31.8.14
Luz - Arredores de Pereira, a caminho da montanha cafeeira, Colômbia
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As montanhas do “eje cafetero”, à volta de Pereira, são verdes como é difícil imaginar. Enquanto não chegávamos a uma “finca cafetera”, passámos por dezenas ou centenas de pequenas aldeias, casas dispersas, comerciantes de improviso, vendas e armazéns de estrada onde se tratava de tudo, comprar, vender, alugar ou servir… Esta casa é uma delas, com três homens, criança e cão. (2013).
Etiquetas: AMB
A CASA DA MINHA AVÓ
A. M. Galopim de Carvalho
A AVÓ ISABEL
foi o meu primeiro contacto com uma pessoa, nesse tempo, considerada idosa,
teria ela sessenta e poucos anos. A sua imagem está entre as minhas primeiras
tomadas de consciência do mundo que me rodeava, tinha eu dois para três anos.
Sempre de preto, dos sapatos ao lenço, como mandavam os usos que se vestissem
as viúvas, a mãe da minha mãe foi a única, de entre os meus avós, com quem me
foi dado conviver. O marido, o avô Vicente, que já não conheci, era oriundo da
região de Alcanede, de uma família de curtidores de peles e, também ele,
curtidor de profissão. Mãe de sete filhos, a todos criou, dentro dos
condicionalismos do tempo e das suas limitadas posses.(...)
Texto integral [aqui]Etiquetas: GC
29.8.14
Muita tabuleta ele vai ter de apagar
A Praça do Império tem brasões florais das ex-colónias no jardim. O vereador Sá Fernandes quer que sejam eliminados porque brasões de ex-colónias "estão ultrapassados". É um critério e está bem defendido: ex quer dizer estar ultrapassado. Mas brasões e tabuletas existem também para lembrar coisas que acabaram. Se vamos acabar com tudo que acabou, a Praça do Império vai na enxurrada, aliás como o seu autor, Cottinelli Telmo, que também tem praça. Outra: a Rua Cidade de Salazar, no Bairro das Colónias. Parece um buraco negro: já não há colónias, nem Salazar, nem Cidade de Salazar (hoje chama-se Ndalatando). O problema é que se vamos por aí também há argumentos para acabar com a Praça da Alegria. Mas se acabamos com coisas que acabaram ou que dizem coisas com que não gostamos hoje, caímos naquilo de o apetite vir com o comer. O Beco da Ré vira Beco da Arguida. O Beco do Carrasco parece morar em Estado Islâmico. O Beco das Beatas pode ser contestado nas duas versões, contra o tabaco e o proselitismo religioso. A Avenida da Igreja merece um ponto de ordem: qual? A Triste-Feia lembra uma cidadã a quem os rapazes de Alcântara lançavam "que focinho de porca!" - queremos mesmo lembrar isso? O Jardim das Pichas Murchas (em São Vicente de Fora) faz contrapropaganda a conhecido produto farmacêutico. A Travessa do Fala-Só é inaceitável em tempos democráticos. À Avenida Mouzinho de Albuquerque só pergunto: foi justo o que se fez a Gungunhana?
«DN» de 29 Ago 14Etiquetas: autor convidado, F.F
28.8.14
Cuspindo na sopa
Devido à extraordinária beleza do local, a Ponta da Piedade (e o seu farol) constam em qualquer roteiro turístico.
Pelo facto de ser o ponto mais ocidental do continente europeu, o mesmo sucede no Cabo da Roca.
Agora, veja-se como os poderes públicos tratam essas duas preciosidades.
NOTA: em relação ao segundo, ver mais [aqui].
A Sandoz e o negócio de diamantes em Coimbra (Crónica)
Por C. Barroco Esperança
No ano de 1976 já se tinham desvanecido os ecos da mais idiota e injusta
das greves que o pequeno educador da classe operária, Chaves Alves,
tinha conseguido fomentar numa multinacional cuja autogestão exigia –
segundo disse à imprensa –, ávida de agitação e a que não faltavam
declarações de idiotas úteis e provocadores convictos.
Ajudou-o na tarefa o Cabral da Costa, que tinha maior amor à greve do que à gramática, que maltratava, e que deu origem à dupla Chabral da Costa. Para gerir, havia máquinas de escrever, pastilhas, supositórios e xaropes, vindos da Suíça, onde o operariado jamais se solidarizou com a vanguarda Chabral. (...)
Texto integral [aqui]Ajudou-o na tarefa o Cabral da Costa, que tinha maior amor à greve do que à gramática, que maltratava, e que deu origem à dupla Chabral da Costa. Para gerir, havia máquinas de escrever, pastilhas, supositórios e xaropes, vindos da Suíça, onde o operariado jamais se solidarizou com a vanguarda Chabral. (...)
Etiquetas: CBE
27.8.14
Museu do Quartzo
Monte de Santa Luzia – 3515 Viseu
Tel.: + 351 232 450 163
Horário: Terça a Domingo 10h-12h | 14h-17h -Encerra Segundas
Etiquetas: GC
Nas eleições do PS vale tudo menos tirar olhos?
Por José António Lima
Jorge Coelho bem avisava, há uma semana, o que se podia esperar das
eleições internas no PS: «Vai ser uma campanha dura, não vai ser para
andar aos abraços e a trocar elogios». O pessoal socialista escusava era
de levar tão a peito essa dureza, numa campanha que tem sido uma
sucessão de falcatruas, golpadas, fraudes, expulsões e toda a sorte de
ilegalidades. No PS, neste confronto entre António José Seguro e António
Costa, parece que vale tudo menos tirar olhos.
