30.3.15

Luz - Paris, Cemitério do Père Lachaise

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Só quando fui visitar o cemitério, há muitos anos, soube que o Padre François La Chaise tinha sido o confessor do rei Luís XIV. As suas propriedades ficavam no local onde hoje se situa este cemitério que, com quase 50 Hectares, é o maior de Paris. Fundado em 1804, transformou-se num local de peregrinação. Muita gente se passeia por ali a fim de visitar os seus ídolos. São mais de dois milhões de turistas por ano! E os que querem ir para este sítio depois de mortos, suprema honra para tantos, têm que se inscrever e ficar em lista de espera! Desde Oscar Wilde ao Jim Morrison (ao que dizem, os túmulos mais visitados de todos…), passando por marechais de Napoleão, combatentes das guerras mundiais, heróis e mortos da Resistência, da Comuna de Paris e do Holocausto! Não deve haver no mundo cemitério com tanta gente famosa e ilustre! Quando por lá passeei, notei, no meu caderno: Molière, Balzac, Marcel Proust, Paul Éluard, Collette, Benjamin Constant, Auguste Comte, Fernand Braudel, Modigliani, Delacroix, Ingres, Rossini, Chopin, Yves Montand, Gilbert Bécaud, Edith Piaf, Sarah Bernhardt, Maria Callas e Nadar, além de memoriais em homenagem a Judeus, Muçulmanos, Cristãos, Protestantes, Anarquistas e Comunistas, sem esquecer os famosos “Fédérés” (combatentes da Comuna de Paris fuzilados em 1871), nem a filha de Karl Marx.

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29.3.15

2015 - ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS - FALANDO DOS SOLOS (10)

Por A. M. Galopim de Carvalho
Estrutura 

No propósito de caracterizar e classificar os solos, os pedólogos criaram o conceito de estrutura do solo, uma das suas características mais importantes. Descrita como a organização espacial dos seus constituintes, envolve não só a forma, a natureza, a dimensão e o arranjo das partículas simples e dos agregados (torrões, em linguagem popular) ou pedes, mas também a geometria dos vazios, ou seja, as suas dimensões, formas e distribuição
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26.3.15

ÁGUA DE COCO - Lojas “portuguesas” (?)

Por Antunes Ferreira
Para quem me conhece não me parece necessária a salvaguarda que deixo aqui: peço o subido obséquio
que não pensem que estas crónicas resultam
de intenções neocoloniais. Nunca fui saudosista
 dos tempos do antigamente;
não seria agora, a caminho dos 74 anos que o seria…
PELAS RUAS de Pangim, que começo a conhecer mais do que alguns naturais (ia escrevendo indígenas, mas meti travões às quatro rodas) da terra, vou confirmando o que já descobrira há muitos anos. Mas, para lá chegar, deixem-me que vos conte uma estória que me aconteceu no princípio da semana. Curiosamente tenho de dizer que não contava com ela, mas elas acontecem quando menos se espera. E, assim, têm mais sabor, digo eu.
Tínhamos almoçado no George na praça da igreja catedral que já está engalanada pois vêm aí a Semana Santa. O restaurante George para mim é o melhor da capital onde se come cozinha goesa genuína, embora noutros também se encontre, mas um tanto adulterada pelos que vindos de outros Estados da Índia emigraram para Goa. Um caril à maneira goesa, um vindalho, um sarapatel, um balchão e outros têm um sabor absolutamente diferente das restantes cozinhas indianas que são muitíssimas.
Retomo a estória. Na primeira esquina do jardim Garcia de Orta, antes de se chegar ao hotel Sri Punjab, que tem um restaurante onde pontifica a comida sick de seu nome Aroma (nada tem que ver com a nossa palavra), um casal europeu com sacos de compras, Nikon pendurada do pescoço do homem perguntou-nos em francês que língua falávamos, ao que lhes respondi que falávamos Português, pois éramos de Portugal, mas que, na realidade, a Raquel era goesa.
Foi um encontro de uns quinze minutos, mas que foi muito interessante. Os franceses Marcel e Pauline Combat vinham do Estado de Karnataka e tinham descoberto que Goa era muito diferente, pois também tinham andado por Nova Deli, chegado ao Taj Mahal, (visita incontornável na Índia) viajado pelo Rajastan e Kajurao (visita igualmente indispensável por mor dos templos com figuras eróticas em relevo nas paredes exteriores, mesmo pornográficas, representando actos sexuais que até metem animais.
Mas Goa era diferente. Porquê. Expliquei-lhes a permanência dos Portugueses ao logo de quase cinco séculos por ali, falei-lhes das igrejas, capelas, catedrais, conventos e cruzeiros. E apontei-lhe a Papelaria J.M. Fernandes, dizendo-lhes que a loja tinha o seu nome em Português, o exemplo mais à mão dessa realidade. Separámos com muitos abraços e beijinhos e combinámos um encontro quando fosse possível… Já os voltei a ver, mas como iam do outro lado da rua, nem lhes acenei. Um dia jantaremos em qualquer parte do Mundo – se lá chegar…
Disse à Raquel que pretendia andar um bocadinho, poi fazia 34º mas há tempos que o não fazia e precisava de começar a desenferrujar as dobradiças. Fomos até ao Idalcão, antiga sede do Governo no tempo dos Portugueses. Estávamos no coração da Pangim antiga e dei por mim em frente do Hotel República, assim mesmo com acento agudo. De supetão surgiu-me a ideia (cada vez mais sou um idiota…) de ir mirando lojas diversas para confirmar o que já sabia: muitas mantinham nomes portugueses.
Desde o Café Central até ao estabelecimento de tecidos Amaro Rebelo & Sons - antigamente era & Filhos – passando pelo Hotel Fidalgo que quantidade deles subsistia. Alguns exemplos em Pangim: Café Central, Café Nacional, Lembrança (com cê cedilhado) loja de souvenirs , para não falar da Farmácia Salcete (é o nome do distrito da Raquel que ali nasceu, mais precisamente na aldeia Raia, onde a família Melo tinha casa com capela e a que chamam capital do catolicismo), Hotel Palácio de Goa, de um mouro (como aqui se diz para muçulmano).
Ora digam-me lá se isto é saudosismo ou neocolonialismo? Não é.  São apenas constatações feitas no seu lugar. Aliás Casas há muitas. Por exemplo a Casa Shirodkar, em que o termo português está associado ao nome do proprietário goês. E que dizer da Casa Velho (da família Velho) de artigos diversos de decoração e outros, carotes. Pronto foi um percurso pequeno, mas a capital também não é grande…

