31.3.10

O fisco e o fiasco

Por Helena Matos

«A partir da próxima semana a Direcção-geral de Contribuições e Impostos adopta um novo sistema de notificação electrónica dos contribuintes. A novidade será uma consequência da assinatura, esta manhã, de um acordo com os Correios de Portugal, no qual a DGCI formaliza a sua adesão ao serviço ViaCTT. (…) A DGCI junta-se a partir de hoje a um conjunto de 25 entidades aderentes que alimentam o ViaCTT, actualmente com 132 mil utilizadores.»
Em 2006, quando o Governo achava que a crise era coisa de bota-abaixistas retrógrados foi lançado o ViaCTT, cujo custou 2,5 milhões de euros e supostamente daria uma caixa de correio electrónico a cada português. Os portugueses continuaram a usar o gmail, o hotmail, o sapo… e o ViaCTT continuou às moscas. Em 2010 tem 132 mil utilizadores! Agora as Finanças vão dar uma ajuda na dissimulação do fiasco do dito ViaCTT. Estamos quase a entrar numa nova fase da nossa relação com o Estado: no passado éramos obrigados a pagar os serviços que o Estado inventava. Agora vamos passar a ser obrigados a usá-los para que não se perceba o fiasco.
In Blasfémias

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No que se pode ler à direita, em cima, há duas pequenas coisas que não estão bem, não há?
Actualização: as respostas certas já foram dadas. De qualquer forma, vale a pena ver outras duas imagens - [aqui].

Tribunal faz justiça a GNRs

Por Joaquim Letria

OS TRIBUNAIS NÃO SERVEM SÓ para dar a conhecer decisões bizarras mas também para fazerem justiça. Foi o caso do Supremo Tribunal Administrativo que decidiu dar razão a seis militares da GNR que há 5 anos lutavam para que as suas promoções fossem oficializadas.
Dois soldados e quatro sargentos, com licenciaturas de cursos superiores, não conseguiam obter a autorização, prevista na lei, para poderem progredir na carreira, tal como agora o STA lhes concede, fazendo justiça.
O comando da GNR dizia que a portaria não estava regulamentada e o tribunal administrativo responsabiliza os ministérios das Finanças e o Ministério da Administração Interna por esta situação. Para que a justiça seja completa, os militares em questão vão pedir de imediato a sua promoção a oficial e ainda o recebimento de todas as importâncias que lhes são devidas.
Os militares licenciaram-se conforme foi comprovado oficialmente pelas respectivas faculdades em Direito, Contabilidade e Administração, Antropologia e Criminologia. Ao longo dos anos, o comando da GNR aproveitou as habilitações destes homens, mas promoverem-nos como devia ou pagar-lhes de acordo é que dizia “não poder fazer”. Agora paga e não bufa! Fez-se justiça!
«24 horas» de 31 Mar 10

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A vitória do mal-amado

.Por Baptista-Bastos

UMA INESPERADA combinação de timidez, pedanteria, tenacidade e decisão, eis o que subjaz à conquista da presidência do PSD por Pedro Passos Coelho. Contra ele tinha (tem) os grandes tubarões do partido, e verdetes especiais, levemente absurdos, abertamente renitentes. Cavaco detesta-o. A dr.ª Manuela não o suporta: de tal forma que, às escâncaras, escorraçou-o (e a Miguel Relvas) das suas preferências para o Parlamento. Jardim acha-o intolerável e manifesta o seu azedume sem dissimulação. Pacheco Pereira abomina-o. O dr. Rio execra-o. O dr. Sarmento odeia-o. O prof. Marcelo nem sequer sorri, para disfarçar, quando alude ao "companheiro". É um apreciável lote de inimigos, gente poderosa que nada realiza de graça, que procede segundo impulsos amiúde pouco claros - mas cujo comportamento tem tudo a ver com poder e mando. (...)
Texto integral [aqui]

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30.3.10


Alguém viu e quer comentar?

Trabalhos sem nível - Em Lisboa, claro!



De cima para baixo:
Av. Almirante Reis,
idem, Calçada da Glória, R. Actriz Virgínia, Av. Sacadura Cabral e Av. de Roma
.
Será assim tão difícil colocar estas caixas sem que pareçam estas a cair de bêbedas?!

A propósito da crónica anterior

A PROPÓSITO de 'clientes a menos' em 'centros comerciais a mais' veja-se, [aqui], um conjunto de 8 fotografias tiradas recentemente num.
Destas duas, a que se vê em cima mostra uma solução possível para minorar o aspecto desolador daquilo tudo: uma única pessoa, devidamente reflectida num jogo de espelhos, poderia dar a ilusão de uma multidão... E até talvez nem fosse necessário negociar a marca caleidoscópio com a concorrência.

“Supers” e “hipers”

Por Joaquim Letria

PORTUGAL FOI O ÚNICO PAÍS europeu a aumentar o número de centros comerciais e, não contentes com isso, os portugueses passaram a poder usufruir de mais 63 novas superfícies abertas ao domingo em cidades de concelhos com menos de 30 mil habitantes, por decisão da Procuradoria Geral da República que ajudou assim a dar mais uma machadada nas velhas lojas do comércio tradicional, e na vida social de vilas e cidades.
Mas em 2009, um ano após o início da crise financeira mundial, Portugal deu mostras da sua vitalidade económica e confiança financeira ao abrir ao público mais 280 mil metros quadrados distribuídos por 9 “shoppings”, entre os quais o gigante Dolce Vita Tejo.
Graças ao PEC e a outras condicionantes, espera-se que até 2011 fiquemos por aqui.
Portugal não tem falta de sítios onde distribuir e vender. O busílis é comprar, porque com o desemprego que temos, com a emigração que se conhece e com os baixos salários que se auferem, o Pai Natal vai ter de oferecer patins em linha aos boys do centrão e carrinhos eléctricos de golf a gestores públicos, deputados e ministros para gastarem confortavelmente e sozinhos os prémios, bónus, senhas de gasolina, ajudas de custo e subsídios de que não abrem mão nos “supers” e “hipers” onde poderão circular.
«24 horas» de 30 Mar 10