Se não vejamos. Em
Braga, foram subitamente pagas as quotas, há anos em atraso, de 2.294
militantes (incluindo mortos, emigrantes e acamados) por alguém que
gastou nessa zelosa tarefa mais de 123 mil euros (que não é quantia
fácil de tirar do bolso com tanta generosidade). Face aos protestos de
alguma vozes bracarenses, que pediram a investigação do caso e a
suspensão do processo eleitoral, a direcção de António José Seguro não
só desautorizou esses protestos e mandou prosseguir as eleições como
recusou – pela voz do secretário nacional do PS, Miguel Laranjeiro –
esclarecer quem tinha pago esses 123 mil euros… em nome do «sigilo
bancário».
Em Coimbra, entretanto, também foi pedida a suspensão das eleições na
distrital por os cadernos eleitorais estarem falsificados. Em 2011
foram inscritos como militantes centenas de pessoas com moradas e locais
de trabalho falsos – falcatruas que foram denunciadas pela militante
Cristina Martins, o que lhe valeu há meses a expulsão pela direcção
nacional do PS. Manuel Alegre falou, então, de «delírio persecutório» e
acrescentou que «os responsáveis por essas falsificações é que deveriam
ser expulsos, e não ela». Agora é António Campos, militante n.º3 do PS,
que diz que só resta «recorrer aos tribunais» e colocou uma providência
cautelar para suspender as eleições de 6 de Setembro.
Assim vai o PS de António José Seguro, que continua a falar todos os
dias de transparência, respeito pela legalidade e ética democrática.
Vê-se.
Quando, em Braga, é uma figura com o currículo de Mesquita Machado a
denunciar «irregularidades grosseiras» está tudo dito. O PS faz lembrar
um filme de Scorsese: Tudo Bons Rapazes.
«SOL» Ago 14 Etiquetas: JAL
Uns queridos, não desfazendo
Por Ferreira Fernandes
Morreu Douglas aos 33 anos, um bom rapaz, disse-me ontem a NBC. A cadeia televisiva americana encontrou colegas de liceu, em New Hope, no Minesotta: Douglas estava "sempre a sorrir" e gostava de jogar basquetebol. Parceiros de noitadas de sexta-feira no YMCA, a associação cristã de juventude, lembram-se de ele gostar também de dançar e que era "um tipo fixe, que gostava da família e dos amigos".
Há dez anos, Douglas tornou-se islâmico e continuou um bom-serás. Kevin Kohlin, um sueco que o conheceu quando Douglas foi cantar rap a Estocolmo, disse à NBC: "Respeitava-me como cristão." A estação também foi ao restaurante somali, em San Diego, onde Douglas trabalhou no ano passado: "Um tipo normal e de mente aberta", disse um frequentador. Eu gosto de histórias de boas pessoas.
Lembro-me sempre de Joseph e Magda, que podiam ter sido meus vizinhos (eles queriam ser vizinhos de toda a gente na Europa). Um casal de uma educação esmerada e era um gosto vê-los com os filhos: seis adoráveis cabecinhas louras, todas meninas exceto Helmut (com o H no nome, como todas as irmãs). Ontem a NBC, de passagem, lembrou que o americano Douglas morreu na Síria a combater pelo Estado Islâmico. Mas o que importa é que deixou muitas saudades. Que cabeça a minha, também ia esquecer-me que o meu casal amável gostava dos H por causa de Hitler, o que é natural porque Joseph e Magda chamavam-se Goebbels. Mas uns queridos, não desfazendo.
«DN» de 27 Ago 14
Os homens de palha
Por Baptista-Bastos
O
primeiro-ministro disse não haver aumento de impostos. O coro de vozes
foi unânime: nenhuma nele acredita. Passos Coelho chegou, de facto, ao
grau zero da credibilidade, e já não se trata de fé: o homem, sobre ser o
primeiro-ministro mais detestado da II República (esta, porque no
período de Salazar o conceito republicano e os seus valores foram
brutalmente espezinhados), é, de certeza, o que tem com a verdade uma
relação totalmente conflituosa.
Os subterfúgios de linguagem, a
que Passos nos habituou, com desenvolto desaforo, fê-lo acrescentar, ao
discurso do apaziguamento, este acrescento decisivo: não haverá aumentos
durante este ano; ora, o ano está a findar, e significa que, durante
três meses, os portugueses podem estar descansados. Estávamos neste
interregno de placidez eis senão quando a notícia do sobressalto agitou
as nossas almas: o buraco orçamental aumentou perturbador e trágico.
Às
doenças económicas, que apoquentam quem mora no purgatório português,
adicione-se as da alma e do recto viver, que transformaram padrões de
comportamento e as éticas das relações numa cultura do inumano. Vivemos,
a maioria da população, num sobressalto ininterrupto, sempre à espera
do pior, e todos os dias a comunicação social polvilha-nos com o medo de
existir. A política desapareceu do vocabulário desta gente que nos
governa há três anos. Passos Coelho e os seus administram Portugal como
se Portugal fosse uma loja de secos e molhados. O desrespeito pelo outro
tornou-se prática comum. O número de assessores, adjuntos, motoristas,
guarda-costas, secretários e secretárias acumulado nos vários gabinetes
custa uma fortuna inútil ao erário, por desnecessários. Possuo a lista,
que alguém me enviou pela internet. É um caso de polícia.
Vivemos
no preconceito do número, e o «economês» substituiu-se à análise
política dos factos. O idioma críptico utilizado pelos preopinantes que
infestam jornais, rádios e televisões chega a atingir as fronteiras do
absurdo. Jornalismo, propriamente dito, a reportagem, a crónica, a
notícia, o artigo que esclarece, desenvolve o raciocínio e explica a
natureza dos acontecimentos, foram engolidos por uma massa caótica de
palavras, as mais das vezes sem direcção nem sentido.