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Portugal à deriva

Por C. Barroco Esperança
Portugal é uma espécie de navio Costa Concordia que se encaminha para o desastre, em velocidade de cruzeiro, com um Francesco Schetino a dirigi-lo ao naufrágio, não na ilha de Giglio, nos obstáculos da União Europeia, no tempo que decorre da dissolução ética do Governo até à dissolução obrigatória da A. R..
Aqui não é o amor que perde o casto comandante, é o medo de enfrentar o Governo, na sua imutável servidão, preso na rede dos interesses partidários. Prefere trocar encómios com o seu homólogo Hollande, numa metáfora perfeita de dois erros de casting.
Após os solavancos do Concordia, perante a incúria de Schetino, 32 viajantes perderam a vida no naufrágio. Em Portugal, com o mar agitado, o capitão adivinha odor eleitoral quando o Citius aborta, a colocação de professores gera desordem, o PM, que assessora, finta a S. S., e a ministra das Finanças ignora a lista VIP criada nas madraças do partido cujos tentáculos confiscaram o aparelho de Estado. Nas trapalhadas governamentais há sempre um expedito diretor-geral lesto a pedir a demissão.
Em Portugal, o timoneiro, privado de bússola, deu posse à ministra das Finanças de um ex-Governo, donde saíra um partido e o ministro irrevogável, com a mesma displicência com que abençoou Orçamentos inconstitucionais. O País é o navio batido pelo vendaval da dívida imparável, o desemprego endémico e a emigração jovem.
Na ‘zona de conforto’ restam esta maioria, este governo e este PR, confiantes em que os portugueses seguirão o destino dos 32 passageiros do Concordia sem um queixume, sem sobressaltos cívicos, até ao último dia, quando o próximo governo herdar o País esvaído com um orçamento feito por este governo, aprovado por esta maioria e promulgado por este PR. Antecipar eleições, uma exigência ética e política, é recusado por quem servirá o cálice de veneno, até à derradeira gota, a dois e meio milhões de pobres.
O PM, hábil a abrir portas, para a Tecnoforma e para os amigos, finge ser o salvador da Pátria, com os ‘cofres cheios’, de empréstimos a juros, usando a linguagem salazarista, sem perceber que a dívida não parou de subir durante o seu consulado.
«O país está melhor, os portugueses é que estão pior», diz na sua desfaçatez quem julga que o País são eles.

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23.3.15

FALANDO DE FELICIDADE

Por Alice Vieira 
LI JÁ NÃO SEI ONDE que a Assembleia Geral das Nações Unidas decretou que o dia 20 de Março vai ser o Dia Internacional da Felicidade. A ideia partiu, ao que parece, do minúsculo reino do Butão que, em vez do PIB (Produto Interno Bruto), adota como estatística oficial a “Felicidade Nacional Bruta”. Isto em português soa um bocado mal, espero que em butanês (ou na língua que lá se fala) soe bastante melhor…
Que bom, num mundo com tanta tragédia, haver um dia consagrado à Felicidade. (E, já agora, um pequeno parêntesis perfeitamente pessoal: deixem-me felicitar quem teve a ideia de o colocar no dia 20 de março, dia em que eu faço anos, o que me vai dar, a partir de agora, ainda muito mais razões para o festejar... Adiante). No dia 20 de Março, como todos sabemos, acaba o inverno. O que significa também que a Felicidade vai ficar ligada à primavera.
E, em tempos de crise e de depressão, como a que vivemos, nunca é demais lembrá-lo.
Mas, deixem-me confessar, que também não me agradava lá muito uma felicidade como a que se vive no Butão.
Há dias, zapando pelos canais do cabo, vi um documentário sobre o Butão. O Butão é um reino minúsculo, completamente isolado e fechado ao mundo (o que as montanhas onde está instalado propiciam), onde as pessoas vivem da agricultura como na Idade Média, dividindo o seu tempo entre o trabalho na terra e as idas aos templos. Preservam esse isolamento para que, segundo afirmam, nada possa alterar a tradição e os rituais. Estrangeiro é bicho muito raro por lá.
Tem, realmente, uma paisagem deslumbrante, mosteiros magníficos - e uma única estrada a atravessar o país. Se calhar, a felicidade também tem a ver com um trânsito sem complicações, e o completo desconhecimento do que é hora de ponta. Praticamente não se usa dinheiro, não há consumo.
No Butão é-se feliz porque - convenhamos - também não se pode ser outra coisa. E é isso que me apavora.
Que mérito poderá ter a minha luta pela felicidade se não tenho de combater a infelicidade?
Que mérito terá a minha realização pessoal e profissional se não tenho muita coisa que me realize?
Como posso discutir ideias se não há nada para discutir?
E de que falam as pessoas quando se juntam — se não há dívidas do Passos Coelho, prisão do Sócrates, a Troika, a família Salgado a amar-se apaixonadamente, o Belmiro a ir para a reforma, o Porto a ver se chega aos calcanhares do Benfica, a canção que mandámos para a Eurovisão e que nem para ir ao Festival da Bandalhoeira servia (com todo o meu respeito pela Bandalhoeira, claro) - essas coisas que fazem a felicidade das pessoas à mesa do café.
Como se pode ser herói se não há obstáculos para vencer?
Como poderíamos desejar tanto a primavera, se não houvesse inverno?
É claro que é muito bom que se encontre um dia no ano para se questionar a nossa Felicidade (ou a falta dela). Mas aflige-me muita a felicidade por decreto.
Por isso, em vez de pensar no Butão (apesar da nossa crise brava e das aparentes maravilhas deles, a meio do documentário eu já estava completamente deprimida…), e no sorriso permanente colado à boca dos habitantes, prefiro, apesar de tudo, voltar à terra, a esta nossa terrível, desesperante, complicada terra onde vivemos, a braços com esta terrível, desesperante, complicada crise que ninguém sabe onde nos leva – e pensar antes na minha amiga Helena Marujo que acredita, contra ventos, troikas , BES e marés, que todos fomos feitos para a Felicidade.
A Helena Marujo é uma cientista conceituada, não escreve livros de auto-ajuda – e, com o marido, Luis Miguel Neto, fundou há uns dois anos, o Instituto da Felicidade. E uma das suas ações mais importantes foi a elaboração de um estudo sobre a felicidade dos portugueses – ideia que lhe veio quando andava a estudar as causas da depressão entre crianças e adolescentes.
 Eu sei que há dois anos ainda não estávamos tão mal como agora, mas a verdade — como de resto ela salienta logo no início — é que nunca estivemos bem… Fomos sempre o povo da desgraça, do fado, o “país cabisbaixo”, como lhe chamou o poeta Alexandre O’Neil. E o que é preciso — seja em que tempo for – é procurarmos novas perspetivas de realização, novas maneiras de viver o dia a dia, novos interesses, novas disponibilidades, um novo olhar para quem vive ao nosso lado.
Carlos Drummond de Andrade escreveu uma vez que “há duas épocas na vida, - a infância e a velhice - em que a felicidade está numa caixa de bombons”…
Pois é preciso saber encontrar, também para outras idades, a respetiva caixa de bombons…
Custa, eu sei - mas antes isso que ser feliz por obrigação legal.

