Bem... a menos que haja uma terceira hipótese - qualquer coisa como convidaram, mas pouco.
31.7.09
PARA MIM, tanto se me dá que a Joana Amaral Dias tenha sido convidada como não. Mas já me preocupa pensar que, o mais certo, é que tenha sucedido uma de duas coisas:
Ou não a convidaram - e então Francisco Louçã mente descaradamente; ou a convidaram - e então José Sócrates...Bem... a menos que haja uma terceira hipótese - qualquer coisa como convidaram, mas pouco.
Jovens e velhos
Por Joaquim Letria
OS VELHOS SÃO RABUGENTOS para com os jovens e estes não têm paciência e são insolentes para com os velhos. Não quero, nem me interessa, apurar culpas desta realidade. Mas deixem-me desde já dizer que tenho muita pena que assim suceda, pois uns e outros só tinham a ganhar se se entendessem melhor.
Há sociedades e nações onde os mais velhos são respeitados, e ao escrever isto penso no que muitas vezes vivi em África e na Ásia, onde se reconhece a importância da experiência de vida, o saber feito de anos e de situações difíceis, ricas de maturidade seja na literatura, na filosofia ou na ciência.
Agora que tanto se fala da ida à lua, há 40 anos, recorde-se qual era a “idade do astronauta”, entre os 40 e os 45 anos, considerada a idade do apogeu das capacidades físicas, intelectuais e emocionais do ser humano. Tudo bem. Mas que os maduros e os velhos não esqueçam duas coisas muito importantes. A primeira, que também foram jovens e como então se comportavam. A segunda, que tudo o que é mudança nos gostos, nos hábitos, no divertimento, no que se pensa, no que se acredita e pelo que se luta se deve quase sempre aos jovens.
Foram eles que nos mudaram a moda, a música, a escrita, a linguagem e os meios de comunicação dos últimos 100 anos. Também foram eles a dar vida às ideias comunista, fascista, anarquista, nacionalista, nazi.
Uma vez reconhecida esta verdade, bem podíamos envelhecer juntos e… mais devagar!
OS VELHOS SÃO RABUGENTOS para com os jovens e estes não têm paciência e são insolentes para com os velhos. Não quero, nem me interessa, apurar culpas desta realidade. Mas deixem-me desde já dizer que tenho muita pena que assim suceda, pois uns e outros só tinham a ganhar se se entendessem melhor.
Há sociedades e nações onde os mais velhos são respeitados, e ao escrever isto penso no que muitas vezes vivi em África e na Ásia, onde se reconhece a importância da experiência de vida, o saber feito de anos e de situações difíceis, ricas de maturidade seja na literatura, na filosofia ou na ciência.
Agora que tanto se fala da ida à lua, há 40 anos, recorde-se qual era a “idade do astronauta”, entre os 40 e os 45 anos, considerada a idade do apogeu das capacidades físicas, intelectuais e emocionais do ser humano. Tudo bem. Mas que os maduros e os velhos não esqueçam duas coisas muito importantes. A primeira, que também foram jovens e como então se comportavam. A segunda, que tudo o que é mudança nos gostos, nos hábitos, no divertimento, no que se pensa, no que se acredita e pelo que se luta se deve quase sempre aos jovens.
Foram eles que nos mudaram a moda, a música, a escrita, a linguagem e os meios de comunicação dos últimos 100 anos. Também foram eles a dar vida às ideias comunista, fascista, anarquista, nacionalista, nazi.
Uma vez reconhecida esta verdade, bem podíamos envelhecer juntos e… mais devagar!
«24 horas» de 31 de Julho de 2009
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Passatempo-relâmpago de 31 Jul 09
O SENHOR [...] dispõe-se a passear na praia, para cá e para lá, à beira-mar; e a única pessoa que, além dele, por ali se vê, é uma senhora a fazer topless. Ao aproximar-se dela pela primeira vez, o senhor [...] sente-se embaraçado, pelo que resolve desviar os olhos para o oceano. No entanto, à volta, pensa que esse 'desviar de olhos' também pode ser desagradável para a senhora, pois mostra que, apesar de tudo, deu atenção às suas maminhas...
E a história prossegue, descrevendo as sucessivas passagens do senhor [...], para trás e para a frente, de cada vez ensaiando uma nova forma de mostrar à senhora que nem sequer está a pensar nela.
E a história prossegue, descrevendo as sucessivas passagens do senhor [...], para trás e para a frente, de cada vez ensaiando uma nova forma de mostrar à senhora que nem sequer está a pensar nela.
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Pergunta dupla, com prémio (um exemplar de A Metamorfose, de F. Kafka): como se chama a personagem dessa história? E o seu autor?
Actualização: as respostas certas já foram dadas, conforme se pode ver [aqui], onde também se pode ler o referido texto.A Paixão pela Educação
Por Maria Filomena Mónica
O PRIMEIRO-MINISTRO continua a distribuir computadores, julgando que com tal gesto irá melhorar a qualidade das escolas, mas os laptops são como os lápis, ou seja, meros instrumentos. Antes de lhe passar a coisa para as mãos, convinha que alguém ensinasse os meninos a pensar. Há dias, em Abrantes, referindo-se ao dinheiro do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), o engº Sócrates declarou significarem os fundos europeus uma oportunidade para, nos próximos sete anos, se «alavancar (sic) a economia portuguesa». Balelas!
Ao mesmo tempo, a OCDE afirmava que o Estado português não podia investir mais no ensino superior. Vinda de uma organização invariavelmente pronta a defender um aumento de despesa no sector, a frase surpreende. (...)
O PRIMEIRO-MINISTRO continua a distribuir computadores, julgando que com tal gesto irá melhorar a qualidade das escolas, mas os laptops são como os lápis, ou seja, meros instrumentos. Antes de lhe passar a coisa para as mãos, convinha que alguém ensinasse os meninos a pensar. Há dias, em Abrantes, referindo-se ao dinheiro do QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional), o engº Sócrates declarou significarem os fundos europeus uma oportunidade para, nos próximos sete anos, se «alavancar (sic) a economia portuguesa». Balelas!
Ao mesmo tempo, a OCDE afirmava que o Estado português não podia investir mais no ensino superior. Vinda de uma organização invariavelmente pronta a defender um aumento de despesa no sector, a frase surpreende. (...)
Texto integral [aqui]
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30.7.09
O último cartuxo de Blair
Por Joaquim Letria
TONY BLAIR joga na Europa o seu último cartuxo. Partida decisiva que escreverá a última página que a História lhe dedicará. Depois da aprovação do Tratado de Lisboa, Blair vai disputar o título de Mr. Europa, presidente da União Europeia, o número de telefone que Kissinger procurava em vão.
Para Blair pode ser o fechar dum ciclo em que falhou muitas coisas, entre elas a de levar o Reino Unido para o seio da Europa. De resto, Blair não será certamente recordado como inventor do novo Labour. Blair pode vir a ser recordado como o “caniche” de W. Bush, o político europeu que melhor serviu os americanos no Iraque e Afeganistão. Escorraçado de Downing Street, enviado do quarteto para o médio oriente, pode ser apenas o exemplo de como acumular contas e gastar inutilmente o dinheiro dos patrocinadores, sem o mais pequeno resultado.
Blair poderia ter personificado uma certa Europa transatlântica, ou uma euroamérica folclórica, católica e evangélica, igrejas donde saiu e entrou, agora católico pintado de fresco. Mas não vai ser nada, mesmo com a sua antecipação em fora de jogo. Ângela Merkel é mais séria e oferece mais garantias do que Blair e o Labour, que ajudou a atirar para a actual humilhação de Brown. A Europa precisa dum rosto definido, como o de Ângela Merkel. Não de um pastel de massa tenra como o de Tony Blair, o valete da família Bush.
TONY BLAIR joga na Europa o seu último cartuxo. Partida decisiva que escreverá a última página que a História lhe dedicará. Depois da aprovação do Tratado de Lisboa, Blair vai disputar o título de Mr. Europa, presidente da União Europeia, o número de telefone que Kissinger procurava em vão.
Para Blair pode ser o fechar dum ciclo em que falhou muitas coisas, entre elas a de levar o Reino Unido para o seio da Europa. De resto, Blair não será certamente recordado como inventor do novo Labour. Blair pode vir a ser recordado como o “caniche” de W. Bush, o político europeu que melhor serviu os americanos no Iraque e Afeganistão. Escorraçado de Downing Street, enviado do quarteto para o médio oriente, pode ser apenas o exemplo de como acumular contas e gastar inutilmente o dinheiro dos patrocinadores, sem o mais pequeno resultado.
Blair poderia ter personificado uma certa Europa transatlântica, ou uma euroamérica folclórica, católica e evangélica, igrejas donde saiu e entrou, agora católico pintado de fresco. Mas não vai ser nada, mesmo com a sua antecipação em fora de jogo. Ângela Merkel é mais séria e oferece mais garantias do que Blair e o Labour, que ajudou a atirar para a actual humilhação de Brown. A Europa precisa dum rosto definido, como o de Ângela Merkel. Não de um pastel de massa tenra como o de Tony Blair, o valete da família Bush.
«24 horas» de 30 de Julho de 2009
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Passatempo-relâmpago de 30 Jul 09
O SENHOR que se vê na imagem escreveu, a propósito da VERDADE, uma frase que ficou famosa - e que bem deveria ser citada aquando de actos eleitorais.
Pergunta-se: quem foi ele, e que frase foi essa?
Actualização (16h09m): a resposta certa já foi dada.
Pergunta-se: quem foi ele, e que frase foi essa?
.
O prémio, a atribuir ao primeiro leitor que der a dupla resposta certa, será um exemplar da obra onde consta a referida frase.Actualização (16h09m): a resposta certa já foi dada.
Mercantil
Por João Paulo Guerra
MAS MESMO UM LEIGO não deixará eventualmente de se chocar com o título de um jornal de ontem: "Estado vai contratar padres a recibos verdes". Mesmo que não se benza, nem bata com a mão no peito, o cidadão não deixará de se impressionar que a assistência religiosa, para quem a queira, passe ao regime de prestação de serviços. Por este andar, o Estado poderá entender que a confissão dos pecados seja remetida para um ‘call center', a penitência convertida em multa, os sacramentos ministrados em ‘outsourcing', a salvação das almas alcançada através do ‘leasing' e a vida eterna conquistada através do contrato de Aluguer de Longa Duração.
