28.2.09

Uma das habituais votações na versão online do Correio da Manhã
IMAGINE-SE que os adeptos de um clube de futebol, receosos do que possa vir a suceder num importante jogo que se avizinha, e sabendo serem em grande número, se lembram de exigir que as faltas dos seus jogadores sejam decididas por votação dos espectadores e não pelos juízes de campo.
Risível? Não sei...
Não é isso que costumam fazer pessoas como Avelino Ferreira Torres, Isaltino de Morais, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Alberto João Jardim (para já não falar em Berlusconi) quando brandem os seus resultados eleitorais ao verem-se acusados de actos 'duvidosos' (passe o eufemismo)?
Pareceu-me ouvir dizer que há quem queira aplicar esse princípio idiota ao caso Freeport - mas devo ter ouvido mal...

Violência

Por Alice Vieira
AINDA HOJE ME LEMBRO dos gritos dela. Vivia no andar acima do meu, mas mal a conhecia. Eu chegava tarde do jornal; ela chegava ainda muito mais tarde de um qualquer trabalho que eu não sabia qual era; eu saía muito cedo para apanhar o comboio para Lisboa, ela ainda ficava.
Havia noites em que o choro e os gritos se ouviam na praceta inteira. Nós vínhamos à janela, olhávamos uns para os outros, e não sabíamos o que fazer.
A polícia, sempre tão presente quando os clientes do bar ao fundo faziam mais barulho do que deviam, inexplicavelmente estava sempre distraída quando, daquele terceiro andar, rebentavam os gritos, as imprecações dele, e o barulho de vidros e louça que se partia. (...)
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As linhas com que se cose

Por Antunes Ferreira
ESTIVE DOIS DIAS EM MADRID, mais precisamente segunda e terça, para, como habitualmente faço, dar umas aulas na Carlos III, a Nova da capital espanhola. Na terça, abri um diário, para ler a notícia que fazia a cabeça da primeira página : «Dimitió Bermejo». Ou seja, demitiu-se Bermejo. Até então era o Ministro da Justiça do Governo presidido por José Luís Zapatero.
Transcrevo o texto da portada:«Mariano Bermejo, ministro de justicia, dimitió de su cargo ayer, tras recibir numerosas críticas por participar sin disponer de la licencia necesaria en una cacería organizada por Bartolomé Molina, secretario general del Partido Popular en Torres (Jaén), junto a otras 50 personas, entre las que se encontraba el juez de la audiencia nacional, Baltasar Garzón,[] en el momento en el que éste instruía un sumario contra el Partido Popular por supuesta corrupción». (...)
Texto integral [aqui]

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27.2.09

Avaliem estes dois!

Por Joaquim Letria
LEMBRAM-SE DAQUELA SENHORA forte que castigou o professor que contou uma anedota de Sócrates e dirige a Educação no Norte de Portugal?! Então fique com este parágrafo que ela mandou à Escola de Paredes de Coura:
“Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável, acompanharemos de muito perto a defesa do bom nome da escola, dos professores, dos alunos e de toda uma população que muito tem orgulhado o nosso País pela valorização que à escola tem dado. Assina: Margarida Elisa dos Santos Teixeira Moreira”.
Se ficou espantado, leia agora o que o coordenador da Escola EB1 dos Caliços, em Albufeira, no Algarve, Sr. Celestino Biscainho, disse ao Expresso, criticando o processo de triagem do INEM:
“Como pode uma operadora avaliar a gravidade duma situação que lhe é descrita?! Os acidentes com crianças não serão sempre emergentes?!”
A qualidade do português e das ideias é igual de Norte a Sul. Avaliem estes dois e confiem-lhes os vossos filhos!
«24 Horas» de 27 de Fevereiro de 2009

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Passatempo-relâmpago

ESTA FOTO, tirada recentemente junto à Assembleia Municipal de Lisboa, mostra uma fiada de carros multados. Há, no entanto, qualquer coisa aqui que não bate certo. O que é?
O primeiro leitor que der a resposta correcta receberá um exemplar de «Cidade Escaldante», de Chester Himes. NOTA: à primeira vista, só as pessoas que conheçam o local responderão facilmente. Por isso, o passatempo foi também colocado n' «O Carmo e a Trindade», um blogue dedicado a Lisboa. No entanto, quem esteja familiarizado com a forma de actuar de alguns agentes das nossas autoridades estará perfeitamente apto a responder...
Actualização (13h59m): o passatempo terminou, pois a resposta certa foi dada por Luís Bonito às 13h53m, como se pode ver [aqui].

Os costumes rurais

Por Maria Filomena Mónica
O MUNDO MODERNO tem tendência para considerar o passado como um paraíso perdido. Os citadinos olham o campo, onde aliás raramente põem os pés, como se de uma Arcádia se tratasse: segundo eles, a vida rural é povoada por lindas pastoras, burrinhos fazendo toque-toque-toque e velhinhas a fiar na soleira da porta. Durante a minha infância, passei o tempo suficiente numa aldeia para saber que nada disto corresponde à realidade.
Há dias, fui a Lamego. Ao almoço, falou-se de «abafadores», uma personagem que desconhecia. Foi-me explicado que se tratava de umas pessoas chamadas para colocarem uma almofada sobre a cara de um velho, quando este estava a incomodar a família com os seus gemidos, ou, na melhor hipótese, quando se encontrava em processo de sofrimento. (...)
Texto integral [aqui]

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Foi actualizado o blogue Sopas de Pedra, com a crónica «Mitos e Monstros».


26.2.09

Entender os fins

Por Joaquim Letria
O PRESIDENTE do Conselho Nacional de Educação fala clarinho e só não o percebe quem não quer. Diz Júlio Pedrosa, agora professor de alto coturno depois de ministro da Educação de Guterres, que “em Portugal ainda não houve um entendimento sobre os fins da Educação e o que representa educar”.
Por estas, e por outras, escusamos de ficar descansados. 900 anos para chegarmos aqui é muito tempo para tão curta distância. Afinal, ainda não nos entendemos e olhamos para o saber como um boi para um palácio.
De 1986 para cá, todos os anos recebo centenas de jovens que entram nas Universidades. De ano para ano vêm mais ignorantes e mais mal educados. Vejo-os partir para a vida, anos depois, em melhor estado mas longe do que deveriam ser. As dificuldades de sobrevivência são visíveis, o bem da Nação, escasso. Júlio Pedrosa falou verdade. Ninguém o ajuda a melhorar as coisas?!
«24 Horas» de 26 de Fevereiro de 2009

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Quanto indica a balança?