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22.3.15

Luz - Lisboa, Terreiro do Paço, torreão ocidental e cacilheiro.

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Ficava neste torreão o antigo Ministério da Marinha. Actualmente, já por lá vi duas exposições de fotografia. Creio que ambas da responsabilidade da Câmara de Lisboa. O ponto de vista do torreão sobre o Tejo ou sobre o Terreiro do Paço é muito interessante. Esta imagem é o inverso: foi feita a partir do alto do Arco da Rua Augusta, agora aberto ao público (e ainda bem!). A fotografia, tal como outras semelhantes que se podem fazer de muitas ruas de Lisboa que “descem para o rio”, faz-me imediatamente pensar num livro muito curioso que li há mais de 50 anos “O navio dentro da cidade”, de André Kedros, um escritor grego que viveu no século XX e muito escreveu sobre a liberdade e sobre a resistência grega aos ocupantes alemães. Tanto quanto percebo, não se trata de um “cacilheiro” como os outros, mas sim do que foi adaptado e transformado pela Joana Vasconcelos para figurar na Bienal de Veneza. (2014)

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2015 - ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS


FALANDO DOS SOLOS (9)

Textura
Esta importante característica do solo é definida pela dimensão das partículas terrígenas nele contidas, encaradas como elementos de uma população, neste caso, a respectiva componente mineral. Por influência dos colegas franceses, o estudo desta característica tem sido designado, entre nós, pela maioria dos autores, pelas expressões granulometria e análise granulométrica. Amplamente divulgadas na bibliografia científica da especialidade e nos manuais e outros textos dirigidos ao ensino, estas duas expressões, sinónimas entre si, apenas são correctas quando aplicadas aos sedimentos arenosos, siltosos e argilosos.(...)
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21.3.15

ÁGUA DE COCO - A sesta das zebras

Por Antunes Ferreira 
NÃO É DE AGORA a constatação; tal como no calino anúncio publicitário, já vem de longe. De princípio tive a sensação de que alguma coisa não batia certo – porque ainda não entendia o que passava no meu cérebro – e, depois, fez-se luz. Se o trânsito era caótico, um cidadão vindo de outras latitudes, apenas tinha dois caminhos a tomar: entendê-lo ou voltar tão rapidamente quanto lhe fosse possível para o local de origem. Optei pelo primeiro. Fiquei. Antes do mais tinha de guardar na massa cinzenta que o trânsito era pelo lado como o inglês, o que na primeira vez que chegara ao Reino Unido me valeu a oportunidade de levar com um autocarro ainda por cima de dois andares. Safei-me por uma unha negra e quando me preparava para invectivar, à boa e vernácula maneira lusitana o motorista do monstro, uma alma caridosa me explicou que lá era preciso olhar para a direita de onde vinha o mastodonte motorizado e só depois atravessar olhando então para a esquerda.
Mas era melhor cumprir as regras e alcançar o outro lado da rua pelas zebras pintadas no pavimento; as zebras eram as passagens dos peões. A experiência que podia ter sido dolorosa levou-me a que nos países com o tráfego à moda inglesa passasse a utiliza-lo. Como bom Português, habituado ao toca-e-foge das ruas, e ao alegre não cumprimento do Código da Estrada, a rigidez dos bifes e correlativos era um exagero. Daí que isso resultasse numa mistura explosiva: o trânsito incongruente e os desastres que originava. Ser Português é ser infractor. Nisso somo especialistas…++ Mas, afinal o que são as zebras? Aqueles cavalos de pijama às riscas também o são, mas aqui falo das passadeiras que atrás mencionei. Onde os peões se sentem seguros quando as utilizam para passar para o lado de lá. Tem dias, pois há condutores que as ignoram pregando cagaços aos pedestres e por vezes mandando-os para o hospital e até para o cemitério mais próxima da residência dele. Porém, na generalidade, as zebras não se encavalitam. Na especialidade é que reside o busílis da questão. Não falo de São Bento, apesar da terminologia ser semelhante. No caso presente e no Parlamento há os Passos Perdidos. Oxalá os houvesse, mas com outra finalidade.
Já estou daqui a ver os escassos leitores a perguntar a que vem este arrazoado? No escrito fala-se ou não de Goa? Ou por outro lado o que tem o cu com calças? Tem sim senhor. Tome-se o caso da capital Pangim – é só um exemplo, na especialidade porque na generalidade são outras quinhentas mil rupias – onde há algumas, poucas, zebras, aliás muito desbotadas. E desde já um conselho: se aqui vierem não passem nelas!
No meio de um trânsito mais do que caótico ninguém as respeita, muito pelo contrário são verdadeiros alvos para os condutores dos veículos motorizados, dando até a impressão que não são listadas mas sim concêntricas. Já participei em tráfegos citadinos e rurais e a ideia que continuo a ter é que as zebras de aqui seguem a norma geral: são sucêgadas. Isto porque Goa também o é, o que em devido tempo escrevi sem peias.
 Para completar o panorama há que dizer que polícias de trânsito e escassos sinaleiros afinam pela mesma medida. Ou seja, assistem, impávidos (e impávidas pois também as há…) e serenos/as aos atropelos das regras (se é que elas existem há…) quotidianos, diria até permanentes. Por isso repito o aviso se quiser atravessar por exemplo a 18 de Junho) que é a principal, treine afincada, prudente e atempadamente nos 3.000 metros obstáculos, nas fintas, nos dribles e nos 100 metros.
 E se chegar incólume ao outro lado da rua não se admire: é mais fácil a correr por entre automóveis, carrinhas, furgões, camionetas, motorizadas, bicicletas e peões despreocupas do que tentar utilizar as zebras desbotadas que são poucas, mas que também são verdadeiras armadilhas. Enfim, estas zebras fazem a sesta 24 horas por dia