Padres a recibos verdes são, assim, a mais recente novidade do reino da precariedade. O velho pároco chegou à geração do trabalho intermitente. Mas poderá qualquer serviço religioso ser considerado um biscate? E poderão os sacerdotes serem designados como operadores religiosos? E ninguém diga que isto é brincar com coisas sérias, pois quem desrespeita a religião e os sentimentos religiosos é quem os entende como uma mercadoria, um produto, e os respectivos oficiantes como colaboradores descartáveis, recrutados numa praça de jorna com esse ou com nome mais moderno.
O mercantilismo reinante reduz tudo e todos à relação meramente comercial. Sobrepõe-se à moral e, pelos vistos, quer impor-se aos sentimentos religiosos. O passo seguinte aos recibos verdes para os padres deverá ser submetê-los à flexisegurança: flexibilidade para os contratados e segurança para o contratante. E só fica mesmo a faltar que, mais dia, menos dia, o Estado peça aos padres a prazo o número de identificação fiscal do Céu.
«DE» de 30 de Julho de 2009
Declaração de interesses: sou laico, republicano e cidadão particular.
MAS MESMO UM LEIGO não deixará eventualmente de se chocar com o título de um jornal de ontem: "Estado vai contratar padres a recibos verdes". Mesmo que não se benza, nem bata com a mão no peito, o cidadão não deixará de se impressionar que a assistência religiosa, para quem a queira, passe ao regime de prestação de serviços. Por este andar, o Estado poderá entender que a confissão dos pecados seja remetida para um ‘call center', a penitência convertida em multa, os sacramentos ministrados em ‘outsourcing', a salvação das almas alcançada através do ‘leasing' e a vida eterna conquistada através do contrato de Aluguer de Longa Duração.
Padres a recibos verdes são, assim, a mais recente novidade do reino da precariedade. O velho pároco chegou à geração do trabalho intermitente. Mas poderá qualquer serviço religioso ser considerado um biscate? E poderão os sacerdotes serem designados como operadores religiosos? E ninguém diga que isto é brincar com coisas sérias, pois quem desrespeita a religião e os sentimentos religiosos é quem os entende como uma mercadoria, um produto, e os respectivos oficiantes como colaboradores descartáveis, recrutados numa praça de jorna com esse ou com nome mais moderno.
O mercantilismo reinante reduz tudo e todos à relação meramente comercial. Sobrepõe-se à moral e, pelos vistos, quer impor-se aos sentimentos religiosos. O passo seguinte aos recibos verdes para os padres deverá ser submetê-los à flexisegurança: flexibilidade para os contratados e segurança para o contratante. E só fica mesmo a faltar que, mais dia, menos dia, o Estado peça aos padres a prazo o número de identificação fiscal do Céu.
«DE» de 30 de Julho de 2009
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Privilégios da Igreja católica
Por C. Barroco Esperança
É ADMIRÁVEL como a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) se infiltra no aparelho de Estado e consegue privilégios intoleráveis num Estado de Direito e indignos de um país laico. A chantagem que exerce sobre o Governo é da sua natureza, mas a capitulação do Estado é indigna. Os bispos rejubilam com o acordo a que chegaram.
Durante a ditadura salazarista havia assistência religiosa nos hospitais e nas forças armadas, agora alargada às forças de segurança. Ficam excluídos os polícias municipais e os bombeiros. Os católicos fardados têm direito a um padre de piquete na sequência do acordo sobre assistência religiosa assinado com o Estado Português. (...)
É ADMIRÁVEL como a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) se infiltra no aparelho de Estado e consegue privilégios intoleráveis num Estado de Direito e indignos de um país laico. A chantagem que exerce sobre o Governo é da sua natureza, mas a capitulação do Estado é indigna. Os bispos rejubilam com o acordo a que chegaram.
Durante a ditadura salazarista havia assistência religiosa nos hospitais e nas forças armadas, agora alargada às forças de segurança. Ficam excluídos os polícias municipais e os bombeiros. Os católicos fardados têm direito a um padre de piquete na sequência do acordo sobre assistência religiosa assinado com o Estado Português. (...)
Texto integral [aqui]
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29.7.09
A lógica e a clubite
A SRA. D. NOÉMIA, rija mulher da Beira-Baixa, é viúva, conta já 84 anos, e tem passado quase toda a sua vida na aldeia onde, recentemente, a encontrei.
No meio de muitos assuntos, falou-se das eleições autárquicas, e ela comentou que não tinha dúvidas em quem ia votar, pois todos os candidatos que agora apareciam já tinham estado no poder - e ela sabia muito bem qual é que tinha tratado de empedrar a rua; colocado bandas limitadoras de velocidade (na estrada que atravessa a aldeia); resolvido o problema da recolha do lixo; mandado analisar a água do chafariz, etc. E quem, ao invés, pouco ou nada fizera pela terra.
Qual o partido beneficiário do seu voto era coisa que não a preocupava - nem muito, nem pouco.Uma das filhas, que participava na conversa (e que reside em Lisboa há 30 ou 40 anos), comentava, de vez em quando:
- Pois eu cá, vou votar no partido em que sempre votei.
De facto, será esta a triste realidade da maioria das grandes cidades, nomeadamente Lisboa: impossibilitados de votar em quem tenha mostrado sensibilidade para os seus problemas concretos, muitos eleitores vão recorrer ao pobre critério de votar no seu partido ou - mais 'inteligentemente' ainda... - 'contra o inimigo'.
*
Mas tudo isso (que, no essencial, já foi dito mil vezes) é apenas pretexto para um 'passatempo com prémio', que surge por uma associação de ideias que dispensa explicações. Lá vai:Interrogado se achava que o jogo ia ser bonito, ele respondeu: «Eu quero lá saber se o jogo vai ser bonito ou não! O futebol não é ballet! Eu quero é que o Benfica ganhe!»
Como já se percebeu, trata-se de saber quem foi o famoso benfiquista a quem se atribui a resposta que aqui se cita de memória.
Actualização (20h10m): a resposta certa já foi dada.
O mérito e o método
Por Joaquim Letria
DEPOIS DA APRESENTAÇÃO do Relatório do Governo “Digital Britain”, a Grã-Bretanha procede a uma intensa e vasta reflexão acerca de todo o campo de instrumentalização mediática. Com a particularidade de, desde 1929, haver o entendimento – lá existe isso mesmo – de que serviço público de TV engloba as estações nacionais, sejam elas públicas ou privadas.
A escassez da publicidade vai fazer a vida negra aos que vivem das campanhas, com particular incidência sobre as privadas ITV e 5 e também a pública Channel 4.
A proposta do Governo é destinar às privadas 3,5% daquilo que a BBC recebe cada ano e que ronda os 4 mil milhões de libras, mas a verdade é que a BBC não tem publicidade e os seus assinantes, pagando a taxa, mantêm a sua qualidade e independência. Diferença vital entre uma TV de Estado como a RTP e uma TV pública como a BBC, a americana PBS e mais umas quantas por esse mundo fora.
O Trust, respeitadíssima entidade que desde sempre defende os interesses dos espectadores e controla a BBC, não concorda com esta proposta. Ironicamente, conservadores e liberais defendem este ponto de vista do Trust e da BBC. E dizem que subsidiar empresas é um auxílio de Estado punido em Bruxelas.
Mas nesta situação há duas notas dignas de crédito. A primeira é o método: mesmo este tema está sujeito a uma consulta pública, o que revela o grau de transparência da vida no Reino Unido. A segunda é o mérito: a adequação dos serviços públicos aos tempos é um processo que não terminará nunca.
DEPOIS DA APRESENTAÇÃO do Relatório do Governo “Digital Britain”, a Grã-Bretanha procede a uma intensa e vasta reflexão acerca de todo o campo de instrumentalização mediática. Com a particularidade de, desde 1929, haver o entendimento – lá existe isso mesmo – de que serviço público de TV engloba as estações nacionais, sejam elas públicas ou privadas.
A escassez da publicidade vai fazer a vida negra aos que vivem das campanhas, com particular incidência sobre as privadas ITV e 5 e também a pública Channel 4.
A proposta do Governo é destinar às privadas 3,5% daquilo que a BBC recebe cada ano e que ronda os 4 mil milhões de libras, mas a verdade é que a BBC não tem publicidade e os seus assinantes, pagando a taxa, mantêm a sua qualidade e independência. Diferença vital entre uma TV de Estado como a RTP e uma TV pública como a BBC, a americana PBS e mais umas quantas por esse mundo fora.
O Trust, respeitadíssima entidade que desde sempre defende os interesses dos espectadores e controla a BBC, não concorda com esta proposta. Ironicamente, conservadores e liberais defendem este ponto de vista do Trust e da BBC. E dizem que subsidiar empresas é um auxílio de Estado punido em Bruxelas.
Mas nesta situação há duas notas dignas de crédito. A primeira é o método: mesmo este tema está sujeito a uma consulta pública, o que revela o grau de transparência da vida no Reino Unido. A segunda é o mérito: a adequação dos serviços públicos aos tempos é um processo que não terminará nunca.
«24 horas» de 29 de Julho de 2009
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Quando os cavalheiros puderem descer à Terra, os lisboetas agradecem...
NÃO TIVE possibilidade de, ontem, ver este debate; por isso, pergunto a quem a ele assistiu:
É verdade o que, em resumo, o Público escreve na parte que sublinhei?
Não o sendo, haja quem me esclareça, p.f.:
O que é que cada um dos candidatos disse quanto à resolução dos problemas reais e concretos que dão cabo da vida e da paciência de quem mora ou trabalha em Lisboa? Refiro-me às coisas do costume: faixas BUS que não são fiscalizadas, ecopontos que não são esvaziados, estacionamento selvagem, passeios esventrados, cargas e descargas anárquicas, polícia que não se vê, jardins transformados em esterqueiras, uma EMEL que nem serve para a caça-à-multa...
Actualização (16h20m): parece que ambos os candidatos se queixam de não terem tido tempo suficiente para, à frente da autarquia, mostrarem o que valem. A quem leve a sério essa conversa-da-treta (o que só pode suceder a quem sofra de cegueira partidária ou não ande pela cidade de que estamos a falar), sugiro a leitura do post «Bertrand Russell e a CML» - [aqui].
É verdade o que, em resumo, o Público escreve na parte que sublinhei?
Não o sendo, haja quem me esclareça, p.f.:
O que é que cada um dos candidatos disse quanto à resolução dos problemas reais e concretos que dão cabo da vida e da paciência de quem mora ou trabalha em Lisboa? Refiro-me às coisas do costume: faixas BUS que não são fiscalizadas, ecopontos que não são esvaziados, estacionamento selvagem, passeios esventrados, cargas e descargas anárquicas, polícia que não se vê, jardins transformados em esterqueiras, uma EMEL que nem serve para a caça-à-multa...
