30.7.15

Os «Filhos do Califado»

Por C. Barroco Esperança
O recrutamento de crianças-soldado é a nova estratégia do covil designado por Estado Islâmico (EI). O intenso treino militar e religioso a que os bandidos de Deus submetem as crianças tem como objetivo «educá-las» para se tornarem soldados da jihad nos conflitos armados, recebendo treino para realizarem ataques suicidas e executarem prisioneiros.
 É fácil fanatizar crianças e incutir-lhes as mais macabras fantasias, como sabem os que têm um módico de formação em psicologia infantil ou, simplesmente, lidam com crianças. O entusiasmo fácil e o gosto de agradarem aos adultos ficam à mercê da demência beata de loucos e da violência dos fanáticos.
 O problema já existe à escala global com recrutamentos e treino no Uganda, República Democrática do Congo, Iraque e um pouco por todo o lado onde os bandos de crentes ignaros e cruéis se viram para Meca e recitam versículos do manual terrorista Alcorão, enquanto os «filhos do Califado» degolam bonecos e assistem aos vídeos com que o EI apavora os Estados democráticos.
 A mobilização de crianças tem para os recrutadores o benefício de perpetuarem o terror nas próximas gerações. Expostas a tal violência e crueldade, acabam imunes a qualquer gesto de humanidade, seres que se tornam adultos alheios à solidariedade e ao amor.
 A Cruzada dos Inocentes, onde a lenda e a demência pia se confundem no proselitismo cristão, sacrificou crianças da França e Alemanha, em 1212. A demência e a realidade andam agora unidas na crueldade, oito séculos depois, através dos sicários de Maomé, com o apoio político dos Irmãos Muçulmanos. 
 Ponte Europa / Sorumbático

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26.7.15

Luz - Hotel em Tróia

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Plano interior de um hotel de Tróia. Estive mais de vinte anos sem vir por estes lados. A penúltima vez que lá passei, vivia-se em clima de crise (empresas praticamente falida, degradação das instalações e dos equipamentos), os edifícios estavam velhos, os clientes arrastavam-se… Agora, as coisas parecem ter melhorado. As famosas torres foram derrubadas, ou antes, “implodiram”, construíram-se novas moradias e novos edifícios, fez-se um novo casino… Quando por lá passei, há menos de um ano, havia pouca gente nas ruas, nos hotéis e no casino. Mas pessoas que lá trabalham disseram que o “resort” estava a progredir… Apesar do clima de crise… (2014)

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A COR DOS MINERAIS

Por A.M. Galopim de Carvalho
A impressão de cor que nos é dada por um qualquer corpo, no caso vertente, un mineral, é consequência da absorção das radiações de determinados comprimentos de onda do espectro da luz branca que incide sobre ele. Por exemplo, o rubi (variedade de corindo, óxido de alumínio) é vermelho porque absorve as radiações com comprimentos de onda 625 a 740 nm (nanómetros), o enxofre é amarelo porque absorve a gama compreendida entre 565 e 590 nm,   a safira (outra variedade de corindo) é azul porque retém as radiações com 440 a 485 nm. O quartzo leitoso e o sal-gema são brancos quando não absorvem nenhuma das ditas radiações, A grafite (carbono nativo) e a pirolusite (dióxido de manganês) são negros porque retêm a quase totalidade das mesmas.