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20.3.15

CONSELHO NACIONAL DE DES EDUCAÇÃO

Por Guilherme Valente
Entre as várias coisas boas que este Ministro da Educação foi capaz de fazer, a melhor foram os exames. E a prova, como se previa, viu-se logo: passados um ou dois anos sobre a medida, as médias subiram em todas as escolas. Em todas, mas mais… nas públicas! Nas "más", e isso é que é importante, para dar oportunidade e esperança a todas as crianças, criando as condições para diminuir o fosso da desigualdade social. (E subiram menos nas privadas por nelas haver já mecanismos de exigência de trabalho e de ser outro, regra geral, o empenho dos pais.)
Saudada com júbilo pelos que realmente se preocupam com a qualidade do ensino e o destino dos alunos, essa subida nos resultados enervou e abalou, como se viu, os defensores do facilismo, da ideologia que serviu magnificamente aqueles que quiseram e querem inviabilizar a educação em Portugal.
E a reacção não tardou. O CNE, agora com a cobertura útil do presidente que passou a ter - as escolhas e delegações deste Ministro são, regra geral, um desastre - vem agora propor, criminosamente, o fim das reprovações, isto é, o fim dos exames a sério. Para isso invocou três "razões", todas agoniantes: 
Uma, a de que as reprovações não resolvem o problema dos alunos que reprovam - e a transição sem se saber resolve? E foi por isso mesmo que desde sempre defendemos... a necessidade de apoio reforçado aos alunos reprovados. Solução que vêm apresentar agora como se fosse uma descoberta sua.
Outra razão, a de que reprovação suscita nas crianças perturbações emocionais, é hilariante, na linha de concepções e de práticas idiotas que têm conduzido à infantilização dos alunos, gerando jovens e adultos sem autonomia, personalidades frágeis incapazes de enfrentar as mínimas contrariedades que a vida a toda a gente inevitavelmente coloca.
E, última razão evocada, a de que as reprovações custam caro ao Estado. Razão hipócrita esta, por ser apresentada pelos que sempre tão assanhadamente atacaram o Ministro por "sacrificar a qualidade do ensino à poupança de dinheiro". Poupar-se-ia 900 milhões, dizem-me que terá dito o meu Amigo Eduardo Marçal Grilo – então porque não poupam tudo? Fechem-se as escolas, acabe-se com a Educação! 
A proposta do CNE junta cegueira ideológica e ressentimento a uma aparente...burrice. E porquê? Por que os exames, a reprovação (a que chamam beatamente retenção), não se destinam apenas, nem sobretudo, a proporcionar aos alunos sem qualificações para transitar de ano a possibilidade de recuperarem. O objectivo e benefício dos exames a sério são sistémicos. 
Isto é, promover o estudo pelos alunos todos, a qualidade do ensino (e o estudo...) pelos professores, a preocupação dos pais relativamente ao trabalho escolar dos filhos, e também o empenho e competência do aparelho do Ministério. O objectivo dos exames é, em suma, pôr toda a gente a trabalhar, a estudar, a ensinar e a educar realmente, informando e responsabilizando todos, professores, directores, escolas, ministério e pais.
Percebe-se, assim, porque precisamos em Portugal de um regime de exames bem diferente daquele de que necessitam sociedades como a finlandesa ou a japonesa, por exemplo.
Acabar com os exames, como agora vem defender o CNE determinará, rápida e inelutavelmente, que se passe a estudar menos e a ensinar pior. Voltará a descer, portanto, o nível de formação dos alunos, a crescer o abandono escolar e a indisciplina, a irresponsabilidade de estudantes e professores (e a frustração dos melhores deles), a indiferença dos pais. E os mais prejudicados seriam, serão…, como sempre foram, os mais desfavorecidos, assim se contribuindo para agravar ainda mais as desigualdades sociais. E entrariam ainda menos alunos no ensino superior, a não ser que também nesse grau de ensino viesse a verificar-se uma descida ainda mais escandalosa de exigência. Facto, infelizmente, bem provável, aliás, pois não começaram já alguns Politécnicos a decidir o fim de alguns exames – com excepção do exemplo que se esperava dos de Lisboa, Porto e Coimbra? Tudo para agravar a miséria da realidade política, cultural, económica, financeira, o pântano em que o País tem vivido. 
«Expresso» de 14 Mar 15

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19.3.15

Quo vadis, Europa?

Por C. Barroco Esperança
Que é feito de ti, bela Europa, filha de Argenor, por quem Zeus traiu Hera e, disfarçado de touro, levou para Creta para te amar e fazer filhos?
Que é feito de ti, dileta do pai dos deuses e dos homens, abandonada a usurários que te violam num vão de escada de agiotas e abandonam à concupiscência do liberalismo?
Esqueceste os filhos da mitologia grega, Minos, Radamanto e Sarpedão, mas deste-nos o Renascimento, o Iluminismo e a Revolução Francesa. Deixaste-nos primeiro os ideais da Liberdade, Igualdade e Fraternidade e, com eles, a ciência, a técnica e a cultura com que fizeste feliz quem nasceu em ti.
Tal como Fídias, sob Péricles, esculpiu o mármore em êxtase, tu criaste uma sociedade talhada com o cinzel da liberdade na pedra da tolerância. As artes, a ciência e a cultura brotaram de ti, grávida de Zeus, para deleite humano. Como pudeste esquecer a região da Ática onde Atenas guarda, há 3.400 anos, o porto de Pireu, hoje à venda, para matar a fome dos que vivem no berço da civilização que herdaste?
Não se pode entregar a Acrópole ao Banco Central Alemão nem o futuro da civilização à Prússia. A Europa não nasceu no Portão de Brandeburgo e não pode ser abandonada, exangue, à frieza teutónica ou à irascibilidade prussiana.
A Europa, laica e democrática, só sobreviverá inteira, e morrerá em cada povo que seja abandonado, em cada pobre que pereça de inanição, em cada nação que deixe soçobrar.