Os homens de
palha invadiram a nossa sociedade. O exemplo dos «políticos»
frutificou. O Financial Times tornou-se um episódio tão caricato que até
serve como símbolo de um indivíduo que surge num comboio a ler o jornal
colorido, ao lado de quem um curioso estica o pescoço para saber das
últimas notícias... de economia! O pior é que ninguém, ou poucos, nada
diz da calamidade cultural e ética que nos envolve.
Os homens de palha. Não esqueçam de que existem, e andam por aí.
«DN» de 27 Ago 14 Etiquetas: BB
26.8.14
E sanções à Grã-Bretanha?
O assassino de negro por trás do jornalista americano que ia ser
degolado foi identificado como um jovem londrino. Já se sabia há muito
que a guerra síria atraiu centenas de muçulmanos de segunda geração,
sobretudo britânicos, franceses e belgas. Abdel Bary, de 23 anos, o tal
da cara escondida e faca estendida, foi um discípulo do pregador radical
Anjem Choudary. Era em Londres que Choudary, além das tresloucadas
ideias místicas que destilava com o direito inalienável que as tolices
vagas devem ter, também ensinava o que se segue: "Todas as mulheres,
muçulmanas ou não, devem usar uma burca", "quem beber álcool deve levar
40 chibatadas em público"..., - discursos de ódio que levaram ao pescoço
de James Foley. E é assim que a Europa, há década e meia amedrontada
com o perigo do radicalismo islâmico a vir, acordou com a triste
compensação de também ela exportar tarados. Foi no Iraque que o londrino
Bary degolou e os seus compatriotas, que vieram para a jihad,
prostituem as camponesas que não são da seita. Se a Grã-Bretanha não se
soube defender de dentro, tem a obrigação de não corromper o mundo com
as suas facilidades. Qualquer jihadista voltando à Inglaterra é sujeito a
um inquérito ligeiro, após o que pode viajar para onde quiser sem dizer
água vai às autoridades. Por exemplo, ir visitar Anjem Choudary à casa
mimosa em que vive, em Ilford, no Nordeste de Londres com a sua família e
as ideias de sempre.
«DN» de 26 Ago 14 Etiquetas: autor convidado, F.F
25.8.14
E pouco se falará do que se passou ontem
Por Ferreira Fernandes
Em agosto de 1944, os oficiais alemães acusados de participar no atentado falhado contra Hitler foram julgados em Berlim. Iriam ser todos fuzilados, mas a condenação começou logo no julgamento. Todos os réus tinham calças largas e sem cinto. Quando se levantavam, agarravam-se às calças numa posição ridícula. Em 1952, o PC checoslovaco organizou o Processo de Praga contra ex-dirigentes comunistas caídos em desgraça. À entrada dos réus no tribunal, assistentes, advogados e juízes gargalharam porque os 14 detidos tropeçavam nas calças largas e sem cinto. Onze foram condenados à morte e executados (há um belo filme, A Confissão, de Costa-Gavras, sobre o processo). Ontem, dezenas de soldados ucranianos foram passeados numa avenida de Donetsk, na região leste da Ucrânia controlada por separatistas pró-russos. Os soldados iam de mãos amarradas nas costas e eram escoltados por baionetas e insultados pela multidão nos passeios. Depois de eles passarem, dois camiões de água varreram o asfalto, como que a limpá-lo, e a multidão riu. Era muito importante que os factos históricos - e ontem é também História - fossem lidos como as peças de Shakespeare. O trágico e o rir vão muitas vezes a par. E quando assim é, é porque a tragédia ainda é maior. Na tragicomédia A Tempestade, Shakespeare quer mostrar que o mal existe - é preciso que se saiba que ele existe para o combater, porque derrotado nunca será. Estás a ouvir, Europa?
«DN» de 25 Ago 14Etiquetas: autor convidado, F.F
24.8.14
Uma coisinha simples
Por Ferreira Fernandes
O PS vai a votos para líder. Dois candidatos, Seguro e Costa. O vencedor da eleição socialista a 28 de setembro terá papel relevante no próximo Parlamento e talvez no próximo governo. Para governar há uma condição que devemos exigir, mesmo céticos sobre o cumprimento: clareza. É fundamental num país tão opaco (os problemas de justiça e de finanças chafurdam aí). Clareza. De tão vaga, na voragem do governar iremos ser enganados, aqui e ali, pouco ou muito, por quem governar, eu sei. Mas, justamente, Seguro e Costa, que pretendem ambos ser Governo em breve, têm neste momento uma coisinha simples e substantiva, que poderia demonstrar que eles são pela clareza. Atenção, demonstrando-o agora não fica provado que amanhã um ou outro, primeiro-ministro, cumpra. Não. Mas hoje, sim: aquela coisinha simples e substantiva, fácil de ser cumprida e de ser seguida pelos nossos olhos, demonstra que eles merecem o benefício da dúvida. Na Federação Socialista de Braga, que vai a votos internos daqui a duas semanas, houve traficância de futuros eleitores: apareceram militantes já falecidos a poder votar e quatro vezes mais quotas do que militantes há. O jornal Público fez as contas: aos 2294 militantes correspondem 27 mil euros de quotas, mas estas foram cem mil mais... Prepara-se uma chapelada. Quem pagou? Quem votar Seguro ou Costa pode decidir-se por aí: qual dos dois quer e vai resolver a coisinha simples?