A cor depende de vários factores, entre os quais se destaca a composição química, como é o amarelo no enxofre, o verde e o azul nos minerais com cobre, respectivamente, na malaquite e na azurite, ou o vermelho nos com ferro, como é o caso da hematite. Depende também da estrutura cristalina que explica a diferença de cor e a permeabilidade à luz dos dois minerais de carbono, o diamante (hialino) e a grafite (opaca e preta). Depende ainda da presença de de “impurezas”, termo utilizado para referir partículas de ínfima dimensão de outros minerais incluídas no seu seio como são os casos do óxido e do hidróxido de ferro de ferro no interior do quartzo ou do feldspato, corando-os, respectivamente de vermelho e de amarelo. Consideram-se, ainda, impurezas certos elementos químicos presentes nas redes cristalinas de alguns minerais, em quantidades reduzidíssimas (não figurados na respectiva fórmula química). É o caso do crómio incluído na rede do berilo (silicato de alumínio e berílio),responsável pela cor verde da variedade gema bem conhecida pelo nome de esmeralda. O mesmo elemento químico é o responsável pela cor vermelha do rubi. Na safira, a bela cor azul é devida à presença de ferro e titânio. Outros factores determinantes da cor dos minerais são explicados em domínios muito especializados da física que ultrapassam a nossa preparação, sendo suficiente saber que existem.

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25.7.15

O Rei Sol e o rei Lua

Por Antunes Ferreira
Os franceses tiveram o seu Rei Sol entre dois séculos, Luís XIV; nós temos o Rei Lua, o político mais longevo desde o 25 de Abril, Aníbal Cavaco Silva; as diferenças entre os dois não são diferentes como se possa imaginar. Luís XIV foi o monarca europeu que durou 72 anos  e 110 dias o que significa que o seu reinado foi o mais longo da história da Europa.  Por seu turno Cavaco na política desde 1980, até 1981, ministro das finanças de Sá Carneiro; amealhou mais 11 anos como primeiro-ministro a que se juntam pelo menos mais nove (nesta data em que escrevo) que ainda podem chegar aos dez. Ou seja, há 22 anos, mais coisa, menos coisa, que o aturamos.
Luís XIV tinha o seu cardeal Giulio Mazarino, Cavaco tem o seu Pedro Passos Coelho; ao primeiro é atribuída a frase “L´ État c' ést moi”, ao segundo atribuem-se muitos ditos incríveis e inultrapassáveis, como por exemplo, o famoso façarei e os  cidadões. Ao Rei Sol credita-se-lhe a frase "Eu quase que esperei'". Dizia isso, mesmo com todas as suas carruagens chegando à hora marcada, o que demonstra bem o carácter absolutista e a visão que ele tinha de si mesmo.
Ao senhor Silva (recorde-se Alberto João Jardim) entre outras bacoradas credita-se-lhe o incrível “Para serem mais honestos do que eu tinham que nascer duas vezes”, que, aliás, afirmou, por duas vezes. O homem de Boliqueime também pensa que o Estado é ele. Basta ver-se a forma como entrou na pré-campanha eleitoral de 4 de Outubro, ao lado do seu partido, o PSD, transformado no eco, audível e visível do (des)Governo.  E ainda mais: se não houver uma maioria absoluta que garanta um modelo estável não dará posse ao Governo que sair das legislativa, seja ele do PS ou da coligação PSD/CD. Raios! E a Constituição?
É inacreditável, mas verdadeiro. Cavaco continua a ser o presidente dos ditos sociais-democratas, quando devia ser o Presidente de todos os Portugueses. Estultícia. Hoje em dia (quase) todos os Portugueses, pelo menos os que têm melhor formação e melhor informação (?), riem-se das bojardas em que é perito e até já acham (veja-se António Costa) que o falecido almirante Américo Tomás, último Presidente do Estado Novo, consegue ser melhor do que Cavaco.
Por vezes tem-se a sensação que ele é o pior PR do regime em democracia e liberdade que resultou do 25 de Abril – pelo menos eu assim penso. Mas creio que os meus concidadãos pensam da mesma maneira; ainda que as sondagens valham o que valham, ele é o menos votado, ou seja, tem a pior percentagem de intenções de voto de todos os Presidentes que o antecederam. Seria preciso mais? Para mim, não. Para alguns as sondagens mentem. Pontos de vista contraditórios.
É, infelizmente, uma situação muito complicada. O imbróglio é que por agora só existe uma dicotomia: um bom candidato – ou um mau candidato. De todos parece que o menos mau é Sampaio da Nóvoa. Porém pode ser o “mons parturiens”? Muita gente vem anunciando que se vai candidatar a Belém, mas são peanuts. Ninguém acredita que o engenheiro Henrique Neto, o dr. Paulo Morais, Carvalho da Silva e outros possam ganhar as eleições presidenciais. Há ainda aqueles de quem se diz que são candidatos a candidatos: Marcelo Rebelo de Sousa, Ri Rio e Pedro Santana Lopes. Livre-nos Deus…
O mais engraçado nesta política à portuguesa – e como diria La Palice ou o amigo Banana – é que enquanto se pensa nas presidenciais, parece que se esquecem as legislativas. Não é, porém, verdade. Os Partidos principais coligados ou isolados já apresentaram os respectivos “cadernos de encargos, os respectivos Programas para as eleições de 4 de Outubro. E já escolheram ou estão prestes a fazer as suas listas e candidatos.
Pelo andar da carruagem até parece que os partidos têm medo das… presidenciais. Se já tivessem escolhido os candidatos ao palácio de Belém, estariam no que se convencionou zona de conforto. Esta e o mito urbano ficaram, para já, na História de Portugal. No entanto, quando abordo este tema crucial lembra-me sempre a anedota sobre os partidos. Eu conto. Num comício eleitoral o candidato que chefiava a lista de qualquer coisa, engrossando a voz, apontava a si mesmo: Eu não vou em cantigas. Eu sou um homem de um só partido! E repisava, eu sou um homem de um só partido!

