tudo quanto é lado.
Mas o que faltava mesmo era meter uma no espaço!
(Env. por JMF)

Nas quadras que a gente vê,
quase sempre o mais bonito
está guardado p' ra quem lê
o que lá não 'stá escrito.

(António Aleixo)

21.6.06

Aquecimento global - Verdade, ficção, ou uma mistura de ambas?

ESTA imagem mostra, de forma simples, o efeito de estufa:

Os raios solares atravessam a atmosfera em direcção à Terra, aquecem-na, mas a radiação de retorno já não consegue fazer o caminho inverso devido ao seu comprimento de onda, que é diferente.

A situação (semelhante à que ocorre nas estufas de plástico ou de vidro) é agravada devido à existência dos chamados gases-de-estufa (nomeadamente o dióxido de carbono resultante da queima dos combustíveis).

No blogue http://www.mitos-climaticos.blogspot.com/ , o Eng. Rui Moura (reformado da EDP, com mestrado em climatologia) aborda esse tema delicado.

AVISO: Expressões como «o chamado aquecimento global», «a pseudo ciência», «o alarmismo» e «o catastrofismo» aparecem com mais frequência do que aquela a que estamos habituados...

Tu não me emprestas dinheiro
porque não tenho vintém;
mas se to pede um banqueiro
quer vinte, ofereces-lhe cem.

(António Aleixo)

EUROMUNDIAL (*)

O QUE ESTE Mundial mais uma vez confirma é o domínio avassalador do futebol europeu ou, mais precisamente, dos futebolistas que jogam em clubes europeus. Mesmo duas grandes potências futebolísticas como a Argentina e o Brasil não escapam à regra. Entre os 23 jogadores argentinos seleccionados, apenas três jogam na Argentina e dois no Brasil. Os outros 18 alinham em clubes europeus. A percentagem de ‘estrangeirados’ é ainda mais esmagadora na selecção do Brasil: apenas um dos guarda-redes suplentes joga num clube brasileiro. Todos os outros 22 jogam em grandes clubes europeus.

O mesmo se passa com as melhores selecções africanas. A excelente selecção do Gana tem 17 futebolistas oriundos de clubes europeus, a da Costa do Marfim tem 22 e a do estreante Togo tem 16. É certo que a selecção do Gana, que tem a idade média mais baixa deste Mundial (25 anos e 42 dias) ainda liberta um certo perfume futebolístico de meninos que começaram a jogar à bola nas ruas, nos campos e nos pastos, mas a matriz e a formatação europeias são já evidentes, nomeadamente do ponto de vista táctico.

É um facto que a grande maioria das 32 selecções que participam neste Mundial não representa o futebol que se pratica nos respectivos países - ou Estados-Nação - mas sim o futebol europeu, sobretudo o dos chamados big five (Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália). E essa é uma das mais curiosas contradições do futebol actual já que, por um lado, a mediatização e popularidade do futebol são um dos mais impressionantes fenómenos da globalização e, por outro lado, as selecções nacionais são uma espécie de últimos redutos do patriotismo e da identidade dos velhos (e novos) Estados-Nação.

Selecções genuinamente nacionais (mais poderosas ou já em destaque pelas suas boas exibições), talvez só as da Itália, da Alemanha, da Inglaterra, da Espanha e a de um surpreendente Equador (apenas três dos 23 futebolistas alinham em clubes europeus). E mesmo na de Portugal, país futebolisticamente periférico no velho continente, 15 dos 23 eleitos jogam em clubes de outros países europeus (e, se nos restringirmos aos habituais titulares, a percentagem de ‘estrangeirados’ é ainda maior). Por isso, é inadequado falar hoje de um estilo tipicamente português. Tal como é gratuito evocar o mito reaccionário da velha ‘fúria espanhola’ depois de termos assistido à excelente, tranquila, esclarecida e eficaz exibição da Espanha frente à Ucrânia. Mas os mitos têm as costas largas.

É no contexto deste campeonato que mais parece euromundial, que me regozijo com o aumento da consistência e do rendimento da selecção portuguesa frente à do Irão, graças ao regresso de mestre Deco (que jogo, que golo!) e à persistência de mestre Figo em brindar-nos com o seu melhor futebol (esteve nos três golos já obtidos pela equipa). Resta esperar que ainda melhore frente ao México e, sobretudo, nos oitavos de final.
(*) Crónica de Alfredo Barroso no «DN» de hoje (não está online), aqui transcrita com sua autorização.