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Apontamentos de Lisboa

Passeio de Domingo

Por Alice Vieira

OLHOU para o espelho.
Às vezes pensava no que lhe aconteceria se fosse a outra, a do tempo da infância, a que se metia pelo espelho dentro, a que se deixava cair pelo poço, a que seguia lebres e chapeleiros malucos, a que pedia “dêem-me histórias com muita loucura por dentro” .
Ela sempre gostara de histórias e de pessoas com muita loucura por dentro.
Pessoas iguais a ela.
Pessoas iguais a ele.
O risco sobre a pálpebra direita está meio esborratado, foi da pressa, claro, mas está no céu quem inventou os cottonettes, pensa, enquanto rapidamente tudo se recompõe. (...)

Texto integral [aqui]

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29.3.10

Passatempo-relâmpago de 29 Mar 10

EM ATENÇÃO aos esforçados Amigos da Linha do Tua, que continuam a enviar-me mails sobre o assunto que - muito justamente - os preocupa, aqui fica este passatempo-relâmpago. Como já se percebeu, trata-se de descobrir o título e o nome do(a) autor(a) do livro - livro esse que, evidentemente, será o prémio a atribuir a quem primeiro der as respostas certas. Podem pedir-se letras, como de costume. Actualização: a resposta certa foi dada às 20h13m.
PENSANDO melhor: que mal fazem umas bicicletas a andar nos passeios de Lisboa quando - na mesma cidade, no mesmo dia e à mesma hora - peões podem ter de se afastar para deixar passar isto (ou pior)?!
No Chiado, em Lisboa: ciclistas no passeio, peões na faixa-de-rodagem...
A comentar [aqui]

«Dito & Feito»

Por José António Lima

COM A APRESENTAÇÃO do PEC, que é a negação em toda a linha do programa eleitoral com que o PS se apresentou aos portugueses ainda há seis meses, a casa socialista começa a vir abaixo. «Não podemos estar assim a desbaratar o nosso próprio património», protesta Soares. É «um custo social excessivo que vai recair sobre a classe média e média baixa», acrescenta Alegre. «O PS entrou numa deriva à direita», diagnostica Cravinho. «Confesso a minha incapacidade em aceitar que um Governo de centro-esquerda tome esta opção», proclama Pedroso. E até no interior do Governo já aparecem ministros como Vieira da Silva a confessarem publicamente: «Esta situação que nós vivemos, obviamente, não é uma situação que me deixa feliz». (...)

Texto integral [aqui]

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Sedimentologia e Rochas Sedimentares

Por A. M. Galopim de Carvalho
A SEDIMENTOLOGIA, como a definiu H. A. Wadell, em 1932, é o estudo científico dos sedimentos, quer dos depositados e litificados, quer dos que se encontram em deposição temporária, quer ainda dos que se mantêm em trânsito. Como disciplina especializada, a Sedimentologia teve início na década de 40 do século passado, afirmando-se como uma das mais importantes das Ciências da Terra, desenvolvendo tecnologias e metodologias adequadas ao estudo das rochas sedimentares, desde a sua génese (sedimentogénese) e eventuais transformações (diagénese), à respectiva localização no espaço e no tempo, em estreita associação com a Paleontologia, a Estratigrafia e a Geocronologia e, ainda, à sua utilização como georrecursos. (...)
Texto integral [aqui]

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E agora?

Por João Paulo Guerra

E AGORA QUE O PSD elegeu um novo líder, de que valem os pactos com laranja anteriores? Ou será que PS e PSD chegaram a certos entendimentos sob condição ou mesmo à consignação, com prazo para devolver eventuais acordos à procedência?

Não lembraria a ninguém mas lembrou aos dois mais volumosos partidos portugueses, nos intervalos dos golpes baixos que aplicam um ao outro, entenderem-se para deixar passar medidas de médio e longo curso. Isto, tendo em conta que a direcção do laranja estava a recibos verdes e a líder distribuía o seu tempo entre negociações sobre o PEC e arrumações no gabinete da sede do partido. (...)
Texto integral [aqui]

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CONTINUA por explicar o ataque de analfabetismo funcional que vitimou grande número de funcionários encarregados de recolocar as tampas das caixas-de-visita (e respectivos fiscais - se é que os há). Esta imagem é do Rossio, e faz parte da colecção de fotos que ontem foi enriquecida com exemplos da Rua do Ouro e do Chiado - numa cidade sem uma gota de auto-estima.
Ver
mais [aqui].

Bonnies & Clydes

Por Joaquim Letria

OS MAIS NACIONALISTAS amantes do futebol ainda se chocam com o número cada vez menor de portugueses nas equipas dos clubes e, até, na selecção nacional. Já houve um jogo, não há muito tempo, em que o Benfica, que dantes se orgulhava de só ter portugueses, jogou sem um único cidadão nacional, naturalizado que fosse.
Dito isto, que nada tem a ver com aquilo de que hoje vos quero falar, mas serve para utilizar uma equipa de futebol de 11 como medida padrão, passemos então ao assunto: seis em cada 10 jovens portugueses admitem ser delinquentes. Ou seja, numa equipa de futebol, 7 admitiriam a prática de delitos. Se a equipa fosse de futsal, ou de futebol de praia, nem os suplentes escapavam.
No ano passado, a delinquência juvenil, com praticantes entre os 12 e os 18 anos, foi uma modalidade que em Portugal cresceu 10%, o que representa um aumento notável, e incide em maior percentagem nos mais jovens. O Observatório de Delinquência Juvenil, que estudou o universo de Lisboa, Porto e Setúbal, chegou ainda a outra conclusão: são os rapazes quem pratica furtos e roubos com armas de fogo. O número de raparigas violentas é menor. Para lá caminhamos, mas ainda não temos novos Bonnies & Clydes…
«24 horas» de 29 Mar 10

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28.3.10

Hoje, na FNAC, estive quase a comprar uma tradução de um livro Tolstoi mas, ao ler estas linhas na contracapa, acabei por o deixar lá ficar. Porquê?

