29.8.16

Sem Emenda - As Minhas Fotografias

A Virgem e o Menino de Santa Maria de Alcobaça – A estátua já esteve em vários locais da catedral. Agora, encontra-se numa pequena capela própria, no Cruzeiro, à esquerda do altar-mor, em frente ao túmulo de D Pedro. É, para mim, em Portugal, a mais bela estátua sacra, a mais bonita Nossa Senhora que conheço, a mais humana, carnal e divina Santa Maria que jamais vi. Eu sei que se trata de opinião e que a avaliação é subjectiva. É também o meu sentimento. Mas já mais objectivo é o juízo que se pode fazer do Mosteiro de Alcobaça, maravilhosa construção que deveria ser venerada e poupada, estudada e preservada. Mas que, infelizmente, não recebe tudo a que tem direito. Faltam-lhe pessoal, técnicos competentes, investimento em estudo e arranjo. Carece de um destino cuidado para grande parte do mosteiro e dos claustros. Ninguém tem a certeza de que, com ou sem hotéis, com ou sem mecenas, aquela jóia única seja respeitada!
DN, 28 de Agosto de 2016

Etiquetas:

28.8.16

Sem emenda - Pobre património

Por António Barreto
A discussão, sem fim, dura há dezenas de anos. Vai tendo, conforme os tempos, problemas e soluções diferentes. Que grau de prioridade deve ser atribuída à inventariação, à preservação, ao estudo e à divulgação do património edificado? Muito? Tudo de que precisa? Medianamente? Deixado ao mecenato privado? É mais importante do que as “artes vivas” ou “performativas”, como se diz agora? Mais ou menos importante do que a música, a literatura, a pintura, o cinema e a escultura? Dentro da área vastíssima da cultura e do ponto de vista das politicas públicas, o que é mais importante, o património erudito e a “alta cultura” ou as artes e tradições populares? A investigação é mais importante do que a divulgação? O estudo é mais urgente do que a disseminação popular e de massas?

A resposta mais fácil é aquela que está no espírito de muita gente. Tudo é urgente, tudo é prioritário, não se deve subestimar nenhuma área, todas as artes são importantes, todas as formas de cultura são decisivas, todas as manifestações do espírito são indispensáveis, o passado é tão importante quanto o presente e o futuro. São conhecidos esses argumentos. Que não servem para nada, a não ser alimentar a polémica e manter vivas as expectativas dos grupos de interesses.

            A verdade é que é importante estabelecer prioridades a partir de vários critérios: a beleza, a raridade, a importância, o valor, o significado, o conhecimento, o contexto histórico, o custo, o perigo de deterioração, a ameaça de destruição, o risco de apropriação indevida… É difícil enumerar tudo. Mas o estabelecimento de prioridades tem de responder a muitos desses critérios. Até porque nunca há dinheiro para tudo.

A prioridade política deveria ser atribuída ao património histórico e cultural, nomeadamente o edificado. O estudo, a investigação e a preservação deveriam ser as actividades prioritárias. Certas áreas do património não deveriam nunca ser objecto de apropriação privada ou mercantil. O mecenato privado de carácter comercial e publicitário deveria ser uma faculdade acessória, discreta e condicionada, sendo privilegiado o investimento público. As universidades, as associações culturais, profissionais e científicas deveriam ser chamadas a colaborar. Os monumentos deveriam ser rigorosamente estudados, investigados, acompanhados e protegidos.

Entre a penúria pública e a ganância privada, muitos monumentos vegetam sem meios nem técnicos. Visitei recentemente alguns dos mais conhecidos: mosteiro de Alcobaça, convento de Cristo em Tomar, convento de Mafra, torre de Belém, mosteiro dos Jerónimos, igreja da Memória em Lisboa, ermida de Nossa Senhora da Conceição em Tomar, igreja de São Vicente de Fora, santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel, aqueduto dos Pegões em Tomar… Em todos estes sítios, que sei serem alguns dos mais bem arranjados, detectei progressos enormes, em comparação com o que se via há trinta ou quarenta anos. Mais limpos, mais acessíveis, por vezes menos abandonados. Mas ainda hoje há faltas e falhas imperdoáveis! O pessoal técnico é insuficiente. Há miséria absoluta nas oficinas de restauro. É gritante a falta de verba, de meios e de técnicos de restauro e de conservação. É diminuta a formação técnica e cultural. São muitas as infiltrações nas paredes. Abundam a erva e arbustos nos telhados. Há, por todo o lado, azulejos caídos e janelas quebradas. Ainda se vêem alas inteiras arruinadas e claustros a caírem de podre. Quase todos carecem de indicações e sinalização suficientes. Há, por falta de condições de segurança, edifícios ou partes deles inacessíveis.

