A hora dos funerais
ESTE NOSSO VERÃO está marcado por mortes e funerais. Se entre a variedade de mortes e sua expressão pública se pode escolher, eu prefiro a de Omar Bongo, antigo presidente do Gabão que morreu em Paris e foi enterrado em Libreville depois de velado por centenas de milhares de cidadãos, dezenas de milhares de funcionários, milhares de políticos, dúzias de reis e diversos presidentes entre os quais Sarkozy, Chirac, Giscard D’Estaing, além de primeiros ministros e ministros de muitos países africanos e europeus.
Durante as 24 horas dos quatro dias de luto, uma multidão desfilou na impressionante sala dos banquetes forrada a mármore, liderada pelos seus chefes e patrões, cerimónia transmitida pelas tvs francesas e africanas durante 16 horas por dia.
Por entre vestidos e camisas de florzinhas, e fatinhos tipo delegação olímpica, uma infinidade de T-Shirts, umas agradecendo ”Obrigado camarada pela sua obra imensa”, outras chorando”O vazio é tão grande que jamais será preenchido”.
Cânticos religiosos ou patrióticos completavam o ambiente de dor e nos terraços do palácio presidencial, face ao oceano, pilhas de coroas de flores desembarcadas dos aviões da Air France, da Air Afrique, da SAA da África do Sul esmagavam o ambiente perfumado por incenso queimado em discretas piras. Que Omar Bongo descanse em paz.
«24 horas» de 30 de Junho de 2009
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