Os homens também choram!

Por Joaquim Letria

BONITO FOI O BAILE do Benfica ao Porto, no Algarve. Mas mais bonito foi um homem de 56 anos, de lágrima no olho, a dedicar, diante dum país inteiro, aquela sua vitória ao pai. Jorge Jesus pode mastigar “chewing gum” de boca aberta, dizerem que pinta o cabelo, que faz madeixas, que não tem maneiras no banco, durante os jogos, ser de origem humilde, não falar difícil nas entrevistas, como aqueles colegas que parecem pertencer à agência nuclear das Nações Unidas, não dizer que põe música clássica por cima dos jogos do Werder Bremen, mas é um grande treinador, sabe de futebol e táctica como não há muitos a saber e é único num ponto onde ninguém mais o imitou: devolveu aos benfiquistas a alegria e o orgulho de andarem de águia ao peito, em Portugal e no Mundo, onde todos os reconhecem, o que não sucedia desde os tempos imortais de Gutmann, Riera e Erickson. (...)
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Luz - Escadaria em Lisboa

Fotografias de António Barreto- APPh

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Sinceramente, não me lembro desta fotografia. Já lá vão muitos anos. E não tive tempo para ir verificar. Creio que é uma bela escadaria, como as há várias em Lisboa, ali perto da Bica, paralela à calçada percorrida pelo elevador. Sai da Rua de São Paulo e vai por ali acima. Bonita. Interessante. Mal cuidada na altura. Vale a pena lá voltar para ver como está hoje. (1981)

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Passatempo Calimero de 28 Mar 10

INICIALMENTE, este desafio destina-se apenas aos leitores que não tenham ganho nada nos passatempos do presente mês de Março. Se a resposta demorar a surgir, a participação irá sendo alargada, a pouco e pouco, no seguimento de actualizações (a afixar aqui ou em comentário). Lá vai, então:
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NA LISTA de livros que se pode ver [aqui], há um que assenta como uma luva no dia de hoje, 28 Mar 10. Qual é? Actualização: o passatempo terminou. V. comentários das 17h36m e das 17h41m.

Privatizar os CTT?

Por João Duque

NA MINHA INFÂNCIA a figura do “cavalinho” era uma imagem fortíssima no reino da comunicação em Portugal.
À porta de um qualquer posto de venda de selos, no dorso de um marco, impresso numa das mais duráveis edições de selos de correio, lá estava a imagem de um cavaleiro a tocar uma corneta enquanto montava um cavalinho a galope.

Durante décadas habituámo-nos. Era assim. A correspondência postal era "A Correspondência". Primeiro não havia telefone, mas depois, logo percebemos que, palavras, o vento as leva, e que nada há como a escrita para uma missiva, um contrato, ou uma jura, mesmo que se trate de Homem que diz que palavra sua não volta atrás... (...)

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27.3.10

O Carnaval de «Olhos Tristes»

Por Joaquim Letria

AS PESSOAS DENTRO daquele automóvel parado junto do autocarro que o sinal vermelho imobilizara fizeram «Olhos Tristes» lembrar-se da Velha e sorrir.

As pessoas estavam mascaradas e gesticulavam no interior escuro do carro e riam-se muito e atiravam-se para cima umas das outras, mas nada se ouvia por causa dos vidros do carro e do autocarro e tudo aquilo parecia um filme mudo, com muitos gestos e bocas abertas a gritarem um riso mímico.

«Olhos Tristes» esteve todo o tempo a olhar e a lembrar-se da Velha que já devia estar à sua espera junto da paragem onde desceria dali a pouco, a cerca de duzentos e cinquenta metros da sua porta. (...)
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Bombas no Tejo, Bispos em Lisboa

Por Alice Vieira

ISTO não anda bem.
A Rosa que, nos intervalos da paixão impossível pelo Dr. António José, namora com o Alfredo, que é marçano e todos os dias carrega com as compras da mercearia até nossa casa, contou que ele lhe disse que tinham sido deitadas ao Tejo uma data de cestos cheios de bombas, daquelas que as pessoas fazem em casa.

- Se calhar alguém os avisou que tinham sido denunciados à polícia e resolveram desfazer-se delas - disse a minha mãe.
- E o Alfredo também disse que há cestos cheios delas enterrados nas hortas…
- Que perigo! – murmurou a minha mãe.
- É por isso que aos domingos nunca mais fomos passear às hortas — disse a Rosa.

A Rosa tem a tarde de domingo livre, de quinze em quinze dias, e sempre na condição de voltar para nossa casa a tempo de fazer o jantar. (...)

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Quem tem fé…

Por Antunes Ferreira

NUMA TARDE gloriosa de princípios deste Março, um sol pleno a inundar o azul do céu, a temperatura a rondar os 31º, as barcaças de minério descendo e subindo o Mandovi, estávamos no Riviera, ali mesmo à beira-rio. A Raquel, o Carminho Costa (colega da minha cara-metade no Liceu Nacional Afonso de Albuquerque), a Indira esposa deste e eu, bebericando e petiscando fish fingers, croquetes – receita portuguesa com temperos locais, vejam lá - e lulas fritas às rodelinhas, com muita cebola, alho e coentros, desfrutávamos de tudo isto com o ar mais respeitável e satisfeito do Mundo.

Um sábado a meio tempo, enunciava-se um jantarzito levezito, e eu aproveitei para contar que, no carro alugado, viera desde Margão a contar os cruzeiros que encontrava no caminho. (...)
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26.3.10

A Nossa Luta

Por João Duque

12 DE OUTUBRO DE 1972. Na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa corre o rumor de que os PIDES iam a “Económicas” arrear na estudantada. “- Vamos lá!” Foram vários. Um não voltou.
Com 26 anos e muita esperança José António Ribeiro Santos vê um polícia da PIDE com uma pistola na mão a vociferar contra um grupo de jovens que, numa sala de aula queriam, entre outras coisas, dizer o que pensavam. Ribeiro Santos avança sobre o polícia que, ao disparar o fuzila ali mesmo. Há mais tiros. José Lamego também leva uma chumbada, mas escapa com vida.
Este episódio é uma das histórias que o ISEG retém na sua memória de quase um século, uma escola que formou grande parte da elite do pensamento e da decisão económica e empresarial de Portugal. (...)

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TERMINARAM, às 20h de hoje, dois passatempos com prémio:
1.º- Quantas multas em atraso tinha este condutor ? - [aqui]. Actualização: a resposta certa já pode ser vista [aqui].
2.º- Quem quer comentar o filme «Estado de Guerra»? - [aqui]. Actualização: o prémio foi atribuído a Teresa, que tem 24h para escrever para premiosdepassatempos@iol.pt indicando morada.

Líder

Por João Paulo Guerra

O PSD VAI A VOTOS para escolher o 17.º presidente da dinastia laranja. O número de líderes confirma o PSD como o partido da instabilidade da trintona democracia portuguesa: dá pouco mais que dois anos por presidente, apesar do longo consulado de Cavaco Silva adulterar a média. Contando 16 líderes para os 26 anos do PSD sem Cavaco, a média da liderança baixa para cerca de ano e meio. Mas o líder que vier a ser hoje eleito pode ter uma esperança ainda mais reduzida. Depende do que se seguir às presidenciais do ano que vem.

Mas são precisamente as presidenciais que podem auxiliar um pouco o novo líder laranja a libertar-se na canga de muleta do governo PS que tem desempenhado nos últimos anos. É natural que as presidenciais agudizem a confronto político. (...)
Texto integral [aqui]

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Agradecimento

NO SEGUIMENTO do convite aqui deixado, o autor agradece a todos os que se deram ao trabalho de, ontem, comparecerem no lançamento do seu primeiro livro, e deixa um agradecimento muito especial aos sorumbáticos Joaquim Letria, Alfredo Barroso, Pedro Barroso e João Paulo Guerra (contribuidores e autor convidado deste blogue) .

Mais fotografias podem ser vistas [aqui].
Na foto: Deana Barroqueiro (a apresentadora), Pedro Medina Ribeiro (o autor) e Marcelo Teixeira (editor da Oficina do Livro).

Metade dos alemães quer regressar ao marco

Por Joaquim Letria

A CIMEIRA EUROPEIA está a ser o esperado teste aos propósitos de Berlim. Vai ser nesta reunião que se perceberá, de uma vez por todas, se há uma verdadeira solução para a Grécia e se perceberá qual vai ser finalmente adoptada. Terá esta reunião a grande vantagem de nos elucidar. Cada um e todos nós ficaremos a saber com o que verdadeiramente poderemos contar. Logo se verá.
Aceitar o recurso ao FMI para aliviar um estado membro da Europa a 27 é uma possibilidade que se revelou estar no horizonte da Alemanha, assim como admite a expulsão do Euro de algum prevaricador, duas hipóteses não consideradas até há muito pouco tempo atrás.
A verdade é que enquanto se fala em proteger a Europa e o Euro, cada vez há mais alemães (46%) a quererem regressar ao marco e uma percentagem ainda maior que não quer continuar a pagar os vícios sulistas destes PIGS onde, simpaticamente, continuam a incluir-nos, a acolher-nos e a pagar-nos. Já não é só a Europa que treme. É também a confiança no Euro que abana. O que vai acontecer, logo se verá. O que é preciso é fé!
«24 horas» de 26 Mar 10

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25.3.10

Passe a publicidade...

Vergonha

Por João Paulo Guerra

PORTUGAL ACABA de acrescentar mais um galardão à sua impressionante galeria de troféus: é o campeão europeu de perturbações mentais e ameaça mesmo o titular mundial, os EUA.

Certamente muitos portugueses gostariam de ser moscas, por momentos, para verem como reage a casta governante à sucessão de desaires para o País que ressaltam de todos os índices, indicadores, tabelas e catálogos que comparam Portugal ao mundo civilizado. Manterá a classe governante o sorriso postiço que exibe em público? Ficará consternada, condoída mas esquece rapidamente? Sentir-se-á envergonhada? (...)

Texto integral [aqui]

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Ou parados onde não podem, ou a andar como não devem

A notícia é de hoje, a foto também...

Os mandantes do crime rodoviário

Por Manuel João Ramos
NO DIA 15 DE NOVEMBRO do ano passado, o ministro da administração interna, Rui Pereira, explicava uma auto-proclamada redução do número de mortos nas estradas portuguesas afirmando que se tratava não apenas de um triunfo da acção governativa mas também de “uma vitória civilizacional do povo português”.

Uma semana depois, entrava e saía do hospital de São José, em Lisboa, em silêncio comprometido. O “seu” secretário geral da administração interna, o Magistrado Mário Mendes, encontrava-se em coma na unidade de cuidados intensivos, com a cara desfeita contra o vidro frontal do seu Audi, em resultado de uma muito noticiada colisão contra o BMW do presidente da Assembleia da República, quando acelerava a mais de 130 km/h pela Av. da Liberdade em hora de ponta. (...)

Texto integral [aqui]

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Os suicidas encarnados

Por Joaquim Letria

ESTE FIM-DE-SEMANA parece que em Lisboa vai haver um jogo de futebol muito importante para quem ganhar o campeonato da primeira divisão. O jogo não é decisivo, mas temo novas acções de terror daquele ramo sinistro de benfiquistas com treino militar dos talibãs, no Afeganistão, e doutrinados pelos xiitas iranianos.
Já sabemos de que são capazes. Assistimos aos seus ataques à pedrada em Alcochete, disfarçados de “hooligans” sportinguistas, para anularem a conquista dum título nacional de juniores, numa bem sucedida acção suicida.
Vimo-los provocarem os madrilenos Calderon e na estação de Atocha e vimos como mudaram de táctica à volta do estádio José de Alvalade, na segunda mão, com graves agressões a inocentes “colchoneros”amantes do desporto. Tudo isto antes de partirem cadeiras no estádio do Algarve e darem cabo de portagens e bombas de gasolina pelo país fora, disfarçados de azul e branco. Este fim-de-semana o perigo está no túnel. Estes fanáticos podem fingir que são do Braga e parecerem verdadeiras toupeiras. Mas sempre deixam em paz o “mullah” Mayer Garção

P.S.- O Porto-Benfica foi arbitrado pelo Calabote, não foi?! Só pode…
«24 horas» de 25 Mar 10

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Zona 130

Por Manuel João Ramos

Finalmente, a CML introduziu medidas de acalmia de tráfego na Av. da Liberdade.

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Jaime Gama e o secretário de Estado

Por C. Barroco Esperança

NÃO CONHEÇO o funcionamento dos parlamentos de outros países o que me impede de fazer comparações, mas sei da AR o suficiente para dizer que há excesso de rituais, para o meu gosto, e liturgias que podiam ser simplificadas.

Os Tribunais, Universidades e Forças Armadas usam cerimoniais e trajes inspirados na liturgia eclesiástica com que outrora infundiam respeito. Talvez se justifiquem e não sejam meros arcaísmos, como parecem. Talvez as próprias fórmulas usadas nas relações dentro destas instituições tenham razão de ser, embora se assemelhem demasiado ao catecismo que ensina a falar com deus de forma que ele entenda. (...)
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Luz - Egipto, Luxor

Fotografias de António Barreto- APPh

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FUI visitar o Egipto muito tarde na minha vida. Sonhava com a viagem há anos. Finalmente, decidi-me. Com excepção da vida urbana do Cairo, não tive uma desilusão, uma decepção. Há poucos sítios no mundo onde o que se encontra nunca fica abaixo do que se espera. O Egipto é um desses sítios. (2006)

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24.3.10

O Problema

Por João Paulo Guerra

O GRANDE PROBLEMA com a comissão de inquérito ao negócio PT/TVI é, muito simplesmente, o facto de o PS não ter maioria absoluta.
Tivesse o PS, pelo menos, metade dos deputados mais um e outro porta-voz cantaria. E o primeiro-ministro jamais teria que produzir declarações bombásticas do estilo "a comissão de inquérito serve para me atacar". E porquê? Porque o PS cortava o mal pela raiz.

Quem diz o PS, diz o PSD. A diferença, de facto, é que desde meados dos anos 80 do século passado que o PSD não mais governou sozinho, nem que tivesse que coligar-se a um partido-canguru com o qual passasse a vida às turras. Mas para estes casos, dá muito jeito. Abortam-se a comissão e o inquérito à nascença e já ninguém passa pelo incómodo de ter que ir a respostas ao Parlamento. (...)
Texto integral [aqui]

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O Plano Inclinado do passado sábado teve a preciosa contribuição de Henrique Neto, empresário e ex-deputado do PS. A ver [aqui].

«Quem NÃO quer pagar?» - Passatempo com prémio

O QUE AQUI se vê é apenas a parte de cima do Aviso para Pagamento de uma multa (ou coima, ou lá o que é...) passada pela Spark, ao serviço da EMEL. Ao contrário das "amarelas" [v. aqui], esta 'solicitação de pagamento' vem dentro de um envelope e, como a seu tempo se verá, contém todos os dados relevantes - incluindo o valor total das multas ainda não regularizadas e os dados necessários para pagamento por Multibanco.
Pergunta: quantas multas atrasadas (semelhantes a esta) tinha o condutor quando foi contemplado com este documento?
As respostas (uma por cada leitor) poderão ser dadas até às 20h do próximo dia 26, havendo 2 prémios (livros policiais) para quem mais se aproximar do valor certo. Prevê-se que o passatempo ainda venha a ter uma segunda fase.

Actualização (20h13m): o resultado desta 1ª fase já pode ser visto [aqui].