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20.6.06

Esta também dá que pensar...

NUM PAÍS em que morre mais gente nas estradas do que norte-americanos no Iraque, a rapaziada continua a fazer experiências:

Acresce que:

1º - As câmaras da Brisa não têm resolução para captar as matrículas dos eventuais infractores (excepto em casos muito especiais, pois é preciso tempo para fazer o zoom - o que só sucede por acção do agente de serviço e exige que o carro esteja parado, ou quase).

2º - Mesmo nesse caso, o uso das imagens é de legalidade discutível.

3º - De noite, então, é um fartote de impunidade...

Há petições para quase tudo. Já agora, vale a pena pensar no que esta diz

«Uma vez por mês e durante alguns dias, o Parlamento Europeu transfere-se de Bruxelas para Estrasburgo por inteiro, com todos os seus colaboradores e toda a sua documentação. A única razão para este desperdício de 200 milhões de euros por ano deve-se à vontade da França. Todos os países da União pagam a conta! Nós também! Presentemente, um determinado número de membros do Parlamento Europeu, pertencentes a diferentes partidos e países, iniciaram uma acção que visa acabar com este desperdício ridículo. É necessário recolher um milhão de assinaturas para que este assunto possa ser inserido na agenda da Comissão Europeia (...)».

Era uma vez...



(Enviado por JMFigueiredo)

Uma "data" deles

Ainda a Ota

UM TEXTO interessante sobre a Ota, disponível em: www.publico.clix.pt/Homepage/Includes/Cargas/12.06.2006/sup.pdf

(Enviado por Rui Rodrigues)

Eu já não sei o que faça
p' ra juntar algum dinheiro;
se se vendesse a desgraça
já hoje eu era banqueiro.

(António Aleixo)

A invenção do medica...mente?

ESPEREMOS agora que alguém nos explique esta bizarria...

19.6.06

O Alemanha-Grécia em futebol visto pelos Monty Python


UM FABULOSO jogo de futebol entre filósofos da Alemanha e da Grécia (em que se destaca uma jogada magistral de Arquimedes) pode ser visto em http://www.youtube.com/watch?v=xrShK-NVMIU

(Sugestão rapinada do blogue ABRUPTO)

Até fartar!

OS APRECIADORES deste passatempo encontrarão em http://sudoku.mundopt.com/ MUITO com que se entreter...
É publicado um por dia (estão disponíveis os anteriores, remontando a 1 Abril 06) e têm 5 níveis de dificuldade.

O menino Gauss (*)

É UMA lenda matemática famosa. Conta-se que Carl Friedrich Gauss (1777–1855), um dos matemáticos mais brilhantes de todos os tempos, talvez mesmo o mais brilhante de sempre, quando tinha sete anos deu uma lição ao seu professor.
Um dia, na aula, o mestre-escola entregou aos rapazes um exercício fastidioso: somar todos os números de 1 a 100. Cada um, depois de o fazer, deveria assentar o resultado na pequena ardósia que usava e colocá-la na mesa do professor.

Os rapazes entregaram-se às contas, mas o jovem Gauss, após um brevíssimo momento de concentração, escreveu um número na sua ardósia e colocou-a na mesa. Todos acharam estranho. Mas, quando se foi ver o resultado, Gauss tinha acertado, tendo calculado em fracções de segundo o que outros tinham demorado muito tempo a conseguir.
Segundo uma especulação muito comum, Gauss teria reparado que a soma podia ser rescrita «dobrando a meio» a lista de números e agrupando pares a contar dos extremos. Assim, em vez de somar 1 + 2 + 3 + ... + 99 + 100, teria somado (1 + 100) + (2 + 99) + (3 + 98) + ... (50 + 51). Como todos pares entre parêntesis têm como soma 101 e como há 50 desses pares, o total é fácil de calcular: 101 x 50 = 5050. Bingo!
É um resultado impecável. Dele se obtém uma fórmula genérica para somar qualquer sequência de números de 1 a n: (n + 1)n/2. No caso do problema de Gauss, essa fórmula dará (1 + 100) x 100/2 = 5050. Se nos perguntarem pela soma dos números de um a um milhão, também poderemos obter imediatamente o resultado. Tal como com dez milhões, ou um milhão de milhões...