O que faz falta é enorme. Por isso deve ser prioridade, em detrimento dos esforços feitos para agradar a clientelas e à “intermediação eleitoral”. E em prejuízo do que “dá nas vistas”. Sabemos que os monumentos não votam. Mas as pedras podem um dia cair sobre quem não cumpre os seus deveres.
DN, 28 de Agosto de 2016


Etiquetas:

Porra! Ano esfarrapado

Antunes Ferreira 
Porra! Permitam-me e desculpem o desabafo pessoal mas tenho de descomprimir e contar o pesadelo por que vou passando. Conto, como sempre, com as vossas paciência, benevolência e aceitação. Enquanto que para Cristiano Ronaldo 2016 é o melhor da sua vida profissional, para mim é um ano esfarrapado. Não é, no entanto, o horribilis de Isabel II (que teima em sobreviver), mas realmente é esfarrapado. Se não veja-se o que me tem acontecido desde o dia 1 de Janeiro, o que prova o que anteriormente enunciei: e-s-f-a-r-r-a-p-a-d-o! Não acreditam? Eu conto e depois me dirão se tenho ou não tenho razão. 
Desculpem-me a chatice que vos dou. (...)
.
Texto integral [aqui]

Etiquetas:

26.8.16

AINDA O CASO DAS VIAGENS PAGAS PELA GALP

Por A. M. Galopim de Carvalho
Porque, para mim, este assunto não está encerrado e porque quero ver no governo de António Costa algo muito diferente, para melhor, do sufoco que foi o anterior de má memória, insisto em manifestar o meu repúdio à solução  “caso encerrado” no que se refere ao escândalo das viagens pagas pela Galp a ilustres membros do governo para assistirem a jogos do Euro 2016, no passado mês, em França.
A minha opinião vale o que vale. É apenas uma entre as muitas que tenho lido e é muito clara. No meu entender a política é um um ramo importante e respeitável das ciências humanas, que se estudam e ensinam nas universidades, da qual não tive escola. No que diz respeito à política partidária, entendo-a como habilidade que visa manipulá-la ao sabor dos interesses, nem sempre confessados, dos grupos que a cultivam ou dela se servem. Nesta convicção nunca por esta me senti atraído nem nela me deixei envolver. E foram vários os convites que tive.  
Foi  como cidadão independente dos aparelhos partidários que, durante a campanha eleitoral das últimas legislativas, me pronunciei publicamente a favor de uma união do PS com os partidos à sua esquerda, que sempre vi como a única possibilidade de pôr fim à política de empobrecimento e de submissão a uma Europa dos mercados e do insaciável mundo do dinheiro, levada a cabo pelo governo PSD-CDS. Foi e é público o meu apoio a António Costa, que conheço pessoalmente há muitos anos e por quem tenho a maior estima, e à solução que com o PCP, o BE e o PEV, inteligentemente, souberam criar e que, como é bem visível, felizmente, funciona.
Não esqueço, pois,  a desastrosa intervenção televisiva de ontem, do ministro Augusto Santos Silva, defendendo o indefensável. Com esta solução de dar o caso por encerrado, o Primeiro Ministro, ao não desautorizar o seu substituto em tempo de férias, chama a si a lamentável decisão, o que belisca a seriedade que lhe reconheço.
Mas esta situação tem, em minha opinião, implicações políticas na relação institucional do Primeiro Ministro com o Presidente da República e está ainda por resolver. Com toda a certeza, este ”deixa andar” no interior do Governo, desagradou a Marcelo Rebelo de Sousa, deixando-o numa situação deveras desconfortável. E, das duas, uma, ou o Presidente “olha para o lado” e desilude, assim, todos quantos, e são muitos, têm dele uma ideia de seriedade e rigor ético, ou insiste na demissão dos secretários de estado envolvidos, dando concretização a um imenso clamor que então se levantou, criando um primeiro grande problema a António Costa no relacionamento com o seu número dois.
Tudo isto se tinha resolvido a bem de todos e da dignidade do Estado, se os Senhores
Secretários em causa tivessem, oportunamente, pedido a demissão.