Ponte Europa / Sorumbático

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18.3.15

IDOSOS, FORMA EUFEMÍSTICA DE DIZER VELHOS

Por A.M.Galopim de Carvalho
É VOZ CORRENTE ouvir-se dizer que “sempre que morre um velho, é uma “biblioteca” que se perde”. Importa, pois, que essa “biblioteca”, seja ela de saber popular ou erudito, enquanto viva, se abra aos que dela possam beneficiar.

São muitos os idosos em que o cérebro, repleto de informação e de experiência acumuladas ao longo de uma vida, assiste, consciente e impotente, à degradação física do respectivo corpo, o que, convenhamos, não é agradável. Como resposta, busca e adopta comportamentos e actividades compatíveis com essa realidade incontornável. Os idosos que, profissionalmente, exerceram intensa actividade intelectual e que o chamado limite de idade arrumou na irremediável e penosa condição de pensionistas, continuam, por muitos anos, intelectualmente activos. É, pois, nesta classe de cidadãos que procuro situar-me, fruindo o dia-a-dia, com alegria de viver, fazendo por esquecer ou minimizando, com recurso à medicina, as artrites, as deficiências coronárias e demais mazelas próprias da chamada terceira idade. Divulgar a ciência que cultivei, como geólogo e professor de geologia, foi a opção que tomei no sentido de tornar útil o meu tempo de pensionista. Sem horário de trabalho fixado, o que aconteceu com a minha jubilação em 2001, sou dono de todo o meu próprio tempo, que reparto a meu belo prazer, e dele fazem parte, entre outras ocupações, transmitir, pela palavra escrita e falada, o que a vida em sociedade e a profissão me ensinaram, a par de uma intervenção cívica focalizada, sobretudo, na defesa e salvaguarda do nosso património geológico e paleontológico.
Os textos que, com propósitos científicos e pedagógicos, de há muito venho divulgando, têm como destinatários preferenciais os professores que, nas nossas escolas básicas e secundárias, se debatem com falta de elementos que complementem os tradicionais livros adoptados. Visam, ainda, o cidadão comum, interessado em conhecer o chão que pisa e lhe dá o pão. Não pretendo, longe disso, ensinar algo de novo aos meus pares, alguns deles bem mais entendidos do que eu nestas matérias. A esses, muitos deles meus ex-alunos, recorro, sempre que necessário, para que me esclareçam dúvidas, me aconselhem ou ensinem algo do muito que já sabem, estimulando-os a que, com o mesmo espírito de missão, a mesma simplicidade e igual humildade no que procuro transmitir, se disponham a divulgar a ciência que cultivam.

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15.3.15

Luz - Nilo, em Assuão, no Egipto

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A bordo de uma feluca (ou faluca). Imagino que toda a gente tenha “a viagem da sua vida”. Ou “as viagens…”. É lugar comum. Mas deve ser verdade. Quase não conheço pessoa que não tenha ambicionado, durante anos, fazer uma ou várias viagens que, pelas mais variadas razões, se tenham gravado antecipadamente na memória e nos desejos. Por vezes, concretizam-se. Outras vezes, ficam-se pelos sonhos. Eu tive muitas dessa viagens, mas sobretudo, de que haja vestígios, cerca de 12, desde os meus 16 anos. Fiz a lista num pedaço de papel que ainda guardo. A que acrescentei, ao longo dos anos, mais uma dúzia e meia. Fui realizando quase tudo, ainda me faltam quatro ou cinco, num total de trinta e poucas. A origem destas sugestões é a mais diversa. Livros, histórias aos quadradinhos, desenhos animados, conversa de casa ou de amigos, filmes, revistas, fotografias… tudo o que nos vai ensinando o que é o mundo. O Tintim, O Diabrete, o Cavaleiro Andante, O Mosquito e O Mundo de Aventuras foram as primeiras informações sobre mundos estranhos e longínquos. “Não hei-de morrer sem lá ir”: eis a frase com que concluía certas leituras, antes de inscrever o sítio no tal pedaço de papel. O porto e a cidade de Assuão, a barragem do Nilo e o templo de Abu Simbel foram dos primeiros a entrar. Sobretudo desde 1956, quando Nasser decidiu construir aquela enorme barragem e o mundo, por intermédio da UNESCO, se empenhou em ajudar, com dinheiro, projectos, empresas e cientistas, a encontrar soluções para alguns monumentos que ficariam submersos com a albufeira. Em frente da cidade, o Nilo continua imponente. Uns quilómetros acima, a barragem. Mais longe ainda, os templos de Abu Simbel deslocados, pedra a pedra, muitas dezenas de metros acima. Nas falucas, ao fim da tarde, com mais de trinta graus de calor e uma brisa morna, vê-se de perto a paz. (2006)

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2015 - ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

Por A. M. Galopim de Carvalho
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FALANDO DOS SOLOS (8)
No bloco anterior aludi à componente mineral do solo. Neste abordo a componente orgânica e as fracções líquida e gasosa que lhes estão associadas.
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Componente orgânica do solo
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Na fracção orgânica do solo, para além das raízes vivas, dos restos de plantas vasculares mortas, de vermes, artrópodes, outros invertebrados e os produtos das respectivas decomposições após a morte, estão presentes micro-organismos, representados por bactérias autotróficas e heterotróficas, algas, fungos, protozoários e vírus. Das bactérias, merecem referência as que promovem a fixação do azoto e, entre os protozoários, são comuns os flagelados e as amibas. Todos estes seres e os seus restos, associados aos nutrientes minerais e regulados pela temperatura, humidade, arejamento, são fundamentais à vida do solo.(...)
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14.3.15