Actualização (16h20m): parece que ambos os candidatos se queixam de não terem tido tempo suficiente para, à frente da autarquia, mostrarem o que valem. A quem leve a sério essa conversa-da-treta (o que só pode suceder a quem sofra de cegueira partidária ou não ande pela cidade de que estamos a falar), sugiro a leitura do post «Bertrand Russell e a CML» - [aqui].
As Escolas do Crime
Por J.L. Saldanha Sanches
OS PARTIDOS QUE SÃO OS ESTEIO da democracia portuguesa – PS, PSD, PP - convivem sem dificuldades com práticas que dão origem a carreiras que desembocam no crime. São escolas do crime e devem ser considerados responsáveis pelos crimes praticados pelos seus altos dirigentes.
A tese é de Pacheco Pereira, numa das suas colunas habituais, e deveria ter provocado uma onda de manchetes e aberturas de telejornais. Ninguém ligou, ninguém se indignou, ninguém o ameaçou com um processo por difamação. As ditas escolas do crime mantiveram-se imperturbáveis. Como se estas afirmações fossem meras banalidades, mais ou menos consensuais que não vale a pena discutir, um típico assunto de Verão.
Já anteriormente Pacheco Pereira tinha proposto que a corrupção – um dos principais problemas do sistema político português - fosse um dos temas principais das próximas campanhas.
Deveria sê-lo. Estamos à espera do que a Dra. Manuela Ferreira Leite tem a dizer. A política que o actual governo seguiu a este respeito é uma daquelas que ela deveria rasgar em bocadinhos muito pequeninos, mas não vemos grande entusiasmo para esses lados. Nem sobre o Dr. Dias Loureiro conseguiu tomar uma posição que se percebesse. (...)
Texto integral [aqui]
OS PARTIDOS QUE SÃO OS ESTEIO da democracia portuguesa – PS, PSD, PP - convivem sem dificuldades com práticas que dão origem a carreiras que desembocam no crime. São escolas do crime e devem ser considerados responsáveis pelos crimes praticados pelos seus altos dirigentes.
A tese é de Pacheco Pereira, numa das suas colunas habituais, e deveria ter provocado uma onda de manchetes e aberturas de telejornais. Ninguém ligou, ninguém se indignou, ninguém o ameaçou com um processo por difamação. As ditas escolas do crime mantiveram-se imperturbáveis. Como se estas afirmações fossem meras banalidades, mais ou menos consensuais que não vale a pena discutir, um típico assunto de Verão.
Já anteriormente Pacheco Pereira tinha proposto que a corrupção – um dos principais problemas do sistema político português - fosse um dos temas principais das próximas campanhas.
Deveria sê-lo. Estamos à espera do que a Dra. Manuela Ferreira Leite tem a dizer. A política que o actual governo seguiu a este respeito é uma daquelas que ela deveria rasgar em bocadinhos muito pequeninos, mas não vemos grande entusiasmo para esses lados. Nem sobre o Dr. Dias Loureiro conseguiu tomar uma posição que se percebesse. (...)
Texto integral [aqui]
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28.7.09
Passatempo-relâmpago - 28 Jul 09
ESTE baixo-relevo do séc. XVI representa um par muito famoso.
Pergunta com prémio: de quem se trata?
NOTA: Como ainda está em curso um outro passatempo (o de Julho e Agosto, S.A.) este só será desbloqueado mais tarde, provavelmente só amanhã, e a uma hora surpresa.
Actualização (29 Jul 09/10h15m): pouco depois de anunciada a decisão do júri relativa à crónica Julho e Agosto, S.A., este outro passatempo foi desbloqueado; e a resposta certa não tardou, como se pode ver [aqui].
Pergunta com prémio: de quem se trata?
NOTA: Como ainda está em curso um outro passatempo (o de Julho e Agosto, S.A.) este só será desbloqueado mais tarde, provavelmente só amanhã, e a uma hora surpresa.
Actualização (29 Jul 09/10h15m): pouco depois de anunciada a decisão do júri relativa à crónica Julho e Agosto, S.A., este outro passatempo foi desbloqueado; e a resposta certa não tardou, como se pode ver [aqui].
Ao natural
Por Joaquim Letria
O ALGARVE ESTÁ VAZIO como há muitos anos não o viam. Sem nenhuma oferta cultural, o sol, a praia e a noite são as suas principais animações, mas mesmo esta última é muito mais frequentada pelos portugueses que por lá andam do que pelos turistas estrangeiros que nos procuram.
A crise é tal que os laboratórios de produtos farmacêuticos e os seminários de auto-ajuda, aproveitando os preços a contento, enchem os hotéis à disposição dos jogadores de golfe com as suas super-reuniões, colóquios e congressos.
Imaginem o II Congresso Ibérico de Medicina Anti- Envelhecimento, em Vilamoura. Prevenção do cancro, das depressões, da demência, da esquizofrenia, do raquitismo, dos enfartes. Se não fosse esta encomenda eu não teria a alegria que se segue, porque foi nessa douta reunião que o Prof. Michael Holik avisou para as pessoas não se porem ao sol com protectores solares, porque bloqueiam a entrada de vitamina D.
O Prof. Holik defendeu mesmo que durante dez minutos por dia, devíamos apanhar sol sem protector. Ah g'anda Holik! Que cansaço eu tinha de só ouvir falar no cancro da pele e que saudades de apanhar sol em pêlo e ao natural!
O ALGARVE ESTÁ VAZIO como há muitos anos não o viam. Sem nenhuma oferta cultural, o sol, a praia e a noite são as suas principais animações, mas mesmo esta última é muito mais frequentada pelos portugueses que por lá andam do que pelos turistas estrangeiros que nos procuram.
A crise é tal que os laboratórios de produtos farmacêuticos e os seminários de auto-ajuda, aproveitando os preços a contento, enchem os hotéis à disposição dos jogadores de golfe com as suas super-reuniões, colóquios e congressos.
Imaginem o II Congresso Ibérico de Medicina Anti- Envelhecimento, em Vilamoura. Prevenção do cancro, das depressões, da demência, da esquizofrenia, do raquitismo, dos enfartes. Se não fosse esta encomenda eu não teria a alegria que se segue, porque foi nessa douta reunião que o Prof. Michael Holik avisou para as pessoas não se porem ao sol com protectores solares, porque bloqueiam a entrada de vitamina D.
O Prof. Holik defendeu mesmo que durante dez minutos por dia, devíamos apanhar sol sem protector. Ah g'anda Holik! Que cansaço eu tinha de só ouvir falar no cancro da pele e que saudades de apanhar sol em pêlo e ao natural!
«24 horas» de 28 de Julho de 2009
Etiquetas: JL
Os primeiros desenhos da Lua
Por Nuno Crato
AS OBSERVAÇÕES telescópicas que Galileu fez no Inverno de 1609 mudaram a nossa visão do mundo. Foram tão importantes que 2009 foi declarado Ano Internacional da Astronomia em comemoração da passagem de 400 anos sobre essa data.
O físico italiano tinha ouvido os rumores da invenção de um aparelho que permitia aproximar visualmente os objectos longínquos. Os seus correspondentes explicaram que se tratava de um tubo com uma lente em cada extremidade, de forma que Galileu, que tinha feito algumas experiências com lentes, resolveu lançar-se ao trabalho. Tudo o que lhe bastava, como veio a perceber, era arranjar uma lente convexa com uma distância focal relativamente grande, uns 30 ou 50 centímetros, e uma lente côncava de potência média. (...)
Texto integral [aqui]
AS OBSERVAÇÕES telescópicas que Galileu fez no Inverno de 1609 mudaram a nossa visão do mundo. Foram tão importantes que 2009 foi declarado Ano Internacional da Astronomia em comemoração da passagem de 400 anos sobre essa data.
O físico italiano tinha ouvido os rumores da invenção de um aparelho que permitia aproximar visualmente os objectos longínquos. Os seus correspondentes explicaram que se tratava de um tubo com uma lente em cada extremidade, de forma que Galileu, que tinha feito algumas experiências com lentes, resolveu lançar-se ao trabalho. Tudo o que lhe bastava, como veio a perceber, era arranjar uma lente convexa com uma distância focal relativamente grande, uns 30 ou 50 centímetros, e uma lente côncava de potência média. (...)
Texto integral [aqui]
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27.7.09
Passatempo-relâmpago - 27 Jul 09
Apertado pela fome, Faustino resolveu assaltar a caixa das esmolas da capela da Senhora da Saúde, até porque, nas cercanias, não havia mais ninguém para roubar - só pobres, que o eram tão ou mais do que ele. Mas a miséria por aqueles lados era tanta, que a caixa estava vazia, e na própria capela nada havia que valesse um tostão - nem no altar-mor, nem no sacrário, nem na sacristia. Faustino, revoltado, só comentava «Ladrões! Larápios!», acabando por voltar para casa, de mãos a abanar.
Ora, e como se a desgraça não fosse suficiente, o temporal que teve de enfrentar colocou-o às portas da morte com uma broncopneumonia. Chamaram então o padre, para ao menos lhe salvarem a alma. Mas, ao vê-lo, o Faustino, delirando, apontou-o à mulher e aos circunstantes: «Ladrão! Prendam-no, que é ladrão!»
Actualização: a resposta certa já foi dada - ver comentários 1 e 2.
Ora, e como se a desgraça não fosse suficiente, o temporal que teve de enfrentar colocou-o às portas da morte com uma broncopneumonia. Chamaram então o padre, para ao menos lhe salvarem a alma. Mas, ao vê-lo, o Faustino, delirando, apontou-o à mulher e aos circunstantes: «Ladrão! Prendam-no, que é ladrão!»
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O que aqui se lê pretende resumir um pequeno conto. Pergunta com prémio: quem foi que o escreveu?Actualização: a resposta certa já foi dada - ver comentários 1 e 2.
Finanças Big Mac
Por Joaquim Letria
NÃO DEVE HAVER muitos portugueses que confiem em banqueiros nem em políticos financeiros. Eu não tenho ideia formada sobre essa pandilha. Mas sei que quem me diz o que quero saber é o Big Mac, aquele hambúrguer que é um indicador mais preciso do que o par de indicadores na cabecinha de Manuel Pinho.
