Mandela: bola branca e preta
EM CLINT EASTWOOD agrada-me tudo. A começar pelo seu individualismo - a mais autêntica das formas de não ser egoísta - e a acabar na derrota que impôs aos politicamente correctos. Estes chamaram-lhe "fascista" quando ele "era" o inspector Dirty Harry que combatia o crime sem convites para tomar chá, e tiveram de engolir o insulto porque o maior realizador de cinema dos últimos 20 anos, que Clint Eastwood se revelou ser, não pode ser fascista.
Clint Eastwood ama e compreende os homens. Não o género humano. Mas o homem, contado um a um: Bill (Unforgiven), Maggie (Million Dollar Baby), Jimmy (Mystic River), Kowalski (Gran Torino)...
Devia ser extraordinário o encontro entre este génio amante dos homens e o homem dos homens, que, como se sabe, é Mandela. Como se sabe? Mas como é que se sabe que Mandela é tão grande? Oh pá, isso já não sei... Minto, agora já sei. E isso porque Clint Eastwood pegou em Mandela com a delicadeza com que leu as cartas dos japoneses cercados em Iwo Jima. E, então, aquilo que eu julgava saber, que Mandela é grande, vi explicadinho como só um bom professor faz. Clint Eastwood pegou numa bola redonda, bola de preto, alongou-a para bola de râguebi, bola de branco, e mostrou-nos o que é um estadista, um homem que faz uma pátria.
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