Com língua de palmo

Por Joaquim Letria

O GOVERNO PORTUGUÊS tem de afectar cada vez mais dinheiro só para pagar os juros da dívida ao estrangeiro, os quais vão crescendo numa altura em que as receitas são mínimas.
Consolidar os riscos de Portugal nos níveis elevados que apresenta será ainda o pior, mas o agravamento dos custos da dívida vai-se apertando como um garrote, ameaçando tornar-se insuportável para os portugueses, as grandes vítimas duma governação insustentável.
A classificação de risco elevado para a dívida da República portuguesa, tal como é encarada internacionalmente, atinge perigosamente as emissões das empresas e as agências de “rating”, hostilizadas pelo ministério das Finanças português, pagam com a mesma moeda, não dando tréguas a Lisboa e demonstrando que quem não tem dinheiro, além de dever ter juizinho e cabeça fresca, não pode ter vícios nem se armar em carapau de corrida.
O nosso governo receia, sem o confessar publicamente, que entre 2009 e 2013 os juros da dívida possam subir de 3,2 para 4,1. A crise grega, que Teixeira dos Santos insiste ser muito pior do que a nossa, prejudica substancialmente a crise da dívida externa que o Governo português acumulou. A gente acabará por pagar. Não devíamos ter de o fazer com língua de palmo.
«24 horas» de 24 Mar 10

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E a propósito de «Dias»: o 24 de Março

Alguém se lembra do Dia do Estudante e de imagens destas?

Tem dias

Por João Paulo Guerra

PASSOU O DIA DA POESIA, por sinal no Dia da Primavera, e seguiu-se o Dia da Água, hoje é Dia da Meteorologia, vem aí o Dia do Combate à Tuberculose, ainda em Março há o Dia do Teatro, em Abril haverá o Dia das Mentiras, o Dia da ONU e o Dia da Liberdade, Maio começa com o Dia do Trabalhador e Junho com o Dia da Criança, ao que se segue o Dia de Portugal (ex-dia da raça). Ficou para trás, em Março, o Dia do Pai mas vem aí, em Maio, O Dia da Mãe, e em Julho o Dia dos Avós. Ou seja, o mundo tem dias.

Estes dias com remetente servem para variadíssimas funções. Em primeiro lugar, para aliviar as consciências (...)

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E a propósito de violência...

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Contra a violência do Estado

Por Baptista Bastos

O PEC É UMA FATWA com que o Governo decidiu punir os mais desfavorecidos. E é uma outra expressão da violência que se espalha pelo nosso país. Estamos a pagar pelas culpas de outros, e esses outros, que passaram por sucessivos governos, são premiados pela incompetência. Há dias, Bagão Félix bradava, numa televisão "E a Igreja?", expressando, assim, a indignação que lhe provocavam os grandes silêncios e as geladas indiferenças, ante a decomposição dos laços sociais. Perante a instância de violência de que o Estado se tornou arauto e protagonista, nada mais nos resta do que, após o inócuo direito à indignação, passarmos ao dever de desobediência. (...)

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23.3.10

Ebay, mercado e religião

Por Nuno Crato

A PRIMEIRA VEZ que fiz um negócio no Ebay fi-lo com receio. Fi-lo, porque qui-lo, eu sei, mas a oportunidade não deveria ser perdida. Não sou coleccionador maníaco, mas um disco de cálculo russo de meados do século passado por um preço base de 10 dólares era demasiado tentador para quem, como eu, sempre gostou de réguas de cálculo e nunca teve oportunidade de brincar com uma que fosse circular. Registei-me no ebay.com, introduzi o número de cartão de crédito e entrei no leilão. Acabei por comprar o instrumento por cerca de 20 euros, incluindo portes de correio de Moscovo para Lisboa.

O meu grande medo não foi introduzir o número do cartão de crédito. (...)
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O que eu sempre soube acerca das mulheres mas ainda assim tive de perguntar

Por Rui Zink

TRATAM-NOS MAL mas querem que as tratemos bem. Apaixonam-se por serial-killers e depois queixam-se de que nem um postalinho. Escrevem que se desunham. Fingem acreditar nas nossas mentiras desde que tenhamos graça a pregá-las. Aceitam-nos e toleram-nos porque se acham superiores. São superiores. Não têm o gene da violência, embora seja melhor não as provocarmos. Perdoam facilmente mas nunca esquecem. Bebem cicuta ao pequeno-almoço e destilam mel ao jantar. Têm uma capacidade de entrega que até dói. São óptimas mães até que os filhos fazem dez anos, depois perdem o norte. Pelam-se por jogos eróticos mas com o sexo já depende. Têm dias. Têm noites. Conseguem ser tão calculistas e maldosas como qualquer homem, só que com muito mais nível. (...)
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A capa do livro já foi afixada [aqui]
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Contacto do autor: p.medina.ribeiro@gmail.com

Social

Por João Paulo Guerra

A NOTÍCIA SEGUNDO a qual o corte das prestações sociais abriu divisões no Governo e na bancada parlamentar do Partido Socialista confirma as opiniões mais optimistas que, contra todas as evidências, sustentam que ainda há socialistas nas cúpulas do PS. Por outro lado, confirmam de igual modo as opiniões mais pessimistas que dizem que os socialistas dos pináculos do PS se contam pelos dedos.

A palavra social deu socialista, mas isso foi dantes. As palavras têm vindo a perder conteúdo e valor na proporção em que são empregues a torto e a direito e erradamente. (...)

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E JÁ QUE falámos de prémios, aqui fica o resultado do [passatempo acerca da crónica «Bullying»], de Helena Matos: a autora escolheu as participações de Catarina e de GMaciel, a que o Sorumbático juntou a de Bartolomeu. Os três têm, a partir de agora, 24h para escreverem para premiosdepassatempos@iol.pt indicando, por ordem decrescente de preferência, quais os livros que pretendem (e morada para envio). Serão 'atendidos' por ordem de chegada.
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Entretanto, continua, até às 20h de sexta-feira, o passatempo sobre o filme Estado de Guerra, actualmente em exibição - ver [aqui].