JÁ QUE TANTO se fala da ineficácia da Justiça, aqui fica um passatempo baseado numa realidade consoladora: nos livros que aqui se mostram, os criminosos não se ficaram a rir. Bem... se calhar, porque a realidade neles descrita nada tem a ver com a nossa...
O regulamento é o do costume: cada leitor poderá dar uma única resposta, e serão premiados os 10 que mais se aproximarem do valor indicado na balança.
O 1.º classificado poderá escolher o livro que quiser (de entre os 19 que se vêem na imagem da esquerda) e receberá, ainda, o policial de José Rodrigues Miguéis. Aos restantes 9 serão atribuídos outros tantos, sorteados. O passatempo terminará às 20h do dia 28 Fev 09. A solução aparecerá automaticamente, às 20h01m, [aqui].
Actualização: ver a lista dos 10 premiados no comentário das 20h12m. Atenção à morada que falta indicar.

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Bananas

Por João Paulo Guerra
Ora aqui temos um conjunto de itens para uma cabal, actual e completa definição de República de Bananas.
REPÚBLICA DAS BANANAS será aquela em que o espírito da denúncia e do denunciante se insinuam, sentem força para agir, agem e encontram eco nos poderes constituídos, fazendo dos bufos e equiparados uma casta com poderes e privilégios.
República de Bananas será depois aquela em que qualquer cabo de esquadra tem autoridade para se graduar a si próprio em intérprete e executante da lei, inspector da polícia do pensamento e zelador dos costumes. E pode proceder como tal, apreendendo aquilo que na tacanha mentalidade dos denunciantes, ou do próprio cabo de esquadra, perturbe a ordem, ofenda a moral, desafie a parolice reinante.
República de Bananas é igualmente aquela em que um burocrata tem poder para decidir que, tanto pode ser proibido dizer uma piada, como pode ser obrigatório participar num corso carnavalesco.
República de Bananas será também aquela em que qualquer empreendimento empresarial merece, da parte do poder político como também das agências estatais especializadas, a aplicação da magnânima regra da excepção às regras gerais do ambiente, pois o dinheiro justifica tudo e mais alguma coisa.
República de Bananas será ainda aquela em que o carácter tortuoso e labiríntico das leis faz que, na prática, o crime económico em geral e a corrupção em particular compensem. Pois não só são escassíssimas as probabilidades de inquirir e provar um crime de colarinho branco, como as atenuantes e a graduação das penas constituem uma caricatura de justiça mas uma boa aplicação em detergente para lavar um colarinho sujo.
Querem exemplos? Basta ler os jornais nas páginas do noticiário nacional.
«DE» de 26 de Fevereiro de 2009

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Luz - XLV

Fotografias de António Barreto - APPh

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Mulher com cântaro - Numa aldeia do Norte, em Covas do Douro, perto do Pinhão, uma mulher transporta à cabeça, “sem segurar”, o cântaro de água. (1979).

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As religiões e a liberdade

Por C. Barroco Esperança
A RELIGIÃO CONTINUA A SER um feudo difícil de abordar, uma reserva protegida por medos, um espaço imune à crítica e defendido do escrutínio.
Pode criticar-se uma ideologia política, um sistema filosófico ou, até, uma evidência científica mas pôr em dúvida que o arcanjo Gabriel ditou o Alcorão a Maomé, entre Medina e Meca, ou que Moisés recebeu de Deus os Mandamentos, no Monte Sinai, é motivo de crispação e ameaças.
Em épocas de crise, quando a insegurança das pessoas procura arrimo no sobrenatural, as religiões ganham força e os descrentes são olhados com desconfiança e raiva. Os bruxos, quiromantes e outros profissionais de ofícios correlativos também expandem o negócio, nestas alturas, mas o sobrenatural é um domínio que é arriscado devassar. (...)
Texto integral [aqui]

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25.2.09

Pobre do homem!

Por Joaquim Letria
A JUSTIÇA É INCÓMODA. Imaginem o Presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado, a levar com uma investigação criminal durante oito anos para averiguarem se ele é, ou não é, corrupto! Já imaginaram papéis, cheques, recibos, facturas, livros, declarações, interrogatórios, polícias, magistrados, advogados, despesas, quase uma década para a justiça poder agarrá-lo por ter recebido o que não devia?! Ou arquivar o caso e explicar, como aconteceu, que há presidentes sérios de municípios que ficam ricos?!
Gabo-lhe a paciência! Nada foi provado depois de terem esmiuçado tudo, até uns cheques de milhares de euros numa conta da filha, assinados por empresários e amigos da família, uns a pagarem dívidas, outros a darem prendas de casamento. A amizade e a confiança, no Minho, são tão diferentes que a PJ ainda acaba a desconfiar de afectos.
«24 Horas» de 25 de Fevereiro de 2009

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Alves Redol - Passatempo com prémio

NO SEGUIMENTO dos passatempos que aqui se fizeram a propósito de E. Veríssimo, Eça, Camilo, Aquilino, R. Brandão, J. R. Miguéis e F. Namora, aqui fica este:
«Se tivesse de recomendar um livro de Alves Redol a alguém que nunca tivesse lido nada dele, qual escolheria - e porquê?».
O prémio, para a melhor resposta dada até às 20h de 1 Mar 09, será um exemplar de «Uma Fenda na Muralha», oferta da Livraria Santiago.
NOTA: os concorrentes a este passatempo deverão, também, enviar para
sorumbatico@iol.pt a resposta à seguinte pergunta: «Qual o n.º de telefone da livraria que oferece o prémio?» (ver, p. ex., na página respectiva).
Actualização (2 Mar 09/11h35m): depois de muito matutar, os dois elementos do júri decidiram: atribuir o 1.º prémio a Maria Manuel, que receberá o livro indicado; o 2.º a António, a quem vai ser enviado «Apontamentos para ler "Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos"»; finalmente, Rosa Brava receberá um livro-surpresa. Têm agora 48h para escreverem para sorumbatico@iol.pt, indicando morada para envio.

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Passatempo-relâmpago

É BEM POSSÍVEL que um leitor habitual deste blogue, ao ver a capa deste livro e o título deste post, questione:
«Só agora?! Mas então no Sorumbático têm estado a dormir, ou quê?! Isto já aqui devia estar há mais de um mês!».
E com toda a razão! Porquê?
NOTA: o prémio, para o primeiro leitor que der a resposta certa, será um exemplar do livro.
Actualização (10h56m): o passatempo terminou. Estava previsto fazer-se um segundo, para oferecer um outro exemplar do livro, mas não vale a pena - seguem já para Matrioska e Miguel SCP.

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Desenhado há mais de 15 anos...