ÁGUA DE COCO - Pobre Sporting



Por Antunes Ferreira
PERTO DO MERCADO de Pangim, nos prédios que o rodeiam, há consultórios médicos a dar por um pau. Católicos (que vão diminuindo, acompanhando o se passa com a população cristã) hindus das mais diversas origens, muitos destes sendo goeses, chineses, tibetanos, muçulmanos; anestesistas, ortopedistas, cirurgiões de todas as especialidades, cardiologistas, oftalmologistas, otorrinos. Descobri nestas minhas andanças sanitárias uns quantos esculápios judeus goeses. Por vezes também é possível encontrar magos, curandeiros, adivinhos, endireitas, e muitos mais falcatrueiros que teimam em fingir que são melhores do que os clínicos verdadeiros. E em tentar impingir-nos os seus “beneméritos serviços”
Em todas as sociedades desde o Norte ao Sul, do Oeste ao Leste podem-se descobrir figurões deste quilate, vi-os na China, na Venezuela, em Cachemira, na Austrália, nos gelos pré polares da Lapónia e do Canadá, enfim, por toda a parte em que tenho posto o pé, ou, melhor no plural. Deixem-me que vos conte uma peculiaridade local. Quando se pergunta a um cidadão mais ou menos tisnado nascido nestas latitudes o que ele é a resposta é imediata sou goês. E perante a então os outros de tonalidades iguais, de imediato salta a afirmação: esses são indianos… No mínimo, curioso.
Foi num deles que fui encontrar a Dr.ª Flora Miranda que, como já contei, é dermatologista e professora universitária. Depois da consulta o Zito Menezes, a Raquel e eu fomos a uma farmácia para comprar os medicamentos receitados. Estrategicamente situada no rés-do-chão do edifício existe uma. Dois senhores e uma senhora atendem ao balcão os pacientes. O estabelecimento nem parece ser farmacêutico, o balcão de atendimento dá directamente para a rua, aliás prática quase generalizada.
Excepção para a Farmácia Salcete, na 18 de Junho, a rua principal da capital um tanto à maneira duma Rua Augusta, (onde se encontram as principais lojas, incluindo as de marcas), obviamente muito menor, mas com o trânsito diabólico que vigora em Goa – e no resto da Índia. Na minha rua, que já vos disse onde fica, existe outra, modernaça, mas em contrapartida com muitas faltas de mezinhas. Porém com donos simpatiquíssimos, dando logo a entender que são goeses, até nos pedidos de desculpas pelas carências nas prateleiras.
Porém, já me alonguei demasiado; volte-se então à farmácia já citada no prédio onde abundam os consultórios médicos. Quem nos atende fala um português fluente, obviamente como sotaque local. Mas o outro farmacêutico e a senhora idem também se expressam na língua de Camões e de Pessoa, ou seja a nossa. O Dr. Zito Menezes que os conhece bem aponta o primeiro e diz, sorridente, este é dos nossos. Zito é sportinguista ferrenho, eu sou-o também, mas mais moderado e portanto o farmacêutico também é leão, o que confirma de modo assaz tímido.
Embora havendo quórum não se realizou uma assembleia-geral verde e branca; os dois restantes elementos da farmácia não se pronunciaram sobre a cor clubista e a minha esposa é… lampiona.  Lá se compraram os medicamentos e despedimo-nos dos camaradas com saudações leoninas. Se o famigerado Bruno ali estivesse – o que felizmente não acontecia – ficaria de cara à banda ao ver essa manifestação sportinguista.
conhecia a famosa Confeitaria Italiana verdadeira demonstração viva do sportinguismo; na parede está pintado o emblema do Sporting Clube de Goa, igualzinho ao nosso, só que com um G em vez do P. De confeitos, bolos, bolachas não tem nada; já de vinhos e outros álcoois não falta nada. Por decreto do Bento Miguel, seu proprietário ali só se pode falar do verde-e-branco. Ai de quem o fizer. A multa não está afixada na porta, mas é melhor ter cuidado. E logo me salta à memória a Maria José Valério com o cabelo pintado de verde: “Viva o Sporting! Quer se possa ou não se possa, a vitória será nossa…”
Entretanto, no Dragon aconteceu a desgraça dos 3-0, seguido por outros desastres, qual deles pior do eu o antecessor: nem fui à Confeitaria, mas contaram-me depois que parecia um funeral. Não gosto deles; o último a que irei, será o meu e muito obrigado…

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12.3.15

Processo de canonização do bem-aventurado Aníbal Cavaco Silva

Por C. Barroco Esperança
Há muito que se exige um postulador da causa do bem-aventurado Aníbal, que preenche os requisitos para a beatificação e posterior canonização, exceto a defunção que, embora simulada, não aconteceu ainda.
É injusto que a subida aos altares se atrase por incúria do bispo de Lisboa a quem cabe, segundo a Constituição Divinus perfectionis Magister e a instrução Sanctorum Mater, por iniciativa própria ou a pedido de fiéis, a competência de investigar sobre a vida, virtudes ou martírio e fama de santidade e milagres atribuídos. O bispo do Algarve está arredado porque o ditoso é mártir e obra milagres longe de Boliqueime, noutra diocese, tal como Fernando de Bulhões, de Lisboa, que acabou a obrar em Pádua.
Dado que o senhor bispo da Guarda se recusa a libertar-me do batismo, encontro-me na condição de «fiel», apto a solicitar a inquirição do bem-aventurado que, há muito, devia ser considerado Servo de Deus pela Congregação para a Causa dos Santos. As virtudes em grau heroico, que o exornam, já deviam tê-lo elevado a Servo de Deus "Venerável".
Não é preciso alegar o longo e piedoso casamento, nem a bondade com que carrega este Governo para reconhecer nele um mártir que a Igreja convidou para presidir à Comissão de Honra para a canonização do então beato Nun’Álvares Pereira. O milagre de ter sido reeleito PR era bastante para ser declarado santo por aclamação popular.
E obrou outros para os quais não são precisos médicos para assinarem curas pífias como a cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus, salpicado de óleo fervente de fritar peixe, graças à intercessão do Beato Nuno. Os milagres do beato Aníbal, ainda omissos na Congregação para a Causa dos Santos, são públicos e nem os ateus os contestam.