O Big Mac é um indicador atípico e infalível que economistas escolheram para medir as finanças e a economia sem enganos. Em vez de usarem o antigo “cabaz das compras”, o inventor do Big Mac foi buscar a carne, o trigo do pão, a mão de obra diversificada, a manteiga do molho e os vegetais do acompanhamento para criar um índex bastante fiável.
A tal ponto é assim que o prestigiado semanário “The Economist” usa esse índice para nele basear a teoria da paridade do poder de aquisição em diversos países, calculado não sobre um pão de trigo e carne de vaca, mas à volta do conceito simples do Big Mac, com ingredientes e critérios de laboração a fazer a diferença do preço e do valor nas diferentes moedas.
Para se avaliar o Big Mac, basta dizer que nos Estados Unidos um Big Mac é vendido à média de 3,75 dólares, enquanto na área euro o mesmo hambúrguer custa 4,62 dólares (isto é, com o euro sobreavaliado em 29%), na Noruega a 6,15 dólares e na China a 1,83 dólares. Moral da história, segundo o Big Mac: o custo de vida na Europa está demasiado elevado.
Só confirma o que já sabíamos! Vamos a um Big Mac?!
«24 horas» de 27 de Julho 2009
NÃO DEVE HAVER muitos portugueses que confiem em banqueiros nem em políticos financeiros. Eu não tenho ideia formada sobre essa pandilha. Mas sei que quem me diz o que quero saber é o Big Mac, aquele hambúrguer que é um indicador mais preciso do que o par de indicadores na cabecinha de Manuel Pinho.
O Big Mac é um indicador atípico e infalível que economistas escolheram para medir as finanças e a economia sem enganos. Em vez de usarem o antigo “cabaz das compras”, o inventor do Big Mac foi buscar a carne, o trigo do pão, a mão de obra diversificada, a manteiga do molho e os vegetais do acompanhamento para criar um índex bastante fiável.
A tal ponto é assim que o prestigiado semanário “The Economist” usa esse índice para nele basear a teoria da paridade do poder de aquisição em diversos países, calculado não sobre um pão de trigo e carne de vaca, mas à volta do conceito simples do Big Mac, com ingredientes e critérios de laboração a fazer a diferença do preço e do valor nas diferentes moedas.
Para se avaliar o Big Mac, basta dizer que nos Estados Unidos um Big Mac é vendido à média de 3,75 dólares, enquanto na área euro o mesmo hambúrguer custa 4,62 dólares (isto é, com o euro sobreavaliado em 29%), na Noruega a 6,15 dólares e na China a 1,83 dólares. Moral da história, segundo o Big Mac: o custo de vida na Europa está demasiado elevado.
Só confirma o que já sabíamos! Vamos a um Big Mac?!
«24 horas» de 27 de Julho 2009
Etiquetas: JL
"O meu amigo leão"
Por A. M. Galopim de Carvalho
Texto integral [aqui]
ERA DESTE AMIGO que falavam algumas das histórias que o meu pai me contava quando tinha vagar par tal. Sempre reinventadas, havia nelas um elemento comum e constante: “um grande e temido leão que se tornara amigo dele nos anos em que, ainda criança, vivera em plena selva africana”. Este seu amigo, de imensa juba e um rugido que fazia tremer de medo todos os restantes animais, segundo a imaginação do meu pai, ajudou a criá-lo. Caçava para lhe arranjar belos bifes, muito tenrinhos, e, como rei da selva que era, levava-o a passear e a conhecer outros habitantes daquelas paragens. Foi assim que o meu pai pôde brincar com macacos e conviver, de muito perto, com leopardos, crocodilos, hipopótamos, rinocerontes, elefantes, zebras, girafas, búfalos e muitos outros. (...)
Texto integral [aqui]
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26.7.09
Rever para nada
Por António Barreto
Texto integral [aqui]
ABRIU A ÉPOCA: a partir de agora, é possível rever a Constituição. Mais uma vez. Já apareceram propostas e artigos nos jornais. Mas sobretudo, pontual como sempre, Alberto J. Jardim já disse da sua justiça. Rasgar esta, fazer uma nova. A esse objectivo, aliás recorrente, acrescentou o disparate da proibição das ideologias ou dos partidos que as perfilham. Apesar da energia radical, que por vezes é bem necessária, o que lhe falta de sensatez sobra em estapafúrdia! Tem-se mesmo a impressão de que ele faz todo este alvoroço a fim de simplesmente impedir uma revisão! Entre ele, Paulo Portas e o Bloco de Esquerda, vai haver corrida para ver quem revê antes. Isto é, quem cria mais problemas aos outros.
Era tão bom ter orgulho na Constituição! Entre nós, não parece ser o caso, com excepção de meia dúzia de comunistas, uns tantos socialistas de choque e uns bloquistas fracturantes. (...)
Era tão bom ter orgulho na Constituição! Entre nós, não parece ser o caso, com excepção de meia dúzia de comunistas, uns tantos socialistas de choque e uns bloquistas fracturantes. (...)
Texto integral [aqui]
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Passatempo-relâmpago - 26 Jul 09
O PASSATEMPO de hoje tem algumas particularidades: antes de mais, é muito fácil, embora um pouco trabalhoso; além disso, o prémio (a atribuir ao primeiro leitor que o resolver - por meios algébricos, evidentemente) só será definido depois de efectuada a escolha que se indica [aqui]. A explicação para este facto é simples: há 4 livros disponíveis para 3 vencedores, pelo que o prémio só se saberá dentro de algum tempo (mas, no máximo, 48h).
Importante: a resolução deverá ser completada com a respectiva verificação. Ou seja: depois de obtida a resposta-tripla, deverão ser feitas as contas para provar que o resultado está correcto.
Actualização: o passatempo já terminou. Ver comentário das 16h01m
Importante: a resolução deverá ser completada com a respectiva verificação. Ou seja: depois de obtida a resposta-tripla, deverão ser feitas as contas para provar que o resultado está correcto.
Actualização: o passatempo já terminou. Ver comentário das 16h01m
25.7.09
Passatempo a propósito do 'post' anterior
UM EXEMPLAR do livro cuja capa aqui se vê será atribuído ao autor do melhor comentário que seja feito à crónica de Antunes Ferreira até às 20h do próximo dia 28, terça-feira.
Actualização (29 Jul 09 /10h): a decisão do júri já está indicada em "actualização".
Actualização (29 Jul 09 /10h): a decisão do júri já está indicada em "actualização".
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Julho e Agosto, S.A.
Por Antunes Ferreira
É POR ESTA ALTURA DO ANO que adoro estar na minha cidade, Lisboa. Julho e Agosto, S.A. são, para mim, meses obrigatórios na capital. Algarves? Estranjas? Termas? Montanha? Campismo? Que é isso tudo, comparado com a tranquilidade ulissiponense? Faz muito calor por cá? Faz muito mais em Ryade. Até mesmo em Moura. Sem dúvidas de qualquer espécie. Há muita poluição? Não se vá muito mais longe. E em Atenas? O Barreiro não conta.
Refiro-me, sem margem para hesitações, à circulação rodoviário/citadina. Ainda que não só. Mas, para mim que faço parte dos cidadãos membros fundadores do Grupo dos que Abominam Engarrafamentos & Correlativos, GAEC, esta é uma circunstância determinante e incontornável na paixão de ficar em Lisboa quando os outros a abandonam, temporariamente embora. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): atenção ao post seguinte, em que se anuncia um prémio relacionado com o presente texto.
Actualização (29 Jul 09/10h): o júri decidiu atribuir o 1.º prémio a Armindo Guimarães e prémios-surpresa aos outros 4 concorrentes. Têm todos 24h para contactarem sorumbatico@iol.pt indicando morada.
É POR ESTA ALTURA DO ANO que adoro estar na minha cidade, Lisboa. Julho e Agosto, S.A. são, para mim, meses obrigatórios na capital. Algarves? Estranjas? Termas? Montanha? Campismo? Que é isso tudo, comparado com a tranquilidade ulissiponense? Faz muito calor por cá? Faz muito mais em Ryade. Até mesmo em Moura. Sem dúvidas de qualquer espécie. Há muita poluição? Não se vá muito mais longe. E em Atenas? O Barreiro não conta.
Refiro-me, sem margem para hesitações, à circulação rodoviário/citadina. Ainda que não só. Mas, para mim que faço parte dos cidadãos membros fundadores do Grupo dos que Abominam Engarrafamentos & Correlativos, GAEC, esta é uma circunstância determinante e incontornável na paixão de ficar em Lisboa quando os outros a abandonam, temporariamente embora. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): atenção ao post seguinte, em que se anuncia um prémio relacionado com o presente texto.
Actualização (29 Jul 09/10h): o júri decidiu atribuir o 1.º prémio a Armindo Guimarães e prémios-surpresa aos outros 4 concorrentes. Têm todos 24h para contactarem sorumbatico@iol.pt indicando morada.
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Passatempo-relâmpago - 25 Jul 09
ESTA notícia do «SOL online» tem o seu equivalente numa história que constitui um capítulo inteiro do livro Jeremias, Consultor, que se pode ler, em formato PDF, [aqui]. Pergunta-se: qual o título desse capítulo?
Actualização: a resposta certa foi dada às 17h15m.FOI ACTUALIZADO o blogue Arroz Doce, de Joaquim Letria, com a crónica «Confidencial» deste fim-de-semana.
Etiquetas: JL
Dito & Feito
Por José António Lima
A NECESSIDADE DE HELENA ROSETA deixar claro, reiterar e voltar a esclarecer que estabeleceu um «compromisso de honra de não assumir o lugar de António Costa, no caso de este sair da presidência da Câmara de Lisboa», mostra bem o ambiente de desconfiança e de fim de ciclo que se respira nos meios socialistas quanto às eleições de 27 de Setembro. E o futuro breve e pouco risonho que, em muito PS, se augura à liderança de José Sócrates. A discussão pública da eventual saída de Costa para líder do PS, lá para Outubro/Novembro, acaba por se converter numa «desconsideração» a Sócrates, como logo observou Santana Lopes (...)
(...)
Se no PS grassa a desmotivação, no PSD vive-se a falta de motivação. Manuela Ferreira Leite não apresenta uma ideia, só fala pela negativa, para se mostrar escandalizada com «a falta de vergonha» do líder do PS e, ainda por cima, «não fala bem, enreda-se, tropeça» nas ideias e nas palavras, como explica em tom desculpabilizador Pacheco Pereira. O caso é sério: «A senhora, muitas vezes, expressa-se mal. E, quando quer corrigir, ainda pior», acrescenta Pacheco. Para retirar a conclusão extraordinária de que o que diz Manuela Ferreira Leite «não se pode reduzir a uma interpretação à letra das suas declarações». Veremos o que vai dizer em Chão de Lagoa, ao lado de Jardim. Se é para levar à letra. Ou não. Nunca se sabe.