Etiquetas:

25.8.16

Portugal, a Concordata e o fisco

Por C. Barroco Esperança
As igrejas não pagam IMI nem vão passar a pagar, por serem locais de culto, mas, por exemplo, as instalações destinadas a fins educativos passarão a pagar. E basta o facto de a lei passar a ser cumprida para agitar as mitras, brandir os báculos e azedar as homilias.
 Os tratados entre Estados não são referendáveis (CRP), mas são passíveis de ‘denúncia’, ou seja, assiste a cada uma das partes o direito unilateral de lhes pôr termo.
 A Concordata é um tratado assinado entre o Estado do Vaticano e países católicos, uma obsessão que conduziu a funestas alianças com países fascistas. O Vaticano resultou dos Acordos de Latrão, a Concordata com Mussolini (‘o envido da Providência’, segundo o Papa de turno), que lhe concedeu largas somas de dinheiro e comprometeu a Itália com o ensino obrigatório da religião católica em escolas públicas, direito que perdurou várias décadas depois da derrota do fascismo.
 A Concordata é um instrumento de inaceitáveis privilégios da Igreja católica em países que o Vaticano considera católicos (como se os países laicos pudessem ser definidos de forma confessional) e que serve de chantagem sobre os governos que recusam que o seu País se torne um protetorado pio.
 A guerra dos colégios e a luta contra o IMI são a face visível da guerrilha que nasce nas sacristias e ameaça as ruas portuguesas.
 Espera-se que as mitras não façam perder a cabeça aos clérigos e se conformem com um Estado laico onde os privilégios a uma religião escancaram as portas a outras. Depois do 25 de Abril a liberdade religiosa é um direito adquirido e inquestionável em Portugal, não se justificando a manutenção da Concordata ou de qualquer tratado com as diversas religiões que devem ser consideradas e respeitas como meras associações de crentes.
 Perante exigências inadmissíveis, uma gula feroz e tiques medievais, urge resistir-lhes.
 Ponte Europa / Sorumbático

Etiquetas:

23.8.16

Sem emenda - Liberdade e igualdade

Por António Barreto
Em Portugal, não há uma economia privada, uma sociedade civil ou uma classe dominante que dirija o país e comande o Estado. É o contrário. Sempre foi. À esquerda ou à direita, com interesses nacionais ou estrangeiros e com ou sem a Igreja, é o Estado que comanda. Por isso é tão frequente encontrar quem exerça o poder com o Estado, pelo Estado e através do Estado. É um Estado para todas as estações. E todos os azimutes. Nas últimas décadas, o Estado fez a guerra e a descolonização, fez a revolução e a contra-revolução, nacionalizou e reprivatizou a economia.
Não há “classes”que comandem o Estado e o organizem. Há, isso sim, patrícios, “raiders”, salteadores e piratas, vindos da economia ou da política, que se apropriam do Estado. Os últimos anos foram de excepcional valor para identificar uns e outros. Comandam temporariamente, com objectivos precisos ou na esperança de encontrar uma ligação duradoura. Assim é que o Estado assegura até algum efeito de auto-reprodução, levado a cabo sem uma orientação classista. Por isso, o Estado não é o “separador” entre esquerda e direita. O Estado já protegeu e oprimiu cidadãos, já os libertou e aprisionou. O Estado Novo serviu para o Estado democrático.
Tal como na direita, uma parte da esquerda não é democrática, nem preza a liberdade individual. À esquerda, todas as experiências comunistas mostraram como aquela pode ser antidemocrática. À direita, basta recordar as experiências fascistas, nazi e de outras variedades (Salazarista, Franquista, de Vichy…). Desde o século XIX, as mais duráveis e robustas experiências de poder da esquerda foram, do ponto de vista das liberdades, autênticos desastres! A longa vida dos governos comunistas, na União Soviética, na China, no Leste europeu, em Cuba, na Coreia do Norte e noutros países, foi sempre feita em ditadura. Em nome da esquerda. Em anos de vida e em população abrangida, os governos ditatoriais de esquerda foram superiores aos de esquerda democrática.
A maior parte das experiências governamentais da esquerda, no mundo moderno, é caracterizada por isso mesmo: ditadura, polícia política e supressão de direitos fundamentais. Nesses países, as vítimas mortais e os presos contam-se por milhões e dezenas de milhões. Em todas essas experiências, o valor da igualdade foi sempre dominante. Em seu nome se suprimiu a liberdade.
Na história politica da Europa, a esquerda democrática teve uma vida difícil, entre as ditaduras de direita e as de esquerda, entre o capitalismo e o comunismo. Mas conseguiu durar e, em certos países, impor-se. Foi mesmo capaz de governar, nos países escandinavos e, episodicamente, em França, na Grã-bretanha, até na Alemanha. Assim como em Portugal e na Espanha. Fê-lo quando soube denunciar a tradição autoritária comunista. Teve sucesso quando foi capaz de conquistar para o seu espaço outras políticas do centro e da direita. Teve êxito quando admitiu que o mercado e a iniciativa privada faziam parte do legado de liberdade e que eram irrenunciáveis. Venceu quando garantiu que a liberdade era a prioridade absoluta.
O trabalho, a justiça, a cultura e a igualdade são valores de esquerda. Ou antes, também são de esquerda. Mas a liberdade vem à cabeça. Pelo menos com a esquerda democrática. Quando um partido ou um governo substitui, entre as prioridades políticas, a liberdade pela igualdade, não restam dúvidas: esse partido ou esse governo está a abandonar a democracia! A igualdade não é uma arma de luta pela liberdade. Com a igualdade, é difícil defender a liberdade. Pelo contrário, com liberdade, podemos combater a desigualdade. A liberdade é mesmo a principal arma de luta pela igualdade. 