E no meio dos assistentes ouviu-se claramente uma voz: “Então, vem cá abaixo que eu parto-te o outro…” Si non è vero è ben trovato…

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23.7.15

«Tudo corre pelo melhor no melhor dos mundos possíveis»

Por C. Barroco Esperança 
A dívida soberana disparou 60.000 milhões de euros nos quatro anos do atual Governo. Só em maio, a dívida das administrações públicas subiu 3.777 milhões de euros face a abril, fixando-se nos 229.204 milhões de euros, [números ontem divulgados pelo Banco de Portugal (BdP)] mas a central de propaganda, onde Miguel Relvas, Marco António e Paulo Júlio contam com o apoio de Cavaco Silva, oculta o descalabro.
 O referido boletim estatístico do BdP informa ainda que, no final de maio, as empresas tinham falhado pagamentos aos bancos num valor superior a 13,4 mil milhões de €€, ou seja, 15,7% dos empréstimos totais, 85,2 mil milhões de €€, dois máximos históricos.
 O País viu partir os seus mais jovens e qualificados emigrantes, aumentar o desemprego e alienar ativos estratégicos do Estado no cumprimento implacável da agenda ideológica desta maioria, num processo contrarrevolucionário de dimensões imprevisíveis.
 A inépcia na governação foi substituída pela máquina de intoxicação onde o aumento da dívida, 36%, deu origem à reiterada afirmação de que o Governo pôs as contas em dia.
 O acelerado empobrecimento é a marca do mais inapto PM do período democrático sem que o nepotismo da despedida o impeça de reabrir embaixadas encerradas por motivo de poupança e perdulariamente ativadas para colocar correligionários.+++ Nunca os impostos tinham atingido proporções tão insuportáveis nem a decadência ética ido tão longe. Com o Governo moribundo, uma maioria a desagregar-se e o PR em fase terminal, aproximam-se eleições com o país sem rumo, sem futuro e sem Orçamento de Estado num quadro previsivelmente conflituoso e sem tempo para corrigir a rota.
Passos Coelho, Cavaco Silva e Paulo Portas afirmam que «Tudo corre pelo melhor no melhor dos mundos possíveis». Nenhum cora de vergonha, os primeiros porque nunca leram o “Cândido”, de Voltaire, e ignoram o Dr. Pangloss, e o último por ser cínico.
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Ponte EuropaSorumbático