«DN» de 23 Ago 14Etiquetas: autor convidado, F.F
Luz - Aeroporto parado e fechado, por causa da neve, à espera que regresse o bom tempo
Fotografias de António Barreto- APPh
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Este aeroporto esteve fechado durante quatro ou cinco dias. Quando lá cheguei, a tentar desafiar a sorte, não havia aviões, nem garantia de que houvesse nesse dia. Mas vale a pena tentar, disseram-me. Umas horas de espera com umas bebidas, jornais e livros… Algumas fotografias para entreter. A meio da tarde, anunciam o avião para Nova Iorque, donde eu poderia depois arranjar correspondências. Fui. A tempo de apanhar um voo para Lisboa. Antes de partir, deitei um último olhar para a pista. Garanto que não era convidativa. Tem-se a impressão que a neve, numa pista de aviões, é mais perigosa do que numa auto-estrada. Mas devo estar enganado… (2013).
Etiquetas: AMB
PEDRAS DISTO, DAQUILO E DE MAIS ALGUMA COISA (1)
Por A. M. Galopim de Carvalho
O CONCEITO de pedra e o conhecimento relacionado
com esta realidade física percorreram uma caminhada tão longa quanto a do Homo sapiens, de que temos testemunhos
na Pré-história e variadíssimos relatos escritos ao longo da História.
No Livro das Pedras, de Aristóteles (384-322 a. C.), que se julga não ser da autoria deste
filósofo, mas sim uma compilação das suas ideias feita por um anónimo,
provavelmente um árabe posterior ao século IX, distinguem-se gemas, metais,
sais e pedras comuns, e disserta-se
sobre a influência dos astros, em geral, e do Sol, em particular, no nascimento
destes objectos naturais. A sua visão sobre as ”influências celestiais”
defendia que, sob o efeito dos raios solares, certas exalações se escapavam
para a atmosfera. (...)
Texto integral [aqui]Etiquetas: GC
23.8.14
As bolandas do PIB
Por Antunes Ferreira
JÁ SE SABIA que as coisas corriam (muito) mal no que concerne à dívida
pública. Mas a situação passou de má a pior. Com este (des)Governo despudorado
e ladrão. A
dívida das administrações públicas bateu o recorde: subiu de novo no segundo
trimestre do ano, fixando o seu rácio em 134% do PIB e alargando a distância
face à meta traçada pelo Governo. Para este agravamento contribuiu o programa
de reestruturação financeira às empresas públicas de transportes, que obrigou a
reconhecer na dívida pública 3,5 mil milhões de euros de dívida bancária da CP,
Carris e STCP.
Ora, em Março, ela
atingira 132,9%. E com este rácio ela pulou do obtido no final de 2013: 128,9%.
Mas o azar, quando bate à porta deixa sempre o infeliz visitado de cara à banda
e muito preocupado. Porque, além da dívida bruta, a dívida pública líquida de
depósitos da administração central (que como se sabe é a “almofada” de
liquidez que tem ajudado o IGCP a gerir a dívida) também apresentou um aumento.
Os dados publicados pelo banco central indicam que a dívida líquida de
depósitos passou de 118,8% do PIB no primeiro trimestre do ano, para
122,4% no segundo trimestre. (...)
Texto integral [aqui]Etiquetas: AF
Vá lá, não se envergonhem mais
Por Ferreira Fernandes
Conhecem aquelas carrinhas em forma de paralelepípedo? Pois esta é uma história burra como um paralelepípedo. Mais, até: como uma calçada de paralelepípedos, porque mete uma via de trânsito e está cercada de burros por todos os lados. Tudo se passa, ou melhor, estaciona na Avenida Alcina Fadista que, nesta história, é o único nome que não tem de se envergonhar. A carrinha branca está estacionada em Castro Daire, numa rotunda, o que é perigoso sempre e neste caso ainda mais porque está parada embicando para o centro da rotunda e totalmente sobre uma faixa de rodagem. De través, no meio de uma via pública! A carrinha está, ali e assim, há três meses. Armadilhou isto o proprietário, Manuel Santos, que justifica o ato por uma questão de terrenos: a câmara teria usado terrenos de familiares dele para alargamento da via. A coisa está em tribunal. O presidente da câmara, Fernando Carneiro, diz que está tranquilo e que o tribunal vai resolver. A GNR diz que não mexe na viatura porque o processo não está julgado. E, como se tem visto em telejornais, há gente da terra que encolhe os ombros e até ri. Resumindo, o carroceiro para, o autarca sossega, a GNR aguarda, o povo ri - e o forasteiro que se espetar ali, que fará (se continuar a mexer-se)? Coitada da Alcina Fadista, emigrante que canta há décadas no Rio, ter o azar de ser homenageada por esta cambada...
«DN» de 22 Ago 14 Etiquetas: autor convidado, F.F
... e em Portugal
Comentário
da Associação Sócio-Profissional dos Guardas-Nocturnos ao post "Os
pinta-paredes de Lagos", afixado neste blogue:
Na madrugada de Quarta e Quinta, foram apanhados 2 grupos distintos de estrangeiros a fazerem grafities.
Na primeira situação um Guarda-Nocturno apanhou 2 jovens, e mais tarde apoiou a PSP a apanhar mais dois.
Na segunda situação, apanhou mais dois indivíduos.
Pelos rabiscos, dá para associar a autoria aos mesmos identificados.
Mas fiquem a saber que tal não é crime, mas apenas uma contra-ordenação, agora perguntamos como é que se cobra a mesma a cidadãos estrangeiros que abandonam o País?