1.º milagre obrado pelo bem-aventurado Aníbal – Empossou a ministra das Finanças em um Governo inexistente, com o CDS ausente e o líder irrevogavelmente demissionário. Foi um ato heroico e o milagre, que nunca tinha sido obrado na História do cristianismo romano, estupefez os créus e a todos maravilhou.

2.º milagre obrado – A transubstanciação de uma fraude fiscal do primeiro-ministro em odor pré-eleitoral, transformação evidente da substância de um delito noutra substância, o reclame ao PSD, com núcleo benzénico ou odorífero.

3.º milagre obrado, embora desnecessário, à guisa de IVA canónico – É o único Servo de Deus com a graça concedida de um sorriso das vacas açorianas.

Com estes milagres, que nem um pétreo ateu pode contestar, o bem-aventurado Aníbal torna-se digno de ser levada aos altares e receber a mesma veneração em todo o mundo, concluindo assim o processo de Canonização.
A Pátria anseia ver o beato Aníbal criado santo e a exornar o Calendário hagiológico romano.
Ponte Europa / Sorumbático

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8.3.15

Luz - Saqqara, Egipto

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Também se escreve Sakkarah. Trata-se de uma localidade no Egipto, perto de Mênfis, a cerca de 50 quilómetros a Sul do Cairo, na qual existem vestígios de várias pirâmides. A mais importante e mais famosa é a de Djoser, que ficou conhecida como pirâmide de Saqqara. Foi consdtruída pelo mais famoso dos arquitectos egípcios da antiguidade e um dos mais famosos do mundo, Imhotep. O seu traço de distinção é o de ser uma pirâmide em escadas ou degraus. Começou a ser construída por volta de 2.500 anos antes de Cristo e terá hoje entre 4.000 e 4.500 anos! É simplesmente o mais antigo edifício completo (mais ou menos…) do mundo! Vi desenhos desta pirâmide em álbuns de banda desenhada (no meu tempo, chamavam-se “revistas de quadradinhos”…), já não sei se incluídos em aventuras do Tintin, do Professor Mortimer ou de qualquer outro. Sei que nunca mais a esqueci. Quando tive a oportunidade, depois de chegado ao Cairo, foi o meu primeiro desejo: Saqqara! Acrescento que, no Egipto, as reminiscências, os desejos infantis, a curiosidade, a vontade de visitar mitos e lendas… dão conta de qualquer espírito! De Alexandria ao Nilo, do Vale dos Reis a Assuão, de Abu Simbel ao Suez, de Luxor ao Museu do Cairo (o mais desordenado e caótico museu do mundo, seguramente um dos mais fascinantes!), é um desfiar de maravilhas históricas e de encantamento! E convém nunca esquecer que o país, se assim se lhe pode chamar, o Estado, o Império ou aquela civilização tem mais de 5.000 anos de vida! (2006)

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2015 - ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

Por A. M. Galopim de Carvalho
FALANDO DOS SOLOS (7) 
EM CONDIÇÕES normais, coexistem no solo uma componente mineral e uma orgânica, a que se associam uma fase líquida e uma fase gasosa essenciais ao bioquimismo e à vida que nele têm lugar.(...)
Texto integral [aqui]

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5.3.15

Eu pecador me confesso…

Por C. Barroco Esperança
Retrato-me [Retracto-me, antes do novo AO]. Sei que os amigos deste Governo e deste PR sofrem com as injustas apreciações que lhes são feitas. Peço particulares desculpas aos meus leitores que ficam destroçados quando veem beliscar Cavaco Silva, o melhor presidente de Portugal, depois de Jorge Sampaio, e Passos Coelho cuja comparação só encontra rival em Pimenta de Castro ou Santana Lopes. Para alegrar todos aqueles que anseiam por uma revisão da CRP que permita a Cavaco um novo mandato e a Passos Coelho prolongar por quatro anos o atual, sem necessidade de novas e inúteis eleições, vou dizer deles o que nem os avençados ousam. Cavaco foi um excelso professor, obrigado a faltar às aulas para levar a palavra a alunos de uma Universidade particular, um chefe de família que, a pensar nos netinhos, mercou ações da SLN fora da Bolsa para arranjar um pecúlio, o patriota que viu em torcionários da Pide os relevantes serviços prestados à Pátria, o erudito que descobriu em Saramago um reles comunista sem respeito pela pontuação e pela Virgem Maria, e que acabou por se ver reconhecido, como catedrático de Literatura, pela Universidade de Goa. Cavaco foi o homem que Marcelo, Júdice e Santana Lopes descobriram para governar Portugal tal como a Providência havia descoberto Salazar, segundo disse a Cerejeira a Irmã Lúcia. Devemos ao Professor Doutor Cavaco Silva, para quem o Prof. Alfredo de Sousa descobriu um decreto para o elevar a catedrático, o melhor ministro europeu dos Negócios Estrangeiros, em golf, João de Deus Pinheiro. Foi este, aliás, que lhe relevou as faltas numa universidade Pública, enquanto espalhava a palavra na privada. Cavaco, já em estudante era um homem respeitador da ordem e temente a Deus, que não hesitou, numa ficha que preencheu na Pide, em alertar a benemérita polícia para a pouco recomendável mulher do sogro com quem, aliás, fez questão de realçar que não privava. Devemos a Cavaco o atual Governo que exauriu o País, certo de que a riqueza prejudica a alma e corrompe o carácter. Relvas, Marco António e Passos Coelho salvaram o País. Os recalcados nem sequer viram a sensibilidade do PR a apreciar o sorriso das vacas açorianas ou a generosidade de Passos Coelho a pagar à Segurança Social uma dívida já caducada e que ninguém lhe tinha dito que era para pagar. Espero com este texto ressarcir-me do jacobinismo de que sofro, moléstia que me ficou do berço, do veneno republicano, laico e democrático que me foi derramado e ao qual o batismo canónico não serviu de antídoto. Por isso o senhor bispo da Guarda se recusa a retirar-mo. Aos amigos de Cavaco e Passos Coelho reitero as desculpas de quem não viu neles as excelsas figuras que são e que ora exorno com os encómios que merecem. Cavaco é tão grande como Américo Tomás e Passos Coelho como Santana Lopes, apesar de não ter tido tempo para tirar um curso numa universidade pública, afadigado a preparar-se para o poder na madraça da JSD.