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Auto do desempregado

Por Baptista-Bastos
E AGORA, que vou fazer? Ando vazio, a caminhar no interior de dias vazios. Há duas semanas. E ainda não reuni a força necessária para dizer à minha mulher que fui um dos 180 despedidos. Mas suspeito de que ela adivinha qualquer coisa. Não será, propriamente, a situação em si que lhe desperta a desconfiança; mas algo, um pressentimento obscuro, tenaz e desconfortável começa a invadi-la.
Conheço-a muito bem. Passámos muitas coisas juntos. Era uma rapariga de grandes olhos luminosos num rosto alevantado que transpirava confiança e coragem. Quando estive gravemente doente manteve-se à minha beira, vigiando-me, tomando-me o pulso, observando a febre. "Nem te atrevas a deixar-me!", exclamou, certo fim de tarde, presumindo, pelo meu aspecto, que a doença se agravara. (...)
Texto integral [aqui]

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Clicar na imagem para a ampliar - Blogue do Van-Dog [aqui]

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24.2.09

Haja justiça!

Por Joaquim Letria
EU NÃO POSSO DEIXAR de elogiar a nossa justiça sempre que ela merece. Tem que se reconhecer a sua qualidade, tanto quando condena a 25 anos de cadeia um desgraçado que teve um minuto de cabeça perdida, como quando liberta um narcotraficante, um pedófilo, ou um violador.
Vejam, por exemplo, o caso recente do professor de música que, segundo as notícias, o Tribunal de Gondomar mandou para casa depois de abusar de duas alunas em troca de boas notas. O professor, de 28 anos de idade, levou uma pena suspensa de dois anos e faça o favor de ir em paz violar quem bem entender no resto da sua vida, para já em Ermesinde, Gondomar e Guimarães, que é onde está a dar aulas.
Ou metes o pífaro na boca como deve ser, ou apanhas uma negativa…
Está bem! Além de abusar de menores, este docente está a estimular o sucesso escolar.
O tribunal decerto percebeu isso. Ainda aquela senhora gorda que manda na educação lá no Norte o manda chamar!
«24 Horas» de 24 de Fevereiro de 2009

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«Acontece...» - Passatempo de Carnaval, com prémio

Por Carlos Pinto Coelho

Pede-se uma legenda para esta imagem de festa de Carnaval
Como habitualmente, os autores dos melhores textos (a afixar em comentário até às 20h da próxima sexta-feira, dia 27), serão premiados com livros.
NOTA: Esta fotografia, como todas as outras aqui afixadas com o título genérico «ACONTECE...», é da autoria de CPC.
Actualização (CMR/28 Fev 09 - 13h00m): consultadas duas pessoas, uma delas achou que nenhum dos comentários merecia prémio; a outra escolheu Miguel SCP, referindo ainda Carlos Antunes e Gena como segundos classificados, ex aequo. Assim, os três receberão livros-surpresa desde que, nas próximas 48h, escrevam para sorumbatico@iol.pt, indicando morada para envio.

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Curtas-letragens - “Carrnaváu”

Por Miguel Viqueira
“OLHA SÓ dona Marrta...!” era o remoque favorito a propósito de tudo e de nada da “faxinêra” da dona Marta, “nega” carioca de grande pandeiro, que mais que andar se contornava ao deslocar-se, risonha mesmo quando não ria, de grandes dentes alvos e olhar fundo debaixo do lenço atado na nuca e que passava o dia nestas e noutras lamentações que mais pareciam já uma cantilena amável, um traço de identidade inconfundível.
Um dia chegou acabrunhada, olha só dona Marrta, e não parou de se lamentar, a fazer tudo ainda em marcha mais lenta, até que para o fim do dia a dona Marta lhe arrancou o olha só. O pai estava doente, muito doente. E logo agora, vésperas do “carrnaváu”...! Conselhos, recomendações, promessas de que tudo se comporia, você vai ver, conseguiram arrebitar a “faxinêra” que voltou para a favela um pouco menos olha só dona Marrta. (...)
Texto integral [aqui]

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23.2.09

A partida da procuradora

Por Joaquim Letria
ENTÃO UM FELIZ CARNAVAL para todos! Já nos rimos bastante ainda o Entrudo vinha longe, com a censura e libertação da proibição duma simples brincadeira no Carnaval de Torres Vedras, peripécia interpretada com grande talento por uma promissora delegada do Ministério Público.
Grande êxito da simpática procuradora-adjunta de Torres Vedras, D. Cristina Anjos de sua graça, ao proibir e, depois, autorizar, sempre sem ver, as fotos de meninas em fato de banho num enigmático “hardware” que se faz passar por português. Todo o mundo se riu duas vezes da D. Cristina: quando a jovem proibiu e quando deixou de proibir! Fez mais pelo Carnaval de Torres Vedras do que umas mamocas brasileiras num carro do corso!
O ministro Pinho devia requisitar esta pequena para a sua equipa. Falar e rir de Portugall e do Allgarve como a D. Cristina conseguiu, em todo o mundo, não é para todos. E sempre sem ver, como compete à Justiça! Brilhante!
«24 Horas» de 23 de Fevereiro de 2009
NOTA (CMR): sendo a Justiça e a Segurança os principais pilares de qualquer Estado, é consolador constatar que esta rábula de Torres Vedras teve uma réplica condigna [nesta] outra, protagonizada pela PSP de Braga. (Para saber mais sobre o alvo da ira de tão zelosas autoridades, ver a página oficial do Musée d' Orsay - [aqui]).

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O Caso Mesquita Machado

Por J.L. Saldanha Sanches
UMA LONGA INVESTIGAÇÃO (oito anos) aos inexplicáveis sinais exteriores de riqueza do presidente vitalício da Câmara Municipal de Braga e aos seus familiares e amigos teve o resultado habitual: arquivamento por falta de provas.
Sem cadáver nem flagrante delito estes processos estão para lá das forças da nossa justiça: mas vamos admitir que não havia mesmo provas e o arquivamento foi a única solução possível. E as questões fiscais?
O processo penal no Estado de Direito põe o dever de prova a cargo do Estado. O processo fiscal não. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): acerca do mesmo caso, sugere-se a leitura [desta] esclarecedora notícia.

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O alumínio

Por A. M. Galopim de Carvalho
NA MINHA INFÂNCIA, tudo o que servisse como utensílio de cozinha de ir ao lume era, sobretudo, de ferro esmaltado ou de barro vermelho. Nalguns casos usavam-se os de cobre ou de latão. Os de alumínio não estavam ao alcance de toda a gente.
Não obstante ser o 3.º elemento químico mais abundante na crosta terrestre, logo a seguir ao oxigénio e ao silício, o alumínio, isolado em 1924 pelo dinamarquês Hans Christian Oersted, era um metal de produção complexa e dispendiosa, só utilizado em materiais de qualidade e, portanto, caros. (...)
Texto integral [aqui]

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22.2.09

«O Fiel Jardineiro»

IMAGINE-SE que alguém tinha lido O Fiel Jardineiro, de John le Carré, e tinha gostado do livro. Se quisesse convencê-lo a ver também o filme, que argumentos usaria? Este passatempo, cujo prémio é um exemplar da edição portuguesa da referida obra, é feito com a colaboração do CINE-AUSTRALOPITECUS e termina às 20h do próximo dia 26 Fev 09.