Na madrugada de Quarta e Quinta, foram apanhados 2 grupos distintos de estrangeiros a fazerem grafities.
Na primeira situação um Guarda-Nocturno apanhou 2 jovens, e mais tarde apoiou a PSP a apanhar mais dois.
Na segunda situação, apanhou mais dois indivíduos.
Pelos rabiscos, dá para associar a autoria aos mesmos identificados.
Mas fiquem a saber que tal não é crime, mas apenas uma contra-ordenação, agora perguntamos como é que se cobra a mesma a cidadãos estrangeiros que abandonam o País?
22.8.14
Marinho Pinto na Casa dos Segredos
Por José António Lima
Dois meses depois de ter sido eleito para o Parlamento Europeu,
Marinho Pinto veio revelar que abandonará o cargo já em 2015, cumprindo
apenas um dos cinco anos do seu mandato.
«Tenciono candidatar-me à Assembleia da República, onde faço
mais falta para resolver os problemas políticos dos portugueses»,
confessa com a sua habitual modéstia. «Isto sem prejuízo de, depois,
poder também candidatar-me às presidenciais» que ocorrem logo daí a três
meses, avisa Marinho. E fica a sensação de que poderá ainda concorrer à
presidência da Liga de Futebol, que está vaga, ou a um lugar de
destaque na Casa dos Segredos. Qualquer coisa que lhe dê notoriedade,
audiências e visibilidade pública. Sabe-se que o ex-bastonário dos
advogados gosta de subir a qualquer palco e de se mostrar ao povo.
Ora, Estrasburgo tem palco, mas não lhe dá grandes hipóteses de
protagonismo, sendo ele apenas mais um no meio de 751 figurantes que
compõem o PE. Ao perceber isso, Marinho Pinto ainda mal chegou e já está
de saída. À primeira vista, faz lembrar as eurodeputadas socialistas
Ana Gomes e Elisa Ferreira que, em 2009, concorreram em simultâneo às
europeias e às autárquicas, sabendo que só poderiam cumprir um desses
cargos.
Mas, num segundo momento, Marinho torna inevitável a comparação com
Fernando Nobre. Que deixou uma votação presidencial episódica subir-lhe à
cabeça e, apesar de encher os seus discursos de proclamações éticas e
declarações de princípios, viria a desistir do seu lugar de deputado mal
viu que não conseguia ser eleito presidente da AR e que não teria o
protagonismo prometido.
Tal como Nobre, Marinho tem feito a sua curta carreira na política à
base de um posicionamento pseudo-independente, supostamente
antissistema, em tom justiceiro e de cariz populista, sem ideias
políticas mas com muitas denúncias de interesses e injustiças. Rende
dividendos e dá votos, mas esgota-se e esvazia-se em pouco tempo.
Marinho Pinto argumenta que vai abandonar o seu lugar em Estrasburgo
porque «os problemas nacionais são mais graves que os europeus». Sem
esquecer, claro, no seu caso, que os problemas pessoais ainda são mais
graves que os nacionais.
«SOL» Ago 14 Etiquetas: autor convidado, JAL
Tão farto que estou de dadores de lições
Por Ferreira Fernandes
A penúltima vez que vi José Afonso foi numa esquina do Conde de Redondo. É fácil amá-lo, basta ouvi-lo, e eu descobri a beleza da sua música e da sua voz partida em tempos cinzentos (procurei a palavra certa, e é essa, cinzentos). No pouco que falámos ele passou uma tangente por uma qualquer doença que tinha e que veio à baila por eu me inquietar pelo seu ar quebrado. A última vez que o vi foi no Coliseu, o seu último concerto em Lisboa, quando os seus braços estavam caídos ao longo do corpo e já todos nós sabíamos ao que íamos. Depois fui ao funeral, em Setúbal, e abri o meu texto, no Diário Popular, com as gaivotas em terra que vi nessa tarde. José Afonso tinha ELA e até há pouco eu não guardara nem o nome dessa doença, esclerose lateral amiotrófica. A tal que fecha os homens num caixão gelado. A tal que ao ser comunicada é como receber um balde de água gelada, porque é terrível e não tem cura. Era assim em 1987, quando morreu José Afonso. E é hoje. Na pátria dos laboratórios farmacêuticos, os Estados Unidos, há 30 mil pessoas com ELA, uma ninharia, duas pessoas em 100 mil. No ano passado, a campanha pública pela ELA deu 2,1 milhões. Neste ano, porque alguém inventou o vídeo do balde de água fria pela cabeça, a campanha já vai em 41 milhões... Deitar um balde de gelo na cabeça é ridículo, é. Mas quem critica esse ridículo que faça melhor, em dinheiro, ou vá dar banho ao cão.
«DN» de 22 Ago 14Etiquetas: autor convidado, F.F
21.8.14
Os pinta-paredes de Lagos
Alguém sabe o que
os poderes públicos (autarcas e PSP) estão a fazer, EM CONCRETO, para
enfrentar este flagelo que está a proliferar impunemente na cidade?
Numa
altura em que NEM A MURALHA é poupada (1ª e 2ª imagens), essa gente (a quem a gestão e a segurança da cidade estão entregues) não tem, sequer, uma
palavra a dizer?!
A imigração vinda do Magrebe
Por C. Barroco Esperança
Vêm do lado de lá do lago que une a África e a Europa e separa os
europeus e africanos. Chegaram do corno de África, das savanas
improdutivas e sobretudo fugidos das areias que os empurram em busca de
água e alimentos, das areias que lhes cobrem as magras pastagens e
desertificam o habitat. Uns cruzaram o continente, outros abalaram de
mais perto, com a família a ser pasto de corvos depois de esquartejada à
catanada a mando de senhores tribais. (...)