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19.7.15

Luz - Terreiro do Paço, Lisboa

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Já aqui um dia um comentário de uma leitora sublinhava o facto de uma fotografia não dizer nada do local onde tinha sido feita. Podia ter sido em qualquer sítio… Concordei, mas não considero o facto negativo. Na verdade, este blogue não é sobre Lisboa, é sobre a luz… Nesse espírito, insisto! Este passeante, sozinho, vestido como quem trabalha em escritório, com chapéu quase de férias e com deliciosa sola de sapato, estava a pedir uma fotografia. De costas, como tantas vezes faço, na tentativa de estar a ver o que as pessoas vêem ou de me dirigir para onde elas vão. (2014)

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A Tragédia Grega


Prometeu agrilhoado, pintura em cerâmca grega, estilo clássico (séc. V e IV a. C.)
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Por A. M. Galpim de Carvalho
Nos dias difíceis e de grande incerteza que estamos a viver, entendo ser meu dever e meu direito de cidadania intervir mais activa e publicamente no debate político a que se assiste no nosso país e na Europa.
Como escreveu há dias Bernardina Sebastião, na sua página do FB, estamos a assistir em Bruxelas ao recuo civilizacional da Europa e é, precisamente, este sentimento que me invade. Vindo de diversos media, através da palavra falada e escrita de analistas que muito estimo, este recuo afigura-se-me como um prenúncio de mais uma tragédia grega que, desta vez, não deixará de irradiar consequências indesejáveis.
Para Ésquilo (524-455 a. C.), considerado o pai da tragédia grega, há cerca de 25 séculos, Prometeu era um dos seus grandes heróis que lutavam contra os caprichos dos deuses e dos poderosos. Prometeus são hoje todos os gregos que lutam contra a indignidade a que estão a ser sujeitos.
Na capital dos belgas, o poder do dinheiro (maioritariamente representado por governantes e tecnocratas dos países ricos e pelos que, não o sendo, gostavam de o ser) tem vindo a humilhar despudoradamente o povo grego. O berço da civilização ocidental e da democracia a, vítima da má governação e da corrupção de décadas, corre sério risco de sucumbir face à vertigem insaciável do capitalismo. Com o ainda muito provável afastamento da Grécia, como lembrou Viriato Soromenho Marques, no DN de 29.06.2015, «os que ficarem dentro do muro de uma "Europa alemã", com uma prosperidade cada vez mais aparente e efémera, talvez contemplem o espetáculo de desespero, sofrimento e grandeza de um povo que rejeitou a gamela para recuperar o direito à liberdade».
Assim como Prometeu, o povo grego está hoje agrilhoado.

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16.7.15

A Europa, a Alemanha e o “IV Reich”

Por C. Barroco Esperança
Concordo com a Sr.ª Merckel ao dizer que os países europeus devem estar preparados para perder soberania. Há muito que defendo a integração europeia, política, económica e social, com harmonia fiscal, diplomacia comum e defesa coletiva, o que não é pacífico entre os europeus. Só desconheço se a chanceler engloba na afirmação a Alemanha, cuja reunificação foi benevolência de vencedores, e se a vontade democrática dos povos que a habitam é tida em conta.
 O pré-acordo com a Grécia, embora admita a reestruturação da dívida, uma necessidade comum a toda a União Europeia, foi um acordo firmado sob o sequestro do povo grego, com Tsipras a ver as imagens do seu país sem comida, medicamentos ou alternativa. Foi um acordo apoiado em métodos da Inquisição para a obtenção de provas de heresia.
 O Sr. Wolfgang Schäuble provou que não desdenha o “IV Reich” e que a destruição do Syriza e a expulsão da Grécia da zona euro e da UE eram o seu objetivo. O primeiro já o conseguiu e o segundo está em curso com um único percalço, a União Europeia e a sua moeda não sobrevivem ao naufrágio grego. O implacável ministro alemão das Finanças sabe de números mas esquece a história do seu país e desconhece a alma dos povos que são filhos da cultura helénica e herdeiros do Iluminismo e da Revolução Francesa.
 Os ministros que se põem de cócoras ou pousam a seu lado, para o álbum da ignomínia, são seus cúmplices na destruição da Europa, ontem sob as botas cardadas, agora sob as regras que impõe aos outros e não cumpre, à revelia de qualquer escrutínio democrático.
 Há um clamor entre os europeus, que não exoneraram a ética e a solidariedade dos seus sentimentos, que acaba virado contra a Alemanha e a impedirá do devaneio hegemónico e do despertar dos demónios que ciclicamente ressuscita para atormentar a Europa.
 Se os alicerces do IV Reich já foram lançados é o novo holocausto que se aproxima.
 Ponte Europa / Sorumbático