Texto integral [aqui]
A NECESSIDADE DE HELENA ROSETA deixar claro, reiterar e voltar a esclarecer que estabeleceu um «compromisso de honra de não assumir o lugar de António Costa, no caso de este sair da presidência da Câmara de Lisboa», mostra bem o ambiente de desconfiança e de fim de ciclo que se respira nos meios socialistas quanto às eleições de 27 de Setembro. E o futuro breve e pouco risonho que, em muito PS, se augura à liderança de José Sócrates. A discussão pública da eventual saída de Costa para líder do PS, lá para Outubro/Novembro, acaba por se converter numa «desconsideração» a Sócrates, como logo observou Santana Lopes (...)
(...)
Se no PS grassa a desmotivação, no PSD vive-se a falta de motivação. Manuela Ferreira Leite não apresenta uma ideia, só fala pela negativa, para se mostrar escandalizada com «a falta de vergonha» do líder do PS e, ainda por cima, «não fala bem, enreda-se, tropeça» nas ideias e nas palavras, como explica em tom desculpabilizador Pacheco Pereira. O caso é sério: «A senhora, muitas vezes, expressa-se mal. E, quando quer corrigir, ainda pior», acrescenta Pacheco. Para retirar a conclusão extraordinária de que o que diz Manuela Ferreira Leite «não se pode reduzir a uma interpretação à letra das suas declarações». Veremos o que vai dizer em Chão de Lagoa, ao lado de Jardim. Se é para levar à letra. Ou não. Nunca se sabe.
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Etiquetas: autor convidado, JAL
24.7.09
É tempo de rapar tachos
Por Manuel João Ramos
O DISCURSO POLÍTICO É UM CAMPO de metáforas constantes, nem todas de grande “elevação” ou “profundidade”. Uma das mais usadas em tempos recentes provêm da actividade financeira: fala-se de “descrédito” das propostas políticas e de “descredibilização” da classe política, para qualificar discursos em crise de sentido e posturas eticamente questionáveis.
Usam-se também metáforas biológicas, como a “morte” das ideologias ou o “insuflar vida” na política, para identificar a perda de objectivos utópicos colectivos que resultou do fim da guerra fria, e o actual estado de descrença nas ilusões de futuros risonhos.
Simultâneo ao “esgotamento” do sentido que atinge as propostas e programas partidários (uma metáfora a um tempo financeira e ecológica), desponta uma nova prática política – e um novo campo metafórico – que ganha especial incidência em períodos eleitorais: trata-se de “rapar o fundo do tacho”, “deitar mão” e “lançar a rede” às causas cívicas de modo a atrair votantes cada vez mais recalcitrantes. (...)
Texto integral [aqui]
Usam-se também metáforas biológicas, como a “morte” das ideologias ou o “insuflar vida” na política, para identificar a perda de objectivos utópicos colectivos que resultou do fim da guerra fria, e o actual estado de descrença nas ilusões de futuros risonhos.
Simultâneo ao “esgotamento” do sentido que atinge as propostas e programas partidários (uma metáfora a um tempo financeira e ecológica), desponta uma nova prática política – e um novo campo metafórico – que ganha especial incidência em períodos eleitorais: trata-se de “rapar o fundo do tacho”, “deitar mão” e “lançar a rede” às causas cívicas de modo a atrair votantes cada vez mais recalcitrantes. (...)
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Afinal há paraíso
Por Joaquim Letria
O NEW YORK TIMES dedicou grande espaço à aldeia de Marinaleda porque é o único sítio onde ninguém está desempregado nem deve dinheiro ao banco. O alcaide comunista Juan Manuel Sanchez Gordillo, eleito há 30 anos, explica: “Aqui constrói-se com o programa municipal e sem hipotecas. Se um residente perde o emprego, a cooperativa contrata-o. Ninguém aqui tem falta de trabalho”. Único, no coração duma Andaluzia com 21% de desemprego.
Com trabalho e habitação resolvidos, Marinaleda atrai muita gente de fora. Com uma população de 2.700 pessoas, não tem polícia, o que poupa 350 mil euros à municipalidade. Às vezes os paços do concelho anunciam pelos altifalantes “domingo vermelho”, o que significa necessidade de gente para trabalho comunitário extra: pinturas, limpeza, arranjos, etc.
Durante uma hora, cada domingo de manhã, Sanchez Gordillo de lenço palestino ao pescoço defende causas e lê poemas na TV local. As causas vão da luta aos transgénicos à independência do povo Sarawi, no Sahara Ocidental.
Nem todos gostam dele. Hipólito Aires, militante do PSOE, é quem mais o critica: “Aqui vive-se na revolução permanente” e diz que Marinaleda vive à custa dos dinheiros do PSOE.
Salvador Becera, antropólogo de Sevilha, reconhece a igualdade social de gente que estava por educar mas critica a aposta na lavoura por achar que o futuro está na indústria e nos serviços. O alcaide está-se nas tintas: ”Se cada quatro anos há mais gente a votar em mim, devo estar a fazer alguma coisa certa”.
«24 horas» de 24 de Julho de 2009
O NEW YORK TIMES dedicou grande espaço à aldeia de Marinaleda porque é o único sítio onde ninguém está desempregado nem deve dinheiro ao banco. O alcaide comunista Juan Manuel Sanchez Gordillo, eleito há 30 anos, explica: “Aqui constrói-se com o programa municipal e sem hipotecas. Se um residente perde o emprego, a cooperativa contrata-o. Ninguém aqui tem falta de trabalho”. Único, no coração duma Andaluzia com 21% de desemprego.
Com trabalho e habitação resolvidos, Marinaleda atrai muita gente de fora. Com uma população de 2.700 pessoas, não tem polícia, o que poupa 350 mil euros à municipalidade. Às vezes os paços do concelho anunciam pelos altifalantes “domingo vermelho”, o que significa necessidade de gente para trabalho comunitário extra: pinturas, limpeza, arranjos, etc.
Durante uma hora, cada domingo de manhã, Sanchez Gordillo de lenço palestino ao pescoço defende causas e lê poemas na TV local. As causas vão da luta aos transgénicos à independência do povo Sarawi, no Sahara Ocidental.
Nem todos gostam dele. Hipólito Aires, militante do PSOE, é quem mais o critica: “Aqui vive-se na revolução permanente” e diz que Marinaleda vive à custa dos dinheiros do PSOE.
Salvador Becera, antropólogo de Sevilha, reconhece a igualdade social de gente que estava por educar mas critica a aposta na lavoura por achar que o futuro está na indústria e nos serviços. O alcaide está-se nas tintas: ”Se cada quatro anos há mais gente a votar em mim, devo estar a fazer alguma coisa certa”.
«24 horas» de 24 de Julho de 2009
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Passatempo-relâmpago - 24 Jul 09
O QUE AQUI se transcreve são os 2 últimos parágrafos de um texto de 6 de Fevereiro de 1944. Os leitores são desafiados a descobrir a que é que se refere a proposta aprovada pela citada Assembleia.
NOTA: Ao longo do dia, e se a resposta certa tardar, serão fornecidas mais partes do texto, sempre do fim para o princípio.
Actualização (15h37m): a resposta certa foi dada às 15h25m, como se pode comprovar [aqui].
NOTA: Ao longo do dia, e se a resposta certa tardar, serão fornecidas mais partes do texto, sempre do fim para o princípio.
Actualização (15h37m): a resposta certa foi dada às 15h25m, como se pode comprovar [aqui].
PT: A Poção Mágica
Por Maria Filomena Mónica
HÁ MOMENTOS EM QUE ODEIO o mundo moderno. Isto é particularmente evidente de cada vez que sou forçada a lidar com empresas de telecomunicações. A PT tem agora um novo manda-chuva, ou, em linguagem moderna, um CEO, de seu nome Zeinal Bava. De acordo com as entrevistas que, ao longo das últimas semanas, deu aos jornais, este senhor estaria a repensar a forma como a empresa se relaciona com os clientes.
Na madrugada de 17 de Fevereiro, depois das cheias, o meu telefone deixou de funcionar. Quando o constatei, liguei para as avarias: apareceu uma voz gravada, ordenando-me que ligasse o 1 se…, o 2 se… , o 3 se…e o 4 se…. Depois de ter feito o que me mandavam, apareceu uma menina, a quem participei a avaria: que tomaria nota. Foi tudo o que aconteceu. Ao fim de três dias, voltei a ligar para a empresa, mas já não me foi possível falar com um ser humano, pois, de cada vez que discava o meu número, era remetida para uma gravação, na qual a PT me comunicava já ter registado o estrago. (...)
Texto integral [aqui]
HÁ MOMENTOS EM QUE ODEIO o mundo moderno. Isto é particularmente evidente de cada vez que sou forçada a lidar com empresas de telecomunicações. A PT tem agora um novo manda-chuva, ou, em linguagem moderna, um CEO, de seu nome Zeinal Bava. De acordo com as entrevistas que, ao longo das últimas semanas, deu aos jornais, este senhor estaria a repensar a forma como a empresa se relaciona com os clientes.
Na madrugada de 17 de Fevereiro, depois das cheias, o meu telefone deixou de funcionar. Quando o constatei, liguei para as avarias: apareceu uma voz gravada, ordenando-me que ligasse o 1 se…, o 2 se… , o 3 se…e o 4 se…. Depois de ter feito o que me mandavam, apareceu uma menina, a quem participei a avaria: que tomaria nota. Foi tudo o que aconteceu. Ao fim de três dias, voltei a ligar para a empresa, mas já não me foi possível falar com um ser humano, pois, de cada vez que discava o meu número, era remetida para uma gravação, na qual a PT me comunicava já ter registado o estrago. (...)
Texto integral [aqui]
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23.7.09
Uma fortaleza do consumo
Por Joaquim Letria
A MINHA CASA Londres esteve sempre aberta aos amigos. Só recordo o meu saudoso Pedro Alvim como o único que foi desfrutar Londres e estar comigo e a minha família. O resto ia lá tratar doenças graves ou às compras.
Todos os dias partiam alegremente para Oxford Street, donde vinham ajoujados de compras. Actualmente, Oxford Street e a antiga estrada romana de Oxford Circus rebentam pelas costuras. Meio milhão de pessoas passam ali por dia, 50 mil assalariados trabalham nas suas lojas, 100 milhões de pessoas visitam esta Meca por ano, 220 autocarros de dois andares circulam ali por hora, distribuindo freguesia pelas 300 lojas do seu milhão e meio de metros quadrados de comércio.