Texto integral [aqui]Etiquetas: CBE
As palavras são livres ou não são
Por Ferreira Fernandes
De Galileu, embora perante a Inquisição tenha renegado a ciência que nos oferecera - que a Terra anda à volta do Sol e não está imóvel -, ficou a frase que murmurou: "E pur si muove", e, no entanto, ela [a Terra] move-se... Do que ele disse sob coação não reza a História. As palavras são liberdade ou não são. O jornalista James Foley apareceu-nos na condição de vítima, de joelhos, à espera da navalha no pescoço. Falou e o que falou não me interessa, não me interessa o que diz um homem de joelhos, à espera da navalha. E se eu tivesse de transcrever o que ele disse, prevenia: as palavras são liberdade ou não são. Di-lo-ia por respeito a James Foley. Em 1989, fiz uma reportagem com a guerrilha da UNITA, andei a norte do Caminho-de-Ferro de Benguela, mais próximo de Luanda do que da Jamba. De regresso à Jamba, entrevistei Savimbi que preparou o encontro num jango (cubata) enorme. Estavam presentes dezenas de dirigentes, de Chitunda a Nzau Puna. No fim, levado pelo braço de Savimbi, parámos frente a um jovem. "Sabe quem é?", perguntou-me o líder, que deu também a resposta: "É o Wilson dos Santos, que vocês andam a dizer em Lisboa estar morto. Não o quer entrevistar?" Wilson estava de pé e olhar ausente. Apareceu um microfone da Vorgan, a rádio da UNITA. Eu disse: "Não entrevisto presos." Meses depois, Wilson, a mulher e os filhos foram mortos. Gosto de não o ter feito mentir quando ele não era livre de fazer outra coisa.
«DN» de 21 Ago 14Etiquetas: autor convidado, F.F
20.8.14
Há sempre sol e céu azul acima das nuvens
Por A. M. Galopim de Carvalho
Por mais negras e cerradas que sejam as nuvens, há sempre sol e céu azul por cima delas.
Esta afirmação é tão imediata e evidente que já vários a disseram ou escreveram, nesta ou noutra forma com idêntico sentido.
Vem ela a propósito de um pensamento que, nos últimos tempos, me assola constantemente, quer em casa, ao abrir os jornais ou durante os noticiários da rádio ou da TV, quer na rua, face aos comentários de muitos com quem todos os dias me cruzo. E esse pensamento envolve este Portugal a viver tempos de indecoroso aviltamento, mercê de uma certa elite, entre políticos e grandes nomes do direito e das finanças, que, de há décadas, numa promiscuidade interesseira, descarada e impune, nos está a conduzir, decidida e conscientemente, no caminho do empobrecimento económico e também, estupidamente, no do definhamento científico e cultural.
Tudo isto perante a passividade de um povo “imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio”, como escreveu o grande Guerra Junqueiro, há mais de um século, e sob a magistratura conivente de um Presidente da República que pouco mais de metade dos votantes (53,14%) colocaram no mais alto cargo do Estado, numa eleição em que quase metade dos eleitores se abstiveram.
Mantidos incultos, muitos deles analfabetos funcionais, alienados pelo futebol e pelos programas televisivos de entretenimento que nos impõem e nos entram pela casa dentro a toda a hora, e, ainda, marcados por receios antigos, são muitos os portugueses que não ousam questionar um poder que os despreza e maltrata e muitos também os que, sem saberem porquê, lhe fazem respeitosa e submissa vénia.
Como nos aviões que, ao ganharem altitude, atravessam a cobertura de nuvens e atingem o esplendor do pleno azul, temos de encontrar forma, dentro da democracia, de romper com esta triste escuridão em que, com excepção de uns tantos privilegiados, fomos levados a viver.
Esta afirmação é tão imediata e evidente que já vários a disseram ou escreveram, nesta ou noutra forma com idêntico sentido.
Vem ela a propósito de um pensamento que, nos últimos tempos, me assola constantemente, quer em casa, ao abrir os jornais ou durante os noticiários da rádio ou da TV, quer na rua, face aos comentários de muitos com quem todos os dias me cruzo. E esse pensamento envolve este Portugal a viver tempos de indecoroso aviltamento, mercê de uma certa elite, entre políticos e grandes nomes do direito e das finanças, que, de há décadas, numa promiscuidade interesseira, descarada e impune, nos está a conduzir, decidida e conscientemente, no caminho do empobrecimento económico e também, estupidamente, no do definhamento científico e cultural.
Tudo isto perante a passividade de um povo “imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio”, como escreveu o grande Guerra Junqueiro, há mais de um século, e sob a magistratura conivente de um Presidente da República que pouco mais de metade dos votantes (53,14%) colocaram no mais alto cargo do Estado, numa eleição em que quase metade dos eleitores se abstiveram.
Mantidos incultos, muitos deles analfabetos funcionais, alienados pelo futebol e pelos programas televisivos de entretenimento que nos impõem e nos entram pela casa dentro a toda a hora, e, ainda, marcados por receios antigos, são muitos os portugueses que não ousam questionar um poder que os despreza e maltrata e muitos também os que, sem saberem porquê, lhe fazem respeitosa e submissa vénia.
Como nos aviões que, ao ganharem altitude, atravessam a cobertura de nuvens e atingem o esplendor do pleno azul, temos de encontrar forma, dentro da democracia, de romper com esta triste escuridão em que, com excepção de uns tantos privilegiados, fomos levados a viver.