Prémio justo, gesto elegante

Por Joaquim Letria

TALVEZ POR A BOA MÚSICA inspirar bons comportamentos e criar melhores pessoas é que o prof. Wagner Diniz recebeu, há poucos dias, a vertente “Inovação” do Prémio Nacional de Professor. Wagner Diniz foi Director da Escola de Música do Conservatório Nacional, por cuja dignidade e sobrevivência muito se bateu.
Mas foi na EB 2.3 Miguel Torga, na Amadora, que a capacidade mobilizadora e educativa de Wagner Diniz deu nas vistas, ao ali criar a nossa primeira Orquestra Geração. O ano passado havia já três destas orquestras em Portugal, inspiradas no modelo venezuelano de ensino musical e, este ano, já há 10 orquestras na Área Metropolitana de Lisboa, às quais se juntará, proximamente, a de Amarante.
O Prémio a Wagner Diniz é mais do que merecido. Mas também no seu processo de atribuição, pelo Ministério da Educação, tem algo mais a valorizá-lo. É que quem enviou a candidatura para o ministério foi a Prof.ª Mafalda Pernão, actual Directora da Escola de Música do Conservatório Nacional, sucessora do Prof. Wagner Diniz. E que deste modo teve um gesto de justiça e de elegância que estamos pouco habituados a ver em Portugal. Parabéns a todos!
«24 horas» de 23 Mar 10

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22.3.10

Apontamentos de Lisboa

O Buraco das Fundações

Por J .L. Saldanha Sanches

UMA FUNDAÇÃO é uma estrutura que perpetua memória do seu fundador (ou algo equivalente) que a dota de um capital suficiente para que esta possa prosseguir os seus fins. A Fundação Gulbenkian, a Fundação Champalimaud, mais recentemente a Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Mas há outras.

Temos as chamadas fundações públicas, pagas apenas com dinheiro do Estado para dificultar o controlo do Tribunal de Contas. Temos também as fundações mendicantes: um generoso filantropo pratica boas acções com o dinheiro dos contribuintes.

E certas fundações que parecem ter sido criadas apenas para fugir aos impostos. (...)

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Anticonstitucionalissimamente - (*)

NO SEMPRE interessante blogue Passeio Livre, "alguém" afixou, ontem, uma colecção de fotos como a que se vê à esquerda - v. [aqui]. Levantada a questão «Serão legais as placas que autorizam o estacionamento em cima do passeio?», muitos leitores responderam «não».
Num segundo post, a mesma pessoa que afixou as referidas fotos divulgou o documento oficial (com a chancela do MAI) em que as mesmas placas aparecem regulamentadas - v. [aqui].
Alguém respondeu, então (recorrendo a uma citação de um autor não referido - pelo menos até este momento), alegando a inconstitucionalidade das placas - v. [aqui].

Independentemente de se gostar - ou não - da solução em causa, coloca-se a questão: afinal, quem é que manda nestas coisas?

(*) - Exceptuando termos médicos, esta é a palavra mais longa da língua portuguesa.

“Vinde a nós as criancinhas”

Por Joaquim Letria

O PAPA PEDIU desculpa por tantos clérigos estarem a ser envolvidos em abusos sexuais sobre inocentes crianças. O papa, que em Maio virá a Portugal, também cá tem algumas desculpas dessas a pedir.
Os irlandeses, cuja hierarquia paga para o Estado fechar os olhos a crimes de pedofilia cometidos por padres na Irlanda e nos Estados Unidos, têm distraído as atenções mundiais. Mas a verdade é que o papa, que tem um irmão num coro onde as moléstias sexuais são mais do que o dó-ré-mi, não sabe para onde se virar.
Na Alemanha e na Holanda os escândalos sexuais na Igreja avolumam-se e na Áustria três novos casos acabam de ser expostos. O arcebispo de Viena, cardeal Cristoph Schonborn, teve a decência de dizer que “tem de se decidir as consequências apropriadas, porque no passado os autores foram mais protegidos do que as vítimas”.
No México, foi exposto um sacerdote muito influente, que era toxicodependente, pai prolífero e incestuoso e pedófilo. Em Roma, um membro do coro do Vaticano arranjava rapazes a políticos. O papa pode não saber para onde se voltar, mas bem pode chamar a si as criancinhas. Para as proteger, evidentemente.
«24 horas» de 22 Mar 10

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Lisboa – Paris no Sud-Express

Por A.M. Galopim de Carvalho

A MEIO DE UM ESTÁGIO científico de três anos, em Paris, mais precisamente no verão de 1963, viemos, eu e a Isabel, gozar um mês de vacances com a família. O regresso à capital dos franceses, fizemo-lo, um mês depois, no Sud-express. Com saída de Santa Apolónia, cerca do meio-dia, chegava à Gare d’Austerlitz pelas dezoito horas do dia seguinte. Aguardavam-nos trinta intermináveis horas de “pouca-terra” e imensos silvos sonoros, durante a noite, ao longo do vasto planalto de Castela-a-Velha e dos profundos vales e escarpados dos Cantábricos. (...)
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21.3.10

«Dito & Feito»

Por José António Lima

«A PENA DE EXPULSÃO do partido», consagrada nos estatutos, é a celeuma político-partidária dos últimos dias. A expulsão poderá ser aplicada «por falta grave, nomeadamente o desrespeito aos princípios programáticos e à linha política do partido». Sendo que «se considera igualmente falta grave a que consiste em integrar ou apoiar expressamente listas contrárias à orientação definida pelos órgãos competentes do partido».