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12.7.15

Luz - Ribeira das Naus, Lisboa.

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Duas turistas acaloradas repousam e bebem água à beira Tejo. Uma delas ostenta uma horrenda “tatuagem” com gaiola e literatura chinesa. Bem que gostava de saber o que dizem os ideogramas! Seria engraçado que ela julgasse que se trata de poesia oriental, mas que o artista que tatuou se tivesse dado a uma liberdade poética e escrevesse qualquer coisa de inconveniente… Neste novo sítio de Lisboa, ou antes, neste velho sítio, tanto tempo desprezado e agora renovado e arranjado, os turistas são aos milhares todos os dias. Já lá os vi com e sem sol, com e sem calor, com e sem chuva. Assim como com e sem vento. Este é, aliás, um dos piores incómodos de Lisboa ao ar livre. Mas foi seguramente esta uma das razões do abandono a que foi votada a Lisboa do rio, assim como um motivo para a quase inexistência, durante décadas e décadas, de esplanadas na cidade. Agora, com meios de protecção de toda a espécie, são finalmente possíveis um copo ou uma refeição ao ar livre e com a maravilhosa luz de Lisboa ao fim da tarde. Pena é que venham cada vez mais os piercings, as tatuagens, os brincos extravagantes, os cadeados e as grilhetas penduradas do nariz… (2014)

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"CATEDRAIS DA TERRA"


Por A. M. Galopim de Carvalho
Foi assim que Louise Young (1983) se referiu às grandes montanhas, comparando-as às magníficas expressões arquitectónicas da religiosidade humana . Disse a autora, doutorada em Geofísica pela Universidade de Chicago, em bom estilo literário: "Gradualmente, pico após pico, toda a cordilheira [os Himalaias] se embebia de luz, enquanto o Sol se espraiava e dourava as cúpulas e os pináculos desta catedral de terra".
Um dos problemas que, durante mais tempo, intrigou filósofos, naturalistas, geógrafos e, mais tarde, geólogos, foi, sem dúvida, a OROGÉNESE, maneira erudita de dizer "a formação das cadeias de montanhas". (...)
Texto integral [aqui]

11.7.15

“Compromisso Ético”