Etiquetas: GC
Emídio Rangel
Por Baptista-Bastos
Nenhuma morte é natural, escreveu Jorge de Sena. E a menos natural de todas as mortes é a morte de Emídio Rangel, acrescento eu. Esta força incomum de renovar constantemente a criatividade; esta capacidade de impulsionar os estímulos e de ultrapassar dificuldades imprevistas possuía-as o Rangel em dimensões desconhecidas noutros homens. O Marcelo fez uma comparação absurda entre o extraordinário jornalista e o primeiro director do Público. Rangel partiu praticamente do nada para criar a TSF e a SIC. O outro refez, apoiado em muito dinheiro, uma ideia de diário com argumentos de semanário, já aplicada, há muitíssimos anos, por Miguel Urbano Rodrigues no Diário Ilustrado. Um criou e multiplicou a criação; o outro repetiu, dificultosa e confusamente, um projecto ainda hoje tropeçante.
Havia, no Emídio Rangel, o sopro dos grandes espaços e das grandes urgências. Os seus únicos preconceitos eram contra a estupidez, a soberba e a traição. Provinha, também, de uma convicção ideológica profunda, que o levara a apoiar, com intensidade militante, a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo à Presidência da República. «Mostra-me o teu talento; não me mostres o cartão do partido.» A frase de Brecht é-lhe facilmente aplicável. E podem crer que sei muito bem do que falo.
Mas a sua grandeza não se limitava a esta marca de carácter. Somos módicos, por invejas, despeitos e rancores, a elogiar o engenho, a arte e a vocação. O homem de quem falo possuía essas e outras virtudes em alto calibre. E conheci, nos jornais e noutros ramos da comunicação, muita gente que rechinava os dentes ao saber das grandes inovações, do poder incalculável do seu génio.
O meu débito de admiração segue a par da estima e do reconhecimento. Convidou-me a participar num programa da TSF, Crónicas de Escárnio e Maldizer; e, para a SIC, a protagonizar um programa, Conversas Secretas, previsto para três meses, e que se prolongou por quase três anos. Qualquer dos convites foi feito em épocas de aperto para mim. Digamos tudo. Os senhores da imprensa não me davam trabalho em razão das minhas escolhas políticas. Um deles, então, afirmou ter suspeitas de que eu era simpatizante da Revolução Cubana, para ele insuportável. Era e continuo a sê-lo. Esse que tal quase rastejou, posteriormente, para ser deputado do PS, a fim de dar um jeito à vidinha.
O meu débito de admiração segue a par da estima e do reconhecimento. Convidou-me a participar num programa da TSF, Crónicas de Escárnio e Maldizer; e, para a SIC, a protagonizar um programa, Conversas Secretas, previsto para três meses, e que se prolongou por quase três anos. Qualquer dos convites foi feito em épocas de aperto para mim. Digamos tudo. Os senhores da imprensa não me davam trabalho em razão das minhas escolhas políticas. Um deles, então, afirmou ter suspeitas de que eu era simpatizante da Revolução Cubana, para ele insuportável. Era e continuo a sê-lo. Esse que tal quase rastejou, posteriormente, para ser deputado do PS, a fim de dar um jeito à vidinha.
Da minha época na SIC recordo, com emoção, a fraterna ternura demonstrada por Manuel Tomás, Fátima Silva, muitos mais outros e outras, que ajudaram o jornalista inexperiente em televisão a fazer do programa o êxito que o programa obteve. Quando o Rangel foi para a RTP voltou a falar-me, a fim de o acompanhar num outro propósito. Depois, foi o que foi. Ultimamente tenho perdido muitos amigos. Emídio Rangel. Adeus.
«DN» de 20 Ago 14Etiquetas: BB
19.8.14
Tempos esquisitos, estes
Por Ferreira Fernandes
Tudo foge entre os dedos. Espírito Santo era uma família, certo? Tão poderosa que da admiração de muitos à inveja de tantos não deixava de ser o que sobretudo era: passado, riqueza, patine, poder. Família centenária. Agora, são queixinhas: "Olhem que os meus primos também..." Outros a patinar: a polícia era força, certo? Às vezes, extravasava, marrava para a sua crença natural, ser força. Mas querem os tempos modernos que ela agora seja mais de levar e calar. No sábado, foi cumprir a lei e baixar o som de uma rave em campos alentejanos e foi recebida à pedrada e sofreu feridos. Não está aí o problema, no levar. Não se exige à polícia que ganhe todas as batalhas. Não se exige, à primeira, atenção! Mas depois de ir curar os dói-dóis à urgência, não pode exibir como único espólio a detenção de um pobre diabo apanhado junto a aparelhos sonoros sem licença. Se policiar fosse só passar multas, era só armada de esferográficas. Terceiro sinal moderno: jornalismo é para informar, certo? Ontem, a RTP apresentou uma reportagem de um "bombista português" (e no último momento riscou "mártir", felizmente). Pois passou o tempo a pôr-lhe aspas no nome e a esconder a cidade onde morava. Mas até a esconder a reportagem foi má, tapou Marselha e mostrou igrejas emblemáticas de Marselha. Que saudades dos tempos em que as famílias presunçosas eram família, os polícias policiavam e os jornalistas revelavam, não apagavam.
«DN» de 19 Ago 14Etiquetas: autor convidado, F.F
18.8.14
17.8.14
Vendo bem...
Tirei hoje estas fotos com o intuito de fazer um comentário a propósito da confusão entre ÓPTICO (de olhos) e ÓTICO (de ouvidos). No entanto, chegado a casa, fui confirmar no Dicionário Priberam. E lá está o que eu supunha!
