31.5.07
Foi você que falou em Sociedade da Informação?
A imagem da esquerda mostra-a quando estava ao serviço (?) da Imprensa Nacional Casa da Moeda; a da direita mostra-a como está há uns 8 ou 9 meses, ao serviço (?) do Infocid.
Pois bem. A primeira pessoa que, até ao próximo dia 31 de Dezembro, me mostrar esta maquineta a funcionar durante 1 minuto (e desloco-me para ir confirmar, pois moro perto) ganha, de imediato, metade dos livros que ainda não tenham sido entregues nos actuais passatempos (neste momento há 68).
Como brinde neste concurso «Como é gasto o nosso dinheiro», ofereço ainda um molhinho de cartões PMB e NetPost que, além de ainda terem saldo, são óptimos para usar como calços para mesas mesmo que não se consigam usar em lado nenhum (como sucede comigo, porventura por ser azarento).
Talvez tenha funcionado
No dia da inauguração;
Depois, deve ter-se cansado
E, com fastio, pensado:
- Trabalhar?! Isso é que não!
Actualização (2 Jan 09): O prémio, entretanto, passou para €50 (em breve subirá para €100), e é válido para qualquer destes aparelhos, em qualquer ponto do país... desde que funcione devidamente.
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Amanhã, Dia Mundial da Criança...
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PEDRAS À SOLTA
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Parece que hoje se comemora O «Dia Europeu do Vizinho»
Da colectânea Humor Antigo - Ano de 1926
Das notícias do dia, do «DESTAK» de hoje
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Amanhã, quinta-feira...
30.5.07
Grande número!
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Os 100 anos de Hergé - Passatempo com prémio
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RETRATO DA SEMANA
Enfim, só!
Por António Barreto
A SAÍDA DE ANTÓNIO COSTA para a Câmara de Lisboa pode ser interpretada de muitas maneiras. Mas, se as intenções podem ser interessantes, os resultados é que contam. Entre estes, está o facto de o candidato à autarquia se ter afastado do governo e do partido, o que deixa Sócrates praticamente sozinho à frente de um e de outro. Único senhor a bordo tem um mestre e uma inspiração. Com Guterres, o primeiro-ministro aprendeu a ambição pessoal, mas, contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal. A ponto de, com zelo, se exceder: prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar. Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido. Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que se pode governar sem políticos.
Onde estão os políticos socialistas? Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado? Uns saneados, outros afastados. Uns reformaram-se da política, outros foram encostados. Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão. Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro. Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do Governo. Manuel Alegre resiste, mas já não conta. Medeiros Ferreira ensina e escreve. Jaime Gama preside sem poderes. João Cravinho emigrou. Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção, que o socialismo ainda existe. António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão. Almeida Santos justifica tudo. Freitas do Amaral reformou-se. Alberto Martins apagou-se. Mário Soares ocupa-se da globalização. Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores. João Soares espera. Helena Roseta foi à sua vida independente. Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância. O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado. Os sindicalistas quase não existem. O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do governo e da luta contra o défice. O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso do que a meditação budista. Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.
Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates. Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião, mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento. Mas nada de essencial está em causa. Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente. As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão. E não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o primeiro-ministro. É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais. Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o incomodou realmente. Mas tratava-se, politicamente, de questão menor. Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.
O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado. Detesta ser contrariado. Não admite perguntas que não estavam previstas. Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber. Deseja ter tudo quanto vive sob controlo. Tem os seus sermões preparados todos os dias. Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação. O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado. O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão. A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa. A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação. As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer. Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.»
«Público» de 27 de Maio de 2007 - [PH]
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PORQUÊ TANTOS DENTES À VOLTA DE TÃO FRACO OSSO?
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29.5.07
Amanhã, quarta-feira...
Proposta de discussão: «Estará aqui mais uma Lei-da-Treta?»
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Como habitualmente...
«Mais de 60 por cento dos portugueses está de acordo com a abertura dos hipermercados aos domingos e feriados, revela o Barómetero DN/TSF/Marktest. Entre os que não concordam com esta opção, 36 por cento admitem que os "hipers" podem abrir algumas horas nestes dias».
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A propósito do "post" anterior (*)
A ideia era vir a receber uma mensagem numa determinada data e hora (enviada por ele para si mesmo!) a tempo de ser avisado para fazer qualquer coisa importante.
Já não me lembro do que se tratava nem isso interessa muito agora. O essencial é que, ao ver a atenção que eu prestava, interrompeu o que estava a fazer e comentou:
- Amigo Jeremias, acho que nunca lhe contei como é que comecei a usar estas modernices, pois não?
Não percebi se se referia ao tal programa de reminder, à Internet, ou à informática propriamente dita. Mas, como a resposta era a mesma nesses três casos, confirmei; e ele, recostando-se para trás na cadeira e saboreando a oportunidade de poder contar uma história saborosa – coisa que lhe dava sempre grande prazer – prosseguiu:
- Desde muito novo que eu sempre fui uma pessoa de fraca memória, tendo que tomar apontamentos de tudo e mais alguma coisa para não me esquecer até das tarefas mais corriqueiras!
- Mesmo na sua actividade militar?! – estranhei eu.
Acenou que «sim» com a cabeça, riu-se (decerto recordando alguma peripécia mais picaresca), e continuou:
- Pois, um belo dia, fiz um nó no lenço para me lembrar de uma determinada coisa. Só que, em seguida, tive que dar outro nó para me lembrar do primeiro!
- Estou mesmo a ver – comentei, sorrindo – acabou por encher o lenço com nós!
Confirmou que fizera quatro, um em cada canto, e à medida que a história se ia aproximando do fim mais vezes tinha que interromper devido ao riso que a recordação da cena lhe provocava.
- Pois... nessa altura já estavam a aparecer as agendas electrónicas para nos recordar das coisas... Mas eu não tinha nenhuma, e até nem achava graça a essas modernices. E computadores também ainda não havia muitos.
- Então e depois? – perguntei, ao ver que ele se interrompia para continuar a teclar como se já tivesse contado tudo.
«Querem ver que o homem é, de facto, tão esquecido que se esqueceu da história que estava a contar acerca dos esquecimentos?!» - pensei eu. Se calhar fora isso que se passara, mas, a meu pedido, acabou por retomar a narração.
- Ah, pois... Como estava dizendo... Saí nesse dia à rua, e, a certa altura, começou a chover a cântaros. Não havia onde me abrigar e tive a ideia de pôr na cabeça o lenço que, como já estava com quatro nós, ficou mesmo bem!
Não contive o riso ao imaginar um garboso militar naquela figura. Mas não comentei, ele também se riu, e continuou:
- Quando a chuva parou tirei o lenço da cabeça e, ao torcê-lo, é que reparei bem nos nós. Comecei, então, a desfazê-los sucessivamente e a reconstituir o que os motivara.
- E conseguiu lembrar-se?
- Claro! É que, logo de manhã, como já estava a contar ir à rua e o céu estava muito nublado, eu tinha dado o primeiro nó para não me esquecer de levar o guarda-chuva!
_________
(*) Capítulo 5 de «Jeremias e o Incrível Coronel Reboredo», disponível em PDF em www.jeremias.com.pt
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Passeio Aleatório
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28.5.07
Amanhã, terça-feira...
O SORUMBÁTICO, ontem, na Antena-1
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25ª HORA
Etiquetas: JL
Passatempo com prémio - Atenção ao nº 274.000
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O RESPEITINHO É MUITO BONITO
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27.5.07
Amanhã, segunda-feira...
Entre o pântano e o deserto...
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Uma anedota e uma curiosidade
Etiquetas: CMR
25ª HORA
Etiquetas: JL
Nova série «Humor Antigo» - 1931
A ESTRANHA MALDIÇÃO
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26.5.07
Amanhã, domingo,...
Piratas das Caraíbas - 3
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CML – Falsos independentes
DISSE UM DIA RAUL REGO, referindo-se a Mário Soares, de quem era indefectível amigo e correligionário, que quem está sempre de acordo não é amigo, é um satélite.
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25.5.07
Amanhã, sábado...
Jornalismo cuidadoso
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Um pouco mais de rigor não faria mal nenhum...
Já se sabe que a pressa (aliada à necessidade de resumir, numa dúzia de palavras, uma determinada declaração) pode dar resultados destes: ao contrário do que se lê na legenda (e tem sido propalado), Mário Lino não disse que a Margem Sul era um deserto. Como se pode confirmar, ele apenas chamou deserto(s) às zonas específicas para as quais têm sido propostas alternativas para a localização do Novo Aeroporto de Lisboa - o que é um pouco diferente.
Por outro lado, e talvez para compensar, este resumo omite a parte em que Mário Lino, gesticulando, desata a falar nos milhões de pessoas que seria preciso deslocar! Milhões!, e aquela outra em que "colocou" no Alto Alentejo essas zonas do país que - seja qual for o Manual de Geografia que ele use - não são de lá.
Como brinde, pode-se ainda saborear o inesquecível jamais! jamais! [já-mé!, já-mé!], bem integrado no estilo exuberante de toda a intervenção - que o realizador ilustrou, intercalando elucidativas imagens das mesas do fim do almoço...
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A QUADRATURA DO CIRCO
Eu disse isto assim? Peço perdão. Más influências; ando a ver demasiados cartazes do Partido Nacionalista, está visto…
O que quereria dizer seria, talvez, que me proponho abordar, uma vez mais, um tema quente que parece perturbar esta nação à beira-mar plantada.
E espero que, ao levantar esta opinião – que sei e desejo contraditória – isso desperte egrégios avós e heróis do mar às armas da pena do raciocínio, que é o sítio onde devíamos ter o entendimento. Em vez do sítio da carteira, onde as ideias ficam perturbadas pelo volume – ou não – doutros mais prosaicos sentimentos.
E quanto a brumas, nada de enganos – há que erradicar, de todo, brumas deste aporte. Sobretudo porque vou falar de Aeroportos. Isto é, vou andar sobre a terra e sobre o mar.
Serei, de resto, desta vez, muito racional. O que me chateia enormemente. Não era a minha vontade nem é a minha vocação.
Não há nada de poético nem de subjectivo nesta análise. Por isso passarei a apresentá-la, talvez, sob a forma de adivinha.
Uma espécie de adivinha de razões pois a solução é dada à cabeça.
Então aqui vai.
Saberão os portugueses que já existe um Aeroporto que:
1-É o mais central do país?
2-Que melhor potenciaria o desenvolvimento e acessibilidade directa tanto para o litoral centro, como para o interior?
3-A uma hora de Lisboa (120 km) Évora (130 km) e Coimbra (125 km); mas ainda mais perto de Santarém (50 km), Castelo Branco (97 km), Portalegre (92 km) Leiria (60 km) e a 45 km de Fátima, o pólo turístico mais visitado de Portugal quer se goste, quer não…?
4-Que é quase geometricamente central em relação ao espaço do continente?
5-Que não obrigaria a gastos de aquisições e loteamentos, pois já é propriedade do Estado?
6-Que já sendo actualmente aeroporto, possui direitos, estudos, estatísticas meteorológicas, cartas de voo já instituídos; bem como pistas, safeways, torres de controlo, terraplanagens feitas, etc.?
7-Que tem terrenos mais do que suficientes no seu complexo militar para um enorme aeroporto civil?
8-Que tem óptima visibilidade e poucos dias de nevoeiro por ano e não está em zona de ventos fortes nem perigosos?
9-Que ficaria “10000” vezes mais barato que a nova Ota?
10-Que faria a junção múltipla com A1, terminais ferroviários e futuro TGV – devido a proximidade do Entroncamento (18 km!...), onde se prevê a grande conexão interface central do país?
Note-se ainda, já agora, que:
Este aeroporto está implantado no Vale do Tejo, num conjunto de grandes belezas naturais e patrimoniais de referência nacional (Castelos do Almourol, Belver, Porto de Mós, Leiria, Alcanede, Torres Novas, Abrantes, Penela…; pertíssimo de Tomar, capital templária, com o seu Castelo e o Convento de Cristo; relativamente perto da Batalha e de seu Mosteiro; Alcobaça idem; toda a velha Santarém e sua monumentalidade. Enfim, possui uma situação que poderia constituir-se como uma entourage de charme e de beleza aos visitantes, em itinerários novos e de grande potencialidade turística, além de propulsionarem o desenvolvimento do tal interior ostracizado...?
Além das muito próximas Fátima – capital religiosa do país e seus milhares de peregrinos – e Golegã, capital nacional do cavalo, que atrai turistas aficionados de todo o mundo - outras proximidades mais relativas não são despiciendas, como da Extremadura espanhola (passaria a ser o seu mais próximo aeroporto, até ver), da Serra da Estrela, etc.
Esse aeroporto existe. Em Tancos.
Agora… se puder tente adivinhar porque não se usa essa hipótese?!
Resposta: é que aí não seria necessário comprar terrenos! Nem atribuir loteamentos! Nem pagar indemnizações, etc.!!!!!
Ora bem!... Já todos sabem os grandes argumentos da Ota. A persistência autista do Governo, contra quase toda a gente, em insistir nessa opção. Falam-nos das grandes decisões nacionais, das grandes opções institucionais em proveito da Nação, dos estudos já realizados, da proximidade da capital, etc.
Mas, reflectindo sobre tudo isto, apetece perguntar:
O novo Aeroporto não será mais que um negócio de especulação gigantesco? Um lucro de triliões?
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HISTÓRIAS PARA LER E DEITAR FORA
Foram os miúdos quem deu o alarme.
Correram, em bandos, do outro extremo da praia, junto às rochas, seminus, escuros e a gritar:
- Está ali um homem morto!
As poucas famílias que observavam o pôr-do-sol correram também, com os pescadores, para onde os miúdos regressavam sem nunca terem deixado de correr, igualmente. Lembra-se que o avô, que sempre ajudara os pescadores a puxarem os barcos, dentro duns grandes calções de caqui coloniais, foi ver se era verdade o que os miúdos diziam ter descoberto. Esquecido, ele também foi, sem que ninguém procurasse impedi-lo. Só quando espreitava, por entre as pernas dos homens e das mulheres, o vulto na areia, deram por ele e o avô lhe disse com secura, como nunca lhe falara:
- Vai para casa. Vá já para casa!
Conseguiu, no entanto, ver que era um homem, ainda novo, vestido, sem um bocado da cara, com a barriga cheia de água, inchado e com a roupa rebentada, olhando de olhos abertos a roda que se formara, olhando-o também a ele, enquanto todos lançavam hipóteses ditas com grande certeza, mas todos falando só por falar, tentando decifrar que azares atiraram com aquele corpo, morto, para ali, num pôr de Sol vermelho, que por norma antecede sempre mais um lindo, brilhante e quente dia de praia.
Choramingou, ao regressar a casa, mas não deu explicações. Não entendeu porque ninguém se preocupara com os outros miúdos da praia, que lá haviam ficado a olhar o homem morto e, a ele, o haviam mandado embora. Na cozinha, a avó rezingou:
- O teu avô ainda não acha que são horas de jantarmos?
- Ele mandou-me embora, – choramingou.
-Vai chamá-Io. O jantar vai já para a mesa.
- Ele não vem!...
- Vai chamá-Io, anda, tás parvo, ou quê?
- Ele não vem. Está a ver o homem morto.
O jantar já não foi para a mesa. A avó e as outras mulheres puseram todas casacos de lã pelos ombros e partiram, apressadas, para o círculo que havia engrossado, de pessoas na areia, todas a olharem para o homem morto. No grupo estava, nessa altura, também o cabo-do-mar. Acompanhou as mulheres e ficou, de longe, sem se atrever, junto a um barco, a ver o que todos faziam. Dali, o homem morto podia ser só um monte de roupas ou de algas, como os que se formavam na altura das marés vivas.
Jantaram todos muito tarde, naquela noite. E, à mesa, a conversa foi sempre sobre o aparecimento do homem morto. A tia queria saber se o homem era, ou não, um pescador. Se tinha caído de um barco, o que é que o cabo-do-mar dissera, se alguém o tinha morto e depois o atirara a água, e onde é que o corpo ia ficar. O avô, de poucas falas, ia esclarecendo o que sabia explicar. Acreditava que o homem estivesse na água há diversos dias, não era daquela aldeia, ninguém o conhecia, mas não devia ter caído de um barco, porque se assim fosse tinha-se ouvido falar. Ele atreveu-se a fazer uma única pergunta:
- Avô, porque é que o homem não tinha um bocado da cara?
E a resposta, seca, dera-Ihe arrepios de febre e fizera-o perder a pena que tinha dos peixes, sempre que os via, ainda vivos, a saltarem nas redes que puxavam para a praia
- Foram os peixes -que o comeram – dissera o avô.
Quando se deitou, não conseguiu adormecer. O vulto, de costas, vestido, a olhar para cima, sem um bocado da cara, não lhe saía da cabeça e pensava que nunca tinha visto antes um morto e que nem todos deviam ser assim. Pelo menos, nos filmes, os mortos não faziam impressão e, quando alguém morria, a avó explicava-lhe:
- Morreu, foi para o céu.
Dizia sempre isto com o ar de quem invejava quem tinha partido para a vida melhor, mas este, se foi desta para melhor, tinha sofrido muito e ele quase chorou, com pena do morto, que mal observara, rodeado de pés e de pernas por todos os lados.
Foi nessa altura que ouviu um grande alarido em casa, gritos de medo e choros, das mulheres e, depois, grandes gargalhadas do avô e as mulheres também a rirem, nervosas. Levantou-se, com muito medo mas com mais curiosidade, o que era natural porque aquela era a primeira noite do seu primeiro morto.
A tia e uma amiga choravam e riam, ao mesmo tempo, os corpos nus e morenos soltos, dentro das camisas brancas até aos pés. O avô ria-se, agarrado a uma vassoura e a dobrar uma toalha branca. A avó recriminava-o:
- Nunca mais tens juízo, homem...
E ele soube, então que o avô decidira brincar com a filha e a amiga da filha, metendo-lhes um susto com a toalha branca a agitar-se na janela do quarto, embrulhada na vassoura. E que as duas raparigas, que dormiam juntas na mesma cama de ferro, com colchão de palha, se haviam levantado com o susto, pois estavam naquela altura ainda a conversar sobre o morto quando sentiram, primeiro, e viram, depois, a vassoura vestida de branco abater na janela do quarto de ambas.
- Elas julgavam que era o fantasma – ria-se para ele o avô.
- O que é um fantasma? - perguntou, e como resposta mandaram-no deitar.
- Não são horas de um menino da tua idade estar acordado – sentenciaram.
E ele foi-se deitar, mas não dormiu, como certamente as duas raparigas também não dormiram, com os dois corpos morenos agarrados um ao outro, e só de manhã, depois de o Sol ter nascido na praia, os olhos se Ihes fecharam.
Durante muitos anos, ao entardecer, não foi capaz de ir junto das rochas atrás das quais o Sol se punha, e onde havia visto o seu primeiro morto, sem um bocado da cara que os peixes haviam comido.
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24.5.07
Amanhã, sexta-feira...
Nostalgia... com "mini-prémio"
(Env. por J. Oliveira)
Uma iniciativa interessante
PEDRAS SOLTAS
Mas é no Islão que os constrangimentos sociais e a violência clerical empurram os crentes para a irracionalidade da fé e a aceitação acrítica do Corão. Como há muito desistiram de questionar o que o clero diz que o Profeta disse e quer, há um permanente conflito com a modernidade e uma violência incompatível com a civilização.
Está em curso a luta desesperada contra a modernidade por uma civilização falhada.
Etiquetas: CBE
23.5.07
Amanhã, quinta-feira...
Quem quer discutir este assunto?
Direitos atropelados
Etiquetas: MJR
25ª HORA
Etiquetas: JL
Aprendam com quem sabe!
Uma adivinha "politicamente incorrecta"
Pergunta-se: nessas alturas, a cidade era governada por uma Coligação de Esquerda ou por uma Coligação de Direita? E, em caso de diferença, qual das fotos corresponde a qual vereação?
Curtas-letragens
Etiquetas: MV