Por Antunes Ferreira
Depois de se demarcar da coligação no poder, de acordo com a última sondagem, o Partido Socialista acertou os cabeças de lista para vários distritos. Tudo indica, de acordo com o secretário-geral do PS, António Costa, que foi uma renovação muito ampla. Os nomes indicados na Comissão Política do PS não têm estado em relevo no quadro da política portuguesa. Só para dar dois exemplos o investigador Alexandre Quintanilha, recentemente jubilado, encabeça a lista do Porto, enquanto que em Coimbra, a lista é encabeçada por Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra e especialista em ecologia
Naturalmente em Lisboa o cabeça de lista é António Costa e entre os escolhidos há gente que regressa à política activa depois de anos de afastamento; é o caso de José Apolinário e de Margarida Marques ambos secretários-gerais da Juventude Socialista que antecederam António José Seguro que não faz parte das listas. Trata-se realmente duma renovação a que alguns menos moderados poderão chamar revolução. De qualquer forma a revelação destes nomes significa que algo está a mudar no largo do Rato.
Mas a principal novidade é muito especial: a Comissão Política analisou um documento intitulado "Compromisso Ético”; de acordo com ele os candidatos a deputados têm de garantir ausência de dívidas perante o Fisco e a Segurança Social e renúncia a práticas de "lobbying”. Pela primeira vez estes temas “quentes” foram abordados ontem na já mencionada Comissão Política. É um esforço justificado para trazer à política as ideias base da honestidade, da transparência e da verdade.
Relata a comunicação social que na versão preliminar do documento, consta a exigência de que os candidatos a deputados socialistas revelem “as actividades que desenvolveram nos últimos cinco anos, bem como a composição do agregado familiar e respectivas actividades profissionais, incluindo participações sociais do próprio e do cônjuge". Têm também de apresentar declarações, "sob compromisso de honra, da inexistência de dívida ao fisco e à Segurança Social" e terão de renunciar "desde já a qualquer exercício de actividade de 'lobbying' que possa vir a ser prevista na lei".
 "No desempenho do mandato, os deputados manterão total clareza e transparência na sua relação com entidades públicas, estando designadamente impedidos de desenvolver ou participar directamente em negócios com o Estado", refere-se no documento.
Entre os compromissos de honra exigidos estão também a garantia de que os deputados dêem "prioridade ao exercício do seu mandato, só o podendo suspender para o exercício de funções governativas ou de cargos que decorram de escolha ou eleições em representação do PS".
No documento, os candidatos a deputados comprometem-se ainda a prestar contas "publicamente" do seu mandato e têm de cumprir disciplina de voto em moções de censura (ou de confiança), no programa do Governo e nos orçamentos do Estado, embora a regra seja a liberdade de voto. Os deputados eleitos  podem ainda invocar "objecção de consciência" relativamente à apresentação de iniciativa legislativa ou determinação de sentido de voto pelo Grupo Parlamentar, devendo, para tanto, tornar públicas junto dos eleitores as regras da sua opção".
O cenário político português acolhe pela primeira vez tais palavras insertas no documento que deverá ser aprovado na próxima reunião da Comissão Política. Não posso, porém, deixar de registar a declaração que fez ao “Público” Tiago Brandão Rodrigues, cabeça de lista  por Viana do Castelo. O candidato, com 38 anos troca a sua carreira de investidor de bioquímica na área da oncologia na Universidade de  Cambridge pela apresentação como candidato independente integrado nas listas do PS e por isso disse  “Acredito que os próximos dois ou três anos são decisivos para o país. A pedra basilar da minha decisão, é o meu impulso consciente para ajudar o meu país. É evidente que o faço sem uma visão messiânica do que vou fazer ou do que posso mudar. Mas o futuro do país é a preocupação de muitos dos que estão fora”.
Está-se perante um testemunho de alguém que fez uma opção política de significado evidente. Agora há que perguntar se a estas boas intenções corresponderão actos que as realizem. Mesmo assim, os cidadãos devem ir às urnas depositar os seus votos com a consciência de que “é agora ou nunca” 