Pois é... Mas em baixo, em nota de rodapé, esclarece-se que, segundo o Novo Acordo Ortográfico, a grafia passou a ser igual em ambos os casos.
Os Banqueiros
Por Maria
Filomena Mónica
HÁ RICOS e há ricos. E há, depois, banqueiros.
Tal como o Corão, o Novo Testamento é explícito no que diz respeito à
condenação dos últimos. Foi, em parte, devido a isto que a banca ficou
inicialmente nas mãos dos judeus. No século XV, apesar de a Igreja Católica ter
continuado a condenar o empréstimo de dinheiro a juros, com o argumento de que
não se tratava de uma troca de mercadorias, mas de uma actividade que punha em
jogo o factor tempo - então
considerado um privilégio divino - alguns cidadãos da Toscânia começaram a
interpretar os ensinamentos religiosos de maneira heterodoxa.
Entregues a um negócio tido como
ilícito pelo Vaticano, os banqueiros tentaram apaziguar a cólera divina através
de encomendas de obras de arte. Como o provam os actos da família Medici, o
nascimento da banca internacional e o Renascimento estão ligados. Por detrás da
ostentação, persistia a noção de pecado, o que explica a hegemonia, breve, mas
assustadora, de Savanarola, o frade dominicano de Ferrara que pregava contra o
luxo. A histeria anti-dinheiro terminou em «A Fogueira das Vaidades» (1497 e
1499), que teve lugar na Piazza della Signoria, de Florença, quando muitas obras
de arte foram queimadas.
Nada sei de bancos, a não ser que é
através deles que recebo o que ganho, como é lá que deposito o que poupo. Até
recentemente não tinha deles qualquer impressão. Isso só aconteceu depois da
crise dos Lehman Brothers, quando
tudo se virou de pernas para o par. Não sendo rica, a única coisa que peço a um
banco é que funcione como um colchão: eu deixo lá o meu dinheiro – uma pequena
conta a prazo – e ele impede que um ladrão me roube. Não conheço Ricardo
Salgado nem tenho dinheiro no BES, o que não me impede de os classificar de
«lixo». As agências de notação financeira não detêm este monopólio. Perante o
actual descalabro, que garantias me dão os bancos de não andarem a planear
truques semelhantes? Gostaria de juntar pessoas de confiança - infelizmente o
Banco de Portugal roubou-me Vítor Bento – e criar um pequeno banco, modesto nas
ambições, mas sério na aplicação do dinheiro.
Há muitos anos, quando a palavra de
honra ainda valia alguma coisa, a relação entre cliente e banqueiro era pessoal.
Um exemplo é o do banco que a minha família paterna sempre usou nos seus negócios.
Lembro-me de, em conversas com o meu pai, este me ter falado dos contactos
entre o meu avô, um homem honesto, inteligente e duro, e o banco com quem trabalhava,
o «Lisboa e Açores». Não sei se é a uma relação deste tipo que José Sócrates se
refere na entrevista, que a 28 de Julho, deu ao Diário de Notícias!
Como escreveu Adam Smith, em A
Teoria dos
Sentimentos Morais, o «homem sábio e virtuoso está sempre disponível para
sacrificar o seu próprio interesse privado ao interesse público da sua ordem ou
sociedade». A maximização do lucro tem de respeitar princípios éticos. Duvido
que Ricardo Salgado tenha ponderado suficientemente os perigos de uma nova Fogueira das Vaidades. Se fosse a ele,
acautelava-me.
«Expresso» de 2 Ago 14
Etiquetas: FM
Luz - Au bon pain, com sol, frio e restos de neve, Boston, EUA
Fotografias de António Barreto- APPh
Clicar na imagem para a ampliar
Numa
importante rua comercial de Boston, de manhã cedo, dia de sol com muito
frio e neve. Num destes milhares de restaurantes ou cafés com
esplanadas aquecidas e protegidas, um senhor toma o seu pequeno-almoço.
Há qualquer coisa de confortável nesta solidão… (2013).
Etiquetas: AMB
DOCE DE BANANA (adaptado de uma receita angolana)
Por A. M. Galopim de Carvalho
6 bananas maduras
200 g de açúcar
água qb
6 ovos
Leve ao lume o açúcar com a água até fazer ponto de fio fraco.
Junte 4 bananas bem maduras cortadas aos bocados e deixe ferver até se desfazerem. Ajude esta operação, esmagando as bananas com o esmagador de batata manual, mexa bem para homogeneizar.
Deixe arrefecer, adicione as gemas bem batidas e em fio e mexa bem.
Leve, de novo, ao lume por alguns minutos, para cozer a gema.
Junte as restantes bananas cortadas às rodelas e, se desejar acrescente, a seu gosto, pinhões, amêndoas fatiadas, pedacinhos de noz ou, mesmo, outras frutas maduras (de preferência, abacaxi).
Deixe arrefecer e adicione as claras batidas em castelo bem firme e misture bem.
Polvilhe com canela (facultativo), coloque no frigorífico e sirva bem frio.
Etiquetas: GC
16.8.14
Pergunta de algibeira (a propósito das fotos anteriores)
A figura representa uma
parede de tijolo limitada em cima e em baixo por vigas paralelas, e dos
lados por pilares verticais espaçados da mesma distância. Abriu-se,
nela, um rasgo QUADRADO (não representado), tocando nas vigas e nos
pilares. Pergunta-se: será possível ampliar esse rasgo (sem alterar as vigas nem os pilares, evidentemente)?
Actualização
Pode dizer-se que a resposta já foi dada por "500", embora sem explicar como era o rasgo inicial. Este, como se vê, pode ser ampliado em 100%, seguindo o método indicado...