A New East End Company está a transformar a rua mais comercial do planeta. Mas como Londres não é uma piolheira, negociaram com o Conselho Municipal de Westminster, a Câmara de Londres, a companhia dos Transportes de Londres, os promotores imobiliários, os sindicatos e as associações de comércio. Oxford Street vai ser meia pedonal, com espaços verdes, restaurantes e lojas suspensas, tudo ao redor do Colégio da Moda de Londres, que servirá de âncora às lojas mais radicais e modernas das marcas mais “avant-garde”.
Neste Outono já atravessarei Oxford Circus em diagonal. Em 2016 poder-se-á ver Oxford Street de cara lavada, com 130 milhões de pessoas a irem lá todos os anos, que é a previsão segura e para isso trabalham. Há cidades e pessoas que dão gosto…
A MINHA CASA Londres esteve sempre aberta aos amigos. Só recordo o meu saudoso Pedro Alvim como o único que foi desfrutar Londres e estar comigo e a minha família. O resto ia lá tratar doenças graves ou às compras.
Todos os dias partiam alegremente para Oxford Street, donde vinham ajoujados de compras. Actualmente, Oxford Street e a antiga estrada romana de Oxford Circus rebentam pelas costuras. Meio milhão de pessoas passam ali por dia, 50 mil assalariados trabalham nas suas lojas, 100 milhões de pessoas visitam esta Meca por ano, 220 autocarros de dois andares circulam ali por hora, distribuindo freguesia pelas 300 lojas do seu milhão e meio de metros quadrados de comércio.
A New East End Company está a transformar a rua mais comercial do planeta. Mas como Londres não é uma piolheira, negociaram com o Conselho Municipal de Westminster, a Câmara de Londres, a companhia dos Transportes de Londres, os promotores imobiliários, os sindicatos e as associações de comércio. Oxford Street vai ser meia pedonal, com espaços verdes, restaurantes e lojas suspensas, tudo ao redor do Colégio da Moda de Londres, que servirá de âncora às lojas mais radicais e modernas das marcas mais “avant-garde”.
Neste Outono já atravessarei Oxford Circus em diagonal. Em 2016 poder-se-á ver Oxford Street de cara lavada, com 130 milhões de pessoas a irem lá todos os anos, que é a previsão segura e para isso trabalham. Há cidades e pessoas que dão gosto…
«24 horas» de 23 de Julho de 2009
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A SEQUÊNCIA de perguntas/respostas entre leitores do Sorumbático e Helena Roseta tem prosseguido - ver [aqui].
Próxima
Por João Paulo Guerra
NOVA OU VELHA, a do costume, a de sempre. Parece uma fatalidade, o Fado da Crise mas não é.
Em países governados com rigor e competência, dentro de estrito respeito da subordinação do poder económico ao político, as coisas não se passam bem assim. A Finlândia, um país que alguns políticos portugueses gostam de usar como exemplo quando lhes convém, passou por uma crise total bem mais grave que qualquer crise à portuguesa. Apertou o cinto, saiu da crise, recuperou e seguiu em frente. Em Portugal, como se aperta sempre e só o cinto de quem já não tem mais cintura para apertar, as coisas não saem da cepa torta.
E continuando a citar o grato exemplo da Finlândia, o director de programas mundiais do Banco Mundial demonstrou, em Agosto de 2005, que o desenvolvimento português tem vindo a ser travado pela corrupção e que, controlando a corrupção, Portugal podia estar ao nível de desenvolvimento... da Finlândia, o país europeu com maior nível de confiança nas instituições. A distância entre a Finlândia e Portugal é a que vai dos mil lagos aos cento e um pântanos. O estendal de suspeitas de delinquência económica e financeira, de negociatas ruinosas para os cofres do Estado e o bolso dos contribuintes, as permanentes obras a mais e as inevitáveis derrapagens orçamentais não explicam todos os constantes desastres das contas públicas em Portugal. Mas dão uma contribuição poderosa.
De maneira que Portugal nem dará pela saída da crise económica pois já estará metido na seguinte crise orçamental. A menos que "a lua estoire e o sono estale" ou outra coisa qualquer.
Portugal já contratou a próxima crise. Depois de bater no fundo com a crise económica, Portugal vai ao ‘De Profundis’ com uma nova crise orçamental.
NOVA OU VELHA, a do costume, a de sempre. Parece uma fatalidade, o Fado da Crise mas não é.
Em países governados com rigor e competência, dentro de estrito respeito da subordinação do poder económico ao político, as coisas não se passam bem assim. A Finlândia, um país que alguns políticos portugueses gostam de usar como exemplo quando lhes convém, passou por uma crise total bem mais grave que qualquer crise à portuguesa. Apertou o cinto, saiu da crise, recuperou e seguiu em frente. Em Portugal, como se aperta sempre e só o cinto de quem já não tem mais cintura para apertar, as coisas não saem da cepa torta.
E continuando a citar o grato exemplo da Finlândia, o director de programas mundiais do Banco Mundial demonstrou, em Agosto de 2005, que o desenvolvimento português tem vindo a ser travado pela corrupção e que, controlando a corrupção, Portugal podia estar ao nível de desenvolvimento... da Finlândia, o país europeu com maior nível de confiança nas instituições. A distância entre a Finlândia e Portugal é a que vai dos mil lagos aos cento e um pântanos. O estendal de suspeitas de delinquência económica e financeira, de negociatas ruinosas para os cofres do Estado e o bolso dos contribuintes, as permanentes obras a mais e as inevitáveis derrapagens orçamentais não explicam todos os constantes desastres das contas públicas em Portugal. Mas dão uma contribuição poderosa.
De maneira que Portugal nem dará pela saída da crise económica pois já estará metido na seguinte crise orçamental. A menos que "a lua estoire e o sono estale" ou outra coisa qualquer.
«DE» de 23 de Julho de 2009
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Autárquicas - Lisboa
Por C. Barroco Esperança
ADMITO QUE O ELEITORADO da capital seja masoquista e queira reincidir em Santana Lopes. Se é promessa, paciência. O País já pagou um preço elevado com a sua passagem pelo Governo que, na pressa da fuga, à revelia de eleições, Durão Barroso lhe endossou.
Na Figueira da Foz e em Lisboa, Santana acumulou passivos que levarão anos a saldar mas, se é curta a memória e grande o desejo de perdão, que podem fazer os democratas, que recusam ditaduras, mesmo por curtos períodos de seis meses sonhados por Manuela Ferreira Leite?
Compreendo que António Costa, um dos mais bem preparados políticos da sua geração, queira poupar Lisboa aos desmandos do santanismo e a sua carreira política à travessia do deserto, mas não acredito que o acordo com Helena Roseta (HR) lhe traga mais votos salvo, eventualmente, o dela e o de Manuel Alegre. (...)
ADMITO QUE O ELEITORADO da capital seja masoquista e queira reincidir em Santana Lopes. Se é promessa, paciência. O País já pagou um preço elevado com a sua passagem pelo Governo que, na pressa da fuga, à revelia de eleições, Durão Barroso lhe endossou.
Na Figueira da Foz e em Lisboa, Santana acumulou passivos que levarão anos a saldar mas, se é curta a memória e grande o desejo de perdão, que podem fazer os democratas, que recusam ditaduras, mesmo por curtos períodos de seis meses sonhados por Manuela Ferreira Leite?
Compreendo que António Costa, um dos mais bem preparados políticos da sua geração, queira poupar Lisboa aos desmandos do santanismo e a sua carreira política à travessia do deserto, mas não acredito que o acordo com Helena Roseta (HR) lhe traga mais votos salvo, eventualmente, o dela e o de Manuel Alegre. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: CBE
22.7.09
No Reino do Absurdo
EM LAGOS, terra com justas pretensões a destino turístico de qualidade, o critério para o estacionamento não são os parques (abundantes e gratuitos), mas sim a sombrinha das árvores...
Todas estas fotos foram tiradas na mesma zona, onde o estacionamento não falta...
.Todas estas fotos foram tiradas na mesma zona, onde o estacionamento não falta...
Repare-se nos carros que se vêem no canto superior esquerdo:
o que está na passadeira de peões foi atraído pela sombra de uma palmeira que ali existe...
.
o que está na passadeira de peões foi atraído pela sombra de uma palmeira que ali existe...
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ESTAS FOTOS são de ontem e de hoje, mas podiam ser da semana passada ou de há seis anos, pois não haveria qualquer diferença. Pelos vistos, ninguém consegue encasquetar em 'certas cabecinhas' que, em tempos de crise no turismo, não basta oferecer sol e mar: uma cidade minimamente ordenada também é apreciada, pelo menos por quem a visita.
Mas, pensando melhor, nem isso é certo, pois muitos estrangeiros rapidamente aderem, e com visível gozo, à bagunça reinante!
Mas, pensando melhor, nem isso é certo, pois muitos estrangeiros rapidamente aderem, e com visível gozo, à bagunça reinante!
Números Mágicos
Por Nuno Crato
É TENTADOR MARAVILHAR os outros com propriedades numéricas estranhas e complicadas. Pode-se perguntar a idade da avó, somar a da irmã, multiplicar por 25, somar 12, fazer outras tantas operações e, finalmente, adivinhar a idade do interlocutor. Há centenas de adivinhas semelhantes descritas em livros e circulando pela Internet. Propomos aqui duas apostas em que o próprio corre o risco de perder. Mas é um risco controlado, o que apenas dá mais vida aos desafios. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): a imagem é do livro Sábados e dias de chuva, de Linda Netzer
Para quem é mágico amador, aqui vão duas sugestões de truques capazes de surpreender a assistência. Baseiam-se em probabilidades e o mágico tem de assumir algum risco. Mas isso torna os truques mais excitantes.
É TENTADOR MARAVILHAR os outros com propriedades numéricas estranhas e complicadas. Pode-se perguntar a idade da avó, somar a da irmã, multiplicar por 25, somar 12, fazer outras tantas operações e, finalmente, adivinhar a idade do interlocutor. Há centenas de adivinhas semelhantes descritas em livros e circulando pela Internet. Propomos aqui duas apostas em que o próprio corre o risco de perder. Mas é um risco controlado, o que apenas dá mais vida aos desafios. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): a imagem é do livro Sábados e dias de chuva, de Linda Netzer
O tesouro que desdenhamos
Por Joaquim Letria
UM JUIZ DA FLORIDA deu razão a Espanha num processo que opunha a Coroa espanhola à Odissey Marine Exploration, uma empresa que recupera tesouros afundados e navios naufragados. A questão que o tribunal dirimia dizia respeito ao afundamento, há cerca de 200 anos, do galeão “Nuestra Señora de las Mercedes” por disparos de navios de guerra ingleses na costa de Portugal.
