Por Joaquim Letria
AQUI HÁ TEMPOS, José Vieira Mendes escrevia que faltam no parque cinematográfico português pequenos cinemas que “divulguem obras inovadoras, contemporâneas e de repertório, com uma programação de arte e ensaio, assente na qualidade, na diversidade e na independência”. Dizia ele que “com a facilidade que existe de ver cinema em casa e a dispersão do entretenimento doméstico, caberia a essas salas alternativas ajudar o espectador a tornar-se um cinéfilo exigente com sentido crítico”. Não posso estar mais de acordo.
José Vieira Mendes não tem idade para recordar, mas digo-lhe eu que só a rede de cinemas de bairro que havia em Lisboa, com os seus dois filmes e bilhetes baratos, dava uma ímpar cultura cinematográfica, mostrando filmes espanhóis, mexicanos, italianos, franceses, indianos, alemães, britânicos e americanos, base para os ciclos eruditos dos cineclubes e para as superproduções do Império, Monumental, São Jorge ou Tivoli. Não me cinjo ao Chiado Terrace, Paris, Europa, Lys, Jardim Cinema e outras glórias das salas de “réprise”. Falo dos “piolhos” de bairro, como o Campolide, o Imperial e tantos outros. Dezenas de filmes alternativos projectados diariamente. "Westerns”, drama, acção, guerra, amor, políticos, sociais, comédias, musicais, etc.. Obras boas, más, péssimas e assim-assim. Tudo à disposição. Que saudades!
«24 horas» de 27 de Novembro de 2009
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