Actualização (27 Fev 09/10h): 1ª fase - havendo apenas 3 concorrentes, e estando prevista a possibilidade de atribuir 3 prémios (embora só o 1.º seja o livro referido), é possível ir adiantando o processo enquanto se aguarda a decisão do júri. Assim, os 3 leitores podem, desde já (e nas próximas 48h), escrever para sorumbatico@iol.pt, indicando as moradas para envio.

Actualização (27 Fev 09/16h45m): foi decidido atribuir o livro indicado a Paulo Agostinho e dois outros livros (surpresa) aos restantes leitores. Aguarda-se, agora, que informem as suas moradas durante o prazo indicado.

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Supostos indícios de um alegado Carnaval

Por Nuno Brederode Santos
JÁ OS MEUS AMIGOS DEBANDAM, na pequenina diáspora que os assalta aos primeiros rumores de Carnaval. Por mim, menos dado a tais folguedos, nunca é seguro: espero sempre até ver se a frondosa senhora morena da madeixa loura reaparece no disfarce fantasista do costume: uma Jane Fonda a cujos braços, peito e ancas sobra Barbarella por todos os lados (sendo que a espada curta e o escudo de plástico prateado não são mais do que crédito malparado da princesa Zena ou adereço de uma qualquer amazona insurgente). A seu lado, cumpridor e tristonho, virá o marido, vergado, não só à calvície prematura dos 40, mas sobretudo às enormes responsabilidades sociais que visivelmente se atribui. (...)
Texto integral [aqui]

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21.2.09

Salto-de-cavalo contra as cavalgaduras

Clicar na imagem para a ampliar
TENTANDO, na medida do possível, contrariar os que se esfoçam por dar cabo da Língua Portuguesa, o Sorumbático propõe aos seus leitores um passatempo-duplo que consiste em:
1.º - decifrar a charada que aqui se vê, obtendo os dois tercetos de um soneto de um famoso poeta português.
2.º - indicar o nome do vate em causa.
O prémio será, precisamente, um exemplar da obra onde eles se encontram publicados. Se alguém não souber as regras deste género de passatempos, pode vê-las [aqui].
Actualização (21h45m): a resposta certa foi dada no comentário-1. Quem responde agora à questão colocada no comentário-2?
Actualização (21h55m): a resposta certa foi dada no comentário 3.

E andamos nós a discutir o Acordo Ortográfico...!

Quem é o autor (M/F) da seguinte pérola que se pode ler num recente documento oficial:
«Sendo certo que muitos docentes não se aceitam o uso dos alunos nesta atitude inaceitável (...)» ?
Actualização: a resposta certa já foi dada no 1.º comentário. O "crime" foi denunciado no blogue «Da Literatura»; o doc[J]umento pode ser visto, também, [aqui]
Foi actualizado o blogue «Histórias de chorar por mais», com a crónica «O ano dos patos e das andorinhas».

Um tiro no Carnaval

Por Antunes Ferreira
O MEU NETO NÚMERO DOIS é o Rodrigo. A caminho dos 13 anos, é um puto excelente, bom aluno, bom em tudo que se mete, bom feitio, eu sei lá que mais.
(...)
Ontem, quarta-feira, ele ia a sair da escola, com um amigo, pelas quase três da tarde. De repente, sentiu como que uma ferroada no pescoço, tendo-se sentido um tanto abananado, segundo ele próprio me contou. O amigo viu-lhe sangue e pressionou uma pequena ferida com o seu lenço. Voltaram à escola, ambulância, hospital de São Francisco Xavier. O companheiro declarou que fora um tiro de pistola de pressão de ar e que lhe parecera que fora disparado de uma viatura que passava.
(...)
Texto integral [aqui]

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20.2.09

Políticos menos que vendedores de automóveis

Por Joaquim Letria
NOVE EM CADA DEZ portugueses confiam nos bombeiros, nos pilotos e nos farmacêuticos. Os pior classificados são os políticos, com apenas 1 em cada 100 portugueses a dar-lhes crédito, dez vezes abaixo dos vendedores de automóveis, com 10 em 100.
Jogadores de futebol (15%), sindicalistas (17%) e advogados (24%) ainda despertam a confiança em alguns portugueses, enquanto farmacêuticos (93%), enfermeiros (89%) e médicos (86%) ficaram muito à frente dos padres, taxistas e jornalistas que se perfilam à frente dos juízes e magistrados (34%).
Meteorologistas, agricultores e professores fazem a ponte entre os mais confiáveis da nossa terra e aqueles de quem é melhor fugir. Estes números são o resultado dum estudo da revista do “Reader’s Digest”, que teve a paciência de auscultar a opinião de 10500 dos seus assinantes.
Como a revista nos ensina há muitos anos, “Rir é o Melhor Remédio”!
«24 Horas» de 20 de Fevereiro de 2009

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A CENA É CONHECIDA, e o que se passou ontem em Torres Vedras foi apenas uma penosa variante:
Está um grupo de amigos a contar anedotas, e a certa altura um deles dá nas vistas porque, ao contrário dos outros todos, permanece sisudo. O que se passará com ele? Estará doente? Já conhecerá as piadas? Nada disso; pura e simplesmente ele, privado de senso-de-humor, não as percebe.
Nessa altura, um dos presentes faz o que sempre se deve evitar em circunstâncias semelhantes: desata a explicar as anedotas, perante o ar atento do infeliz que, em vão, dá o seu melhor para as entender.
A situação provoca uma nova onda de gargalhadas - agora já não a propósito das anedotas, mas sim à custa da outra "anedota" que ali está a fazer a triste figura.
Actualização (18h00m): há quem diga que a nossa justiça "faz que anda mas não anda"; afinal, "não só anda, como até desanda!".

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EU PENSAVA que alguém com as funções de Cândida Almeida devia primar pela contenção. Afinal, parece ser mais uma daquelas pessoas que não resistem se vêem um microfone à frente - como ontem se pôde constatar, mais uma vez, nos telejornais da noite.
Bem... a menos que esteja empenhada em desfazer o mito que, ao longo de gerações, foi propalado a coberto de uma adivinha machista - que, já agora, aqui se deixa:
«Qual é o mês em que as mulheres falam menos?»