Em disputa está um tesouro que a Odissey, e não a Espanha, encontrou nas suas buscas no fundo do mar. A quem pertencem as 500 mil moedas de ouro a que nós, portugueses, virámos as costas e, desdenhosamente, nem procurámos recuperar? A quem pertence um tesouro destes? Aos seus antigos donos, ou a caçadores de riquezas cheios de tecnologias?
O valor do tesouro ultrapassa os 500 milhões de euros, aos preços de hoje. Falamos de escudos de ouro, reais de prata e lingotes de ouro e bronze e demais riquezas. A favor da Espanha, jogou o facto de a riqueza viajar nas entranhas dum navio espanhol atingido por um canhão inglês, em águas portuguesas, a 5 de Outubro de 1804. Daí o juiz falar em direito internacional e atribuir o tesouro ao Estado espanhol. A Odissey replica que a missão do navio era comercial e privada, daí procurar descendentes da tripulação. Naturalmente que vai recorrer. Ganha quem tiver mais dinheiro e paciência.
UM JUIZ DA FLORIDA deu razão a Espanha num processo que opunha a Coroa espanhola à Odissey Marine Exploration, uma empresa que recupera tesouros afundados e navios naufragados. A questão que o tribunal dirimia dizia respeito ao afundamento, há cerca de 200 anos, do galeão “Nuestra Señora de las Mercedes” por disparos de navios de guerra ingleses na costa de Portugal.
Em disputa está um tesouro que a Odissey, e não a Espanha, encontrou nas suas buscas no fundo do mar. A quem pertencem as 500 mil moedas de ouro a que nós, portugueses, virámos as costas e, desdenhosamente, nem procurámos recuperar? A quem pertence um tesouro destes? Aos seus antigos donos, ou a caçadores de riquezas cheios de tecnologias?
O valor do tesouro ultrapassa os 500 milhões de euros, aos preços de hoje. Falamos de escudos de ouro, reais de prata e lingotes de ouro e bronze e demais riquezas. A favor da Espanha, jogou o facto de a riqueza viajar nas entranhas dum navio espanhol atingido por um canhão inglês, em águas portuguesas, a 5 de Outubro de 1804. Daí o juiz falar em direito internacional e atribuir o tesouro ao Estado espanhol. A Odissey replica que a missão do navio era comercial e privada, daí procurar descendentes da tripulação. Naturalmente que vai recorrer. Ganha quem tiver mais dinheiro e paciência.
«24 horas» de 22 de Julho de 2009
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Passatempo-relâmpago - 22 Jul 09
Esta fotografia mostra o interior de umas instalações sanitárias devidamente 'valorizadas com arte urbana'. Pergunta-se: onde foi tirada?
A pedido, serão fornecidas 'dicas', nomeadamente com a afixação de outras fotos, que irão fornecendo cada vez mais informação - até à resposta certa final.
1ª 'dica': ver [aqui]. Actualização (14h10m): a resposta certa já foi dada, como se pode confirmar [aqui].
Esta mulher é perigosa
Por Baptista-Bastos
HÁ DIAS, O RUI VELOSO foi internado e operado de urgência, num hospital particular. A experiência permitiu-lhe dizer uma evidência que se oculta ou de que se fala com amena prudência: quem tem dinheiro salva-se; quem o não tem, morre. O mesmo acontece com a Justiça: ela só é cega para alguns.
Simultaneamente, prepara-se o assalto final à educação pública. Agora, esta: há treze hospitais, em Portugal, que tratam o cancro sem oncologistas! Como pode acontecer tanta coisa má e tão pouca coisa boa num belo país como é o nosso? Um poder que não é limitado por qualquer obrigação de tomar em conta as precisões da sociedade enfraquece-se a si mesmo.
"Falta consciência aos políticos", dizia, na televisão, um pescador de Sesimbra. (...)
HÁ DIAS, O RUI VELOSO foi internado e operado de urgência, num hospital particular. A experiência permitiu-lhe dizer uma evidência que se oculta ou de que se fala com amena prudência: quem tem dinheiro salva-se; quem o não tem, morre. O mesmo acontece com a Justiça: ela só é cega para alguns.
Simultaneamente, prepara-se o assalto final à educação pública. Agora, esta: há treze hospitais, em Portugal, que tratam o cancro sem oncologistas! Como pode acontecer tanta coisa má e tão pouca coisa boa num belo país como é o nosso? Um poder que não é limitado por qualquer obrigação de tomar em conta as precisões da sociedade enfraquece-se a si mesmo.
"Falta consciência aos políticos", dizia, na televisão, um pescador de Sesimbra. (...)
Texto integral [aqui]
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21.7.09
Desafio aos leitores
NO SEGUIMENTO do mais recente Retrato da Semana, intitulado «Concurso de Ideias», o Jacarandá e o Sorumbático desafiam os seus leitores a apresentarem sugestões para um combate eficaz à corrupção.
As respostas deverão ser afixadas [aqui] até às 12h do próximo domingo, havendo um prémio (livro) para o autor da melhor proposta. Serão tidos em conta critérios como clareza, originalidade, exequibilidade, impacto, etc.
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Actualização (26 Jul 09 / 11h): Já estão indicados, no Jacarandá, os nomes dos vencedores.Etiquetas: AMB
TERMINOU às 20h o passatempo «Acontece...», [aqui] apresentado a propósito desta fotografia. Aguarda-se, agora, a decisão do júri.
Actualização (22 Jul 09/11h10m): o júri decidiu atribuir o 1.º prémio a 'dana_treller' e o 2.º a Carluz.
Actualização (22 Jul 09/11h10m): o júri decidiu atribuir o 1.º prémio a 'dana_treller' e o 2.º a Carluz.
Providências
Por João Paulo Guerra
JOSÉ SÓCRATES exortou-os a confiarem no PS. Desde a campanha eleitoral anterior, nos finais de 2004, início de 2005, que o secretário-geral do PS anda às voltas com "o limiar da pobreza". Na campanha anterior, José Sócrates tinha dois anos de governação PSD para impugnar com os argumentos do empobrecimento. Quatro anos depois, e após a sua própria governação, o "limiar da pobreza" é ainda o tema e, tal como há quatro anos, o dirigente socialista e os seus assessores não sabem quantificar a expressão. O "limar da pobreza" é, tal como há quatro anos, o "limiar da pobreza".
Quer isto dizer que a pobreza não será propriamente um ‘dossier' que o primeiro-ministro e líder do PS manuseie com frequência. É, isso sim, um ‘slogan' para campanhas eleitorais. De acordo com um assessor do primeiro-ministro, citado pelos jornais, o "limiar da pobreza" será de 400 euros mensais para uma pessoa que vive sozinha e desce para 360 para cada membro de um casal. Mais propriamente, "qualquer coisa por aí", expressão de imenso rigor.
O que se passa é que o chefe do Governo e do Partido tem à mão uma estatística mesmo a jeito que lhe diz que "o risco de pobreza desceu" de 20 "para 18 por cento" da população. Como diz, noutros passos não citados, que o risco de pobreza aumentou entre os desempregados, que são agora muitíssimos mais. E que os próprios empregados correm agora mais riscos de pobreza, tal como as famílias e a população menor de 18 anos, designadamente as crianças.
O que vale aos portugueses é que têm uma alternativa às confusões do PS sobre o "limiar da pobreza": a Providência Divina.
O Papa exortou os fiéis que estejam a passar por dificuldades económicas decorrentes da crise a confiarem na Providência Divina.
JOSÉ SÓCRATES exortou-os a confiarem no PS. Desde a campanha eleitoral anterior, nos finais de 2004, início de 2005, que o secretário-geral do PS anda às voltas com "o limiar da pobreza". Na campanha anterior, José Sócrates tinha dois anos de governação PSD para impugnar com os argumentos do empobrecimento. Quatro anos depois, e após a sua própria governação, o "limiar da pobreza" é ainda o tema e, tal como há quatro anos, o dirigente socialista e os seus assessores não sabem quantificar a expressão. O "limar da pobreza" é, tal como há quatro anos, o "limiar da pobreza".
Quer isto dizer que a pobreza não será propriamente um ‘dossier' que o primeiro-ministro e líder do PS manuseie com frequência. É, isso sim, um ‘slogan' para campanhas eleitorais. De acordo com um assessor do primeiro-ministro, citado pelos jornais, o "limiar da pobreza" será de 400 euros mensais para uma pessoa que vive sozinha e desce para 360 para cada membro de um casal. Mais propriamente, "qualquer coisa por aí", expressão de imenso rigor.
O que se passa é que o chefe do Governo e do Partido tem à mão uma estatística mesmo a jeito que lhe diz que "o risco de pobreza desceu" de 20 "para 18 por cento" da população. Como diz, noutros passos não citados, que o risco de pobreza aumentou entre os desempregados, que são agora muitíssimos mais. E que os próprios empregados correm agora mais riscos de pobreza, tal como as famílias e a população menor de 18 anos, designadamente as crianças.
O que vale aos portugueses é que têm uma alternativa às confusões do PS sobre o "limiar da pobreza": a Providência Divina.
«DE» de 21 de Julho de 2009
Etiquetas: autor convidado, JPG
Respostas de Helena Roseta a perguntas colocadas por leitores do 'Sorumbático'
ONTEM à noite, enviei a Helena Roseta um e-mail, em 7 pontos, com perguntas colocadas [aqui] por leitores deste blogue. Devido à sua extensão, perguntas e respostas estão afixadas em post à parte - v. [aqui].
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Actualização: para evitar a dispersão de comentários por vários posts, pede-se, a quem queira afixar novos, que o faça [aqui].
Etiquetas: HR
O reino de Deus
Por Joaquim Letria
NO CREPÚSCULO do século XV florentino, houve quem quisesse fazer da cidade um reino de Deus que se antecipasse ao céu. Foi assim que Florença mergulhou na sua crise mais profunda. Tão má e tão grave que Maquiavel exigiu que a utopia nunca mais fosse invocada e o seu amigo Francesco Guicciardini proclamou que a santidade, em política, só constrói o inferno.
Sabemos hoje, graças aos prolixos e fascinantes arquivos dos antigos Estados do Leste da Europa, que muitas revoltas dos anos 70 eram extensões de serviços secretos, naquela apaixonante fase terminal da guerra fria.