Ao que se sabe, esta história do jovem Gauss foi pela primeira vez escrita um ano após a morte do matemático por um seu colega universitário, de nome Wolfgang Sartorius. É provavelmente verdadeira. Mas ganhou uma vida própria e tem sido recontada e reinventada vezes sem conta. As variações são muitas, algumas delas completamente inverosímeis. Brian Hayes, que recentemente fez uma pesquisa bibliográfica muito pormenorizada (American Scientist 94–3), encontrou cerca de 70 versões da história. Algumas delas colocam um chicote nas mãos do mestre-escola, outras fazem os jovens somar números mais elevados. Uma diz que o professor teria dito aos rapazes para adicionarem os números 81297, 81495, ..., 100899, que seriam certamente difíceis de escrever nas pequenas ardósias com que os estudantes trabalhavam.

Sabe-se que o problema colocado a Gauss e a sua solução tinham aparecido já num manuscrito do século VIII, atribuído ao inglês Alcuin de York (735–804), conhecido como o matemático de Carlos Magno. Mas nada disso, nem sequer os exageros ou a possível falsidade da história, lhe retiram o interesse.

Faça o leitor a experiência. Peça a alguém que some os números de um a cem. Rapidamente a sua vítima notará que é difícil somar directamente todas as parcelas e que é mais fácil agrupá-las. Agrupando-as às dezenas, é natural detectar alguma regularidade. Peça-lhe depois para «dobrar» a sequência de números, como fizemos atrás. Ou então para escrever um triângulo de pontinhos, um em cima, dois debaixo, depois três, e assim por diante. Não é preciso ir até 100, basta chegar a 10 para perceber o problema. A soma do número de pontinhos de um triângulo com 10 linhas é metade da soma de um rectângulo de pontos, com 10 linhas e 11 colunas. Quanto tempo demorará o seu parceiro a descobrir um processo expedito de fazer a soma? E que caminho lhe parece que Gauss terá seguido para descobrir o resultado?

(*) Adaptado do «Expresso»

Qualquer dia será assim...

(Enviado por N. Coutinho)
Quantas sedas aí vão,
quantos brancos colarinhos,
são pedacinhos de pão
roubados aos pobrezinhos
(António Aleixo)

Os números das greves

NOTA: O jornal «metro» de 19 Jun traz também uma outra carta (intitulada «Pelos professores»), que me é atribuída por engano.

18.6.06

Prova do Aquecimento Global

NOTA: este gag já aqui foi publicado, mas numa outra versão - sob a forma de desenho.

(Enviado por JMFigueiredo)

É pena...

JÁ POR várias vezes aqui se referiu que não basta ter boas ideias - é preciso, também, acarinhá-las, não as deixando morrer.

Vem isto a propósito do facto de o «JN» disponibilizar umas centenas de problemas de palavras cruzadas que se podem jogar online.

O problema é que esse podem passou a podiam, pois o que agora aparece é sempre isto:

Vida de cão...

Visto um cão por um mendigo
em casa de bom patrão,
fá-lo dizer lá consigo:
- Ai, quem me dera ser cão!

(António Aleixo)

Já melhorou...

RECENTEMENTE, mostrou-se aqui uma outra versão deste anúncio que aparece (pelo menos) no Correio da Manhã online e comentava-se o facto de, entre outras barbaridades, Portugal estar escrito com minúscula e Golo com maiúscula - o que, vendo bem, está perfeitamente coerente com a cabecinha de quem concebeu "a coisa".
Mas o que dava mais nas vistas eram as duas bandeiras nacionais ao contrário, com o vermelho do lado do mastro.
Nesta versão actualizada, e porventura enquanto não encontram o Livro de Instruções, os analfabetos de serviço ao casino tiraram o mastro...
Agora, já só falta descobrirem que os nomes dos países se escrevem com maiúscula.

Milagre?


ESTE crime ecológico, pela sua dimensão, frequência e impunidade, é um maiores escândalos nacionais.
No entanto, não tem nada de milagre pois, para que uma ilegalidade exista, bastam duas condições:
Que haja quem a pratique e quem a deixe praticar.
Neste caso, desde há muito que ambas estão garantidas, mesmo quando o actual primeiro-ministro era Ministro do Ambiente.