DN, 21 de Agosto de 2016


Etiquetas:

22.8.16

Sem Emenda - As Minhas Fotografias

O futuro começa em Outubro, Montalegre – Estávamos no Verão de 1980. Em Outubro desse ano, realizar-se-iam eleições legislativas. A FRS (Frente Republicana e Socialista) juntava o PS e duas entidades hoje desaparecidas, a UEDS (União da Esquerda para a Democracia Socialista) e a ASDI (Aliança Social Democrática Independente). Esta FRS garantia, nas paredes do mercado, que o futuro começaria em Outubro. Pelo menos em Montalegre. Não consta que o futuro tenha começado nessa altura. Ou antes, começou outro futuro, o da Aliança Democrática (AD) que venceu as eleições. Todavia, dois meses depois, Sá Carneiro, seu principal dirigente e Primeiro-ministro, morreu ou foi morto em Camarate. Várias vezes, as eleições legislativas realizaram-se em Outubro, incluindo as últimas de 2015. Mas o que faz deste “o mês mais cruel”, não é a eleição, antes é o orçamento, cuja aprovação se inicia nessa altura e que, muitas vezes, está na origem de crises políticas sérias.

DN, 21 de Agosto de 2016

Etiquetas:

19.8.16

Prevenir ou remediar?

Por Antunes Ferreira
Aqui há uns anos, na década de 80, escrevi no “Diário de Notícias” - de que então ainda era chefe adjunto da Redação – um texto que na altura muitos consideraram um insulto aos bombeiros que denodadamente combatiam os cíclicos incêndios florestais, bem como a outros cidadãos que também o faziam: guardas republicanos, polícias, sapadores florestais e outros. Também me referia aos meios utilizados pelos “soldados da paz” (designação calina que nunca tentei, sequer, compreender), desde os autotanques até às mangueiras. Não se falava ainda em meios aéreos, upa, upa. Anos atrás tinha havido uma titubeante abordagem deles mas foi chão que deu uvas.

Já estava habituado a que me batessem, me insultassem, quiçá tentassem “assassinar-me”; tinha, tenho e penso que terei costas largas. As virgens ofendidas que já tinham perdido os hímenes, os moralistas ad hoc, os velhos do Restelo, e outros “impolutos” vieram à estacada autopromovidos em guardiões dos bons costumes, da solidariedade, da religião e da decência. Tinha sido um desaforo quiçá um crime aquilo que escrevera.

E, afinal, o que motivara esses ataques? Uma frase muito simples em que opinava que (passo a transcrever de memória) “Os fogos das florestas, dos centros urbanos, da mais pequena aldeia não devem ser combatidos, devem sim ser prevenidos!” Qualquer leitor bem-intencionado do quotidiano centenário com sede na Avenida da Liberdade compreendera que a minha intenção era repetir um alerta que todos os anos se fazia, aliás debalde. Talvez os termos que utilizei pudessem dar azo a uma acusação de demência ou de senilidade. Quando muito. E não era nem sou a Pitonisa de Delfos…

Uns bons anos depois, em 2006, estava como primeiro-ministro António Guterres e fazendo parte do governo como ministro António Costa, veio a ser lançado e repetido pelos órgãos oficiais, governo central, governadores civis e autarquias um veemente apelo: tinha de prevenir-se os incêndios para que eles não acontecessem ou no mínimo que fossem cada vez menos. Assim, na prevenção estava o “segredo” da preservação do nosso património florestal, completada realmente pelo combate ao aumento exponencial dos fogos nas matas.