Foi contra este articulado estatutário que Vitalino Canas, em nome do PS, esbaforiu a sua indignação? Afirmando, sem papas na língua, que «estamos perante uma verdadeira ‘lei da rolha’, uma lei estalinista implementada por um partido democrático»? Por acaso, não foi. (...)
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Apontamentos de Lisboa

ESQUECENDO as imagens que se vêem reflectidas nos vidros (onde as letras estão coladas), o texto, que não é nenhum slogan político-partidário, dá que pensar. Alguém o quer comentar (e/ou decifrar), tendo em conta que nem sempre o que parece é?

Quique e Carvalhal: a mesma luta

Por Joaquim Letria

O SPORTING-ATLÉTICO DE MADRID só foi possível graças aos técnicos das respectivas equipas dos dois clubes. Carvalhal, que herdou um balneário cheio de minas e armadilhas e dirigido por meninos de copinho de leite a quererem mostrar-se muito homens. Quique, que apanhou um Atletico quase a entrar na zona de despromoção, sem esperança interna e sem qualquer confiança para a Europa. Pois aí chegaram, na 5ª-feira passada: o Atlético, finalista da Taça do Rei, numa zona confortável da tabela, a espreitar lugares europeus; o Sporting, sólido no seu 4º lugar, com os olhos postos na final da Liga Europa e com o estádio de novo cheio, depois de ter menos público do que um gimnodesportivo. A um e a outro treinador se deveu este milagre, independentemente do resultado de 5ª-feira, que não conta nestes jogos de mata-mata. Ambos lutaram com o que tinham na mão e contra tudo e contra todos. Pertenceu a ambos aquela gloriosa noite europeia!
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«Quem a acertou?» - Passatempo com prémio

ONTEM, afixou-se [aqui] mais uma foto da interminável galeria de absurdos que documentam tampas de caixas-de-visita colocadas ao contrário. Acabou de chegar esta imagem que mostra a mesma, mas corrigida - afinal, parece que era fácil!
Há um prémio para o primeiro leitor que for capaz de adivinhar quem (pessoa ou entidade) procedeu à correcção - que, por sinal, teve lugar pouco tempo depois de a denúncia ter sido aqui feita!

Actualização (14h25m): a resposta certa já foi dada por 'Mg': o trabalho foi feito por uma única pessoa, e com recurso ao Photoshop...

Luz - Douro, Vindima

Fotografias de António Barreto- APPh

Clicar na imagem, para a ampliar
Este homem, a lavar as pernas, acaba de sair de um lagar, onde esteve a pisar uvas. (1979)

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Talvez hoje seja um dia histórico

Por Ferreira Fernandes

É A PARTIR DE HOJE que, talvez, a minha admiração - ponham fascínio, aí, porque também é - deixa de ter o engulho maior. A Câmara de Representantes começa a votar e fará história, ou não, aprovando a reforma do seguro de saúde para os americanos.
É o mais importante avanço social que os Estados Unidos dão desde que, há mais de 40 anos, os direitos cívicos se impuseram às leis segregacionistas. Esta reforma obriga todos os americanos a subscrever um seguro, sob pena de multa, e impede as companhias de seguros de recusar as apólices sob o pretexto de antecedentes de doença do segurado. Com esta medida, 32 milhões de americanos passam a ter a assistência de saúde que, agora, não têm de todo.
Para aqueles que, como eu, olham para a América como a sua pátria de substituição (bastando para isso reconhecer o que ela foi quase sempre quando a liberdade faltou algures), esse desprezo pelos pobres no momento em que a doença os torna ainda mais vulneráveis era uma contradição insuportável. Aquilo que fez a América forte e admirável, a crença no indivíduo, era o empecilho para que os mais fracos, no seu momento mais fraco, tivessem a protecção que a sociedade lhes deveria dar.
Hoje, ou não, a América vai retirar ao seu magnífico individualismo o pior que ele tem: a indiferença.
«DN» de 21 Mar 10

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20.3.10

Anúncio saído no «Público» de ontem
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Actualização: ver, também, imagem já afixada [aqui]

O que é que 'eles' andam a esconder?

Por Ferreira Fernandes

ONTEM, NO COMBOIO para Coimbra, fiz um escabeche do gosto da maioria do povo português (se a opinião nos cafés, caixas de comentários de jornais e cidadãos que esperam a vez na barbearia representam essa maioria).
Comboio Alfa, no lugar frente ao meu, sozinho, ia um deputado, cara que topo dos telejornais, usando o seu computador. Eu, que não tinha livro nem sono, levantei-me e fui sentar-me ao lado do deputado. Sou um cidadão que conhece os seus direitos e inclinei o pescoço para melhor ver o que estava no ecrã. O deputado lia um jornal pela Internet. Ele pareceu-me incomodado e virou o computador para a janela. Isso só espicaçou mais a minha cidadania, e disse-lhe: "Assim não vejo bem...", enquanto lhe encostava o ombro ao peito e estendia mais o pescoço. Ao mesmo tempo, sussurrei-lhe: "Artigo 16, ponto 6", para lhe fazer saber que conheço o Estatuto dos Deputados e quem lhe paga as telecomunicações (eu). E não é que o homem se insurgiu?!
Estou nos 60 e já me fazem levantar mais facilmente do lugar que não é o meu, mas não me calei. Denunciei alto e bom som o eleito que não deixa o povo (eu, para o caso) ter acesso ao nosso (de um deputado, o que é o mesmo) computador. A carruagem aplaudiu-me. O presidente Jaime Gama tem base social de apoio.
«DN» de 20 Mar 10
NOTA (CMR): Acrescentei a imagem.

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Nada a opor ao facto de haver amadores a recolherem lixo.
Mas se os profissionais ajudassem, ainda seria melhor...

ESTAS fotos são ambas das finíssimas avenidas novas de Lisboa (Av. de Paris e R. Oliveira Martins). A de baixo é de ontem, que foi 'cesta'-feira...