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O Enterro do PSD

Por Maria Filomena Mónica
QUEM PENSE QUE O DR. LUÍS FILIPE MENEZES se referia ao Dr. Balsemão, ao Dr. Pacheco Pereira ou ao Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, quando, a 18 de Fevereiro de 1995, designou os «sulistas, elitistas e liberais» como os seus principais inimigos, engana-se. A fálica flecha era-me dirigida: aquelas características – que eu tomo como virtudes e ele como defeitos – aplicam-se-me que nem uma luva. Não sou do PSD, mas no estado em que os cadernos eleitorais se encontram – e provavelmente sempre se encontraram – ele não tinha forma de o saber.
Como quem não se sente não é filho de boa gente, passei a seguir a sua carreira com atenção. (...)
Texto integral [aqui]

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19.2.09

Pescadinhas de rabo na boca

Por Joaquim Letria
INTERESSANTE TRABALHO jornalístico o de Clara Viana no Público, a explicar-nos quem é quem no caso Freeport.
Cândida de Almeida dirige o DCIAP e foi da Comissão de Honra da candidatura de Mário Soares; Lopes da Mota, o presidente do Eurojust, foi secretário de Estado da Justiça de Guterres; Santos Alves, representante de Portugal no Eurojust, foi inspector do Ambiente, nomeado por Sócrates, entre 2000 e 2002, depois de delegado do MP em Felgueiras; Júlio Pereira, chefe do SIRP, foi o braço direito de Rui Pereira no SIS, antes deste último ser ministro da Administração Interna; Fernanda Palma, a mulher de Rui Pereira, é do Conselho Superior do Ministério Público; e, por fim, o juiz Carlos Alexandre, titular do caso Freeport, alertou para a suposição de haver escutas a magistrados.
Isto parece uma travessa de pescadinhas de rabo na boca. Não fôssemos todos primas e primos, nesta terra! Por acaso, está bom de ver!
«24 Horas» de 19 de Fevereiro de 2009

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Foram hoje actualizados os blogues Sopas de Pedra, Jacarandá e Humor Antigo

Pântanos

Por João Paulo Guerra
O general Garcia Leandro, na qualidade de presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo - OSCOT, deu a entender que a criminalidade económica-financeira "eclodiu" no final do ano passado pelo que vai ser a grande revelação da terceira exposição do Observatório, depois de análises anteriores terem detectado e quantificado a criminalidade violenta e o crime contra o património.
A VERDADE É QUE A CRIMINALIDADE económico-financeira é tão antiga que é mesmo anterior à velha moda dos colarinhos brancos. Em Portugal é antiquíssima e hoje será difícil aos limnólogos localizarem as origens exactas do pântano português.
É verdade que quem primeiro falou no pântano foi o engenheiro António Guterres. Disse em 2001, depois de perder as autárquicas, que se ia embora para evitar o pântano. Mas se algumas pantanosas figuras vêm dos tempos de Guterres, não é menos verdade que se revelam hoje paludosas criaturas anteriormente empantanadas, se não com a fama pelo menos com largo proveito. O pântano é riquíssimo em nutrientes e tem muitas outras vantagens: não passa nem exige facturas, não cobra IVA, não faz retenções nem pagamentos por conta, é discreto, surdo e mudo, não deixa rasto e tem canais de drenagem para ‘off-shores' pelo sistema de vasos comunicantes.
Claro que a podridão não será boa vizinhança. Mas, por definição, podridão é o estado do que é podre. Diferente será o podre do que é Estado e esse nem sequer tem cheiro. Pelo menos, as polícias e o Ministério Público por mais que cheirem não farejam nada que se veja. Quando muito, detectam alguma ventosidade que se ouça. Mas nesse caso há sempre a hipótese de as escutas serem consideradas inconstitucionais.
«DE» de 11 de Fevereiro de 2009
NOTA (CMR): Acerca das «investigações que andam ou não andam», vale a pena ler o post de João Gonçalves «Tens para a troca?».

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Três sugestões

A fraude do Iraque e o Iraque das fraudes

Por C. Barroco Esperança
NA IMPOSSIBILIDADE de levar a julgamento os quatro que, nas Lajes, traíram a verdade, o direito e a ética, para executarem o plano gizado previamente pela dupla Bush/Dick Cheney, o desprezo seria o lenitivo para a raiva e o nojo que sentimos, mas os efeitos colaterais não nos deixam em paz.
A ditadura de Saddam, ao contrário das outras da região, era a única que tinha um cristão ministro e garantia o carácter laico do Estado. Judeus e cristãos suportavam a ditadura mas não eram molestados por causa das crenças. Agora já são residuais e estão condenados a desaparecer com a saída das tropas de ocupação.
Destruído o país, após a matança que não poupou os próprios invasores, o Iraque virou campo de treino do terrorismo islâmico e o Irão emergiu como potência regional e nuclear. (...)

Texto integral [aqui]

NOTA (CMR): Sobre este mesmo assunto, vale a pena ler, também, a crónica do autor-convidado João Paulo Guerra - [aqui].

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Luz - XLIV

Fotografias de António Barreto - APPh
Clicar na imagem, para a ampliar
Casal a cavar - Algures no Douro, por entre a vinha e o olival, numa pequena horta, um casal cava a terra, talvez plantando batatas. A cena tem uma espécie de beleza bíblica. Ou parece tirada de um “livro de horas” medieval. Mesmo com esse encanto, felizmente que existem hoje outras maneiras de tratar a terra. (1995).

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18.2.09

Com certeza um hotel!

Por Joaquim Letria
O VEREADOR FERNANDO NEGRÃO, que além de director da Judiciária também foi juiz antes de ser ministro e deputado, concorda com a entrega do Tribunal da Boa Hora para um hotel de charme.
Eu, que durante anos fui vizinho, paredes meias, do tribunal, com vista para a sala de audiências duma das suas varas, acho que qualquer coisa fica ali melhor do que aquele ninho de ratos onde durante mais dum século se fez a vida negra a muita gente.
Tirando alguns amigos meus julgados na sala do antigo Tribunal Plenário, onde juízes faziam, às escâncaras, os favores encomendados pelo poder político, só vi ali serem julgados grandes desgraçados cuja vida nunca mais se endireitou, viessem eles dos subúrbios da ditadura ou das favelas da democracia.
Não há mártires cuja memória ali deva permanecer nem figuras a venerar. Apenas sordidez, miséria humana e muita pouca-vergonha mal escondida. Por isso, também eu defendo um hotel limpo onde foi um santo convento. Para bem da baixa de Lisboa.

«24 Horas» de 18 de Fevereiro de 2009

NOTA (CMR): o autor-convidado João Paulo Guerra defende exactamente o oposto [aqui]...

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Passatempo-relâmpago

NUNCA PERCEBI muito bem o que leva alguns leitores a darem-se ao trabalho de concorrer aos passatempos que aqui se propõem e depois não reclamarem os prémios que ganham - nem no prazo estipulado de 48h nem sequer mais tarde. Mas cada um lá sabe de si, e aproveitemos o facto para sortear um livro que, apesar de ser muito divertido, ninguém parece querer.
Seja A o seu peso (em gramas) e B o n.º da página onde vem o «Princípio N.º 38: Seja inconsequente». Quanto vale a soma A+B?
Cada leitor poderá dar uma única resposta; o passatempo terminará às 12h de amanhã, 19 Fev 09. Se, depois, o vencedor também for inconsequente (e não o reclamar)... já não sei o que fazer!
Actualizações (10h42m): a solução ficará visível [aqui] às 12h01m. (12h07m): o vencedor foi E(D)U, com a aposta 400 (erro de 25). (19h21m): já depois de ter seguido o prémio para E(D)U, um leitor chamou a atenção para um erro: na realidade, o vencedor foi Gonçalo (erro de 19), que vai receber um livro de igual valor.

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A saga de uma lagosta sobrevivente

QUANDO, EM 2007, o Governo anunciou, pela boca de Mário Lino, que até 31 de Outubro desse ano ia haver portagens 100% electrónicas em algumas SCUT (nomeadamente nas 3 da Costa de Prata) eu não acreditei. Esse meu cepticismo valeu-me o envolvimento em polémicas estéreis que, quando começaram a ter cariz desagradável, cortei pela raiz desafiando os meus oponentes a apostarem um almoço de lagosta. Foi remédio-santo, pois nesse preciso momento as discussões acabaram como que por encanto. Pior: à medida que as datas oficiais foram, sucessivamente, dando lugar a outras, eu também fui renovando o meu desafio (*) - mas sempre em vão, e se quisesse comer lagosta teria de a pagar!

Até que...

Em meados de 2008, no almoço anual dos antigos colaboradores da Associação de Estudantes do IST, encontrei-me com o nosso ministro e comentei:

- Ó Mário Lino, já viste que estamos para aqui a comer esta porcaria de rissóis e croquetes, quando podíamos estar os dois sentadinhos no Gambrinus a dar cabo de uma lagosta?

Naturalmente, ele não percebeu a que é que me referia; depois de lho explicar, desabafei:

- O que me faz confusão é que não arranjo ninguém que aposte comigo! Por mim, continuo a achar que não vais conseguir fazer o que prometes... - referia-me eu à 2ª ou 3ª data anunciada, 31 de Dezembro desse ano que, entretanto, também já lá vai.

Ele fez então um sorriso amarelo e respondeu, um pouco a medo:

- Aposto eu...

Até aqui, tudo bem, até porque houve testemunhas! O pior é que me esqueci de lhe pedir o contacto para combinarmos a almoçarada - já estou mesmo a ver que temos um outro Jamais!
-
(*) Veja-se, p. ex., [aqui], [aqui], [aqui], [aqui]...

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O discurso do nada

Por Baptista-Bastos
A VITÓRIA DE SÓCRATES é a metáfora do eucalipto: ele seca tudo à sua volta e conduz o partido como muito bem entende.
(...)
Os temas exclusivos que, no congresso, suscitaram o seu interesse, são indicadores do seu oportunismo ou da sua incompetência. Esqueceu o desemprego, o desajuste entre a realidade pungente, na qual estamos mergulhados, e a mudança das instituições; a falência dos bancos, a corrupção e a própria questão da liberdade. Sócrates tinha opções: não as tomou ou não as quis tomar. A sociedade pedia-lhe (e até lhe exigia) respostas. O método de pensamento que utilizou é-lhe habitual. Passa ao lado do que se lhe pedia, exigia ou perguntava. Sob a capa de falar de problemas "fracturantes", nunca assumiu, com a coragem requerida, enfrentar os dilemas que o excedem, mas que são inseparáveis dos princípios elementares do nosso viver colectivo.
(...)
Texto integral [aqui]

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Clicar na imagem para a ampliar - Blogue do Van-Dog [aqui]

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17.2.09

Mentir compensa

Por Joaquim Letria
SÃO RARÍSSIMOS OS POLÍTICOS de quem gosto. Maria de Belém é uma delas.
Descobri agora a razão principal desta minha fraqueza: a inocência pura por detrás do azul dos olhos da deputada socialista.
Disse ela, a propósito da forte possibilidade de Dias Loureiro ter mentido ao Parlamento: ”Caso os depoentes numa CPI não respondam com verdade às perguntas dos deputados, podem ser julgados e condenados, com prisão de 6 meses a 3 anos. Até hoje nunca aconteceu. Mas se a mentira tiver relevância criminal, será comunicada ao Ministério Público”.
Registe, minha rica: conheço um comentador que chamou mentiroso a um camarada seu que mentiu comprovadamente ao parlamento. Tão escandaloso como o Dias Loureiro. A miúda do ministério público pediu a condenação do comentador e a garota que julgava o caso fez-lhe a vontade. Os tribunais de recurso a gente sabe como trabalham, independentes do poder político, não é verdade?!
Fique-se com esta, minha querida: aos políticos, mentir compensa. Até pode render indemnização!
«24 Horas» de 17 de Fevereiro de 2009

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Fernando Namora - Passatempo com prémio

NO SEGUIMENTO dos passatempos que aqui se fizeram a propósito de E. Veríssimo, Eça, Camilo, Aquilino, R. Brandão e J. R. Miguéis, aqui fica este:
«Se tivesse de recomendar um livro de Fernando Namora a alguém que nunca tivesse lido nada dele, qual escolheria - e porquê?».
Os prémios, para as duas melhores respostas dadas até às 20h de 22 Fev 09, serão exemplares de «A Nave de Pedra» e de «As Frias Madrugadas», oferta da Livraria Santiago.
NOTA: os concorrentes a este passatempo deverão, também, enviar para sorumbatico@iol.pt a resposta à seguinte pergunta: «Qual a morada da livraria que oferece os dois livros referidos?»
Actualização (23 Fev 09/10h29m): o júri deu a seguinte classificação: António .. 5 pontos; Rosa Brava .. 3 pontos; Joana e Heresias ... 2 pontos cada. Como só há 2 livros para atribuir, serão enviados aos 2 primeiros classificados. Obrigado a todos/as!

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Eis o que me irrita em Pedro Passos Coelho

Por João Miguel Tavares
EU APRECIO A FORMA como Pedro Passos Coelho conquistou o seu espaço no PSD e na comunicação social, com um tom civilizado, um discurso articulado, uma presença aprumada e uma atitude que poderemos definir como "eu sei que vou ser líder do PSD, só não sei é quando". Há pouco mais de um ano, Passos Coelho era um sério candidato a aparecer no Perdidos & Achados da SIC. Hoje, é um sério candidato a ser o José Sócrates da direita (não é uma ofensa, juro). (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): em colaboração com o autor da crónica, aqui fica o seguinte passatempo com prémio:
Se fosse necessário escolher um sub-título para esta crónica, mas só podendo optar por um dos que seguidamente se indicam, qual seria o mais indicado - e porquê? - «Destino Pesadelo», «O Burocrata, a Burrinha…», «Manuela, a Marechala...», «Os Incendiários...», «O Santo em Acção», «Setas contra Barões», «Pequenos Assassinos», «O Preço da Incompetência», «As Boas Consciências», «O Jogador», «Cândido», «O Terceiro Homem», «O Pequeno Herói», «Ficções», «O Profeta», «Manual do Líder». Como já se percebeu, o autor da melhor resposta receberá o livro que indicar. O passatempo termina às 20h de 19 Fev 09.
Actualização (19 Fev 09/21h45m): a opinião do júri (que incluiu o autor da crónica) decidiu premiar Mg e Teófilo M, que têm agora 48h para escreverem para sorumbatico@iol.pt indicando morada.

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Espera

Por João Paulo Guerra
Muito se falou, nas autárquicas de 2005, do caso dos candidatos arguidos. Há quatro anos, o então líder do PSD ousou afrontar o populismo dos que pretendiam fazer-se julgar pelos eleitores, em vez dos tribunais.
EM 2005, O LÍDER DO PSD perdeu câmaras mas ganhou autoridade moral que, aliás, não lhe serviu de nada porque a moral foi revista em baixa pela política portuguesa. Agora, a dirigente que faz figuração de líder do PSD e da oposição não tem esses pruridos.
De 2005 para 2009, eles aí estão, os mesmos e mais alguns, com os respectivos casos pendentes. Pelo natural passo de caracol da justiça portuguesa ou por manobras dilatórias dos arguidos, há casos que não deram um passo em frente em todos estes anos, embora alguns casos tenham dado vários passos atrás. A notícia de que a Relação de Lisboa confirmou a decisão de julgar Isaltino Morais por corrupção, abuso de poder, fraude fiscal e branqueamento de capitais é exemplar. Há quatro anos estava-se no mesmo pé mas uma instância mais abaixo. Talvez para as autárquicas de 2013 haja uma decisão do Supremo e, para as de 2017, um acórdão do Constitucional. Ou talvez tudo isto prescreva. Ou até pode acontecer que o burro fale. Não sabem a história? Eu conto.
Num reino antiquíssimo, um homem, condenado à morte, pediu clemência ao rei até que conseguisse o objectivo da sua vida: ensinar o seu burro a falar. O rei suspendeu a execução por 5 anos, mas os acusadores do condenado não o largaram: "Estás tramado. Encontramo-nos daqui a 5 anos no patíbulo". Ao que o homem respondia falando consigo mesmo; "Em cinco anos, pode ser que eu morra de morte natural. Pode ser que morra o rei. E até pode acontecer que o burro fale". É disso que Portugal está à espera.
«DE» de 16 de Fevereiro de 2009; cartoons cedidos pelo autor, Sergei.
Passatempo: em colaboração com João Paulo Guerra, o melhor comentário que seja feito a esta crónica (até às 20h de sábado, 21 Fev 09) será premiado com um exemplar de «O Regimento dos Espectros».
Actualização (23 Fev 09/13h28m): o júri decidiu premiar Joana e Alex-HAL, a quem se pede que, nas próximas 48h, escrevam para sorumbatico@iol.pt indicando moradas para envio.
NOTA: Até ao momento, não foi possível obter a opinão do autor da crónica. Se ela vier e não coincidir com a do júri, serão atribuídos prémios adicionais - o que será anunciado no post habitual intitulado "passatempos em curso".
Actualização (26 Fev 09/19h00m): o autor também votou em Joana.

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16.2.09

A vida difícil dos nossos espiões

Por Joaquim Letria
SE O MAXWELL SMART ou o James Bond fossem portugueses, tinham sido mortos em dois tempos. Não por mérito dos inimigos, mas porque os nossos políticos socialistas adoram dar os seus agentes secretos à morte, numa bandeja de prata. A sorte dos espiões portugueses é a sua morte não adiantar nada para ninguém…
A última vez foi quando no tempo de Guterres até copiaram listas para distribuir no parlamento. Nunca se percebeu se foi para pôr em risco aquela gente toda e ficar-se a perceber o que andavam a fazer, ou se foi para pôr na rua o Prof. Veiga Simão, ministro da Defesa que se demitiu por causa desse acto irresponsável, atentatório do interesse nacional.
Agora, é aquela rede electrónica intra-ministerial, que parece a net dos pedófilos: todos lá navegam! O Governo diz que não, que a identidade dos nossos espiões-chefes não esteve aberta a toda gente. Só a alguns. Aos próximos que recrutarem, dêem cartões de visita, com morada e telefone!
«24 Horas» de 16 de Fevereiro de 2009
*
Passatempo-relâmpago (CMR): neste livro pode ler-se, a certa altura: «Mas, Mister S., como é possível que isto tivesse acontecido? A minha Central está perplexa ante o erro cometido!». Pergunta-se: em que página? Cada leitor poderá dar uma única resposta. O que mais se aproximar da certa - até às 20h de terça-feira, 17 Fev 09 -, já sabe "o que o espera".
Actualizações (19h30m): a resposta vai aparecer às 20h01m [aqui]. (20h39m): António ganhou o 1.º prémio e Rosa Brava o 2.º. Obrigado a todos/as!

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Eça e o pensamento 'em pacote' - Passatempo-relâmpago

COMO SE SABE, há por aí muito boa gente cuja cabecinha, parecendo formatada à martelada, funciona na base de "ideias em pacote": Tudo o que é dos 'nossos' é O BEM; tudo o que é dos 'outros' é O MAL! - como recentemente se referiu [aqui]; e é em homenagem a tão limitados cérebros que hoje se propõe o seguinte passatempo:
«Numa crónica pouco conhecida, Eça de Queirós goza com o governo francês que, tendo da Revolução de 1789 uma concepção 'em pacote', se opunha a uma análise crítica das acções dos seus intervenientes. Nessa linha, proibiu a representação de uma determinada peça de teatro em que - um século depois! - eram postas em causa algumas figuras gradas do tempo (e do jaez...) de Robespierre. A pergunta é: qual o título dessa crónica?»
O prémio, a atribuir ao primeiro leitor que der a resposta certa, será um exemplar de um dos seguintes livros, à escolha: «Os Maias» (2 vol.), «Alves & Cia», «A Relíquia», «Contos Escolhidos» ou «A Ilustre Casa de Ramires».
Actualização (15h30m): o passatempo foi ganho por António.