Os anos foram-se sucedendo e antes do Verão os governos, como sempre, apresentavam os meios humanos e materiais para se debelar os incêndios que aconteceriam – como aconteceram. Mais homens, mais viaturas e depois mais meios aéreos que já se tinham tornado imprescindíveis no combate às chamas. Debalde; os incêndios continuavam a acontecer e de ano para ano aumentava a superfície ardida.

Estamos em 2016 e a uma só voz o Presidente da República, o primeiro-ministro e outros membros do governo, autarcas, autoridades, todos repetiram a ideia da prevenção. "Esgotou-se o tempo comprado há dez anos com a reforma da Proteção Civil", afirmou o primeiro-ministro aos órgãos da comunicação social. A aposta na prevenção e reorganização da floresta foi a mensagem dominante de António Costa que, além da "mão criminosa", falou também em "mão negligente" na origem dos incêndios. "A prevenção passa por ter uma floresta devidamente estruturada e não uma ameaça constante para as pessoas", sendo as "áreas protegidas onde deve existir excelência na prevenção", reiterou.


Será que desta vez é mesmo a vez? Pelo andar da carruagem (habitual) tenho as minhas dúvidas. Nós, os portugueses, somos assim: deitados à sombra de um pinheiro bravo ou manso vamos deixando correr “as coisas” Só quando somos espicaçados é que vamos a correr tirar o pai da forca. Oxalá desta vez seja mesmo a vez..

Etiquetas:

18.8.16

Laicidade – O que esconde o Burkini? _ 2

Por C. Barroco Esperança
Refletindo sobre perigos religiosos, convém referir que o Wahhabismo é um movimento muçulmano ortodoxo e ultraconservador, referido como ‘seita’ do islamismo sunita.

Ligado à formação da Arábia Saudita, está na vanguarda do fundamentalismo islâmico e é a raiz ideológica do Estado Islâmico, que pratica uma interpretação literal do Corão.

Aliás, a Arábia Saudita, é o berço e o patrocinador do terrorismo islâmico a nível global, e o exportador do Wahhabismo. As suas enormes reservas de petróleo e baixo custo de exploração sustentam uma família real corrupta e corruptora e a uma teocracia cruel que financia, com biliões de petrodólares, partidos políticos nos EUA e na Europa, enquanto submete as mulheres a condições impiedosas, mesmo para padrões islâmicos.

Um dia saber-se-á por que motivo os quatro execráveis Cruzados (Bush, Blair, Aznar e Barroso), face ao crime financiado, organizado e cometido por sauditas contra as Torres Gémeas de Nova Iorque, decidiram, perante o clamor público, retaliar contra o Iraque.

Ontem, no jornal Libération, o editor egípcio Aalam Wassef previne contra a influência do Wahhabismo, também conhecido por salafismo, hoje indiferenciável (embora tenha origem e passado diferente), cujo burkini é um dos símbolos femininos.

Wassef, num artigo bem documentado e ponderado, defende a interdição do burkini por autarcas da Córsega e de Cannes, afirmando que fizeram o que deviam. Denuncia, aliás, o ‘Coletivo Contra a Islamofobia em França’ (CCIF), que acusou os referidos autarcas de islamofobia, de ter o direito, por opção ou ignorância, de se associar ao Wahhabismo, e ao Estado francês o direito e dever de defender o conjunto dos seus cidadãos.

Ponte Europa / Sorumbático

O Wahhabismo é uma seita que apela ao martírio, ao terrorismo cego e ao proselitismo demente, baseada no Corão e na Suna. Quer impor a sharia e submeter ou matar todos os que rejeitam a sua interpretação. Sendo o mais jovem e rico ramo do Islão, nascido na Arábia Saudita e com metástases no Qatar e no Kuwait, tem o poder e projeção para semear o terror a nível global.+++

Não podemos andar distraídos. O burkini esconde o Wahhabismo.

Etiquetas: