30.8.15

Depois de cadeias roubadas...


Por Antunes Ferreira
Por incrível que pareça, aconteceu. Aconteceu mesmo. E de acordo com a comunicação social tratou-se de uma verdadeira duplicata, uma reincidência. Parece um mistério – e é. Tentemos descobri-lo, mas como há mais quem o esteja a fazer deixamo-lo em melhores mãos, mais competentes e sabidas que não este modesto cronista sem quaisquer pretensões a Rui de Pina, Duarte Galvão e, claro, muito menos a Fernão Lopes. Resumindo: o que parecia um mistério – não é. Porque vem quase tudo na cadeia da informação sobre uma outra cadeia, a de Santa Cruz do Bispo em Matosinhos.

Foi o segundo assalto a uma cadeia na semana que está a findar. Ontem, pela calada da noite, os ladrões a cadeia em Matosinhos; mas logo no início destes sete dias (não garanto no domingo, quiçá na segunda-feira, pois não tive tempo de o averiguar…)  osserviços administrativos do estabelecimento prisional de Leiria tinham sido alvo do mesmo procedimento. É um déjà vu, uma reprise, o que lhe queira chamar. No cinema acontece ainda que não seja muito desculpável. Mas em cadeias…

O irónico deste segundo round é que os gatunos devem ser uns estagiários de aprendizes de auxiliares de praticantes, ou seja larápios sem categoria, falta-lhes o pedigree, não roubam nem nos distritais, quanto mais na primeira Liga da roubalheira. E porquê esta classificação? Porque se tivessem sido profissionais (não maus, no meu entender, porque profissionais têm de ser bons, o que não aconteceu no episódio em causa) não teriam cometido um lapso fatal, felizmente apenas para eles próprios.

Em Santa Cruz do Bispo (que raio de nome para uma cadeia… É obvio que uma cadeia com esse nome ofende um tanto as consciências mais subtis e menos permissivas para católicos que abundam por aí, mas o Papa Francisco continua a sua revolução havendo até quem o tenho cognominado o Guevara do Vaticano. Daí que os protestos contra o onomástico não têm tido grande sucesso…) Mas ó nome da prisão não é caso único. O cemitério dosPrazeres (Será que os mortos participam em orgias inconfessáveis?) e o palácio das Necessidades (que será apenas retretes, mictórios e papel higiénico?) Para Negócios Estrangeiros é difícil entender que a denominação quer dizer embaixadores, secretários, adidos e similares, mas há cada uma que cada duas são um par.

Os ratoneiros de Matosinhos são, assim, uma cambada de incompetentes: das instalações prisionais levaram somente um cofre vazio. Mas, vistas as coisas por outro ângulo tenho de dizer que uma falsidade como esta não se faz a larápios e bons chefes de família, ao que me dizem. Aliás para que a classificação ser completa devia-se mencionar que estavam integrados no sistema vigente com repúdio do Partido Comunista; Não se faz – enganar uns ratoneiros honestos é demasiado.

Posto o caso neste pé permito-me perguntar se se terá verificado o velho ditado “depois de roubado, trancas à porta”? Não posso acreditar que o episódio, ou melhor a ocorrência, pois trata-se de guardas ainda que prisionais (maneira politicamente correcta de os denominar carcereiros) tenha decorrido sem que estes não tenham dado conta da intromissão dos depenadores? Afinal pergunto: quem guarda os guardas? Questão em meu entender absolutamente pertinente.

Porém logo alguém saiu à estacada: sempre em guarda, a Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais veio pôr os pontos nos is. A patroa explicou que a vigilância (dos presos? Dos guardas?) é feita de forma descontinuada. No entanto, no melhor pano caia a nódoa. O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional veio alerta para a falta de guardas. A prisão de Carnaxide disse o Sindicato, que apenas duas torres de vigilância funcionam com segurança continuada. Nas outas, tem dias; descontinuada é que vale.

Ora bem, durante uma campanha bi/pré eleitoral (?) o poder, no caso vertente o (des)Governo de coligação, devia, por decreto, proibir casos como estes e, mais, mesmo os similares. A populaça podia-se perguntar que país é este em que os rapinadores assaltam cadeias perfeitamente à vontade? E acrescenta o Sindicato já referido que "Mais importante do que o que levaram é o que acabou por acontecer. Falamos de um estabelecimento prisional que devia ter segurança para dentro e para fora, ou seja, os serviços prisionais devem estar preocupados em evitar a fuga dos reclusos e impedir a entrada das pessoas exteriores ao estabelecimento prisional". Bem dito, bendito seja.

Porém para mim ainda existe uma coisa pior: a Senhora Ministra da Justiça que nos habituou a abrir a boca por tudo e por nada, mantem-se, pelo menos até à hora que escrevo esta crónica, impávida e serena de bico calado. O poder não se deve – nem pode – meter o bedelho em casos destes, peanuts. Nova pergunta: e quem e em quais se meterá? Ou seja, quem meterá as trancas?

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Luz - Fast food numa rua de Beijing

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Eram nove da noite. Fomos passear a pé, ver o movimento, a agitação era grande e o clima afável. Numa larga e moderna avenida de Beijing, onde se situam pelo menos dez hotéis de luxo e de cinco estrelas, assim como várias dezenas de lojas de grande luxo (Cartier, Prada, Louis Vuitton, Versace, assim como as populares Zara e Beneton), aparece, de repente, uma longa fila de stands de comida para levar ou comer ali, comes e bebes, “fast food”… Eram talvez duzentos stands, todos iguais, com número e nome dos responsáveis, com pessoal vestido da mesma maneira, com os mesmos bonés e aventais! Stands iguais, mas especializados nos seus petiscos. Provei umas deliciosas espetadas de fruta ao natural, outras com fruta mergulhada em açúcar caramelizado: óptimas! Quando comecei a ver comidas mais sólidas e espetadas mais problemáticas, percebi que estávamos em mundo diferente. Além da fruta, as espetadas podiam ser de pedaços de carne (talvez de porco) ou de inofensivos camarões e similares, mas também de ouriços, baratas gordas ou afins, cobras, lagartas, centopeias, aranhas e escorpiões. Dei “hossanas” ao relativismo cultural gastronómico, elogiei a diferença e a tolerância, lembrei-me dos nossos passarinhos fritos, dos caracóis, das pernas de rãs, das tripas e do arroz de cabidela… Mas virei as costas àquela bicharada toda e fui comer massa chinesa num restaurante vulgar e sem graça! (2014)

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MASSADA DE MEXILHÕES

Por A. M. Galopim de Carvalho
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2 saquetas de mexilhões frescos 
250 g de massa (cotovelo, fusili, lacinhos ou outra a seu gosto) 
6 a 8 dentes de alho fatiados 
0,5 dl de azeite 
Coentros picados em quantidade a gosto 
1/8 de pimento vermelho cortado em tirinhas finas, 
Piripiri facultativo 

Num tacho de dimensão suficiente aloure (ao de leve) o alho e uma parte dos coentros. Junte os mexilhões depois de bem lavados e deixe abrir. Deixe arrefecer, remova as cascas e reserve o miolo Na água da cozedura, junte a massa, o pimento vermelho e o piripiri (facultativo). Leve ao lume e vá acrescentando pequenas porções de água até cozer al dente. Junte o miolo de mexilhão, o resto dos coentros e sirva.

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27.8.15

Momento Zen de quarta

Por C. Barroco Esperança
João César das Neves (JCN), aka Beato João César, é um sério caso de estudo. As suas divertidas homilias, no DN, primeiro à segundas-feiras (Momento Zen de segunda) e agora às quartas, sofreram uma alteração temática assombrosa depois da chegada ao Vaticano do papa Francisco. As citações bíblicas, as diatribes contra o divórcio, o horror à IVG, as manifestações de homofobia e outras pias obsessões, mais dolorosas do que os picos do cilício, que ruborizavam  os crentes e hilariavam os incréus, deram lugar aos temas económicos.
Curou-o da obsessão mística o atual papa, de quem foge de invocar o nome como o seu demónio da cruz, e passou às homilias laicas onde alterna entre o envergonhado a apoio a Passos Coelho e previsíveis afirmações do economista de direita, ex-assessor do Prof. Cavaco e ora catedrático na madraça romana do ensino superior, em Palma de Cima.
Na homilia laica de ontem, JCN, sob o título «Horror àsprivatizações» diz que “Certas vozes porém [sic], sobretudo na esquerda, insistem no repúdio liminar, em cartazes, inscrições e petições” e acrescenta, sem provar, “que o mais curioso é que isso subverte a sua [da esquerda] própria posição doutrinal”. Um homem de fé dispensa argumentos.
Quanto à TAP, afirma: «Alguns casos são mesmo caricatos: os activistas que se têm esforçado para comover a população acerca da perda da "nossa" TAP, certamente não consideram bem o que dizem.
A companhia aérea é pública desde a sua fundação, mas o povo português pagou, com os seus impostos, fortunas colossais para manter esse "privilégio". No momento da venda, a dimensão da dívida e o reduzido encaixe do Estado mostraram bem como o negócio era ruinoso». ‘Era’ ou foi? 
“O facto de se tratar de produtos essenciais à vida social [sic], aliás duvidoso em muitos casos, levaria também a nacionalizar padarias, habitações e pronto – a – vestir. Os verdadeiros bens de primeira necessidade estão entregues à iniciativa privada desde sempre, sem que isso gere problemas”, diz .
Para JCN, as comunicações, energia, saúde, educação e água devem ser bens de luxo e a privatização da Galp, PT, ANA, Correios e Águas de Portugal, v.g., estarão agora bem entregues! Sobre essas privatizações é omisso. 
O momento Zen de quarta, termina em apoteose: “. Na oposição militante à venda de empresas públicas mal geridas, os movimentos de esquerda manifestam estar dominados, não pelos interesses da população, e ainda menos dos proletários, mas pelas conveniências de um funcionalismo burguês, fingindo-se revolucionário”.
Ámen! 
Ponte Europa / Sorumbático

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23.8.15

Luz - O “ninho” dos desportos Olímpicos, o estádio de atletismo em Beijing

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O seu nome completo é “Ninho de Pássaro”. Tem a capacidade para 80.000 espectadores. Ali se realizaram as provas de atletismo e algumas de futebol. A sua construção terminou em Março de 2008, a tempo dos Jogos de Verão desse mesmo ano. O estádio é muito curioso e a sua arquitectura interessante. Talvez não seja muito diferente de outros similares, mas conheço poucos. Os seus arquitectos foram os suíços Herzog e De Meuron, associados a grandes empresas multinacionais e chinesas. A concepção estética e formal depende de princípios e de “fórmulas” complexas, como sejam as oposições entre o bem e o mal, entre o caos e a ordem e entre o Yin e o Yang. É verdade que a assimetria, dentro de um conjunto aparentemente harmónico, é atraente ou pelo menos desperta a curiosidade. Nesta imagem, vêem-se três ou quatro vendedores de qualquer coisa, incluindo uma, no primeiro plano, que vende fotografias dos visitantes, mostrando uma espécie de exemplos dos planos possíveis para o cliente fotografado com o ninho atrás! Mas repare-se na maneira como está vestida! Como ela, havia mais umas dezenas ali à volta. Boné, cachecol, lenço, véu, Estrela Vermelha, camuflado… Tentei perceber as razões deste disfarce ou deste uniforme. Só obtive uma informação para o lenço na boca: protecção contra a poluição de Beijing, geralmente elevadíssima, mas naquele dia, por sorte a minha, quase inexistente. Como se pode ver pelo céu pelas cores e pelos objectos… (2014)

RECEITAS GALOPIM - NABOS DE COENTRADA

(para quatro adultos)
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8 cabeças de nabo
8 a 10 dentes de alho
1/8 de pimento vermelho cortado em tirinhas  finas.
4 ovos
Coentros em quantidade
0,5 dl de bom azeite
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Num tacho com tampa, aloure, no azeite, os dentes de alho fatiados, uns, esmagados, outros, juntamente com uma porção a gosto de coentro, picado, e junte, depois, os nabos fatiados finos, cortados em quartos de rodelas, as tirinhas de pimento vermelho, um molhinho de coentros atados com uma linha e uma pequena golada de água.
Deixe cozer com o tacho tapado e, se necessário, vá juntando pequenas porções de água, para que não seque demasiado.
Quase no final da cozedura, acrescente os ovos, para que escalfem e, passados uns minutos,as fatias grossas de queijo alentejano de meia cura (branco)
Esta confecção pode ser servida como sopas de pão e, para tal, basta acrescentar, de início, mais azeite e, durante a cozedura, a quantidade de água suficiente para fazer o caldo. Neste caso, coloque no fundo de cada prato as fatias de pão e, sobre elas, o cozinhado acompanhado do caldo suficiente.
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Bom apetite.

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20.8.15

O divisão administrativa e o poder autárquico

Por C. Barroco Esperança
Não, não temos uma divisão administrativa coerente nem sustentável. Não, não temos a plêiade de autarcas que se apregoa e, suspeita-se, nem a gestão racional dos recursos de que dispõem.
Esta grande conquista do 25 de Abril foi confiscada por caciques locais que, excetuando os municípios de maior dimensão, se converteram em máquinas de emprego e tráfico de influências. Nem todos, naturalmente. É evidente que as generalizações são arriscadas e injustas, mas não se percebe que um país, onde falta fazer a regionalização continental, tenha permitido Regiões Autónomas com estruturas faraónicas e custos incomportáveis.
O número de autarquias e a dimensão dos seus órgãos, com a imaginativa descoberta de Empresas Públicas (EPs), tem custos que o país não pode suportar e nenhum partido se atreve a alterar, tal a dependência da rede de captação de votos.
Há autarquias em que todos os partidos juntos não achariam gente preparada para a boa administração dos recursos que consomem. Falta a muitas massa crítica para o bom funcionamento e a outras população que as justifique.
O custo das senhas de presença e outras despesas de Assembleias Regionais, Municipais e de Freguesia cujo número de membros é exorbitante e, muitas vezes, irracional, vai ter de ser apreciado. Fará algum sentido que os presidentes da Junta integrem a Assembleia Municipal.
Que necessidade havia de separar Vizela do município de Guimarães ou Odivelas do de Loures, apenas para satisfazer clientelas e exacerbar bairrismos? Valeu Jorge Sampaio para evitar os municípios de Fátima e Canas de Senhorim que o Governo de turno se preparava para criar. Os recursos gastos em mais pessoal político são inúteis e fazem falta para investir em sectores produtivos.
Portugal não tem uma divisão administrativa, tem uma manta de retalhos ao sabor dos interesses partidários, da tradição e do medo eleitoral, razão por que é intocável.
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Nota – Deixo aos leitores o contraditório. Não me pronunciarei sobre os comentários.
Ponte Europa / Sorumbático

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16.8.15

Merkiavelismo?

Por Antunes Ferreira 
A chamada crise grega é como a Nau Catrineta: que trazia muito que contar! (…) “não tinham já que comer, nem tão-pouco que manjar…” Mas esta cantiga tradicional de autor desconhecido não trazia muito que contar; na sua antítese a chamada crise grega está muito mal contada. Com episódios tremendos, gravíssimos, tonitruantes, mas também ridículos: "por acaso foi minha a ideia” segundo o nosso primeiro que depois foi desmentido pelo presidente do Conselho Europeu.
DonaldTusk contou uma história diferente. Em entrevista a vários jornais europeus ("Financial Times", "Le Monde", entre outros), especificou os momentos críticos que antecederam o acordo. Sem nunca referir o nome de Passos Coelho, Tusk garante que foi o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que teve a ideia que permitiu chegar a um consenso. "O primeiro sinal de que poderíamos conseguir um acordo foi um SMS do primeiro-ministro Rutte. Quando apresentei a sua proposta de usar 12,5 mil milhões do fundo para pagar a dívida e outros 12,5 para investimentos ninguém pareceu particularmente impressionado, mas a partir daí a ideia estava em cima da mesa". Quem o alheio veste, na praça o despe…
Uns dias depois veio a saber-se quem ganhara com a crise, como e quanto. O Instituto (alemão) de Investigação Económica Leibniz em documento por ele assinado afirmou que a Alemanha conseguiu facturar mais de cem milhões de euros em consequência da crise. Ninguém tugiu nem muito menos mugiu. 
 Este valor representa a poupança garantida pela Deutschland através de baixas taxas de juro sobre as suas obrigações, resultantes da atracção da sua economia sobre investidores assustados com a instabilidade grega. Estas declarações foram transmitidas pela France-Presse, uma agência noticiosa que não costuma ser desmentida. 
Vamos a fatos concretos: “Nos anos recentes, cada vez que os mercados financeiros souberam de notícias negativas sobre a Grécia, as taxas de juro sobre as obrigações do governo alemão caíram, e cada vez que as notícias foram boas, elas subiram”, indicou o documento. Recordemos que o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, fora uma das vozes mais críticas para com a reestruturação da dívida grega, apontando para o orçamento equilibrado do seu governo. 
Ainda de acordo com o estudo do Instituto de Investigação Económica Leibniz, os cem milhões de euros que a Alemanha poupou desde 2010 constituíram cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Corri os jornais, as rádios, as televisões, a Internet as agências de notícias e as de notação e não vi comentários, pelo menos um, sobre o documento. 
Pelos vistos, a (des)União Europeia tem andado muito distraída ou muito bem domada pela Fräu Merkel que está à frente de Hillary Clinton e de Dilma Rouseff na lista das mais poderosas, elaborada pela revista "Forbes".As cem mulheres que integram este ranking, com idades compreendidas entre os 25 e os 85 anos, controlam um total de 30 mil milhões de dólares, escreve a revista. Ou então finge muito bem. Foi o nosso Fernando Pessoa que escreveu “O poeta é um fingidor; Finge tão completamente; Que chega a fingir que é dor; a dor que deveras sente.”
A questão é simples, muito simples mesmo: como já era sabido a patroa da Europa (des)Unida é a chanceler alemã - com alguns vassalos a fingirem-se de momos como é o caso do nosso primeiro. Momos ou truões que divertem Berlim, mas entristecem e desonram a Grécia e outros que tais. Coelho é um deles, Cavaco é outro. Mas tendo em conta os cem milhões de euros que entraram e entram nos bolsos da Alemanha, há que perguntar: estão a fazer-nos de parvos ou fingem muito bem? A questão parece pertinente e verosímil; andamos todos atrelados à locomotiva de Berlim? Andamos. Quando um dia se fizer a Nova História da Europa - e acredito que isso acontecerá – o novo hino dum velho continenteterá voltado a ser o “Deutschland überalles”? De acordo com sociólogo e escritor alemão, Ulrich Beck que diz que a prática política da Chanceler Merkel é alicerçada num pensamento e acçãoque ele denomina Merkiavelismo, (como escreveu Gustavo Cardoso num artigo publicado no “Público” em 28/08/2013) tudo parece indicar que Hitler, onde quer eu esteja, ri-se a bandeiras despregadas. E entretanto continuam a entrar nos cofres de HerrSchäubler milhões e milhões de euros por mor da chamada crise grega – ou de outra crise qualquer – sem cuidar se a (des)União Europeia está ou não em coma amarrada ao “oxigénio” alemão.

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Luz - Stand de relógios na avenida dos Jogos Olímpicos, em Beijing

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Esta avenida, que leva até aos grandes pavilhões de natação e ao famoso “ninho”, o estádio olímpico, assim como a outros equipamentos olímpicos, é muito longa e larga, tendo por todos os lados centenas de stands, mesas e quiosques de todos os feitos. Muitos deles são simples mesas, como esta aqui. As vendas de relógios são das mais populares, logo a seguir às de capas de telemóveis. Parei diante de algumas e estive a ver as marcas. Rolex, Tag Heuer, Longines, Ómega, Vacheron, International Watch… É o embaraço da escolha! Os preços variam entre 5 e 30 dólares, mas os mais caros, bem conversados, podem sair por 10 ou 12 dólares! Vi um senhor europeu comprar vinte! E um casal chinês que levou dez! Esta mesa era especializada em desenhos esquisitos no mostrador e atributos mais adolescentes. (2014)

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UM BOLO COM MUITAS VELAS

Por A. M. Galopim de Carvalho
Nasci em Évora, em 1931, nos dias grandes e quentes do Verão alentejano, aumentando para cinco o número de filhos do casal, a partir de então com três rapazes e duas raparigas. Uma outra irmã viria a nascer, tinha eu 8 anos.
Nas minhas raízes não houve doutores, engenheiros, almirantes ou generais, nem sequer, um sargento. houve um segundo grumete, ao serviço da fragata Dom Fernando II e Glória, em adolescente, e depois, como homem, empregado de escritório, um “manga-de-alpaca”, como alguns diziam, depreciativamente, uns por despeito, outros por desdém. Houve uma mãe que, de costureira em solteira, se transformou em mulher da casa, inteligente, extremosa e incansável, e gente do povo de muitas artes: dois corticeiros, um sapateiro, um curtidor de peles, dois caiadores, um capador, um açougueiro, sem esquecer a minha tia Rosalina, irmã da minha avó materna, que, com as filhas, fazia queijos de ovelha e tinha uma venda de hortaliças, e o meu tio Zézinho, seu marido, conhecido por Zé dos Cabanejos, pelo facto de fazer cestos e canastras ou cabanejos. De toda esta família, só o meu pai estudou, tendo concluído o 5º ano do liceu, o que lhe valeu um emprego mais estimado, permitindo-lhe, em conjunto com a minha mãe, dar aos seis filhos as habilitações a que cada um aspirou.
 A Sociedade Harmonia Eborense, na Praça do Geraldo, preencheu a grande maioria dos tempos livres e de lazer do meu pai, que para ali se dirigia, invariavelmente, depois do jantar e de nos ler, ainda à mesa, um capítulo de um livro que sabia escolher na nossa pequena biblioteca ou na da dita Sociedade. Esta meia hora de leitura foi, durante anos, o nosso folhetim ou a nossa telenovela. Ouvimos, assim, diariamente e, com a maior atenção, essas leituras que o pai fazia na perfeição, valorizando o texto com inflexões de voz e gestos a condizer. Foi deste modo, que “lemos”, através dos seus olhos, entre outras volumosas obras, “A Toutinegra do Moinho”, de Émile Richebourg, “A Execução dos Távoras”, de César da Silva, e a “Revolução Francesa”, em três grandes volumes, cujo autor não fixei, e a “Guerra e Paz”, de Leon Tolstoi.
Igualmente sócio do Lusitano de Évora, o meu pai torcia pelos rapazes da camisola verde e branca, as cores preferidas pelas classes média e alta. O povo alinhava, mais com os azuis do Juventude Sport Clube, muitas vezes alcunhado de “Rasga-a-Roupa”, ou pelos encarnados do Sport Lisboa e Évora, uma espécie de sucursal alentejana do grande Benfica. Ao serviço desta classe distinguia-se a Sociedade Operária de Instrução e Recreio Joaquim António de Aguiar, assim chamada em homenagem ao grande pensador e político liberal do século XIX.
 Da alta sociedade faziam parte, sobretudo, as famílias ricas, como eram as dos comerciantes mais abastados, dos grandes senhores da terra (os terratenentes, como se dizia), da banca e dos seguros e as de alguns profissionais liberais de mais avultados proventos. Era deste grupo social que saíam, normalmente, os Governadores Civis e os Presidentes da Câmara. Com esta classe conviviam os comandantes da Polícia e da GNR e outras destacadas figuras do topo das hierarquias militar, religiosa e civil. Os representantes desta franja do tecido urbano preferiam o “Clube” e o “Grémio da Lavoura”, dois centros de convívio essencialmente masculino, onde nunca entrei.
Tirando uma ou outra excepção, as mães não saíam, ficavam em casa, a tratar da lida doméstica, e, concluída esta, punham-se à janela a ver quem passasse ou a falar com a vizinha da frente, tendo à sua guarda os filhos mais pequenos e as filhas, fossem elas crianças ou raparigas crescidas.
 Entrei tarde e mal preparado para a escola oficial. A aprendizagem das 1ª e 2ª classes tive-a em casa, com a minha mãe, nas muitas horas que ela dedicava à costura, recitando a tabuada e juntando as letras na Cartilha Maternal, de João de Deus. Na Rua do Segeiro, onde morávamos, a carpintaria do mestre Roberto abriu-se-me aos olhos e ao coração. Sempre que podia escapar à mãe e às obrigações escolares, esta oficina era o meu mundo mais apetecido. Ali aprendi a conhecer as ferramentas, os seus nomes, os seus usos e os lugares onde ajudei a guardá-las ao fim do dia. A essa oficina associo o cheiro exalado pela madeira de pinho, ao ser serrada, o odor a barro molhado do rebolo de amolar, o do azeite rançoso, viscoso e enegrecido, sobre a ardósia de dar fio aos formões e badames, e o do grude derretido em banho-Maria num caldeiro de cobre. Os sons cantantes das serras e serrotes, das plainas e garlopas a desbastarem e alisarem pranchas e barrotes, são parte da memória desse meu pequeno grande mundo. O mestre Roberto foi nesse tempo e ainda o é, como evocação, uma figura central no meu imaginário. 
Com um percurso escolar atribulado, nem sempre exemplar, e um serviço militar cumprido por obrigação e com algum desalinho não ao gosto da instituição, cheguei tarde à meta que me permitiu trabalhar em domínios próprios da ciência que abracei e, ao mesmo tempo, ensiná-los a muitos milhares de alunos e divulgá-los a um número ainda maior de concidadãos.
Poucas pessoas terão tido, como eu, o privilégio de exercer profissionalmente a actividade que preencheria os seus tempos livres e de sentir o local de trabalho como a sua própria casa. Esta condição sempre me diluiu a diferença entre dias ou tempo de trabalho e dias de descanso ou tempo de férias. Por vezes, dou comigo a dizer que estive sempre em férias, o que é uma maneira divertida de dizer que nunca deixei de trabalhar nesses tempos de lazer que a sociedade organizada concede a quem trabalha.
Quarenta anos de investigação e ensino na Universidade permitiram-me conhecer, por dentro, não só as salas e salões, os corredores, as escadarias e as torres de marfim, mas também, os subterrâneos do mundo académico, um mundo demasiado elitista a que resisti, vacinado por uma saudável ruralidade bebida nos campos do Alentejo e na convivência com as suas gentes.

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13.8.15

Ilusões, mentiras e utopias

Por C. Barroco Esperança 
Pensar que é pagável a dívida que não para de crescer, nem com os juros mais baixos de sempre, combustíveis a preços irrepetíveis e depreciação do euro, é ilusão, tão perigosa como imaginar que o crescimento económico irá disparar para a casa dos dois dígitos.
Há quem não se dê conta de que a dívida se tem alimentado do aumento de empréstimos e da mentira que especuladores e devedores gerem com profissionais especializados em propaganda, elevando o esquema da D. Branca à categoria de ciência económica.
 Portugal, à semelhança de Espanha, Grécia, Chipre, Itália, Irlanda e muitos outros, não consegue sair da espiral suicida em condições irrepetíveis. Como o poderá fazer quando os combustíveis recomeçarem a subir e a dívida for ainda maior?
A crise financeira de 2008, repercutida na falência do Lehman Brothers, cujas ondas de choque se refletiram nos campos económico, social e político, foi uma crise do sistema capitalista que ninguém sabe se foi já a última. A crença na sua superação baseia-se na utopia do infindo crescimento económico e é o paliativo da violência que fermenta, à espera de uma explosão incontrolável.
O comunismo implodiu, o capitalismo explode e a legião de pobres não parará de criar cada vez mais ricos, em número cada vez menor, sem que apareça um novo paradigma para um futuro sustentável.
 Falta ao Planeta resiliência para todos os ataques de que tem sido alvo. Quase oito mil milhões de habitantes, com previsões de estabilização em dez mil milhões, em 2020, com mares a morrerem, o solo arável a minguar, a água potável a desaparecer e o ar a tornar-se irrespirável, não se vislumbra futuro para os que já aí estão à espera de sobreviver.
 Que fazer? 
 Ponte Europa / Sorumbático

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9.8.15

Luz - A escadaria de São Bento em dia de manifestação, Lisboa

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Ao fim da manhã, era assim: praça quase deserta, nenhum sinal de desordem ou de multidão. Um pai atravessa a rua com a filha, ordeiramente, pela passagem de peões. Quatro polícias zelam pela tranquilidade dos locais e defendem a integridade do Parlamento, a casa da democracia. Não é que se veja ou sinta, mas há qualquer coisa nesta imagem que revela tensão. O “silêncio” e a falta de ruído iconográfico (poucas pessoas, pouco movimento, pouca confusão…) sugerem uma ansiedade. A presença dos agentes da polícia diante de nada ou de ninguém obriga-nos a pensar no que virá a seguir, nas possíveis tempestades. Algo se prepara e a polícia parece preparada. Horas depois, assistiríamos a uma das manifestações mais estranhas e mais difíceis na história da democracia portuguesa. Uns milhares de polícias e guardas manifestavam-se ruidosamente contra o governo e alertavam o Parlamento. A um momento dado, os polícias manifestantes quiseram dizer aos poderes que, se quisessem, podiam invadir o Parlamento e ir até onde lhes apetecesse. Os polícias de serviço ainda tentaram resistir, mas foram submersos e empurrados. Em poucos segundos, os manifestantes galgaram barreiras e subiram as escadas. Só pararam onde quiseram, à beira dos últimos degraus do Parlamento. O recado foi dado. Os poderes estabelecidos tremeram. Até a oposição engoliu em seco. Um dia saberemos se esta foi a primeira de uma série maior… (2014)

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PORTUGAL EM LISTA DE ESPERA

Por A. M. Galopim de Carvalho
A Europa dos ricos e os seus diligentes seguidores em Portugal estão a conduzir-nos, decidida e deliberadamente, no caminho do empobrecimento económico e também, estupidamente, no do definhamento científico e cultural. Tudo isto sob a magistratura conivente de um Chefe de Estado que, há muito, deixou de ser o Presidente de todos os portugueses.
Estamos a assistir ao retrocesso económico, social e cultural imposto por uma cada vez menos União Europeia, em afastamento do ideal que a concebeu e, hoje, um mais do que evidente logro da esperança que assinámos a 12 de Junho de 1985, fez agora trinta anos.Em obediência subserviente às directrizes alemãs, o neoliberalismo cego do PSD (traidor do pensamento e da prática social democrata que lhe deu nascimento), amparado nesta muletazinha conhecida pela sigla CDS-PP, tomou conta dos nossos destinos, vai para quatro anos, num retrocesso declarado das conquistas nas condições do trabalho, na segurança social, nos cuidados de saúde, na ciência, no ensino e no apoio à cultura conseguidas na vivência em democracia que se seguiu à Revolução dos Cravos. O discurso da coligação que nos governa, já em plena campanha eleitoral e, como em 2011, assente na mentira descarada, não pode fazer esquecer a destruição sistemática que tem vindo a fazer destas conquistas que vemos fugir da nossa vida colectiva como areia por entre os dedos.
Ao longo de governos anteriores fomos perdendo parte significativa da independência nacional e assistimos à asfixia e destruição de muitas das nossas valências económicas. Nos dias de hoje são cada vez mais os nossos concidadãos a viverem tempos de miséria e, até, de fome, cada vez maior o número de ricos e cada vez maior a sua riqueza. A corrupção instalou-se, impune, a todos os níveis do espectro político e financeiro. É confrangedor o desumano abandono dos idosos, a chamada classe média continua a afundar-se e o desemprego tornou-se uma realidade dramática dos que já não conseguem encontrar um posto de trabalho, constituindo um incentivo crescente à igualmente dramática emigração de uma juventude que a democratização do ensino qualificou a níveis nunca antes conseguidos.
São muitos a dizer que a seguir à Grécia estamos nós.

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8.8.15

Cada cavadela cada minhoca

Por Antunes Ferreira 
O Partido Socialista (do qual sou militante, como é sabido e para que não haja dúvidas) anda em maré baixa. António Costa tem a obrigação de deitar a mão e meter nos eixos quem não teve o cuidado de prever tantos desvarios que estão a acontecer na pré (?) campanha eleitoral. Quem não teve cuidado? Ou será que quem não sabe ou não quer saber que o PS está metido não num ninho de serpentes, mas em vários. A incompetência ou a má intenção podem levar ao descalabro. Cada cavadela, cada minhoca… Eles são os infelizes out-doors, a candidatura (?) de Maria de Belém Roseira a Presidente da República, apoiada, tanto quanto se sabe por muitos socialistas e que agora vai ser desafiada por cem “notáveis” a correr para Belém, ele é a falta de agressividade do secretário-geral que, assim, não conseguirá chegar a primeiro-ministro e nem pensar em maioria absoluta.
Vamos por partes. Dois cartazes out-doors dos homens do Largo do Rato levantaram uma polémica desnecessária: ambos sobre o gravíssimo problema do desemprego que o PS quer, pelos menos, diminuir as suas percentagens, tudo acompanhado do dize-tu-direi- eu com o (des)Governo sobre esta temática que mete ao barulho o INE e os números apresentados quanto ao número de desempregados e sua comparação com anteriores.
Resultado: os cartazes infelizes originaram críticas e gozos nas redes sociais e não só. A coisa aqueceu e o Largo do Rato viu-se obrigado a um pedido público de desculpas a Edson Athayde e aos implicados na campanha, depois de a segunda vaga de cartazes ter voltado a incendiar as citadas redes. Uma verdadeira bronca que não faz bem ao PS, bem pelo contrário. Estava o caldo entornado como se usa dizer e a sopa ficava reduzida ao esturrado.
 O que o Partido Socialista (de que, relembro e acentuo, sou militante de base e um dos primeiros a apoiar a mudança da ASP para partido) tem vindo a fazer é um verdadeiro despautério e não pode simplesmente aguardar o debate Costa/Coelho de 7 de Setembro que está a chegar. O que leva a bater palmas a coligação, com a excepção de Portas que também queria debater numa posição irrevogável. Desculpas não curam diz o povo na sua sapiência milenar. Ilibando todos os que dirigem e participam na organização da pré (?) campanha eleitoral é bonito mas também é esfarrapado. Pode perguntar-se se a organização dessa campanha entregue em mãos competentes, diz o PS, por que bulas os infelizes cartazes foram encomendados a quem no mínimo não soube avaliar do barulho que causariam ou mesmo evita-lo?
 Acontece que os cartazes contêm múltiplos erros: desde a mulher que está desempregada há cinco anos, ou seja, desde o Governo de José Sócrates, até à rapariga que acusa o PS de ter-lhe inventado uma história e de ter publicado a sua imagem sem autorização… Ao fim dumas horas (mais um erro) saiu um comunicado:
"O PS pede desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas". A nota esclarece que os cartazes não são da autoria de Edson Athayde e adianta que "o PS solicitou já esclarecimentos pormenorizados aos fornecedores e prestadores de serviços, bem como todas as informações necessárias a que se possa avaliar o procedimento".
"Está farto de ver o trabalho criticado e tem um percurso para defender", disse fonte do partido ao JN, ainda antes de ser conhecido o pedido de desculpas. E diz mais. Quem aparentemente não tem desculpa, assegura a mesma fonte, é o director da campanha, Ascenso Simões. "A escolha do nome não foi unânime. E com a polémica dos cartazes e a opção pela falta de reacção, há quem pense, no partido, que ele fez um trabalho importante no passado, mas já está datado, porque não conseguiu adaptar-se a este tempo em que uma resposta não pode ser adiada três dias".+
Segundo ainda publica o Jornal de Notícias, para António Galamba, público apoiante de António José Seguro, a explicação é simples: "Há dois problemas, não foi feita uma avaliação do impacto que teriam as mensagens e há subvalorização do poder das redes sociais, enquanto os outros as usam para contra-informação", o que de qualquer maneira eleva a fasquia da vitória exigida a António Costa.
No concernente ao candidato a Belém, parece, sublinho parece, que não haverá apoio a Sampaio da Nóvoa nem a Roseira. Por isso permito-me perguntar: em que ficamos?

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6.8.15

Morreu um amigo!

Por António Barreto
Luís Roseira era lavrador do Douro, produtor de vinho do Porto e do Douro. Deu corpo à empresa e aos vinhos da Quinta do Infantado. Lutou durante pelo menos setenta anos pelo Douro e pelos Durienses. Era médico João Semana e anestesista. Exerceu em Covas do Douro e no Porto. Fez dezenas de partos, milhares de quilómetros para socorrer doentes, ajudou pobres e tratou dos amigos. Era um democrata, um socialista e um homem livre. Partido, autoridade, Igreja, Banco, burocrata ou milionário: ninguém mandou nele. Por isso esteve preso. Por isso os dirigentes de tudo e de mais qualquer coisa o consideraram sempre um incómodo. Escreveu centenas de artigos em jornais, assim como um livro de memórias e de combate. Só a doença o calou. Morreu ontem.

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Os impolutos e castos cônjuges Passos/Portas

Por C. Barroco Esperança 
As referência éticas da venda de Portugal a retalho andam em excesso de velocidade na azáfama eleitoral com que sonham a perpetuação no poder, à espera de ser multadas por excesso de velocidade, má fé e embuste. O impoluto Passos Coelho, da Tecnoforma, cujo ascendente em Belém é enigma que o futuro desvendará, fez um casamento de conveniência com o casto Paulo Portas que foi administrador da empresa de sondagens “Amostra” falida fraudulentamente. Mas quem se lembra do caso Moderna ou da fina flor cavaquista que o BPN e o BES mancharam?
Na central de intoxicação da direita e, certamente, nos avençados deslocados nas redes sociais, a completar o trabalho da comunicação social que dominam, nota-se o dedo dos experimentados Miguel Relvas, Marco António e Paulo Júlio, além dos que irão depois denunciá-los, quando se zangarem as comadres, por falta de sinecuras.
O que sobressalta é a desfaçatez de quem reclama os louros do desastre e o talento da inépcia, na repetição tautológica das mentiras que levaram ao poder o mais impreparado PM e a mais servil maioria com o pior PR do regime democrático capturado.
Bastava um módico de pudor para não falarem de governação. Vê-se na dívida que não para de crescer, no desemprego que nos corrói, na falência da Segurança Social, em que se empenharam, na degradação da Saúde, Educação e Ciência, no desmantelamento do Estado e no exemplo da ruinosa governação dos seus caudilhos, da Região Autónoma da Madeira à Câmara Municipal de Gaia.
 Estes indivíduos são perigosos. Os lugares abolidos por restrições orçamentais, estão a ser reabertos, em fim de mandato, com um PR que os deixa à solta, para pagar favores e acomodar cúmplices, além de preencherem com indefetíveis todos os espaços vagos ou esvaziados de quem não presta vassalagem.
Até os seus enxotam, quando não obedecem, como tentam agora na CGD.
É fartar, vilanagem! 
Ponte Europa / Sorumbático

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2.8.15

Luz - Cais das Colunas, Praça do Comércio, Lisboa

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É possível que este local se tenha tornado uma dos “spots” mais visitados e mais fotografados de Lisboa e de Portugal. Em certo sentido e sem comparar com as belezas excepcionais (como sejam a região do Douro, os Açores, o mosteiro de Alcobaça…), devo dizer que o merece. O sítio, pela topografia e pela história, tem qualquer coisa de mágico. Não foi dali que as míticas caravelas partiram, mas toda a gente, a começar pelos turistas, pensam isso! Quando por ali ando, a passear ou a fotografar (o que faço, naquele local, há mais de trinta anos), olho para as caras dos outros, passantes e turistas: todos têm o ar sério de quem está diante da História! Ou de quem por ela está subjugado. Mesmo agora, com selfies e auscultadores, ou com “piercings” e tatuagens, ninguém resiste a um pouco de meditação diante do Cais das Colunas! Na outra margem, o Barreiro industrial (deveria agora dizer-se ex-industrial), a Lisnave (o que dela resta na Margueira) e o Cristo Rei não são os melhores conselheiros para sonhar e meditar com a história nacional. Talvez Belém. Ou, melhor ainda, o Cabo Espichel… (2014)

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1.8.15

É PRECISO ELEVAR A CULTURA GEOLÓGICA DOS PORTUGUESES

Por A. M. Galopim de Carvalho
É preciso elevar a cultura geológica dos portugueses e isso começa na escola. De há muito que venho alertando, em textos escritos e em conversas públicas, para a pouca importância dada ao ensino da Geologia nas nossas escolas do ensino básico e secundário. Até parece que quem decide (leia-se o Ministério da Educação) sobre o maior ou menor interesse das matérias curriculares, desconhece a real importância deste domínio da ciência na sociedade moderna. Assim, não se compreende a relativamente pouca importância desta disciplina nos nossos curricula de ensino. (...)
Texto integral [aqui]

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Candidatos e candidaturas

Por Antunes Ferreira
O Diário Digital publicou ontem, sexta-feira uma notícia que se baseou num e-mail da Lusa. Contra o que me é habitual, na minha crónica de hoje passo a transcrevê-la na íntegra. Não me espantei pois quotidianamente acontecem em Portugal “coisas” que nem ao Demo lembraria. De resto, para quê o espanto? Espanto seria se Coelho dissesse uma verdade…
Permito-me no entanto acrescentar que o convite (?) em tempos não muito recuados, feito pelo primeiro-ministro (?) Coelho apresentado presencialmente aos estudantes portugueses para saírem da “zona de conforto” deles e irem para o estrangeiro com  a finalidade de encontrar oportunidades de trabalho que não tinham em Portugal.  Estou a citar de memória. Não conheço nem nunca conheci um chefe de (des)Governo que se atrevesse a tanto… Mas posteriormente veio dizer que se tratava de um “mito urbano” que não sei o que é…
O texto é o seguinte – mas não emprego o famigerado Acordo do Sr. Malaca Casteleiro, o que significa que lhe faço uma ou duas correcções…
“Ao fim de quase duas semanas de candidatura ao ensino superior há já mais 10 mil candidatos do que em igual período de 2014, com 35.123 candidaturas à Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES), entregues até ao final de quinta-feira. (passada)

A cerca de uma semana do fim do prazo de candidatura para a primeira fase do concurso nacional de acesso ao ensino superior, o número de candidatos está já a cerca de sete mil candidaturas do total registado em 2014, quando 42.455 alunos concorreram ao ensino superior nesta fase.
Numa comparação com o período homólogo, o número de candidaturas este ano é superior em praticamente 10 mil registos: em 11 dias candidataram-se este ano 35.123 alunos, contra 25.426 em 2014.
A primeira fase de acesso ao ensino superior arrancou a 20 de Julho, com 50.555 vagas disponíveis para 1.048 cursos em universidades e politécnicos públicos, iniciando-se a entrega de candidaturas através do portal da DGES.
O processo de candidaturas decorre até 07 de Agosto, e os resultados do concurso vão ser divulgados um mês depois, a 07 de Setembro, no portal da DGES.
De acordo com os dados disponibilizados pela DGES, há este ano menos 265 vagas no ensino superior público na primeira fase do concurso nacional de acesso, face às 50.820 de 2014, uma redução em termos percentuais inferior a 1%.
O número de vagas para aceder aos cursos superiores públicos está em queda desde 2012, depois de, em 2011, se ter atingido um pico de oferta com 53.500 vagas levadas a concurso.
A quebra no número de vagas tem sido acompanhada pela quebra no número de candidatos, uma tendência que apenas mostrou sinais de inversão no ano passado, o primeiro desde 2008 a registar um aumento nas candidaturas, com 42.455 estudantes a tentar aceder ao ensino superior na primeira fase.”
E pronto, como qualificar esta notícia face ao “conselho”/”mito urbano” que não se cingiu ao nosso primeiro pois anteriormente o então secretário de Estado do Desporto e Juventude,  Alexandre Mestre, também o fizera? Esta pergunta que faço, na minha modesta opinião, tem algum interesse quanto à comparação dos dados que a Direcção-Geral do Ensino Superior apresentou entre as candidaturas de 2014 e 2015.
Ou seja, lendo o texto por um angulo diferente, até à quinta-feira passada, o candidatos, candilaram-se sim ao…desemprego, apesar das declarações de Cavaco  e de Coelho, que viraram o disco da emigração de gente qualificada para voltarem ao mesmo: a necessidade que Portugal tem dessa gente formada e qualificada no ensino superior, o que quer quase dizer deitar pérolas aos porcos.
A maioria andou nas Universidades e Politécnicos Públicas pagos por todos nós, os Portugueses. Quer isto dizer (uma vez mais na minha modesta opinião) que é possível virar o bico ao prego ou dar o dito por não dito com a maior facilidade e com a ausência da vergonha. A expressão peca por defeito; poderia utilizar outra, mas isso daria um reboliço e uns insultos que acho desnecessários. Porém, não deixo de dizer que a comparação  representa o reino de mentira e do já me esqueci que contraria o dito de Cavaco “Para serem mais honestos do que eu tinham que nascer duas vezes”… Palavra de honra que não conheço ninguém que tenha nascido duas vezes.

Ressuscitar como Lázaro aconteceu – segundo os Evangelhos – porque Cristo acordara bem disposto. Se não, seria o diabo…

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