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Quem diria? - Taro plagia Sócrates

Por Antunes Ferreira
A FRANCE PRESSE, descobri agora e o Japão, acabo agora mesmo de descobrir, estão mancomunados com José Sócrates. Que desplante! É um verdadeiro plágio. E não creiam os que ainda me lêem que se trata de mais um boato malévolo e anónimo – de minha autoria. Não se leia nisto uma grave incongruência. Há momentos em que um anónimo convicto e de boa fé se permite dizer de peito aberto e coração puro que encontrou motivos tão dramáticos numa afirmação, que tem de desabafar com alguém. No caso com os escassíssimos corajosos que seguem as minhas escrevinhadelas. Portanto, nada de confusões: este caprichoso anónimo, sou eu. (...)
Texto integral [aqui]

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O mau uso do português

Por Alice Vieira
PRONTO, LÁ VOU EU bater outra vez no ceguinho do costume, mas que é que querem, estas questões do mau uso da nossa língua, ou de um certo desamor com que ela é tratada - a sério que me tiram do sério (como se diria certamente numa qualquer telenovela brasileira onde, regra geral, se fala bem melhor português do que nas nossas…).
Eu sei que para a maior parte das pessoas isto não tem importância rigorosamente nenhuma, não nos vai tirar da crise, não vai resolver o problema do desemprego, nem sequer nos protege do buraco do ozono.
Mas a língua portuguesa é património nacional — e se andamos sempre todos tão entusiasmados em votações para eleger o melhor monumento, ou a maior maravilha do mundo, por que não nos lembramos de defender com igual vigor a utilização correcta da língua que, afinal, é o que a todos nos une? (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): Desidério Murcho, no DE RERUM NATURA, publicou duas crónicas em que, no essencial, defende que a língua portuguesa não é tão importante quanto por aí se diz. Embora eu não concorde com ele - ou por isso mesmo... - sugiro a leitura da mais recente - [aqui]. Afixei lá, em comentário, um extracto da Carta a Madame S., em que Eça escreve, pela pena de Fradique... - bem, o melhor é ler [aqui].

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Lá longe, no Arizona

Por A. M. Galopim de Carvalho
NUMA DAS ÚLTIMAS VEZES em que participei no Gem & Mineral Show, de Tucson, não quis deixar de fazer a quase religiosa peregrinação ao monumental Grand Canyon do Colorado, que tem aqui, no Arizona, a sua mais grandiosa expressão e onde, pela primeira vez, me deparei, no concreto, com a enormidade do tempo geológico. Estão ali à vista, nos mil e seiscentos metros de fundura deste vale, cerca de dois mil milhões de anos, pouco menos de metade da história do nosso Planeta.
Nessa deslocação pelos espaços subdesérticos do Far West americano, percorremos as planuras eriçadas de picos rochosos do Monument Valley, emblemática paisagem que John Ford divulgou por esse mundo através dos seus inesquecíveis westerns, e emocionei-me no bordo da Meteor Crater, um buracão com mais de um quilómetro de diâmetro e quase 200 metros de fundura, aberto, há cerca de 50 000 anos, num planalto desértico, pela queda de um gigantesco meteorito. (...)
Texto integral [aqui]

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15.2.09

Duas cidades, dois estilos

Por António Barreto
O GOVERNO esforça-se. Desmultiplica-se em acções para acudir à crise. O elenco de medidas é vasto. Linhas de crédito bonificadas. Apoios às pequenas e médias empresas. Garantias de depósitos bancários, de crédito e de recurso a capitais. Tomadas de posição, pelo Estado, em empresas financeiras e outras. Apoios específicos às empresas exportadoras. E sobretudo investimento público em grandes obras polémicas (o TGV, o aeroporto...), inúteis (mais auto-estradas...) ou necessárias (reparação de escolas e de hospitais...). Cerca de 15.000 empresas terão já beneficiado dos apoios extraordinários. No sector social, o Governo está também activo e, aparentemente, generoso. Apoios à criação ou manutenção de emprego. Alargamento das condições de atribuição do subsídio de desemprego. E ajudas aos lares de idosos e às famílias com carências especiais. É possível que haja intenções políticas próprias do ano eleitoral. A estridência paralela (“Tirar aos ricos para distribuir à classe média”...) é demagógica e mancha a folha de serviços. Mas o esforço é real. Perante uma assembleia da Associação Nacional de Empresas Familiares, o secretário de Estado Castro Guerra, académico reputado e ponderado, enumerou, factualmente, sem oportunismo eleitoral, as medidas tomadas e os esquemas disponíveis para quem queira obter apoios e combater a crise. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): ver o passatempo com prémio anunciado no fim da crónica.

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Galileu em ano de Darwin

Por Nuno Crato
COMEMORAM-SE ESTE ANO dois gigantes da ciência. Passam 200 anos sobre o nascimento de Charles Darwin e 400 sobre as primeiras observações telescópicas de Galileu. As comemorações de Darwin começaram agora em plena força, com uma extraordinária exposição na Gulbenkian e com outros eventos. As celebrações de Galileu começaram em Janeiro, com o lançamento do Ano Internacional da Astronomia, e vão ter maior desenvolvimento em Dezembro, pois foi nesse mês, em 1609, que o célebre físico apontou pela primeira vez um telescópio ao céu. (...)
Texto integral [aqui]
NOTA (CMR): Dado que hoje, 15 de Fevereiro, é o dia do aniversário de Galileu, o Sorumbático sorteia, em passatempo que está a decorrer [aqui] até às 20h de amanhã, um exemplar de «Cosmos», de Carl Sagan. Em complemento, uma obra de José Rodrigues Miguéis.

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14.2.09

O oito e o oitenta... à solta por aí

HÁ DIAS, ficámos a saber que um apagão no sistema informático do Ministério da Justiça durou quase três dias; hoje, lemos [isto]. Ou seja, tão depressa a informática do Estado funciona de menos, como funciona de mais, pelo que é cada vez mais difícil saber se "a coisa" está entregue a infortrôpegos ou a garotos. Bem... se calhar é assim: às segundas, quartas e sextas...
NOTA: a imagem é um cartoon de Paulo Buchinho para a capa de «O Clube dos Inventores», onde a personagem da camisa azul faz o papel de profeta dos inforfóbicos e padroeiro dos infortrôpegos. A primeira parte foi publicada pela Plátano, estando a versão integral disponível em PDF [aqui] e em Word [aqui].

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