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9.7.15

A Concordata de 2004

Por C. Barroco Esperança 
A cerimónia de despedida do núncio apostólico em Lisboa, em 2002 deixou as piores apreensões sobre os bastidores das negociações da Concordata.
 O então MNE, Martins da Cruz (foto), prometeu o que não podia nem devia, o reforço da influência da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) no domínio «do ensino, da assistência social, da cultura, nos múltiplos domínios em que nos habituámos a ver uma Igreja ativa e empenhada em contribuir para a solução de problemas nacionais».
 É sempre através das redes de assistência social [lares, hospitais, escolas, creches] que as Igrejas se infiltram para controlar o quotidiano dos cidadãos. A tragédia dos países islâmicos, onde a religião tem hoje a mesma influência que a ICAR tinha na Europa na Idade Média, devia fazer refletir os crentes e os não crentes. E, com total impunidade, afirmou ainda: «Como católico considero um privilégio ocupar a pasta dos Negócios Estrangeiros no momento desta importante negociação».
O país livrou-se do ministro e não se livrou da Concordata. A experiência de 1940 devia ter-nos vacinado contra a reincidência. A própria ICAR, que sofreu o ónus de se tornar refém da ditadura fascista, associada à repressão de meio século, devia evitar a tentação dos privilégios, embora quem tenha privilégios os julgue ‘direitos’.
 Esta Concordata foi negociada à sorrelfa e não foi fácil aceder-lhe, mesmo alguns dias depois de assinada. Urge discutir o texto que, depois de ratificado, se tornou direito interno português, diretamente aplicável.
 A religião não se impõe por tratados. A propagação da fé não se confia aos Estados. O mundo islâmico é o mais trágico exemplo. A Concordata, não pode ser um tratado de Tordesilhas que submeta à órbita do Vaticano um país a que a Cúria trace o meridiano. A subserviência à tiara não augurou nada de bom para o futuro que se queria plural e a revisão ficou à mercê do promíscuo contubérnio entre ministros de Deus e de Durão Barroso. O resultado está aí.
Não consta que a ICAR tenha sentido qualquer limitação ao exercício do múnus nestes anos de democracia. Que pretendia mais, ou o que pretendeu proibir?
 A Concordata fere princípios de universalidade e igualdade de direitos e de obrigações, que a lei geral estabelece e acautela; opõe-se à lei geral na medida em que a ICAR exige tratamento especial naquilo que lhe diz respeito; e enuncia deveres religiosos como se o princípio da separação não impusesse ao Estado total alheamento em relação a esses ‘deveres’.
Por ser bizarro, cita-se o n.º 2 do Art.º 15: «A Santa Sé, reafirmando a doutrina da Igreja Católica sobre a indissolubilidade do vinculo matrimonial, recorda aos cônjuges que contraírem o matrimónio canónico o grave dever que lhes incumbe de se não valerem da faculdade civil de requerer o divórcio».
Imagine-se que, por reciprocidade, havia um n.º 3 com esta redação: «A República Portuguesa, reafirmando a doutrina do Estado sobre o casamento civil, recorda aos cônjuges que contraírem o matrimónio civil o grave dever que lhes incumbe de se não valerem da faculdade canónica de requerer o matrimónio religioso». Enfim, a Concordata fere a laicidade do Estado e não era, nem é, precisa. 
Talvez só o facto de ser assinada apenas por Durão Barroso e o cardeal Angelo Sodano nos tenha poupado à primeira frase da de 1940: «Em nome da Santíssima Trindade».
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8.7.15

CREME DE ALHO E PIMENTO ENCARNADO

Por A. M. Galopim de Carvalho
(Para 4 adultos)
Para um litro de água, corte em pedaços um pimento encarnado de tamanho médio (depois de lhe retirar as sementes) e 4 dentes de alho.
Introduza esta mistura no copo da varinha mágica, junte 0,5 dl de bom azeite, uma pequena golada de água (para ajudar a operação) e reduza tudo a um batido muito fino.
Dilua o batido na restante água, juntamente com uma colher de sopa de maizena e leve-a ao lume a abrir fervura e engrossar. Sobre este caldo, logo que esteja a ferver, verta lentamente um ovo bem batido e mexa rapidamente com um garfo, a fim de fazer fios e obter um caldo cremoso e aveludado.
Tempere de sal (facultativo).
Junte, por fim, uma porção a gosto de coentro picado, com o propósito de aromatizar e alegrar o colorido.
Para que cada conviva se sirva na quantidade que desejar, coloque na mesa um recipiente com pequeninos (0,5 cm) cubos de pão frito.
Sempre que tenha cozido bacalhau, peixe ou marisco, aproveite a água da cozedura para confecionar este saboroso creme
Experimente usar pimento verde, amarelo ou cor de laranja.

Bom apetite e dias felizes!

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