Primeira linha naquele duro conflito, a Alemanha conheceu o gosto de alguns delicados jogos, com o grupo de Baader-Meinhof a ser manipulado por verdadeiros artistas das marionetas. A FPLP palestina também mereceria uma ordem manuscrita de Leonidas Brejnev, com data de Abril de 1974. Hoje, sabe-se isto e muito mais, porque quando um império cai, fica-se com documentação exaustiva ao dispor e até os mais obscuros arquivos e secretos “dossiers” podem ser comprados até acabarem desvirtuados e revelados ao mundo.
Assim existiu um mito povoado por máquinas de matar, campos de treino de gente que sonhava com o paraíso e acendia as chamas do inferno, até se imolar pelo fogo. Assim nasceu a ETA, cresceu o IRA, germinaram os Tupamaros, se sorriu no Congo e se alimentaram muitos outros sonhos que alimentaram utopias. Hoje, nada resta. Para o bem e para o mal, Guicciardini tinha razão.
NO CREPÚSCULO do século XV florentino, houve quem quisesse fazer da cidade um reino de Deus que se antecipasse ao céu. Foi assim que Florença mergulhou na sua crise mais profunda. Tão má e tão grave que Maquiavel exigiu que a utopia nunca mais fosse invocada e o seu amigo Francesco Guicciardini proclamou que a santidade, em política, só constrói o inferno.
Sabemos hoje, graças aos prolixos e fascinantes arquivos dos antigos Estados do Leste da Europa, que muitas revoltas dos anos 70 eram extensões de serviços secretos, naquela apaixonante fase terminal da guerra fria.
Primeira linha naquele duro conflito, a Alemanha conheceu o gosto de alguns delicados jogos, com o grupo de Baader-Meinhof a ser manipulado por verdadeiros artistas das marionetas. A FPLP palestina também mereceria uma ordem manuscrita de Leonidas Brejnev, com data de Abril de 1974. Hoje, sabe-se isto e muito mais, porque quando um império cai, fica-se com documentação exaustiva ao dispor e até os mais obscuros arquivos e secretos “dossiers” podem ser comprados até acabarem desvirtuados e revelados ao mundo.
Assim existiu um mito povoado por máquinas de matar, campos de treino de gente que sonhava com o paraíso e acendia as chamas do inferno, até se imolar pelo fogo. Assim nasceu a ETA, cresceu o IRA, germinaram os Tupamaros, se sorriu no Congo e se alimentaram muitos outros sonhos que alimentaram utopias. Hoje, nada resta. Para o bem e para o mal, Guicciardini tinha razão.
«24 horas» de 21 de Julho de 2009
Etiquetas: JL
Passatempo-relâmpago - 21 Jul 09
O prémio, para o primeiro leitor que der a resposta certa, será um exemplar de «Histórias Eróticas», Ed. Quasi - um extracto do Decâmeron, de Boccaccio, com tradução de Urbano Tavares Rodrigues.
20.7.09
Nem tudo o que conta...
Por João Lobo Antunes
TODOS OS ANOS, mal chega o Verão, o país fica suspenso dos resultados dos exames do ensino secundário. O governo (qualquer que ele seja) reza pela confirmação do sucesso das suas políticas e a oposição suspira secretamente pelo desastre. Os examinandos, que incluem alunos e professores, embora por razões diferentes, imploram o milagre. Depois, neste país do «Se Deus quiser», lá vem o inevitável balde de água fria, porque nestas coisas o Criador entende que só merece milagres quem trabalha.
Este ano o que sucedeu de realmente novo foram os surpreendentes comentários dos responsáveis do Ministério da Educação aos maus resultados obtidos nos exames de Matemática e Português do 12.º ano, aspergindo culpas pelos jornais, pela Sociedade Portuguesa de Matemática e por «partidos e pessoas com responsabilidades politicas». O argumento foi que teria sido transmitida aos alunos a impressão de que os exames iriam ser fáceis, o que teve como consequência eles relaxarem em diástole, para usar uma imagem cardiológica. Como consequência, Matemática e Português entraram, solidariamente, em recessão. (...)
Texto integral [aqui]
TODOS OS ANOS, mal chega o Verão, o país fica suspenso dos resultados dos exames do ensino secundário. O governo (qualquer que ele seja) reza pela confirmação do sucesso das suas políticas e a oposição suspira secretamente pelo desastre. Os examinandos, que incluem alunos e professores, embora por razões diferentes, imploram o milagre. Depois, neste país do «Se Deus quiser», lá vem o inevitável balde de água fria, porque nestas coisas o Criador entende que só merece milagres quem trabalha.
Este ano o que sucedeu de realmente novo foram os surpreendentes comentários dos responsáveis do Ministério da Educação aos maus resultados obtidos nos exames de Matemática e Português do 12.º ano, aspergindo culpas pelos jornais, pela Sociedade Portuguesa de Matemática e por «partidos e pessoas com responsabilidades politicas». O argumento foi que teria sido transmitida aos alunos a impressão de que os exames iriam ser fáceis, o que teve como consequência eles relaxarem em diástole, para usar uma imagem cardiológica. Como consequência, Matemática e Português entraram, solidariamente, em recessão. (...)
Texto integral [aqui]
Etiquetas: JLA
Passatempo-relâmpago de 20 Jul 09
NO SEGUIMENTO da crónica intitulada «Concurso de ideias», aqui fica um desenho de uma «ideia prática». A crer no que diz o texto (de que, aqui, se vê apenas a 1ª parte) ela apareceu inicialmente no Popular Mechanics.
O regulamento é o habitual. O passatempo terminará, o mais tardar, às 20h do dia 22, e o prémio será um exemplar (já velhote...) do livro Desapareceu um Inventor, de Peter Cheyney.
Actualização (18h39m): a resposta certa já foi dada - ver [aqui]
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A 'pergunta com prémio' é a seguinte: em que ano é que apareceu publicada em Portugal esta notícia que aqui se vê?O regulamento é o habitual. O passatempo terminará, o mais tardar, às 20h do dia 22, e o prémio será um exemplar (já velhote...) do livro Desapareceu um Inventor, de Peter Cheyney.
Actualização (18h39m): a resposta certa já foi dada - ver [aqui]
Será por falta de "arame"?
Sugere-se aos leitores que comparem este par de fotos, tiradas ontem, com outras semelhantes de há 11 meses - ver [aqui].
É DE COISAS como esta que eu falo, quando refiro a total insensibilidade de 'certos autarcas' quando estão em causa, não as GRANDES obras, mas sim os pequenos problemas, quantas vezes de fácil resolução.
E é com pena que vejo que a maioria dos eleitores se prepara para votar em função - apenas - das suas preferências partidárias, e não daquilo que fazem, fizeram ou tencionam fazer os eleitos a quem pagam o ordenado.
É DE COISAS como esta que eu falo, quando refiro a total insensibilidade de 'certos autarcas' quando estão em causa, não as GRANDES obras, mas sim os pequenos problemas, quantas vezes de fácil resolução.
E é com pena que vejo que a maioria dos eleitores se prepara para votar em função - apenas - das suas preferências partidárias, e não daquilo que fazem, fizeram ou tencionam fazer os eleitos a quem pagam o ordenado.
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«Há quem não perdoe às rosas o facto de não servirem para salada»
«Há quem não perdoe às rosas o facto de não servirem para salada»
A Geração NEMNEM
Por Joaquim Letria
VIVEMOS NUM PAÍS desgovernado pela “geração J” que trata da vidinha a servir os velhos arrependidos e pintados de fresco inventados pelo 25 de Abril. Mas este País pertence à “geração NEMNEM”, aqueles que nem estudam nem trabalham.
Por um lado, não aceitam, e bem, a precariedade do emprego, por outro recusam a falta total de mérito e a injustiça dos soldos de miséria. Muitos dos seus elementos são licenciados, chegaram a embarcar na brincadeira do mestrado mas acharam demasiado fazer como a geração J, a comprar o doutoramento onde for mais barato.
Desiludidos com a sociedade desregulada que os papás lhes vão deixar, não querem nada com a corrupção galopante, nem com os recomendados inúteis. E nada têm a esperar, de gente boa mas sem esperança, sem alternativa nem causas.
Uns não têm o estímulo de hoje, outros não conhecem o futuro de amanhã. 80 por cento daqueles que os mais velhos dizem não fazer nada, trabalham como negros, mas sem direitos nem uma justa compensação. Verdade que muitos encontraram tudo fácil, não tiveram de lutar por nada. Mas qual é o prémio para o sacrifício?!
Não é o dinheiro da “geração mil euros” que os aflige. O que os aflige é não verem futuro depois de estarem sem nada fazer, dependentes dos pais, recusando-se a alinhar nos estágios da roubalheira ou a aceitar a infâmia dos biscates. Percebo, respeito e gosto da geração NEMNEM. Um dia, isto há-de ser dela.
«24 horas» de 20 de Julho de 2009
VIVEMOS NUM PAÍS desgovernado pela “geração J” que trata da vidinha a servir os velhos arrependidos e pintados de fresco inventados pelo 25 de Abril. Mas este País pertence à “geração NEMNEM”, aqueles que nem estudam nem trabalham.
Por um lado, não aceitam, e bem, a precariedade do emprego, por outro recusam a falta total de mérito e a injustiça dos soldos de miséria. Muitos dos seus elementos são licenciados, chegaram a embarcar na brincadeira do mestrado mas acharam demasiado fazer como a geração J, a comprar o doutoramento onde for mais barato.
Desiludidos com a sociedade desregulada que os papás lhes vão deixar, não querem nada com a corrupção galopante, nem com os recomendados inúteis. E nada têm a esperar, de gente boa mas sem esperança, sem alternativa nem causas.
Uns não têm o estímulo de hoje, outros não conhecem o futuro de amanhã. 80 por cento daqueles que os mais velhos dizem não fazer nada, trabalham como negros, mas sem direitos nem uma justa compensação. Verdade que muitos encontraram tudo fácil, não tiveram de lutar por nada. Mas qual é o prémio para o sacrifício?!
Não é o dinheiro da “geração mil euros” que os aflige. O que os aflige é não verem futuro depois de estarem sem nada fazer, dependentes dos pais, recusando-se a alinhar nos estágios da roubalheira ou a aceitar a infâmia dos biscates. Percebo, respeito e gosto da geração NEMNEM. Um dia, isto há-de ser dela.
«24 horas» de 20 de Julho de 2009
Etiquetas: JL