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2.3.15

ÁGUA DE COCO - Glorioso Santo



Por Antunes Ferreira

EM GOA não há católicos não praticantes. Aqui o catolicismo é “radical”: ou se é católico de missa dominical ou mesmo quotidiana, ou não se é. Não há meios-termos como no maniqueísmo entre o branco e o preto: o cinzento, seja mais carregado ou menos não existe. E nas missas (quase) toda a gente comunga. Naturalmente não me refiro aos hindus, uma maioria destacada. De resto os católicos – embora firmes - são cada vez menos: nem 30% chegam a ser. A zona de Salcete, de onde a Raquel é natural, é onde os católicos predominam – ainda. Como me disse o padre Mouzinho daqui a pouco só restarão as igrejas…

Que aqui não faltam: catedrais, igrejas, capelas, nichos votivos, cruzeiros e similares. Quando se vai de Pangim a Margão (a segunda cidade) são tantos que já deixei de os contar. Porém a maior parte do estado é hinduísta. O hinduísmo não é uma religião, é uma forma de vida; nele existem templos diversos dedicados aos deuses que são em número para dar e vender… Só para dar um exemplo, quando há anos fui de Bengalore a Misore, pelo caminho encontrei uma multidão com serpentes vivas nas mãos. Iam ao templo da deusa da serpente cujo nome não retive.

Em Goa os templos católicos convivem com os hindus e as mesquitas e as sinagogas. Ainda que os muçulmanos não sejam do agrado dos outros. O Francis, chofer de táxi, disse-me que um dia destes Goa passará a chamar-se Burquistão. De burca, naturalmente… Aliás para ele e para mais gente o tempo dos Portugueses é que era porreiro… Os muslimes invadiram a terra, ou vão-no fazendo e já são em número considerável. São facilmente reconhecidos, eles de barbas grandes, elas vestidas normalmente de negro e somente com os olhos numa fresta que não deixa ver mais nada do que eles. O Aycha condutor de riquexó informou-me que até nesse meio de transporte muito utilizado e barato eles estão a tirar o lugar aos goeses e já dominam o mecado, de Meca, obviamente. O mecado e o mercado.

Porém volte-se ao catolicismo. Há igrejas, capelas e até a Sé Catedral em Velha Goa esgotam os nomes sagrados, desde o Coração de Jesus até à Santíssima Trindade, passando por Santa Inês, São Pedro, São Paulo, Nossa de Fátima, diversas outras Nossa Senhoras, Sagrada Família, naturalmente São Francisco Xavier que continua a reinar sem contestação alguma. Tudo indica que mais dia, menos dia, haverá um templo com o nome do Santo padre José Vaz, recentemente canonizado. Curioso. Mas para além do apóstolo das Índias quem pontifica é o São Sebastião que se afigura ter caído na graça dos católicos goeses. Ele é a igreja, ele é a capela, ele é omnipresente. Nas Fontainhas (a “Alfama” de Pangim onde reina a arquitectura portuguesa antiga) há uma capela dedicada ao Santo junto da qual está a casa onde morou a Raquel.

Já estava convencido da importância do santo carregado de flechas (enterradas no tronco nu dele) mas acabo de confirmar o que pensava. Vindo de Vernã para Pangim no táxi do já citado Francis passei por mais uma capela. O que não é motivo de espanto…, bem pelo contrário. Como atrás referi elas são como os cogumelos, salvo seja, só que não são de geração espontânea. Quem as edificou foram os nossos antepassados. E nada de enganos. Homens são homens, esporos são… esporos. Já vejo no horizonte o Vaticano agitar-se e brandir a excomunhão; porém Roma não se safa, já plantei o salvo seja que espero como boia de salvação ou bula redentora d  Mas desta feita o templo tem o nome bem destacado na frontaria:  Chapel of the Glorious Saint Sebastian.

Para que não haja dúvidas ou maledicências que há por este Mundo fora, o letreiro acaba com elas. Ou seja neste caso o santo é reconhecidamente glorioso.

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1.3.15

2015 - ANO INTERNACIONAL DOS SOLOS

Por A. M. Galopim de Carvalho

FALANDO DOS SOLOS (6)

PARA OS ROMANOS, solum aludia não só ao solo, tal como ele é descrito em pedologia,  mas também ao chão que pisavam, à terra onde nasciam e ao território pátrio que foi o deles.

Alguns pedólogos adoptaram este termo latino para designar apenas a parte superior, mais alterada, do perfil pedológico, rica em matéria orgânica, designando por alterito, rególito (do grego rhegós, cobertura, e lithós, pedra) ou saprólito (do grego saprós, podre, e lithós, pedra) a restante parte do perfil que se lhe segue em profundidade, representada pela rocha-mãe simplesmente meteorizada.

(...)
Texto integral [aqui]

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Luz - Palace Theatre, West End, Londres

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A ópera rock “Jesus Christ Superstar” foi, no início dos anos 1970, um verdadeiro acontecimento. A música era de Andrew Lloyd Webber e as letras e guião de Tim Rice. A qualidade da música era fabulosa. O uso da tradição musical e teatral do “gospell”, a utilização de um enredo bíblico, a encenação de episódios da vida de Jesus, a criação de um “plot” político em que estão envolvidos Jesus Cristo, os seus discípulos e o grande “mau da fita”, Judas, foram factores que chocaram, inovaram e atraíram multidões. Episódios famosos e difíceis de se transformar em cenas de musicais, como a última ceia, o julgamento de Cristo, a morte de Judas e a Crucifixão de Cristo, fazem parte do enredo. Mais de quarenta anos depois, ainda esta ópera rock é encenada em vários países do mundo, mantém-se em cartaz em muitas cidades importantes e dá origem a diversos filmes. (1972)

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